Já eram por volta das doze e meia quando Jisung decidiu que iria ao banheiro, com toda certeza Hyunjin estaria zangado pela demora do mais novo, porém Han Jisung pouco se importava, já que na opinião dele não existia coisa mais bonita do que Hwang Hyunjin zangado.
O caminhar pelos corredores gelados não era mais tão intimidador para Jisung, o segurança que o acompanhava parecia estar com mais medo do que o próprio Jisung quando chegou.
-Ei, qual é seu nome?- Jisung questionou o jovem segurança.
-Jisung...Park Jisung- ele respondeu com o rosto baixo.
Han Jisung quis conter o riso, e ele tentou, mas acabou gargalhando alto, fazendo o seu “compadre de nome” se assustar.
-Desculpe, não que seu nome seja engraçado, mas é que conheço alguém chamado Jisung- Han deu uma desculpa fajuta- sou J.One, você é novo aqui não é?
-Sou- o outro Jisung respondeu.
-Me parece ser muito jovem garoto- Han fez uma observação, já que a voz do menino parecia estar sofrendo os efeitos da puberdade.
-E-Eu tenho catorze anos- o garoto respondeu e Han se assustou.
“Uma criança, o que diabos uma criança está fazendo aqui? Trabalhando no inferno?” Han pensou.
-Não é muito jovem pra isso?- Han tinha a certeza de que o garoto estava respondendo as perguntas por apenas um motivo:
Medo.
Park Jisung tinha medo de Han Jisung. E Han não podia julga-lo por isso, já que na teoria, ali viviam os maiores psicopatas do mundo.
-Estágio, pra quando eu virar herói- Park respondeu ainda de cabeça baixa.
Então era isso, Han já deveria saber o porque daquele garoto estar ali, já que pelo sobrenome “Park” ele com certeza era membro de alguma das grandes famílias.
-Escuta garoto, vou te dar um conselho- Han parou de andar e segurou os ombros do mais novo- não vai chegar a ser um herói com uma atitude assim, seja confiante, os vilões vão debochar de você assim.
-D-Desculpe- Park Jisung deu alguns passos para trás.
-Não peça desculpas, apenas tenha confiança em si mesmo- Han piscou pra o garoto novo.
Park Jisung ficou na entrada do banheiro, ele iria esperar por Han até que ele terminasse o que tinha para fazer ali.
O único problema era: nem Han Jisung sabia o que faria ali.
-Está atrasado- Han escutou a voz de Hyunjin atrás de si- quase que eu começo sem você.
-Como você ia começar sem mim hm?- Jisung se aproximou e passou a mão sobre os cabelos loiros de Hyunjin.
-Ficou doido?- Hyunjin afastou a mão do outro- eu não te chamei aqui pra se agarrar comigo idiota, te chamei pra me ajudar a usar isso.
Hyunjin ergueu um objeto do tamanho de uma caixinha de cigarro.
-Um rádio?- Jisung sentou no chão ao lado de Hyunjin.
-A Ryujin fingiu que passou mal e conseguiu pegar o rádio de uma das seguranças, ela deu pra Yeji e a Yeji me deu, eu te chamei aqui porque...você é bom com essas coisas, nas aulas que o Bambam deu sobre comunicação você foi o melhor em operar rádios- Hyunjin contou- falei com o Christopher sobre isso e ele disse que eu devia chamar você para tentarmos mandar alguma mensagem decodificada para o Brian, você opera o rádio e eu mando o código morse.
Era verdade, as vezes até despertava a raiva de alguns alunos o simples fato de Jisung ter se tornado bom em tudo o que ele se aplicasse para fazer.
-Se eu fizer isso sairemos daqui mais rápido né?- Jisung viu Hyunjin assentir- então vamos nessa!
~/~
-Sabe esse mundo é realmente pequenino- Bambam olhou para o teto- a alguns meses eu contei a esses jovens a história do cachorro e do barulho no meu quarto, eu só não esperava encontrar o causador disso tudo aqui, certo Mark Lee?
-Você me conhece, sabia que eu estaria aqui, está surpreso?- Ele se materializou.
-Você era tão jovem, e pensar que você já foi a pessoa mais nova a ser enviada pra cá-Bambam cruzou os braços.
-Você me mandou pra cá, mas fique tranquilo, não estou atrás de vingança e nem vou contar a ninguém sobre o que está acontecendo nesse momento dentro do banheiro- Mark se encostou na parede.
-A que devo a honra de receber sua visita velho amigo?- Bambam balançou a cabeça de um lado para o outro- Christopher vai surtar quando souber que você está vivo.
-Em nome do meu apreço por você e pro Christopher, ou melhor CB97, venho avisar que amanhã cedo tem alguns malucos planejado descer o cacete nele
-Sem nenhum motivo?- Bambam levantou a sobrancelha.
-Um parça meu, o Johnny caçou confusão com um cara porque ele estava prestes a machucar dois colegas seus, mas um dos seus nocauteou o cara e agora a galera dele tá doidinha pra descer o sarrafo no Christopher, e vou te dizer, os métodos deles são meio nojentos se é que me entende- Mark observava os outros dois (com quem Mark dividia a cela) dormirem- não diga a ele que fui eu que te avisei
-Nem parece o mesmo fantasminha de cinco anos atrás- Bambam sorriu- a prisão te mudou?
-Não, ela me fez pior, esse lugar é o paraíso- Mark mordeu a própria bochecha- sei que não ficarão aqui por muito tempo, vocês vão precisar de sorte para sair daqui, muita sorte.
Bambam soltou uma risada amargurada, como ele odiava Mark com todas as forças por ser um filho da puta.
Flashback
Bambam sentia o sol bater com força sobre sua cabeça, estava entediado no meio daquele campo de futebol. Aquela semana estava sendo uma chateação para ele, sendo um prodígio, ele havia avançado algumas séries mas parecia que aquele conhecimento ainda era insuficiente para ele.
-Por que a cara fechada?- Bambam se assustou com a voz atrás de si e se virou para ver o dono.
Cabelos loiros, olhos em um tom azul escuro, não era tão alto, mas também não tão baixo. Usando a calça do uniforme erguida até os joelhos e com a jaqueta enrolada na cintura, com seu inseparável pirulito de uva na boca.
Mark Lee era como Bambam; um prodígio entediado.
-Minha cara é assim- Bambam respondeu sem dar muita atenção ao mais novo.
-Hm- Mark retirou o pirulito da boca- tem uns caras querendo correr, tá afim de apostar? O novato Christopher Bang tá correndo lá, fiquei sabendo que você é parça dele.
-Você gosta desse negócio de apostas deis de quando?- Bambam encarou o garoto alguns centímetros menor que si.
-Não gosto, só to fazendo isso pra você falar comigo mesmo- Mark revelou.
Bambam riu sem humor.
-Quase esqueci que você era o esquisito que ia me ver no meu quarto, sabia que isso tem nome? Stalking é sério.
-Perdi um desafio e minha punição foi me esconder por uma semana no quarto do maior gostoso da escola- Mark levou o pirulito novamente a boca.
-E eu sou o maior gostoso da escola? Você é um moleque bem ousado- Bambam sorriu de lado “pivete interessante”
-Eu apenas teorizo que seja, nunca tive a chance de provar- Mark tirou o pirulito da boca e colocou de novo.
-Isso é tão inapropriado para você garoto, com que tipo de gente você tem andado?- Bambam nem percebeu que sorrindo de forma cínica.
-Sou incrivelmente bom com as palavras- Mark piscou para Bambam e virou de costas- sou melhor ainda com a boca e a língua.
-Está insinuando alguma coisa?- Bambam perguntou dando passos e sussurrando na orelha de Mark- não gosto de jogos
-Meu amor diz que quer dançar com um fantasma- Mark cantou o trecho de uma música.
Música essa que era sensual de mais na visão de Bambam.
Dito isso ele saiu de perto de Bambam e foi assistir a corrida.
Foi ali que começou aquilo que Bambam mais odiava em sua vida, o sentimento mãos detestável na opinião dele.
O amor.
Se apaixonar por Mark Lee, o canadense mais filho da puta da face da terra- na opinião do tailandês- foi o maior erro que ele cometeu na vida dele, o erro que ele mais se arrependia.
Mas também era o erro que ele repetiria milhares de vezes se pudesse.
Afinal Bambam era um gostoso, e Mark Lee era mais gostoso ainda.
Flashback off
-Te odeio praga- Bambam virou o rosto- te odeio destino de merda.
-O destino me trouxe para você de novo- Mark já estava começando a desaparecer, entrando em sua forma fantasmagórica- mas não se preocupe, não vou ficar no seu caminho darling
Darling, maldito seja aquele apelido! Bambam odiava aquela palavra mas quando saia da boca de Mark parecia ser malicioso é bom.
Bambam definitivamente odiava Mark...na maneira dele é claro.
~/~
-Eu ainda não acredito que trouxemos um cadáver de volta à vida, um cadáver bonitão ainda por cima- San fez aquela observação desagradável, mas ainda sim era verdade.
-Então eu morri e o mundo virou essa bagunça?- Taeyong apertou o casaco em seu corpo.
-Sim, te trouxemos porque acreditamos que você pode ajudar- Brian explicou- Taeyong a Lisa quer invadir Miroh, só que nós não queremos que ela perca a posição dela, e o Jackson vai ajudar, e isso torna pior ainda, os dois estão dispostos a serem classificados como vilões para salvar nossos amigos, mas eu não quero isso, eu quero que eles sejam livres, nós te chamamos porque sabemos que você é experiente e forte e pode nos ajudar.
-Entendo, típico da Lisa e do Jackson- Taeyong respirou fundo- nós vamos precisar de reforços se formos invadir o lugar mais seguro do mundo, preciso de pelo menos um mês para preparar todos.
-Ótimo, a Lisa ficará feliz em saber que você voltou- Brian sorriu abertamente.
-Sobre isso eu prefiro que ela não saiba ainda, eu quero encontrá-la, mas só depois que eu salvar meus alunos- Taeyong pediu.
-Pensei que estava ansioso para vê-la novamente- Winter tombou a cabeça para o lado confusa.
-Meus alunos e...meus filhos estão lá- Taeyong falou- eu quero encontrar a Lisa quando eu tiver certeza de que eles estão bem.
-Filhos?- Winter uniu as sobrancelhas- virar presunto te enlouqueceu?
-Seus irmãos e você- Taeyong respondeu- eu cuidei de vocês e os vi crescer, então acho que posso chamá-los de filhos né?
Winter arregalou os olhos, estava surpresa.
San e Brian se entreolharam.
Brian não sabia o que se passava no coração de Winter agora, mas ele tinha certeza de que era algo bom, afinal ele conhecia o sentimento de ter sido usado como arma pela própria mãe. Qualquer mínima demonstração de afeto de uma figura paterna ou materna para alguém que não tem nada pode significar tudo.
Brian não odiava a própria mãe, sabia que ela era tão vítima do sistema quanto dele, mas também não passava a mão na cabeça dela.
[...]
Não podiam voltar para casa exibindo Taeyong, então optaram por escondê-lo em um hotel ao sul de Busan.
-Como faremos para explicar que trouxemos ele de volta? O Beomgyu vai desmaiar- San percebeu assim que entrou na casa.
Eles haviam deixado Winter no hotel, junto com Taeyong e agora haviam voltado para a sua “fortaleza” eles iam pegar mais comida e roupas.
-Ainda bem que vocês chegaram- Jaemin quase dava um pulo em cima de Brian- aquela velharia ali não para de fazer barulho e eu estou quase surtando.
-Velharia?- Brian olhou para a coisa que Jaemin havia apontado- é um rádio.
-E isso funciona? Deve ser da época que minha avó usava fraudas, a época que Tik Tok era popular- San fez uma careta- Jaemin, inteligência rara, você tentou puxar da tomada?
-Eu desliguei a energia da casa inteira e esse troço continua funcionando- Jaemin apontou- acho que só pode tar assombrado.
-Jaemin, tá escutando isso?- Brian percebeu que o barulho fazia algumas pausas.
-Sim, ela tá desse jeito a noite toda- Jaemin explicou.
-Engraçado- San levou a mão ao queixo- pode ser que seja só a minha imaginação, mas isso me faz lembrar...
-Das aulas de código morse- Brian se sentou na cadeira perto do aparelho de rádio- tem alguém enviando uma mensagem para a gente, Jaemin trás papel e caneta e San presta atenção nos cliques.
“Socorro”
Era o que dizia a primeira palavra.
“Oceano”
“Psicopatas”
“Jisung está com problemas”
“Christopher tem inimigos”
“Sem saída”
“Por favor, nos ajude”
“Brian, conto com você”
Quando Brian terminou de anotar aquelas palavras ele sentiu o coração dele acelerar.
-Será que...- San sentiu uma euforia crescer no coração- eles sabem mexer com código morse?
-O Jisung sabe- Jaemin lembrou- aquele idiota é burro em 50% do tempo, mas nos outros 50% ele costuma ser o melhor aluno da turma.
-Qual a possibilidade de podermos rastrear isso aqui?- San perguntou- não sabemos a localização da prisão, se forem eles nos vamos saber exatamente onde estão e podemos ir salvá-los.
-Conhecemos algum cara que saiba mexer com isso?- Jaemin buscou na memória possíveis pessoas, mas não encontrou ninguém.
-Conheço uma mulher, mas ela não gosta muito de visitas, na verdade acho que ela não gosta de ninguém- Brian levantou da cadeira e foi até a cama pegar o celular.
-Ah não, aquela velha não!- San protestou.
-Ah sim, ela é nossa única chance- Brian discou o número e esperou- vamos Nayeon, estamos precisando de você.
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