Meu corpo inteiro estava gelado, nunca senti tanto medo em minha vida, o pensamento de que eu poderia ter até morrido com aqueles olhos totalmente brancos e bizarros de Gerard me olhando com aquele olhar... vazio, iria me assombrar por muitas noites nos meus pesadelos, mas o resto de racionalidade que tinha em mim não me permitia entrar em pânico no momento, apesar do meu corpo discordar e meu coração ainda estar a mil.
Eu sabia que agora Gerard era Gerard e não ia me machucar mais, ele estava tão assustado, com os dedos sangrando, que não parecia que iria nem se mexer pelos próximos momentos. Tentei manter esses pensamentos, de que ele nunca me machucaria, quando falei:
-Gee... deixa eu ver suas mãos melhor – pedi tentando fazer minhas próprias mãos parar de chacoalhar.
Gerard estava tremendo mais do que eu, seus olhos vermelhos por causa do choro. Ele me olhou assustado e, hesitante, estendeu as mãos. Ainda saia um pouco de sangue das unhas que tinham sido roídas até a base, ele deve ter arranhado a corda até estourar e aquilo, no mínimo, devia ter doído muito, só de imaginar a sensação de ter minhas unhas arrancadas me dava calafrios.
-É melhor cuidar disso antes que possa infeccionar... – falei como um aperto no coração – é melhor a gente descer e eu vou pegar umas coisas pra tratar, tudo bem?
Ele assentiu com a cabeça de leve e sem dizer uma palavra sequer descemos para a sala e ele ficou encolhido em um canto do sofá. Então, fui até o banheiro onde eu guardava um kit médico em um armarinho e voltei depressa, me agachando na frente de Gerard. Tomei um fôlego de coragem e peguei as mãos dele novamente, sendo o mais cuidadoso possível.
-Vai arder um pouco – avisei.
Comecei a limpar as unhas, ou o que tinha delas, com um pano que umidifiquei com um pouco de álcool e Gerard recuou a mão.
-Ah! – ele disse entre dentes – dói! Muito!
-Eu disse que ia arder, mas preciso limpar isso.
Ele me olhou tristonho e estendeu o braço novamente.
Eu fiz um curativo o mais rápido que pude, não queria que ele sentisse dor, mas não tinha como evitar naquele estado. A cada dedo ele resmungava, e eu dizia que já estava acabando, mesmo que não estivesse, para tentar deixar, tanto eu quanto ele, mais calmo.
-Pronto... – falei quando terminei o último dedo – vai ficar tudo bem agora.
Assim que terminei, observei a sala e vi parte da corda arrebentada no pé do sofá, com um pouco de sangue e fiz questão de tirá-la de vista o mais tão rápido possível, chutando para baixo do móvel. Massageei um pouco a palma da mão dele, tentando acalmar talvez mais a mim do que ele.
Não dormimos pelo resto da noite. Horas se passaram até Gerard realmente se tranquilizar, parar de tremer e de pedir desculpas a cada segundo.
Ficamos em um silêncio desconfortável até eu ver os raios de luz do sol da manhã invadiam a sala através das frestas das cortinas.
Então Gerard disse:
-Frank...
-Sim?
-Por que você faz isso?
-Uuh...? Isso o que
-Me deixa ficar aqui e é gentil e muito bom comigo... você sabe que não devia fazer nada disso, mas faz mesmo assim... eu não entendo...
-Eu só quero entender as coisas e quero ajudar... acho que qualquer pessoa faria o mesmo no meu lugar.
-Não, a maioria das pessoas me chutaria pra fora na primeira oportunidade e eu falo por experiência própria... eu quase te matei, Frankie... mas mesmo assim você continua sendo legal e...
-Gerard – eu o interrompi – não era você, Okay? Eu olhei nos seus olhos e não era você.
-Mas como…?
-Eu sei – o corteiantes dele perguntar qualquer outra coisa – seja lá o que foi que aconteceu,você não tem culpa disso, entendeu? Estamos há o que? Um mês? Mais? Vivendo na mesma casa e eu te conheço o suficiente pra saber que não era você lá.
-Mas eram minhas mãos, não eram? Era eu ali! E eu não queria! Eu nunca te machucaria, Frank! Eu não sei o que aconteceu, mas eu não...
-Ei! Presta atenção em mim! – segurei o rosto dele com as mãos, Gerard tinha que entender que ele não tinha culpa, eu tinha certeza que ele era uma vítima de seja lá o que for que tentou me matar – eu sei que não era você! Era... outra coisa, não sei o que, mas não era você! Eu vi! Aquele olhar vazio... não era o mesmo, não tinha cor, não tinha o brilho...
-O que?
-Seus olhos não eram os mesmos, aquilo não tinha vida, é completamente diferente, seus olhos tem um brilho diferente...
Me senti um pouco tímido falando aquilo e me parei antes que dissesse mais coisas que eu tinha reparado nele durante o tempo em que estivemos juntos, eram coisas bobas demais para serem ditas, como algumas manias e tiques que reparei observando. Olhar ele era algo que eu gostava de fazer, por algum motivo que eu não entendia.
-Diferente? - ele perguntou com os olhos arregalados e curiosos, se aproximando mais de mim – como assim? Eu não entendo...
-hm... – senti meu rosto esquentar um pouco, as palavras pareciam ter sumido da minha mente – bem... como eu disse, é diferente.
-Frankie...
-Si... sim?
-Obrigado, eu não sei como vou conseguir te agradecer por tudo que você fez por mim... de verdade – ele respirou fundo antes de continuar – e não to só falando de me deixar ficar aqui, mas você faz eu me senti melhor sobre mim e toda essa merda de situação, se não fosse por você eu acho que eu já teria... desistido de tudo...
-Não fala assim, Gerard! - meu estômago embrulhou no pensamento de Gerard desistindo de continuar e as piores imagens passaram na minha cabeça e senti uma estranha vontade de voltar a chorar, então as palavras seguintes só saíram da minha boca com rapidez – a gente vai resolver isso, e vai tudo ficar bem! Você vai parar de ter esses eventos e vai poder, sei lá, morar com seu irmão ou o que você quiser e vai voltar a mostrar sua arte para as pessoas e...
De repente senti meus lábios sendo pressionados pelos dele, o gosto de café e de Gerard invadindo a minha boca, me deixando em choque por um momento, sem entender o que estava acontecendo. Assim que percebi que ele estava me beijando eu o beijei de volta e tudo pareceu se dissipar e era só aquilo que importava, não havia mais mortos, nem assassinatos, nem pânico, absolutamente nada, além dos nossos lábios, que por mais que fossem apenas segundos em contato, seria pra sempre uma eternidade gravada na minha memória.
Quando nos separamos eu fiquei sem palavras, ainda perplexo, a última coisa que eu esperava naquela ocasião era um beijo, mas parecia ser a coisa mais certa no mundo.
Eu não podia negar que eu queria mais, muito mais, todo meu ser parecia pedir por Gerard, por aquele momento eterno onde tudo de ruim podia ser esquecido e só nós dois importássemos.
-Desculpa... – A voz dele me tirou do meu devaneio – eu... me desculpa... eu não pensei eu só achei que...
Então fui eu quem o calou, o puxando para perto e juntando nossas bocas de novo. Eu precisava daquilo, depois de tantos dias com uma nuvem escura na minha vida, finalmente parecia existir alguma luz.
-A última coisa que você precisa fazer é pedir desculpas - falei tentando não descolar minha boca na dele.
-Tá... – ele disse ofegante – entendi...
*
Tudo ficou intensos e quente de repente, de um jeito ótimo. Nossas línguas se mexiam apressadas enquanto eu o deitava no sofá para ficar em cima dele. Sentia meu corpo suar e dessa vez de um jeito bom, não era um suor frio de medo e sim quente, fervendo por desejo de tirar todas aquelas roupas. As pernas de Gerard agarram meu quadril e eu alterei sua coxa grossa com força por cima do tecido da calça de moletom minha que ele usava.
Nossa afastamos de novo para recuperar o fôlego, roçando a ponta do meu nariz no dele, indo até as bochechas, a mandíbula, trilhando beijinhos até o pescoço e depois até chegar na orelha, enquanto minha mão brincava com a barra da camiseta que ele usava, tentado a tirar ela de uma vez.
-Posso? – perguntei em um sussurro, com todas minhas forças desejando ele.
-Sim... - ele respondeu baixinho.
Havia muito tempo desde que eu tinha ficado em alguém daquela forma, eu até tinha esquecido do calor do toque de uma pessoa viva, eu cheguei até estranhar quando sentia a pulsação e o suor do corpo de Gerard, de tanto que me acostumei com a temperatura gélida dos cadáveres e aquele calor humano me fazia sentir coisas que parecia distantes para mim, coisas que há muito tempo eu não sentia. Ter alguém ali me tocando de volta, com a mesma intensidade, de um jeito até desesperado, talvez porque ele sentisse o mesmo que eu, talvez nós dois estivéssemos mortos por todo esse tempo, pois quanto menos roupas tínhamos no corpo e mais nossos corpos se encontravam, mais eu tinha certeza de que aquilo era estar vivo e o jeito que Gerard gemia baixinho quando nossas ereções roçavam só me fazia querer mais e mais.
-Aah... Frankie, por favor... – ele pegou minha mão e a foi para baixo, passando por sua coxa, que por sinal pareciam muito mais saborosas pedindo para aquela pele ser marcada, até sua bunda entre as nádegas e massageei sua entrada.
-Vai... uuuh – ele voltou a gente – não preciso disso...
-Mas...
-Vai! Frankie... só vai, eu quero...
Hesitei um pouco, mas fiz o que ele pediu, afinal naquele momento ele poderia me pedir qualquer coisa com aquela voz e me olhando daquele jeito que eu faria sem pensar muito, igual um cachorrinho. Então, adentrei meu dedo médio com cuidado, pois não queria que machucá-lo e ele começou a gemer mais alto, talvez eu nem fosse conseguir aguentar mais tempo, qualquer um gizaria nas próprias calças olhando para ele.
-Mais, Frankie! Maaah!
Eu dei o que ele pediu e coloquei meio indicador devagar, sentindo seu interior contrair um pouco conforme eu ia entrando e saindo com meus dedos, querido deixá-los ali para sentir o calor que era dentro dele.
-Gee... ah! Você é tão quentinho... tão perfeito.
Tentava ser o mais cuidadoso possível quando ele disse que já estava pronto e insistiu para que eu o penetrasse logo, apesar de querer muito aquilo, ainda queria que as coisas fossem era um ritmo confortável para nós, principalmente para ele. Além de que eu queria aproveitar ao máximo de todas a aquelas sensações incríveis.
Retirei meus dedos de dentro dele e Gerard resmungou, então eu voltei a beijar cada centímetro de pele que eu conseguia alcançar, senti ele me puxando com mais força e se levantando um pouco.
-Me deixa ficar por cima... – ele sussurrou e eu só concordei, permitindo que ele invertesse as posições e ficar em cima de mim.
Com suas pernas praticamente me prendendo entre elas, ele se ajeitou e eu soltei um gemido alto quando senti sua entrada começar a descer e alargar enquanto apertava meu membro.
Gerard descia devagar até eu estar totalmente dentro dele, era quase impossível para mim conseguir segurar por muito mais tempo pelo tanto de calor que eu sentia.
Revirei os olhos quando ele começou a se mexer, ainda se ajeitando e se acostumando, rebolando em cima de mim como se quisesse me torturar. De repente ele subia e descia com muito mais rapidez e vontade.
Eu não poderia pedir por uma visão melhor, conseguia ver suas belas expressões de prazer, seu corpo suado e até um pouco avermelhado, seu grande pênis ereto se movimentando no ritmo que ele ditava, sua respiração ofegante e gemidos altos deliciosos de ouvir.
*
Tudo naquele momento era prefeito e nada mais além de nós dois importava.
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