Anos se passaram após aquela despedida do time, na frente do dormitório masculino da Universidade de Seul. A maioria dos alunos não mantiveram muito contato, afinal cada um tinha sua própria vida, emprego e família para cuidar. Mas é claro que alguns dos formandos continuaram a se encontrar mesmo depois de tanto tempo desde a graduação da turma. Hoseok e Jeongguk, eram exemplos desses alunos que levaram a amizade para fora da universidade, assim como Namjoon, Yoongi e Taehyung.
O ex-capitão e seu melhor amigo continuam tão próximos quanto antes, mesmo estando à quilômetros de distância devido ao trabalho que conseguiram no ramo da educação física. Conversam por mensagens ou chamadas de vídeos pelo menos uma vez por semana, mantendo o contato de sempre. Era admirável a forma que o tempo e a distância simplesmente não atrapalharam a bela amizade que criaram no início do curso.
Os últimos três citados também se aproximaram ainda mais após o término da graduação, na verdade, até cursaram a pós e o mestrado no mesmo curso juntos. Até mesmo procuraram por um apartamento para alugar e dividirem as despesas enquanto moravam os três juntos na pequena residência. A amizade do trio apenas se fortaleceu com o passar dos anos, com as dificuldades – financeiras, acadêmicas, amorosas – que passaram um ao lado do outro.
Em relação ao professor e treinador Park Jimin, ele continuou lecionando na mesma universidade por alguns anos, no mesmo posto de treinador do time de basebol. E, devido à sua vitória, conseguiu um aumento de salário assim que voltou da viagem de formatura. Às vezes ele chegava a encontrar o trio pela universidade quando eles cursavam a pós-graduação, chegando a sair e encontrar com os mesmos algumas vezes. Mas, sinceramente, desde a viagem, Jimin tem um certo receio em sair para se divertir com alguns alunos.
Ao passar dos anos, assim como muitos se distanciaram e outros se aproximaram, alguns alunos se reencontraram. Era assustador como o treinador estava certo sobre o destino e em como tudo acontece por uma razão, nada é por acaso. Yoongi ainda se lembrava das palavras que ouviu naquele quarto de hotel enquanto chorava por um amor que ele pensava não ser correspondido, lembrava-se de como seu ex-professor lhe disse que tudo acontece no momento certo, e ele estava tremendamente correto.
Demorou muito mais que o esperado, mas aconteceu. Yoongi e Hoseok se reencontraram após oito anos sem se verem, em uma festa de comemoração da escola que o mais velho lecionava e que, coincidentemente, era a mesma instituição que a filha de Hoseok estudava. O professor dali obviamente se surpreendeu ao saber que este tinha uma filha linda de seis anos, e ficou ainda mais surpreso ao vê-lo em sua frente com a criança no colo. Nenhum dos dois esperavam se encontrar de forma tão aleatória e totalmente inesperada.
O Min nunca duvidou que o reencontraria um dia, só não imaginava que seria daquele modo e naquela situação. Só conseguia pensar, na época, se o outro havia se esquecido de si ao longo dos anos, ainda mais agora com uma filha e uma possível esposa – ou esposo – como já estava deduzindo. Lembra-se até hoje de sentir aquela pontada no coração de ter seu primeiro amor em sua frente com uma criança no colo enquanto a mesma lhe abraçava apertado dizendo que queria ir para casa.
Hoseok, quando viu o professor de sua filha, não conseguiu conter suas lágrimas de alívio ao finalmente revê-lo. Só Deus – e Jeongguk – sabe o quão foi difícil passar aqueles anos sem ter o mais velho ao seu lado, nem mesmo como um amigo ou colega de classe. Seus olhos marejados se arregalaram quando o viu, sentiu que o coração poderia sair por sua boca a qualquer momento pela velocidade insana que batia em seu peito, chegando a assustar sua pequena filha. Mas controlou suas emoções e acalmou a menina morena, que lhe abraçava, com um beijo na testa coberta por uma franjinha adorável. Caminhou lentamente ao novo professor, cumprimentando-lhe educadamente e pedindo-o para que pudessem conversar melhor em algum momento mais tarde. E o mais velho, mesmo acanhado, aceitou.
Marcaram para se encontrarem no dia seguinte após a aula, no horário que a menininha teria taekwondo e o pai estaria livre de qualquer compromisso. Jung o pegou na frente da escolinha junto a sua filha, deixando-a nas aulas de luta para então seguir a um restaurante pequeno e aconchegante, onde poderiam jogar conversa fora por algumas horas. Pediram uma refeição qualquer naquele dia e se sentaram em uma mesa afastada de todos, para que tivessem maior privacidade.
O mais velho agradeceu-se mentalmente no fim daquele dia por não ter recusado o pequeno encontro amigável, pois, caso contrário, não saberia que Hoseok não estava casado ou namorando com alguém. Ficou aliviado ao saber que a criança havia sido fruto de uma noite de bebedeira e que a mãe não pode aceitá-la como filha legítima devido aos seus pais rígidos, que se negaram a ter a neta como parte da família por não ter sido concedida em matrimônio. Era triste, de certo modo, mas Yoongi sentiu como se um peso fosse tirado de seus ombros; sabia que mesmo depois desses anos, não conseguiria vê-lo em um relacionamento sério sem ter o coração novamente quebrado. Era seu primeiro amor, afinal.
Ficou ainda mais aliviado e mais que feliz ao saber que Hoseok nunca o esqueceu e não deixou de pensar em si. Sabia que não era totalmente verdade, afinal ele transou e beijou várias pessoas durante esses anos, mas não o culpava de forma alguma. Não poderia negar que também se arriscou com pessoas desconhecidas e que até chegou a namorar por um ano, mas nunca conseguiu tirar aquele sentimento enorme que era destinado apenas àquele homem. Aquele que ocupava metade de sua mente e de seu coração desde que ingressou ao curso de graduação.
Nunca iria se esquecer do que lhe foi dito naquele mesmo dia ao ser deixado em frente ao seu apartamento. Sorria sempre que lembrava daquele pedido e seu coração se aquecia por ter aceitado aquilo.
***
“Estava frio e Hoseok o acompanhava até a entrada do prédio onde Yoongi morava com seus dois melhores amigos. Estavam ambos felizes por terem se reencontrado e nervosos por talvez ter uma despedida novamente. Não queriam dizer um outro adeus, nenhum dos dois queria se distanciar novamente; queriam voltar ao que eram antes, queriam voltar a ser amigos – e talvez apenas isso. Sabiam que uma amizade colorida não daria certo, ainda mais agora que são dois adultos trabalhadores. Pensando nisso, Hoseok decidiu quebrar o silêncio confortável que se instalou entre eles assim que pararam em frente à porta de entrada do edifício moderno.
– Hyung. – Chamou baixo, sorrindo pequeno ao ter sua atenção novamente. Calou-se por um momento, escolhendo as palavras seguintes, antes de continuar. – O que você acha de uh, darmos uma nova chance? – Perguntou hesitante, com medo da resposta. Yoongi franziu o cenho e inclinou a cabeça ao lado, com um bico adorável nos lábios. – Para nós, sabe. O que acha que tentarmos novamente? – Perguntou novamente, em um sussurro.
– Oh! – Yoongi ficou estático, com os olhos arregalados; não esperava aquele tipo de pergunta tão cedo. – Hoseok, eu não sei.... – Sorriu pequeno, esticando uma de suas mãos e a posicionando no ombro alheio, fazendo-o encarar novamente. – Eu não quero passar por tudo aquilo de novo, Seokie.
– Eu senti falta desse apelido. – Murmurou baixo, mas Yoongi ouviu e sorriu, corando levemente em suas bochechas salientes. – E eu não vou fazer nada daquilo, hyung. Eu sei que fui um idiota filho da mãe com você no passado e eu nunca o faria novamente. Nunca. – Disse, segurando a mão em seu ombro e entrelaçando-a na sua. – Fora que, hyung, eu amadureci muito de lá pra cá. Não sou mais um adulto que pensa como adolescente, com medo dos pais e da opinião dos outros. Hyung, eu já sou pai. – Sussurrou, mordendo o inferior em seguida. – Um pai solteiro, um apartamento meu e um emprego em uma escola e em uma academia. Eu cresci e amadureci.
– Seokie, não é isso. Quer dizer, não é somente isso. – Falou baixo, apertando seus dedos entre os do mais alto. – Eu não quero tomar seu tempo com sua filha, sabe, você tem a sua família agora...
– Hyungie, você pode fazer parte dessa família, se você quiser. – Respondeu sorrindo. – Tenho certeza que minha princesa adoraria ter um segundo papai pra cuidar dela comigo. – Admitiu, arrancando uma risada tímida do mais velho. – Olha, eu não vou te forçar a nada, hyung. Eu só acho que... se nos reencontramos assim depois de todo esse tempo é por algum motivo. Lembra quando disse que, a oito anos atrás, não era o nosso momento? – Perguntou, recebendo um olhar marejado do Min, que assente engolindo à seco ao se lembrar daquela última conversa que tiveram. – Então, hyung, talvez esse seja o nosso momento. E eu quero dar uma chance a isso, à nós.
– Seok....
– Agora seria algo totalmente diferente que antes, hyung. – Interrompeu. – Não vou te pressionar a isso, mas se quiser aceitar essa segunda chance, eu prometo fazer tudo diferente que antes. – Diz, posicionando ambas as mãos nas bochechas coradas do mais baixo a sua frente. – Nós vamos com calma, podemos começar do zero como se estivéssemos nos conhecendo agora, mesmo com toda a nossa história. Podemos reescrevê-la. – Sussurrou, juntando suas testas. – Eu não gosto de fazer promessas, e eu sei que você também não, mas... hyung, eu prometo não te machucar nunca mais.
– Eu aceito. – O branquelo sussurrou de volta, fechando os olhos lentamente antes de se afastar, estendendo a mão no ar em direção ao mais novo, que lhe encara confuso. – Vamos começar do zero, reescrever nossa história. Muito prazer, eu sou o Min Yoongi. – Diz sorrindo pequeno. Hoseok ri soprado, negando com a cabeça antes de apertar a mão estendida para si.
– Jung Hoseok. ”
***
Yoongi nunca se arrependeria de ter aceitado aquilo. Teria se arrependido se tivesse o negado novamente, pois não estariam morando juntos em um apartamento em Seul com uma menininha adorável que já o chama e o considera como um segundo pai. Não se arrependeria, pois não teria essa história linda que construíram nos anos seguintes após tê-lo reencontrado, onde literalmente recomeçaram do zero.
Eles recriaram e reescreveram a própria história, no momento que eles foram destinados a ficar juntos. Tiveram mais momentos felizes e apaixonados e menos momentos com brigas, que não chegaram a ser tão feias quanto as do tempo de universidade. Momentos desse romance – que um dia já foi conturbado – entre eles que devem ser relembrados sempre que possível. E mesmo depois de oito anos, Yoongi ainda dizia o mesmo que disse na viagem.
Ele nunca se arrependeria de ter conhecido Jung Hoseok.
Já Jeongguk e Jimin tiveram um reencontro mais cedo que o estimado; um ano após a despedida do time. Claro que nenhum dos dois esperavam se rever apenas depois de trezentos e sessenta e cinco dias sem se verem, mas não é como se não tivessem pedido aos céus por aquele momento. Ambos sentiam tanta falta um do outro, que chegava a ser sufocante. Sentiam falta dos beijos, dos abraços, das noites que puderam dormir abraçados; dos sorrisos, dos risos e das palavras doces. O professor sentia falta de ouvir as declarações repentinas do ex-aluno.
Mas ao mesmo tempo, esse ano longe foi bom para que pudessem pensar sobre aquele mês. Jimin foi o que mais dedicou esse tempo para pensar em seus sentimentos e emoções confusas que tinha perante ao mais novo. Não que ele tivesse entendido muita coisa do que sentia nesse ano, mas conseguiu aprender algumas sobre esse quase relacionamento. Ele ainda dizia com todas as palavras que não estava apaixonado, mas com certeza aquilo em seu peito – aquela batida estranha e acelerada que vinha com tudo só de ver as fotos que tiraram juntos e relembrar dos momentos que tiveram – com certeza significava alguma coisa.
Não era amor, mas não sabia dizer se era paixão. Sabia que era um carinho extremo que deixava-lhe morrendo de saudades de tudo que era relacionado aquela figura alta e de cabelos pretos. Sempre pegava-se pensando se, um dia, eles se reencontrariam, se eles realmente foram destinados a ficar juntos. Estava tudo nas mãos do destino, já que ele não sabia onde Jeongguk morava e o que ele estava fazendo da vida, assim como a única coisa que Jeon sabia era que ele ainda trabalhava na universidade.
O mais novo, no entanto, tentou não pensar muito sobre essa distância chata, tentando apenas se concentrar em sua vida profissional. Ele cumpriria aquela promessa de se estabelecer antes de tudo, e estava conseguindo aos poucos. Após se formar, conseguiu um emprego como treinador de basebol para crianças, além de um trabalho de meio período em uma academia como personal trainer. Com seu salário, conseguiu alugar um apartamento com seu melhor amigo, e sair da casa dos pais, aproveitando a deixa para se assumir como homossexual para os mesmos – que o surpreendeu ao aceitarem sem nenhum problema aparente (totalmente ao contrário dos pais de Hoseok).
É claro que, quando estava totalmente livre de qualquer trabalho ou estresse, pensava em seu hyung e sobre o que ele poderia estar fazendo naquele momento longe de si. Já perdeu as contas de quantas vezes chegou a cogitar a ideia de ir à universidade lhe visitar, mas sempre se controlou ao máximo para não interferir nas ações do destino. Falando nisso, ele nunca realmente havia acreditado nessas coisas após ouvir seu hyung falando sobre isso com seu melhor amigo na última semana da viagem, nunca pensou que aquilo faria tanto sentido.
De qualquer forma, não foi preciso ir à universidade para reencontrá-lo, pois tiveram os destinos traçados alguns meses após se estabelecer no novo apartamento. Jeongguk estava em uma cafeteria ao centro da cidade, em frente a um parque, quando avistou um homem baixo de cabelos pretos entrando no estabelecimento com aquele sorriso que não poderia lhe confundir nunca – ele reconheceria aqueles olhos sorridentes à quilômetros de distância mesmo sem as lentes de grau.
***
“O sino acima da porta do estabelecimento tocou novamente, fazendo-o saltar levemente na cadeira. Sempre perdia a concentração com aquele barulhinho irritante, fazendo-o olhar para a porta todas as vezes que alguém entrava no local. E aquela vez não foi diferente. Assim que ouviu o sino da cafeteria soar, desviou os olhos de seu livro, surpreendendo-se ao ver um baixinho de cabelos pretos penteados e um uniforme de beisebol, denunciando sua saída recente do campo da universidade.
Fechou seu livro e colocou-o em cima da mesa ao lado de sua bebida quente, levantando-se da cadeira e caminhando em passos rápidos até o homem que tanto conhecia e amava – nunca deixou ou deixaria de amá-lo. Pouco se importou com os clientes ou com seus pertences deixados para trás, apenas foi em direção ao homem, parando ao seu lado e encarando-lhe com os olhos arregalados.
Como ele pode ficar ainda mais bonito em somente um ano? Perguntava-se.
– Hyung...? – Chamou-o baixo, fazendo com que o mais velho se assustasse e pulasse para trás com a mão sobre o coração. – Sou eu, o....
– Jeongguk... – Murmurou, completando a frase do ex-aluno. Colocou a pequena mão sobre os lábios abertos em espanto, piscando rapidamente para espantar as lágrimas que começavam a se formar. – Jeonggukie!
E no segundo seguinte, ambos estavam em um abraço apertado, ignorando as pessoas em sua volta ou a atendente que voltou com o café que foi pedido em mãos. Jeongguk o puxou para mais perto, não conseguindo evitar as lágrimas que escorriam por suas bochechas ao finalmente revê-lo. Sentia tanta, mas tanta falta daquele homem que não conseguia se expressar com palavras, pois nada coerente saía de sua boca.
Jimin pagou a atendente, apesar de sair da loja sem sua bebida e somente com Jeongguk ao lado, com as mãos entrelaçadas. Caminhou rapidamente entre as pessoas na rua e correu com o ex-aluno em seu encalço até o parque na frente da cafeteria, infiltrando-se entre as árvores com folhas vermelhas e escondendo-se atrás do tronco de algumas. Naquele local teriam mais privacidade para aproveitarem o momento sem ninguém os julgando por simplesmente serem dois homens apaixonados.
– Hyung... – Murmurou, abraçando-o apertado novamente. Suas lágrimas saíam rápidas e espessas enquanto apertava os braços em volta da cintura alheia. Jimin afagava os fios negros entre os dedos gordinhos, também molhando suas bochechas com algumas gotas do líquido salgado que insistia em sair de seus olhos. – Eu senti tanto a sua falta.
– Eu também senti a sua, Jeonggukie. – Respondeu sorrindo, afastando-se minimamente para limpar as maçãs faciais alheias.
Naquele momento, com os rostos tão próximos um do outro, e com tanto tempo sem poder provar dos beijos um do outro, não se controlaram e se aproximaram ainda mais, grudando os lábios em um selo demorado e suspirando com o ato inocente. Apenas aquele encostar fez com que os flashbacks da viagem voltassem com tudo em suas mentes, fazendo-os sorrir entre aos lábios rosados que tanto sentiram falta.
Jimin foi quem decidiu aprofundar o ósculo após alguns segundos, arrastando a língua por entre a boca entreaberta de seu ex-aluno, molhando os lábios apetitosos e viciantes. Não demorou muito para que as línguas se reencontrassem, dançando lentamente em conjunto em um ritmo lento e apaixonado. Os lábios se arrastavam um sobre o outro à medida que os músculos voltavam a se conhecer a partir daquelas entrelaçadas dentro da cavidade bucal do mais novo.
O beijo tinha um gosto diferente dos que já trocaram. Era um gosto de saudade de ambas as partes, de paixão e carinho intenso, de muito amor por parte de Jeongguk, que alisava as costas do mais velho com as pontas dos dedos, causando arrepios pela espinha vertebral alheia. O ósculo também tinha aquele gosto salgado das lágrimas de Jeon que escorria por entre os lábios, deixando-os ainda mais molhados.
Ao se afastarem, o professor mais velho colocou as mãos nas bochechas coradas do maior para então depositar mais alguns selos suaves naqueles lábios inchados e úmidos, fechando os olhos ao sentir um beijo casto em sua testa. Sentiu tanta falta desses carinhos e carícias inocentes que recebia, de todo esse amor que era demonstrado naturalmente. Sentiu tanta falta de Jeongguk, mais do que pensou que sentiria.
– Droga, eu te amo tanto, hyung. – Resmungou, com um bico nos lábios e os olhos marejados. Jimin sorriu pequeno, mordiscando aquele beiço adorável antes de voltar a abraçá-lo pelo pescoço.
– Eu senti muito a sua falta, Jeonggukie. – Admitiu, recebendo um beijo singelo em sua bochecha esquerda. Após alguns minutos em silêncio, afastou-se minimamente, puxando o mais novo para se sentar encostado a um tronco de árvore. Sentou-se no colo alheio, posicionado as mãos no peitoral largo em sua frente. – O que tem feito? – Perguntou curioso. – Cumpriu sua promessa?
– Sim. – Respondeu, sorrindo doce. Colocou as mãos nas coxas avantajadas de seu hyung e continuou. – Consegui um emprego em uma escolinha de beisebol e em uma academia, como personal trainer. Também estou dividindo um apartamento com o Hoseok. – Diz sorrindo orgulhoso de si mesmo, e Jimin logo se vê sorrindo da mesma maneira. – E você, o que tem feito?
– Ah, você sabe... – Falou, olhando para baixo. – Ainda dou aula na universidade e continuo sendo o treinador oficial do time. – Jeongguk sorriu, erguendo o queixo do mais velho para que ele lhe encarasse. Beijou os lábios rechonchudos rapidamente, afastando-se sorrindo em seguida. – E Hoseok, como está?
– Bem. – Responde simplesmente. – Hyung, eu quero te pedir algo. – Diz, mudando o assunto completamente. O mais velho assente, mesmo que ainda confuso com o rumo, ajeitando-se nas coxas do maior. – Hm.... Nós.... Podemos nos conhecer melhor? – Pergunta receoso. – Sabe, hm, como dois homens e não como aluno e professor.
Jeongguk estava extremamente receoso com a pergunta, tinha medo de ser rejeitado novamente, ainda mais por estarem de volta na Coreia. Sabia que não seria fácil, já que é ex-aluno do Park, mas não custava nada tentar. Além de que, Jimin havia lhe dito que era para lhe procurar quando cumprisse sua promessa e, bem, ele cumpriu e, finalmente, se reencontraram. Já o mais velho sorria mentalmente e por fora, vendo a hesitação nos olhos brilhantes e hipnotizantes de Jeon. Sabia dos riscos que estava tomando, mas não tinha dúvidas de sua resposta para aquela proposta.
– Claro, Jeonggukie. – Respondeu sorridente, surpreendendo o ex-capitão. – Eu adoraria te conhecer melhor.
– Sério? – Estava realmente surpreso com a resposta imediata, sentia-se feliz, claro, mas não estava esperando por algo positivo assim tão cedo. – Quer dizer, isso é ótimo! – Terminou. Jimin riu baixo da reação que teve, arrancando um sorriso apaixonado do mais novo que lhe encarava profundamente.
– Se nos encontramos novamente, foi por um motivo. – Inclinou a cabeça ao lado, colocando as mãos nos ombros largos do mais novo que apenas lhe encara admirado, como sempre. – E eu quero dar uma chance a você, Jeonggukie; à nós. – Admitiu, levemente envergonhado. Era estranho para si ficar constrangido com esse tipo de coisa, mas, de certa forma, era interessante esse efeito que ele tinha sobre seu corpo e mente. – Fora que eu não conseguiria ficar mais um ano longe de você. Aigoo, o que está fazendo comigo, uh? – Perguntou risonho.
Jeongguk não conseguia acreditar no que estava ouvindo, nunca pensou que seu ex-professor estaria lhe dizendo aquelas palavras. Era bom saber que não era o único a não conseguir ficar muito tempo longe, apesar de saber que ainda era o único completamente apaixonado. Mas havia sentido aquela faísca de paixão em seu hyung para consigo e isso deixava-lhe mais esperançoso. Talvez aquele realmente fosse apenas o começo para eles.
– Hyung. – Chamou-lhe, beijando-lhe no nariz pequeno. Jimin lhe encarou com um bico nos lábios e os olhos curiosos, esperando que ele continuasse e sorrindo largo ao ouvir o sussurro que tanto sentiu saudades. – Eu te amo. ”
***
Passaram o resto daquela tarde trocando beijos e carícias, matando a saudade que sentiam um do outro. Marcaram encontros românticos, passaram horas à fio conversando e se conhecendo de forma mais íntima – mas não sexualmente falando e sim emocionalmente. Jeongguk teve a oportunidade de conhecer um lado de seu hyung que nunca havia visto antes, assim como Jimin viu em seu ex-aluno, o que contribuiu para fortalecer a ligação entre eles.
Em todos os encontros, mensagens, chamadas em vídeos, telefonemas, eles riam e trocavam ideias sobre diversos assuntos importantes ou banais, falavam sobre o dia um do outro; sobre tudo. E assim, após um ano e meio, Jimin se viu com o coração aquecido enquanto pensava que, realmente, eles estavam destinados a ficarem juntos.
[...]
E ele estava certo sobre o destino.
Não foi preciso que Jeongguk ensinasse à Jimin como lhe amar, pois este último nunca acreditou nesse ato. Para ele, o amor acontecia naturalmente e foi assim que aconteceu entre eles, de forma espontânea. Ele se apaixonou perdidamente por Jeon Jeongguk de um jeito que nunca imaginou ser possível, e esse sentimento simplesmente entrou em seu coração e nunca mais saiu, pois após quinze anos de namoro e cinco de casamento, Jimin via-se cada dia mais apaixonado pelo mais novo que roubou seu coração.
Ele estava deitado na cama espaçosa e bem arrumada enquanto olhava para o teto do quarto do casal, sorrindo ao ver as estrelas pintadas naquele local, relembrando de tudo que passaram juntos. Gostava de passar os momentos que tiveram desde o primeiro ano que lecionou ao mais novo, até o dia anterior quando foram dar uma volta no Central Park. Nunca pensou que estaria onde está depois da viagem de formatura.
Não acreditaria se lhe dissessem, anos atrás, que estaria vivendo em Nova Iorque, mas aqui está: morando em um edifício bonito em Manhattan com seu marido, onde tudo começou. Talvez seja por isso que adorava olhar para as estrelas de sua sacada ou de seu teto, pois estava exatamente onde a história de seu relacionamento teve início; onde tiveram o primeiro beijo; onde correram da primeira à terceira base, direto para um home run.
Mudaram-se para a cidade grande dos Estados Unidos cinco anos após o início do namoro, quando Jeongguk foi escalado como jogador mirim da liga internacional de basebol de Nova Iorque, e o casal não pensou duas vezes antes de aceitar a posição do mais novo, apesar de não serem fluente na língua inglesa. Deixaram a vida na Coreia para trás e voaram para o país do outro lado do mundo, onde envelhecem juntos.
Atualmente, Jeongguk já faz parte do time de basebol oficial do estado, ganhando um bom salário para ajudar a sustentar a casa. Já Jimin é um professor de educação física da NYU (Universidade de Nova Iorque), além de ser o treinador do time de futebol americano do campus. Juntos, ganham uma renda boa para dividir as despesas de casa e ainda conseguir financiar algumas viagens internacionais.
O jogador ainda mantém contato com o melhor amigo na Coreia, que vive com Yoongi e a filha em um apartamento no centro de Seul. Jimin também conversa com seus colegas coreanos, apesar não manter uma amizade com todos após pedir demissão na Universidade de Seul – assim que se viu apaixonado por um ex-aluno.
Jeongguk e Jimin se casaram oficialmente em Nova Iorque há cinco anos, tendo uma festa apenas para amigos mais próximos – estes que vieram diretamente da Coreia para a celebração do matrimônio. Kim Seokjin, o intercambista, continua morando e trabalhando em Manhattan, e até mesmo ajudou o casal a encontrar um apartamento legal para alugarem, além de ter se aproximado bastante do mais velho da relação.
– Papai! – Jimin sai de seus pensamentos ao ouvir a voz fofa de seu filho lhe chamando, correndo pelo quarto e pulando para seu colo. – Papai!
Park Yoonseok, de oito anos, foi adotado pelo casal coreano há quatro anos (cinco se contarmos a dificuldade que tiveram na adoção com as papeladas por serem um casal homossexual). Mesmo adotado, o garoto de poucos traços asiáticos, e de olhos azuis, recebe tanto amor quanto um filho biológico. É mimado pelos pais todos os dias e todas as horas. Mas os pais também são mimados e igualmente amados pelo pequeno menino americano, e agora metade coreano, que os vê como grandes heróis e inspirações para si.
É um menino extremamente esperto e sempre defende os papais quando alguém diz que é errado dois homens se casarem. Apesar de muito novo, o garotinho já viu e viveu muito no orfanato em que morava e dizia com toda certeza e confiança do mundo que nunca viu um homem amar uma mulher do modo que o papai Jeon ama o papai Park, e vice-versa. Ele se sentia imensamente grato por ter sido adotado por dois homens que se amam e que o ama mais que tudo.
Jeongguk e Jimin sentiam-se ainda mais gratos por terem aquele garoto como filho, como a família deles. Quando o viu no orfanato, isolado de todos os coleguinhas, não pensaram duas vezes antes de escolhê-lo para a adoção e, após as dificuldades e muito choro, conseguiram tê-lo. A criança não sabe, mas toda vez que chama os dois mais velhos de papai, faz com que o coração de cada um se aqueça e lágrimas molhem seus olhos. A felicidade ao serem chamados daquela forma era inexplicável e indescritível.
– Diga, meu anjo. – Respondeu após alguns minutos, ajeitando o filho em seu colo e deitando-o em seu peitoral em um abraço apertado.
– Ah, tá me esmagando, papai... – Murmurou emburrado, ouvindo a risada contagiante do mais velho. Se soltou, sem muito esforço, do aperto e beijou a bochecha do pai. – Cadê o papai Jeonggukie?
– Ele já está chegando, pequeno. – Respondeu, cheirando os cabelos macios de seu filho. Amava aquele cheiro de bebê que ainda exalava do pequeno garotinho. – Está com saudades do papai Jeon? – Perguntou, já sabendo da resposta, afinal também estava.
Jeongguk havia participado de um jogo naquele final de semana, o qual nenhum dos dois puderam ir por ser em outro estado. Jimin tinha que dar aula no sábado de manhã e à tarde, e o garotinho tinha suas aulas de coreano todos os domingos. Mesmo chateado por não ter sua família consigo, Jeongguk não podia faltar ou negar jogar, afinal era um dos jogadores principais.
– Sim... – Choramingou, abraçando o mais velho com força. – Eu te amo, papai. – Sussurrou o garotinho, deixando-o desconcertado por um momento.
Yoonseok tinha pegado essa mania do outro pai de dizer essas palavras de modo totalmente repentino. Não estava reclamando, de jeito nenhum; amava ouvir aquelas declarações de ambos, mas ainda não havia se acostumado e talvez nunca se acostumaria com essas declarações repentinas. Seu coração sempre batia forte e rápido toda vez que ouvia aquelas três palavrinhas vindo de seu filho e de seu marido, as três palavrinhas que alegravam o seu dia.
Vindo do filho era ainda mais desconcertante, pois demorou um pouco para que ouvissem aquele tipo de coisa saindo dos lábios finos do pequeno. Mas quando ele as disse pela primeira vez, um ano e meio após a adoção, arrancando lágrimas e sorrisos dos três, o pequeno Park nunca mais parou de dizê-las. Gostava de ver como os papais ficavam felizes quando as dizia e sentia-se bem ao dizê-las, era como um alívio para si que os pais soubessem o quanto são importantes para si.
– Eu também te amo, meu bebezinho. – Respondeu, beijando a testa do filho que emburra, sentando-se na barriga do pai.
– Eu não sou um bebê, papai! Eu sou grandinho! – Resmungou, arrancando uma risada divertida do mais velho. E assim como o pai Jeon, o pequeno garoto sorria ao ouvir as risadinhas do pai Jimin, era bonito o modo que os olhos se fechavam e a melodia era adorável em seus ouvidos.
– Você sempre vai ser um bebê para nós, pequeno. – Uma outra voz mais rouca diz, adentrando o cômodo branco e atraindo a atenção dos dois na cama. – Boa noite.
– Papai! – O garotinho sai correndo da cama em direção ao jogador, jogando-se nos braços fortes do pai, que lhe pega no colo. – Eu e papai Jimin sentimos muita falta de você, muita, muita, muita! – Diz sério, e os pais sorriem ao se entreolharem.
– Sério? – Perguntou baixo, caminhando até a cama. Jimin se senta sobre um dos travesseiros e sorri ao marido, que beija seus lábios rapidamente em um cumprimento antes de se sentar ao seu lado. – Eu também senti falta de vocês. Muita, muita, muita. – Respondeu risonho, imitando seu filho. Jimin observa a cena de seu filho e seu marido conversando animadamente sobre o jogo do final de semana e sorri ao ter a família completa novamente. Nunca pensou que, hoje, estaria casado com um ex-aluno, mas não se arrependia; na verdade, estava feliz e satisfeito por ter tomado a decisão de conhecê-lo melhor a vinte anos atrás. – Já tomou banho, porquinho? – Perguntou sério, vendo o filho assentir, abraçando-lhe pelo pescoço. O mais velho sorria largo, o garotinho se apegou ainda mais ao jogador, mas isso não lhe afetava, achava lindo o modo que ambos se conectaram assim que se viram no orfanato. – Então vamos dormir? Já está tarde, mocinho.
– Ah, papai.... – Murmurou emburrado, com os olhos marejados. – Eu queria ficar mais com você, por favorzinho. – Os pais sorriem e se entreolham.
– Acho que hoje você pode dormir com a gente, não é, Jeonggukie? – O mais velho perguntou, aproximando-se de seus garotos. O jogador assente, abraçando seu filho e beijando-lhe na testa. – Então vamos nos deitar, uh? Já é uma e meia da manhã e amanhã nós acordamos cedo.
O filho assente com um bico adorável nos lábios, deitando-se entre os pais e abraçando o mais velho. O jogador abraça ambos ao se deitar de lado, depositando um beijo na testa de cada um e recebendo o mesmo logo em seguida. Acariciaram os fios negros do garotinho entre eles, cantando músicas de ninar e rindo baixo quando um desafinava ou errava a letra da canção, até que Yoonseok amolece nos braços fortes de ambos.
– Boa noite, papai Jeonggukie... – Murmurou, apertando a mão do citado com as suas mãos pequenininhas. – Boa noite papai Jiminie. – Completa. Beijou o ombro do mais velho e fechou os olhos, adormecendo logo em seguida.
Os mais velhos se encaram por um momento, sorrindo um ao outro, sem dizer uma palavra. Estavam cansados e com sono, mas com saudades um do outro, por isso não desviavam os olhos nem por um segundo. Jimin ainda acariciava a cabeça do filho quando Jeongguk subiu a mão para os fios negros de seu antigo professor, sorrindo ao vê-lo fechar os olhos com a carícia de seus dedos nos fios de sua nuca.
Queriam se beijar e matar a saudade que sentiam do gosto um do outro, mas não poderiam com o filho entre eles. E, ao mesmo tempo que queriam grudar os lábios um no outro e aprofundar as carícias, também queriam matar a saudade de estarem em família naquela cama, abraçados e sorridentes. Queriam continuar daquela maneira, com o garotinho já adormecido encolhido entre os corpos enquanto ressonava calmo, apreciando a presença um do outro; agradecendo mentalmente pela família que construíram juntos nesses anos de relacionamento.
Amavam passar alguns tempos à sós, mas nada se compara àqueles momentos em família, com o filho que tanto amam. Por isso apenas se contentaram com os olhares ternos, já era o suficiente para aquela noite. Apenas de saber que estavam ali, juntos, apaixonados, casados e longe de qualquer julgamento, já era mais que o suficiente.
Jeongguk sorria enquanto afundava os dedos no couro cabeludo alheio, pensando na primeira vez que segurou as mãos pequenas do mais velho dentro daquele avião que partia para Nova Iorque. Lembrava-se de como sentiu que aquele entrelaçar havia sido o suficiente para si, pois já era algo que tinha conseguido com seu ex-professor. Lembrava-se de como sentiu o coração se aquecer com aquele simples toque que não significou nada ao mais velho, mas muito para si. Ele sempre diria que naquele momento, quando o avião decolava e os seus dedos se entrelaçavam, que a sua história começou.
– Hyung... – Chamou-lhe baixo, passando a língua por entre os lábios ressecados. Jimin abriu os olhos lentamente, sentindo-se sonolento pelo cafuné que o outro lhe fazia. Jeon sorriu pequeno, escorrendo a mão para a bochecha fofinha de seu hyung, alisando-a antes de continuar em um sussurro. – Eu te amo.
E Jimin sorriu, sorriu largo e apaixonado, sentindo-se aquecer inteiramente com aquelas três palavrinhas. Sempre se sentia tonto, um tolo por estremecer todas as vezes que as ouvia saindo dos lábios saborosos de seu marido. Desde a viagem, não conseguia escutar suas declarações sem sorrir bobo ao mais novo, este que amava as reações do mais velho.
Mas o sorriso de Jeongguk ao ouvir sua resposta foi ainda maior; ele sentia seu coração bater tão rápido que poderia estar prestes a ter uma parada cardíaca com a velocidade preocupante. Era sempre assim quando ouvia seu hyung dizendo-lhe aquilo, sempre sentia um friozinho na barriga e um arrepio na coluna, abrindo um sorriso de orelha a orelha nos lábios. E Jimin também adorava aquelas reações que o jogador tinha toda vez que responda às suas declarações inesperadas.
– Eu também te amo, meu amor.
FIM
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