A primeira semana em Nova Iorque passou rápida demais na visão do time, na segunda eles estavam na Time Square e então eles já estavam se arrumando para a festa na sexta. Durante esses primeiros dias, eles visitaram alguns pontos turísticos da cidade agitada, conheceram novas pessoas e novos lugares, foram para diferentes restaurantes e experimentaram algumas comidas americanas que não fossem de restaurantes fast-food.
Jimin passou todos esses dias com um grupo diferente de alunos, conhecendo diferentes lugares, uns mais distantes que os outros. Ficou sozinho em seu quarto apenas durante o começo da manhã e o final da noite e ele agradecia mentalmente aos seus ex-alunos por não o deixarem de lado e o chamarem que se divertir junto a eles. O treinador era realmente grato por ter conseguido construir um sentimento de família com seu time nesses quatro anos.
A sexta-feira se passou um pouco mais rápido que os demais dias, talvez por Jimin não ter achado algo para vestir ou por Jeongguk estar ansioso demais para a festa que iria ao lado de seu hyung. As meninas e alguns meninos saíram para comprar algumas roupas e acessórios para usarem à noite e Jimin rapidamente se juntou a eles ao ser convidado. Ele havia trazido algumas roupas sociais, mas nada se encaixava ao conceito house party para ele, que seria algo mais informal.
Eles passaram por algumas lojas em bairros mais afastados da grande Manhattan e almoçaram em um restaurante pequeno e aconchegante em meio ao caminho de volta para o hotel, nas redondezas do Central Park. Aproveitaram para tirar algumas fotos rápidas do local, afinal a paisagem era realmente linda, mesmo com diversos carros, prédios e pessoas. Ainda era inacreditável o fato de estarem do outro lado do mundo, tomando um café enquanto caminhavam pelas ruas movimentadas.
Foram lentamente caminhando e conversando até chegarem de volta ao hotel para se arrumarem. Já se passavam das quatro horas e Jimin queria descansar um pouco antes de ir festejar como em seus tempos de universidade. Sentia falta de seus amigos, de sair para beber e voltar com os lábios inchados e marcas por todo o corpo, sentia falta dessa diversão insana que costumava ter antes de se formar. Não é como se o treinador tivesse parado de sair com seus colegas, mas com os campeonatos e o trabalho apertado, o número de festas diminuiu e o de estresse e cansaço somente aumentou.
Assim que chegou em seu quarto, viu Hoseok sair do elevador com o capitão ao seu lado. Ambos sorriram para o mais velho, que deixa uma fresta da porta aberta enquanto se vira para os mais novos para lhes cumprimentar. Jung avisou o professor que alguns alunos sairiam mais cedo para a festa, mas eles – Hoseok e Jeongguk – iriam por volta das oito horas. Jimin perguntou se não havia problema ir com os dois, já que não queria chegar sozinho em uma festa cujo dono não conhecia, sequer sabia o nome. Os dois mais novos, obviamente, assentiram e marcaram um horário para se encontrar no saguão do hotel antes de cada um entrar no próprio quarto.
Apesar das férias estarem apenas começando e mesmo tendo adorado essa primeira semana, o treinador ainda sentia suas costas doerem e seus músculos pedirem por algum tipo de relaxamento. Por isso ele decidiu que não faria mal algum e não o atrasaria tomar um banho de banheira antes da festa. Com certeza a água cheia de sabão cobrindo seu corpo desnudo lhe traria um pouco de conforto e descanso. Além de que poderia servir como uma nova recarga de energia que ele usaria para se divertir à noite.
Olhou para o relógio em seu celular e sorriu ao constatar que teria tempo o suficiente para relaxar na banheira sem problema algum. Colocou seu celular para carregar e se despiu rapidamente, indo ao banheiro para encher a banheira com água e sais naturais. Entrou e se deitou no grande espaço, suspirando baixo ao sentir a água morna em contato com sua pele. Deixou sua cabeça apoiada em uma das beiradas e sorriu, sentindo seus músculos relaxarem imediatamente.
Ficou alguns longos minutos daquela maneira, sem se mexer, apenas deitado e de olhos fechados. Mergulhou na água vez ou outra para molhar seus fios castanhos e seu rosto bronzeado para então voltar na posição original. Passou os dedos por seu corpo de forma lenta, passando a espuma por seu abdômen, virilha e pernas após ensaboar seus braços e peitoral. Quando limpava seu íntimo, gemeu baixo ao senti-lo endurecer em seus dedos; gemeu de prazer e de frustração. Ele não queria se masturbar, não quando estava prestes a ir para uma festa universitária, onde teria outras pessoas para lhe tocar intimamente e para que ele tocasse intimamente.
Havia um tempo que não transava, talvez um mês ou um pouco mais, já que estava focado na final de basebol. Claro que ele se masturbou durante esse mês sem nenhuma relação ou qualquer contato físico, mas nada se compara ao ato sexual em si e ele admitia que sentia falta disso. Mas estava contando com essa viagem para tirar o “atraso” e matar as saudades de um ato carnal, e nada como uma festa para lhe ajudar.
Jimin se levantou da banheira, tomando cuidado para não cair, e a esvaziou antes de ligar o chuveiro e terminar de se banhar. O mais velho se negava a se masturbar mais uma vez; contava os minutos para chegar na festa, beber e beijar alguém. Não precisava necessariamente transar, mas beijar era o mínimo. A bebida lhe ajudaria a tirar a vergonha e flertar descaradamente com qualquer um que achasse atraente e que, claro, não fosse seu aluno.
Terminou o banho com o chuveiro em água fria para se sua ereção abaixasse sem que precisasse de suas mãos para isso. Saiu secando-se em direção ao seu quarto, deixando as roupas que vestiria mais tarde separadas em sua cama. Checou seu celular, respondendo alguns estudantes que o avisaram que estavam saindo e aonde estavam indo, logo voltando ao banheiro. Escovou seus dentes e secou o cabelo macio com o secador que o hotel disponibilizou. Passou desodorante e perfume no corpo e vestiu uma roupa qualquer para jantar algo antes de ir à festa.
Jeongguk e Hoseok fizeram a mesma coisa, com exceção do banho de banheira. Vestiram qualquer coisa e foram para o restaurante do hotel, onde encontraram o professor sentado em uma das mesas mais afastadas, olhando para o celular. O capitão parou por um momento para apreciar a imagem delicada de seu hyung sorrindo para o aparelho eletrônico, ignorando o tapa na nuca que recebeu de seu melhor amigo.
– Hyung, podemos nos sentar com você? – Hoseok pergunta, já se sentando na frente do professor, que apenas sorri assentindo.
– Decidiram jantar antes também? – Perguntou o mais velho, deixando seu celular de lado para dar atenção aos meninos. Eles assentem rapidamente e Jimin sorri ao ver o capitão sentando-se ao seu lado na mesa. – Eu já fiz meu pedido, mas é só chamar o garçom novamente.
Hoseok rapidamente levanta as mãos, chamando por um atendente para fazer seu pedido. Jeongguk abaixou o rosto e sorriu; ainda pensava no que havia conversado com seu melhor amigo sobre o que fariam em relação à paixonite do mais novo no professor. Ambos esperavam que o plano desse certo e que a sorte de Jeongguk continuasse ao seu lado. Já Jimin esperava que o destino lhe trouxesse alguém nessa viagem, mais precisamente nessa noite.
– Eu vou querer um Espaguete à Carbonara, e você, cara? – Perguntou Jung ao seu melhor amigo, que pede a mesma coisa. – Então, treinador, está ansioso para a festa? – Perguntou curioso. Jimin riu soprado, se ajeitando em seu assento.
– Sim, e vocês?
– Também! – Hoseok responde pelos dois. – Faz tempo que esse cara aqui não pega alguém, não é? – Provocou, recebendo um risinho do professor e um xingamento do melhor amigo. – Entende por que ele está tão chato, treinador? Ele está na seca há tempos!
– Hoseok! – Falou entredentes, com as bochechas coradas. Jimin intercalou o olhar entre os amigos e riu baixo; Jeongguk estava envergonhado e Hoseok mais que satisfeito com o que conseguiu.
– E você, hyung? – Hoseok pergunta, mudando o alvo. Jimin arqueia as sobrancelhas e inclina a cabeça para o lado. – Faz tempo que não pega alguém?
– Hoseok, mas que porra?! – Jeongguk estava com os olhos arregalados e a coluna ereta, indignado com o atrevimento do melhor amigo.
– O que é, cara? É só uma perguntinha de nada! – Respondeu, desviando os olhos do treinador corado por alguns instantes. – Jimin-hyung nunca teve problema em falar sobre essas coisas com a gente, não vejo problema em perguntar isso. – Deu de ombros, voltando a encarar o mais velho dentre eles. – Então, hyung...?
– Hm... Não que isso seja do seu interesse, o que não é.... – Começou. Riu soprado ao ver um bico nos lábios do aluno e continuou. – Mas, sim, faz tempo que não beijo alguém. Estive muito focado nos treinos e nos campeonatos nesse último mês para pensar em qualquer outra coisa. – Respondeu sincero.
– Então, espero que hoje à noite vocês peguem alguém. – Falou, sorrindo cínico para o capitão, que morde o inferior e revira os olhos. Estava nítido que, após essa pequena revelação, o mais novo estava ainda mais ansioso para a festa e rezando para seu plano desse certo. – Eu, com certeza, vou beijar alguém hoje. – Hoseok termina mudando de assunto e dando de ombros.
[..]
Após um jantar equilibrado e o suficiente para os sustentarem – e evitar uma possível ânsia mais tarde – os dois alunos subiram junto ao mais velho para se arrumarem. Jeongguk e Hoseok entraram no quarto sorrindo ao professor, logo discutindo baixinho o que fariam mais tarde. Isso, claro, depois do capitão xingar e bater no melhor amigo com um travesseiro por ter sido tão óbvio durante o jantar. Tudo bem que Jimin não havia entendido, quer dizer, estava na cara que ele estava confuso e um pouco desconfiado – afinal ele não é tão lento assim.
O Park já estava de volta no banheiro, escovando os dentes pela terceira vez para que ficasse com um hálito gostoso de hortelã. Aproveitou que estava novamente despido e no cômodo para tomar outro banho rápido, dessa vez sem lavar os cabelos sedosos e macios. Apenas depilou-se com cuidado e fez uma limpeza geral; vai que algo a mais que beijos aconteça? Teria que estar limpinho e cheirando à essência do seu sabonete de frutas vermelhas.
Ele se secou de forma rápida e vestiu uma cueca boxer preta, ajeitando seu membro na mesma para que não ficasse desconfortável. Passou desodorante e um perfume com odor amadeirado em todo seu corpo e um pouco em sua roupa, para que continuasse cheiroso mesmo quando estivesse suado. Vestiu sua calça jeans preta que destaca seus glúteos e coxas bem definidos, colocou uma camisa de manga curta preta de botões, deixando os dois primeiros abertos, e calçou seu sapato preto. Arrumou seu cabelo de forma que lhe agradasse e passou um protetor labial apenas para destacar seus lábios ainda mais, além de deixá-los com um gosto de morango.
Pegou seu celular, respondendo aos alunos que o avisaram que já estavam na festa e mandando mensagem aos seus vizinhos para lhes avisar que já estava quase pronto para irem. Enquanto isso, Hoseok esperava seu melhor amigo terminar de arrumar, o que parecia que duraria um século. O mais novo se encarava no espelho a cada cinco minutos e sempre terminava trocando de roupa como uma garota indecisa que ele, com certeza, tem dentro de si.
Hoseok vestia uma calça colada preta e uma blusa manga curta da mesma cor, uma jaqueta verde por cima dos ombros e uma gargantilha preta que o deixava mais sensual, de acordo com a sua própria paixonite. Ele estava sentado em sua cama, respondendo seu professor – dizendo que apenas estava esperando a princesa terminar de se arrumar – e revirando os olhos pela demora do melhor amigo.
O capitão estava nervoso e ansioso e por isso não conseguia decidir o que vestir. Poderia realmente parecer uma menina apaixonada falando isso, mas queria fazer de tudo para impressionar seu ex-treinador, queria ficar bonito e ser notado por ele de alguma forma. Sabia que estava um pouco atrasado devido as reclamações do Jung, mas não sairia daquele quarto até que estivesse completamente satisfeito com sua aparência. Trocou de roupas várias vezes e pediu a opinião do amigo mais velho em cada uma delas e sempre recebendo um sorriso fechado e um sinal de ok; sabia que o outro já estava sem paciência para lhe aturar.
– Jeongguk, ou você vai assim ou você não vai! Cansei de esperar, cara. – Falou Hoseok, se levantando da cama e indo até a porta. – O treinador já está pronto e nos esperando para sair, então vamos logo!
– Hyung! – Choramingou o capitão, recebendo outro revirar de olhos.
– Se você não pegar suas coisas agora e sair desse quarto, eu juro que eu vou com o treinador e te deixo aqui sozinho, Jeon Jeongguk.
É claro que Jeongguk não estava com medo do tom usado pelo melhor amigo, já estava acostumado com isso pois sempre o fazia perder a paciência consigo, ainda mais quando o assunto era Park Jimin. Mas sabia que estavam atrasados e Hoseok estava lhe esperando há quase duas horas, então decidiu que iria da forma que estava: vestindo uma calça jeans rasgada e uma blusa preta com um detalhe branco no peito, e seus coturnos também pretos.
– Espera, hyung! – Falou rápido ao ver seu amigo praticamente saindo do quarto sem lhe esperar. – Deixa só eu passar esse protetor labial e-
– Sério mesmo que você é o capitão do time e não das líderes de torcida? – Resmungou o mais velho, revirando os olhos.
– Pronto!
Hoseok revirou os olhos e abriu a porta, esperando que Jeongguk saísse para fechá-la. Jimin ouviu seu capitão dizendo que estavam prontos para ir e também saiu de seu quarto após pegar um chiclete para deixar o hálito refrescante. Os três se entreolharam e checaram se estavam com carteira e celular para então irem ao elevador. Jeongguk não conseguiu tirar os olhos do mais velho entre os três enquanto ele respondia mais alunos que o avisavam onde estavam indo.
O capitão analisava cada mínimo detalhe do treinador, mordendo os próprios lábios quando passava os olhos pelas coxas e virilha do mais velho, subindo gradativamente para o abdômen e peitoral do mesmo. Era incrível como ele ficava incrivelmente bem em qualquer roupa, e em como essa em especial destacava seus atributos físicos. Jeongguk não conseguia desviar o olhar, nem mesmo quando o treinador lhe encarou de volta, este com um semblante confuso. É claro que ele gostava de receber olhares daquela forma, ainda mais em festas como a qual eles estavam indo, mas era seu aluno. Quer dizer, o capitão do seu time.
– Então... – Hoseok quebrou o silêncio, soltando uma risadinha envergonhada e dando uma cotovelada discreta nas costelas de seu melhor amigo, num pedido mudo para ser mais discreto. – Já estão todos por lá?
– S-Sim. – Diz o treinador, desviando o olhar do capitão que finalmente havia parado de lhe encarar fixamente. Ele se sentiu estranho com os olhares, mas não um estranho ruim; um estranho bom e confuso. – Quer dizer, sim. – Falou novamente, dessa vez sem gaguejar. – Alguns já até foram embora.
– O que? Como assim? – Perguntou Jeongguk sem entender. Estava prestes a dar dez horas, a festa estaria praticamente começando.
– Ah, você sabe... – Jimin deu de ombros, rindo baixo. – Conheceram alguém e foram para outro lugar mais privado. – Respondeu. – Vão voltar amanhã ou pela madrugada. – Terminou, vendo os dois assentirem ao saírem do cubículo metálico consigo. – Falando nisso, vocês estão levando camisinha?
Ambos os alunos se engasgam com a própria saliva e arregalam os olhos com a pergunta do mais velho. Eles sabiam que ele não era nenhum inocente e não tinha vergonha de falar certas coisas (era apenas tímido com quem não o conhecia ou quando algum elogio era dirigido para si), mas não esperavam por essa pergunta. Nem seus pais perguntavam coisas do tipo.
– Hyung! – Disseram juntos, ainda surpresos e envergonhados.
– O que?! – O treinador pergunta, entrando no uber que havia chamado quando estava esperando os mais novos. – Olá. – Cumprimentou o motorista em inglês, logo virando-se para os mais novos no banco de trás. – Olha, eu acho bom vocês estarem levando camisinha, ouviram? – Ditou, tentando parecer sério e, por um momento, sendo sucedido. – Podem transar o quanto quiserem e com quiserem, mas usem camisinha. – Terminou, se endireitando no banco e ignorando a vergonha dos alunos. – Por mais que seja mais gostoso fazer sem.
– Meu Deus, hyung, você é menos inocente do que eu imaginava. – Hoseok diz boquiaberto com o sussurro do mais velho, que se vira rapidamente para os dois e solta uma piscadela, rindo baixo.
– Ainda bem que o motorista não fala coreano. – Sussurrou Jeongguk constrangido. – Que vergonha....
[...]
O caminho até a house party foi silencioso após a conversa constrangedora sobre camisinhas, a sorte é que não demorou muito para que o motorista estacionasse em frente a uma casa cheia de adolescentes bebendo e conversando, alguns se beijando ou vomitando na calçada do dono da festa, o qual uma de suas alunas avisou-lhe que se chama Kim Seokjin – um intercambista da universidade e amigo de alguns de seus alunos.
A música estava alta e era possível ouvir à quilômetros de distância, mas os três coreanos conseguiram negociar e pagar a partida com o motorista do uber, dividindo o valor total em três. Eles rapidamente descem do carro luxuoso e caminham até a porta principal, desviando o corpo de algumas pessoas já bêbadas no meio do caminho. Jimin sorria como um adolescente com os hormônios à flor da pele após um tempo ser ir em festas desse tipo, trocava alguns olhares nada castos ou discretos com homens e mulheres enquanto andava até o bar improvisado na cozinha da casa.
Jeongguk tentava ignorar seu hyung flertando descaradamente em sua frente, tentando chegar o mais rápido que conseguia onde as bebidas estavam. Ele precisava de alguns shots de tequila e uma cerveja logo para que o ciúme pudesse ser esquecido e ele, então, pudesse dar início ao seu plano. Mas a cada passo que era dado, alguém soltava uma piscadela maliciosa ao mais velho que andava atrás de si, totalmente distraído pelo clima desejoso instalado no local, deixando o mais novo irritado.
Ao chegar no bar, que consistia em várias garrafas de bebidas alcoólicas e copos vermelhos – típicos de festas americanas – em cima de uma mesa central, Hoseok rapidamente pegou três copos e encheu de vodca e energético, entregando um para seu melhor amigo e outro para o treinador, que praticamente virou o copo de uma vez. Também sentia falta da queimação que álcool trazia para sua garganta; sentia falta de beber até não aguentar mais.
Jeongguk arregalou os olhos, surpreso com o mais velho, mas deu de ombros em seguida. Estavam em uma festa, é claro que ele beberia, só não esperava que terminaria com o copo cheio em três goles grandes. Enquanto Hoseok e Jeongguk estavam no primeiro copo, Jimin já estava no segundo shot de tequila – outra bebida que sentiu falta. Logo o mais velho pega uma cerveja, pensando que teria a noite inteira para se embebedar. Aquele era apenas o começo.
Os dois mais novos também pegam uma cerveja e andam com o treinador até a sala, onde havia uma multidão de pessoas dançando e se esfregando, deixando o lugar menor do que realmente parecia ser. Jimin encarava a cena todo admirado, sempre achou incrível o fato de as pessoas serem mais amorosas e afetuosas quando estão em festas. Parece que todos simplesmente se amam, sem preconceito ou julgamento; é como se na pista de dança todos fossem iguais.
– Hey, meninos. – O treinador chamou, ganhando a atenção dos dois imediatamente. – Eu vou dançar, tudo bem? Me avisem quando forem embora e se irão para o hotel ou para a casa de alguém. – Pediu, recebendo dois acenos em resposta. Bebeu mais uma boa quantidade de sua cerveja antes de pousá-la no balcão que dividia a cozinha da sala. Sorriu para seus alunos e piscou sapeca para eles, se distanciando lentamente. – Ah! E usem camisinha, todos vocês! – Lembrou, avisando todos seus alunos que estavam por perto.
Jeongguk apenas sorriu e continuou observando seu professor, que se infiltrou no meio dos adolescentes. Por mais que tentasse, ele não conseguia desviar o olhar do mais velho, e tudo ficou ainda mais difícil ao vê-lo dançar livremente. Era como se ele tivesse nascido para isso; era encantador a forma que ele movia seu quadril no ritmo da música, deixando os olhos fechados e a cabeça inclinada para trás, como se estivesse sentindo a música. Chegava a ser hipnotizante a forma que o mais velho se envolvia na canção; ele pulava quando era eletrônica, rebolava quando era mais lenta ou com um ritmo mais sensual e arriscava alguns passos de danças mais profissionais vez ou outra.
O sorriso não saía dos lábios do Park, sorrisos pequenos e presunçosos pois ele sabia que estava sendo observado – não necessariamente (ou somente) por Jeongguk, mas por muitos garotos e garotas presentes. Ele gostava desse tipo de atenção, gostava de ser desejado e de ver a luxúria nos olhos de quem o observava; Park gostava de provocar. Jeongguk percebeu isso e tentou a todo custo desviar o olhar ou simplesmente ser mais discreto, mas ele realmente não conseguia. Estava hipnotizado pelo corpo de Jimin, era um fato.
Hoseok já havia sumido do lado do amigo após alguns minutos tentando conversar com o mesmo, mas não obtendo sucesso. O capitão não sabia onde o amigo havia se enfiado e, sinceramente, não tinha certeza se queria saber. Apenas deu de ombros e pegou uma nova cerveja, ajeitando-se no pequeno sofá encostado na parede e sem tirar os olhos da pista de dança.
Ele queria se juntar ao mais velho, mas não sabia se deveria. Estava em uma luta interna confusa em relação ao que deveria ou não fazer. Esse não era seu plano e não queria assustar seu treinador, mas, ao mesmo tempo, queria dançar com o corpo grudado ao do seu hyung, sentindo as costas suadas do mais velho em contato com seu peitoral também suado; queria sentir os toques superficiais que os corpos fariam vez ou outra. Ele queria sentir o mais velho, queria sentir sua pele quente em contato com a sua.
– Oppa? – Assustou-se levemente ao ouvir uma voz lhe chamando. Estava prestes a se levantar e ir em direção ao treinador, mas foi obrigado a continuar sentado e dar atenção a sua colega de sala. – Você sabe se seu amigo Namjoon está solteiro?
– O Namjoon-hyung? – Perguntou desnorteado. A garota assentiu e ele dá um gole grande em sua cerveja antes de responder, dando de ombros. – Que eu saiba, sim.
– Você acha que ele ficaria comigo, oppa? – Perguntou insegura. Jeongguk não era bom com isso, então apenas deu de ombros. – Aigoo! O que acha? Eu deveria ir conversar com ele?
– Hm... Acho que sim, quer dizer, você é bonita. – Respondeu, dando outro gole em sua bebida. – Ele gosta de garotas bonitas.
– Obrigada? – A menina diz, pegando a bebida de Jeon e bebendo rapidamente o a metade da garrafa que ainda sobrava, surpreendendo o garoto. – Deseje-me sorte, Jeongguk-oppa!
– Essa cerveja era- – Jeongguk começa, mas revira os olhos ao ver a menina sair em disparada em direção ao seu amigo. – Minha.
Ele deixa a garrafa vazia ao lado do sofá, em um lugar escondido para que ninguém tropeçasse ou chutasse o pedaço de vidro, voltando a se ajeitar no sofá macio. Procurou seu hyung pela pista de dança e franziu o cenho ao não encontrá-lo, então pensou levar-se e caminhar pela casa à procura do mais velho. Decidiu ir até a cozinha para pegar outra cerveja para si, passando por Namjoon e Airi, a garota que estava lhe pedindo ajuda e que tomou toda sua bebida, beijando-se em uma parede no corredor. Não conseguiu segurar a risada ao vê-los, Jeongguk apostava que não foi preciso nenhuma conversa afiada para acabarem dessa forma: aos beijos explícitos no meio da casa.
Quando estava perto da cozinha, encontrou quem tanto procurava, mas não ficou completamente satisfeito com isso. Jimin estava conversando animadamente com um de seus alunos, Lee Taemin. Ambos riam alto e batiam palmas, estavam perto demais para Jeongguk controlar seu ciúme. Caminhou em passos lentos, entrando no cômodo em silêncio e sentindo um aperto no coração por seu treinador não notá-lo ali. Pegou uma garrafa nova de cerveja e bebeu metade do líquido de uma vez, desejando ficar bêbado o mais rápido possível e esquecer esse momento estúpido.
– Oh! Jeonggukie! – Jimin chamou-lhe com a voz meio alterada. Ele obviamente já não estava completamente sóbrio, ainda mais por chama-lo de forma tão informal, coisa que nunca havia feito antes. – Vi você conversando com a Airi, e aí? – Perguntou sugestivo e Jeongguk franziu o cenho, confuso.
– E aí, o que? – Decidiu perguntar. Seu hyung sorriu ainda mais largo, bebendo mais um pouco do líquido colorido em seu copo.
– E aí...? Beijou ela? – Foi direto. Jeongguk arregalou os olhos antes de rir alto de seu hyung. – O que foi? – Perguntou com um bico nos lábios, característico do mais velho quando estava confuso. Jeongguk forçou-se a não encarar a boca carnuda do treinador, focando-se em responde-lo.
– Hyung... – Ele começou segurando a risada. Não podia acreditar que Jimin achou que havia ficado com ela. – Eu sou gay.
– Oh! – Os olhinhos se espalharam para logo se fecharem em um sorriso. – Desculpe, Jeonggukie, achei que também gostasse de mulher. – Jeongguk riu baixo, dando de ombros. Já havia beijado algumas meninas, mas nada se comparava ao beijo de um homem, em sua opinião. – E estou vendo que Airi está com Namjoon, não é mesmo? – Perguntou retoricamente, olhando para o casal que se esfregava na parede ao lado da cozinha. – Vão para o quarto vocês dois!
– Hyung! – Jeongguk diz risonho ao ver ambos corarem e se retirarem, provavelmente indo à procura de um cômodo disponível.
– E usem camisinha! – Gritou, fazendo alguns alunos que estavam por perto rirem e alguns americanos bêbados também. – Enfim, Jeonggukie... o que acha daquele menino ali? – Perguntou, apontando para um homem de cabelos loiros e olhos claros, o qual sorriu para si assim que o olhou. – Ele está te encarando desde que você entrou aqui. – Admitiu, rindo baixo.
Jeongguk ficou nervoso e envergonhado. O cara era bonito e parecia ser legal, mas não era nele que estava interessado. Não queria ficar com outra pessoa, queria colocar seu plano em prática e ficar com a única pessoa que vem lhe chamando a atenção há anos. Droga, essa era sua chance, precisava usá-la ao seu favor. Mas Jimin parecia não perceber seus olhares, apenas notava as investidas de desconhecidos e isso o frustrava imensamente.
– Jeongguk, Jimin, Taemin! – Hoseok entra no recinto, com um sorriso nos lábios inchados e algumas marcas roxas no pescoço. – Vamos jogar verdade e desafio, querem participar? – Perguntou, olhando de canto para o capitão.
Sim, esse foi o plano que os melhores amigos criaram: jogar verdade ou desafio e desafiar o treinador ou Jeongguk a se beijarem. Só restava Jimin aceitar a jogar e a garrafa apontar para um dos dois. E, claro, Hoseok teria que que fazer o desafio, afinal apenas ele sabia da paixão de Jeongguk em seu professor.
Poderia parecer uma brincadeira de criança ou adolescentes do ensino médio – e talvez realmente fosse – mas foi a única coisa que conseguiram pensar que poderia dar certo. Pensaram no jogo da garrafa, mas as chances de Jimin negar a jogar era maior, além de que, caso ele aceitasse, eles estariam correndo um risco enorme de beijar outras pessoas e não se beijarem. E Jeongguk realmente não queria ver o treinador beijando outra pessoa que não fosse ele; assim como não queria beijar outros lábios que não fossem os rechonchudos de seu hyung.
– Claro que sim! Faz tanto tempo que não brinco de verdade ou desafio. – Jimin responde, pegando seu copo e virando o restante do líquido vermelho de uma só vez. – Sabe de outra coisa que eu não jogo há tempos? Sete minutos no paraíso!
Ok, talvez, só talvez, sete minutos no paraíso teria sido uma escolha melhor, mais eficiente e muito mais sábia. Mas eles estavam sem ideias e desesperados pensando em algo. Mas, pensando bem, sete minutos no paraíso faria com que as coisas acontecessem rápido demais, além de que Jimin também poderia acabar indo com outra pessoa e saindo do armário após fazer mais do que dar um ou outro beijo.
– Então vamos! – Hoseok diz, tão animado quanto o professor. – Jeongguk, você também vem, né?
– Sim, vamos.
Jimin pegou uma cerveja para si e foi ao lado de Hoseok para o quintal da casa, sentando-se no círculo formado por seus alunos e alguns outros adolescentes que não conhecia. Havia asiáticos e americanos, ou seja, alguém teria que traduzir os desafios um para o outro, mas tudo bem. Já estavam todos bêbados o suficiente para não ligar para a barreira linguística presente entre eles.
Quando a roda já estava cheia e com uma garrafa de vodca vazia posicionada no centro, uma garota loira e de olhos verdes girou o vidro que todos encaravam em expectativa. A ponta da garrafa, onde a tampa ficava, destinaria quem seria desafiado e o fundo da garrafa decidiria quem desafiaria. Após alguns segundos girando, o pedaço de vidro finalmente parou, apontando para um garoto de traços asiáticos, porém claramente americano, e uma de suas alunas.
– Verdade ou desafio? – Perguntou a garota, ansiosa pela resposta. O garoto responde desafio, para começar com a melhor parte, fazendo todos baterem palma. A garota passou os olhos pelo quintal e sorriu olhando para a piscina, voltando a encarar o garoto. – Eu te desafio a pular na piscina pelado.
O garoto entendeu, mesmo não sendo fluente no coreano, levantando-se quando traduziu o desafio para os americanos e tirou suas roupas com rapidez. Escondeu seu membro com as mãos e correu até a piscina, pulando na mesma logo em seguida. Emergiu na superfície com um sorriso no rosto e o polegar direito levantado, dizendo “desafio cumprido”. Ele sai da piscina quando todos riem e batem palma, vestindo apenas sua cueca e voltando a se sentar na rodinha.
A garrafa volta a girar e todos a encaravam ansiosos. Jimin chegou a ficar meio tonto ao encarar a garrafa girando rapidamente, fazendo-o desviar os olhos e beber mais um gole de sua cerveja gelada. Quando o vidro para de girar, a ponta aponta para em Taehyung e o fundo para Jackson Wang, um dos alunos mais dedicados de Jimin.
– Verdade ou desafio? – Taehyung sorri, pedindo desafio. Jackson sorri de volta e morde o inferior, olhando para cada pessoa na roda. Para o desespero de Jeongguk, ele para em Jimin, lhe encarando com os olhos brilhando. – Eu te desafio a beber um shot de tequila daquele jeito, no treinador.
Jimin se surpreendeu com o desafio, mas deu de ombros. Não era nada que comprometeria sua carreira, afinal era apenas um copinho de tequila. Taehyung apenas teria que lamber seu pescoço e beber o suco de limão em sua boca. É claro que ele pediu que deixassem o limão fora de sua boca, para que não houvesse algum beijo. Seria antiético beijar um aluno, certo?
Jeongguk, no entanto, sentia seu coração doer ao ver Taehyung sugando o sal do pescoço do seu hyung, deixando uma marca visível na pele do mais velho, para então beber o suco de limão na boca do treinador após engolir a tequila. Ele sabia que não houve nenhum beijo, apenas um pequeno encostar de lábios quando Taehyung pegou a fruta com sua boca, mas ainda assim ele sentiu o ciúme subir por seu corpo. Havia uma marca no pescoço de Park Jimin e essa marca não havia sido feita por Jeongguk e isso o destruía de ciúmes.
Jimin apenas sorriu quando Taehyung se afastou, estava um pouco envergonhado pelo leve encostar. Ele, normalmente, não ficaria dessa forma, ainda mais após ingerir a quantidade de álcool que ingeriu, mas Taehyung era seu aluno e isso lhe parecia um pouco estranho. Mas o sorriso que o mais novo deu para lhe tranquilizar, dizendo que não foi nada, tirou o peso de sua consciência. Já Jeongguk estava cada vez mais nervoso; se ele não queria ao mesmo encostar os lábios em um dos seus alunos, o que o faria lhe beijar, com língua e tudo?
A garrafa foi girada novamente e, dessa vez, ninguém se atreveu a encará-la. Estavam todos levemente tontos, pois continuavam bebendo sem parar enquanto jogavam. Quando a garrafa parou, apontando o fundo para o dono da festa, Seokjin, e a ponta para Yoongi, todos sorriram. Yoongi estranhou; ele não sabia o que estavam aprontando e isso o amedrontava de certa forma. Por isso escolheu verdade, com medo do que o mais velho poderia lhe desafiar.
– É verdade que você e Hoseok estão namorando? – Perguntou animado. Yoongi corou como nunca, recebendo olhares de todos da roda, inclusive do treinador.
Todos tinham uma certa dúvida no relacionamento de ambos, afinal estavam sempre juntos em festas, na universidade e sempre dormiam um na casa do outro. Hoseok sempre falou que Jeongguk é seu melhor amigo e Yoongi sempre disse o mesmo sobre Namjoon, então o porquê de estarem sempre tão grudados como carne e unha deixavam todos um pouco confusos e desconfiados.
– O-O que? Não! – Respondeu rapidamente. Os olhares duvidosos e semicerrados voltaram a serem lançados em sua direção e ele revira os olhos, sentindo as bochechas corarem. – Aigoo! Nós não namoramos, é sério. – Falou novamente, com um bico nos lábios e com um brilho diferente nos olhos. Se Jimin não estivesse levemente bêbado, diria que era de tristeza ou decepção.
– Então por que estão sempre juntos? Por que quando Hoseok some, você também some? E por que quando vocês reaparecem, estão cheios de marcas e com a boca toda inchada e avermelhada? – Perguntou um dos jogadores, curioso.
– Essa não foi a pergunta. – Sussurrou Yoongi envergonhado, girando a garrafa novamente.
Algumas rodadas se passaram cheias de desafios e revelações, arrancando risadas de todos. Jimin já estava na quarta cerveja desde que se sentou, Jeongguk estava na segunda e Hoseok na quinta. Alguns outros garotos e garotas bebiam vodca e tequila direto da garrafa, já estavam tão bêbados que o uso de limão ou do enérgico não era mais necessário.
Os desafios já estavam mais interessantes e as verdades mais íntimas, mas o medo de Jeongguk do treinador rejeitá-lo apenas aumentava. Jeongguk já havia sido desafiado a fazer um lap dance em uma das líderes de torcida que apenas ria e fingia ameaçar tirar a blusa do capitão. Jeon também estava bêbado, então não se importou em rebolar no colo de uma amiga. Mesmo bêbado, estava consciente do que fazia e com quem fazia.
A garrafa estava girando novamente após Yoongi ser desafiado a beijar um garoto americano que estava deitado na grama fumando maconha. O beijo foi quente o suficiente para que todos na roda sentissem o corpo esquentar e para Yoongi se despedir e ir para dentro da casa com o tal homem. Hoseok não ficou feliz com isso, o que causou mais desconfianças em seus colegas, mas apenas bebeu um gole grande de whisky e rodou a garrafa mais uma vez, esta que para apontando o bico para Jimin e o fundo para o Jung.
– Verdade ou desafio, treinador? – Perguntou. Ele e Jeongguk torciam para que o mais velho escolhesse a segunda opção para o plano andasse como foi pretendido. Park sorriu e bebeu um gole de sua cerveja, respondendo o que queria.
– Desafio!
– Ok, eu... – Hoseok sorri largo e sugestivo, desviando os olhos para seu melhor amigo. Por um momento o desafiador esqueceu do acontecimento com Yoongi, e ele agradecia mentalmente a esse jogo por isso. – Te desafio a beijar o nosso capitão, Jeon Jeongguk.
Apesar de bêbado, Jimin não conseguiu não demonstrar a surpresa. Ainda estava consciente e sabia que não poderia cumprir o desafio, já que o mesmo colocaria sua profissão em risco. Era totalmente antiético e imoral beijar alunos dentro ou fora da universidade. E Jimin poderia sair para beber com seus alunos, conversar sobre sexo e sexualidade abertamente, mas era totalmente diferente de ter um envolvimento mais íntimo com eles.
– Hoseok, eu não... eu não posso. – Respondeu, ainda surpreso com o desafio. Jeongguk apenas lhe observava, sem dizer uma só palavra, mas sentia seu coração doer com as palavras. Preferia ver Taehyung marcando seu hyung do que vê-lo negando seu beijo. – Eu sou o seu professor e o professor dele, eu não posso beijar ele ou qualquer um de vocês, sabe disso!
– Mas, hyung... – Começou Hoseok incerto. Jeongguk mordia os lábios, nervoso e chateado e isso chateava seu melhor amigo também. – É só um beijo, não é nada demais. Ninguém vai contar.
– Para falar a verdade, acho que ninguém vai se lembrar, estamos todos bêbados! – Falou Seokjin, que tinha algumas marcas pelo tronco exposto após um desafio de body shot.
– Além do mais, oppa, você mesmo disse no primeiro dia que aqui nós não seremos mais alunos e professor, mesmo que você seja responsável por nós. – Lembrou outra aluna, fazendo-o pensar melhor.
– É só um beijo, hyung. – Taehyung diz, sorrindo quadrado para o mais velho.
– Não vamos contar a ninguém, isso se lembrarmos de alguma coisa quando acordarmos. – Terminou Park Jihyun, outro aluno.
Jimin fechou os olhos e suspirou, pensando no que fazer. Ele realmente havia dito que não eram mais alunos e professor durante a viagem, já que eles haviam se formado e ele estava de férias. Mas não seria errado? Jeongguk ainda é seu ex-aluno e capitão do seu time de beisebol. Jimin continuava sendo o responsável por ele e por todos, como se ainda fosse o professor da sala. Mas, por outro lado, não seria antiético como pensava, não quando Jeongguk estava formado e eles não tinham mais nenhum vínculo em sala de aula. E não é como se houvesse acontecido algo entre eles durante os quatro anos que lecionou ao mais novo, seria apenas um beijo algumas semanas após a formatura dos alunos (que aconteceu um mês antes da final).
– Hyung, você não precis-
– Tudo bem. – Jimin interrompe o capitão, que mesmo com o coração partido não queria prejudicar seu hyung. – Eu vou cumprir o desafio.
Os alunos que ainda estavam sóbrios – ou apenas atentos no momento – bateram palma e sorriram, alguns desejando estar no lugar do capitão, outros no lugar do treinador e outros felizes por estarem acordados para verem isso. Jeongguk arregalou os olhos, não esperava que ele aceitaria após negá-lo anteriormente, mas sentiu seu interior se aquecer ao ter a chance de beijar seu hyung, nem que seja por uma única vez.
Jimin sorriu pequeno para o ex-aluno e engatinhou cautelosamente até o mais novo, que não estava muito longe. Se sentou na frente do capitão e inclinou a cabeça para o lado, sorrindo ao vê-lo nervoso. Jeongguk ainda segurava sua cerveja em sua destra e com a canhota tocou seu ex-professor na cintura, sentindo-o se aproximar aos poucos. Os alunos observavam a cena atentos a cada movimento, ansiosos pelo próximo passo.
O treinador inclinou-se para frente até que estivesse com os lábios encostando-se superficialmente, fazendo com que sua respiração calma se misturasse à respiração descompensada do mais novo. Ele sorriu pequeno, fechando os olhos e se aproximando ainda mais, finalmente colando seus lábios cheios nos do capitão, em um selar demorado. Jeongguk suspirou na boca do mais velho, entreabrindo os lábios e, inconscientemente, pedindo por mais. Jimin também entreabre os seus, voltando a pressioná-los nos do mais novo, que se atreve mordiscar o inferior do treinador e trazê-lo para sua boca lentamente.
Jimin escorrega sua língua por entre os lábios do mais novo timidamente, encontrando o outro músculo aveludado em um movimento lento e envolvente. Eles começam a mover a cabeça lentamente, beijando os lábios macios um do outro e deslizando as línguas rosadas uma sobre a outra, sentindo as salivas com o gosto amargo da cerveja se misturarem dentro das cavidades bucais. O professor sobe as mãos pelos braços do capitão, apertando os bíceps e os ombros do mais novo antes de posicioná-las no pescoço de Jeongguk, arranhando levemente o local enquanto movimentava sua língua em círculos sobre a língua do outro – que fazia o mesmo movimento gostoso.
Jeongguk apertava a cintura do mais velho, deixando a garrafa de cerveja de lado e subindo sua destra para o maxilar do treinador, continuando a mover sua língua sobre a do outro de forma lenta, porém intensa. Jimin já estava prestes a sentar-se no colo do capitão após virarem os rostos em direção opostas, dando uma pequena brecha para retomarem o fôlego, quando alguém chama o responsável pelos alunos. O mais novo sorri pequeno e morde o inferior de Jimin mais uma vez antes de se afastar, encarando os lábios vermelhos e inchados com sua saliva em sua frente. Lentamente desviou os olhos para os do mais velho, que lhe encarava fixamente.
– Sim? – Perguntou o mais velho para quem lhe chamava. – Algum problema? – Perguntou novamente, dessa vez se afastando completamente do capitão e procurando quem havia lhe chamado.
– Desculpe, eu estou sem celular e não achei alguém para lhe dar o recado, então vim avisar que estou para a casa de uma pessoa. – Falou um garoto, constrangido pela situação. – Desculpe atrapalhar.
Os alunos que antes estavam entretidos observando ósculo intenso que o capitão e o treinador desfrutavam, estavam agora com os olhares furiosos voltados para o colega de classe que acabou com o momento. Queriam ter visto até onde os dois iriam com todos em sua volta, apesar de estarem um pouco surpresos pela forma intensa que ambos se beijaram. Todos ali, conscientes ou não, admitiriam que sentiram-se esquentar com a cena que viram. Na verdade, alguns até mesmo viraram-se um ao outro e se beijaram, sentindo os corpos quentes e necessitados por contato uns dos outros.
– Não, uh, tudo bem. – Respondeu o professor envergonhado. Novamente, isso com certeza não aconteceria se ele estivesse beijando qualquer outra pessoa que não fosse um aluno ou ex-aluno seu. Nunca havia feito algo do tipo e, por mais gostoso que tenha sido, ainda era um pouco estranho para si. Claro que ele havia gostado e adoraria repetir a dose, mas isso não poderia acontecer de novo após aquela noite. – Uh... use camisinha.
O aluno, agora ainda mais envergonhado, assentiu e se retirou do local. O treinador logo se levantou e decidiu que também estava na hora de ir embora; precisava dormir e pensar sobre o que havia feito. Jeongguk mordeu o inferior com medo do que aconteceria no dia seguinte; mas após esse beijo ele decidiu não desistiria mais. Conseguiu chegar na primeira base, ele faria o home run e conquistaria seu hyung – seja em Nova Iorque ou na Coreia.
Hoseok também se levantou ao ver seu melhor amigo e o treinador de pé, tentando ignorar o fato de Yoongi ainda não ter voltado para a roda desde que saiu com aquele homem. Eles não deviam nada um ao outro ou para ninguém, mas estaria mentindo se dissesse que não se incomodou com essa saída do outro. Decidiu que iria embora junto ao Jeongguk e Jimin, não aguentaria ficar na festa sabendo que Yoongi estava chateado consigo e, provavelmente, aos beijos com outro cara.
– Hyung, eu e Jeongguk pedimos um táxi, quer ir conosco? – Perguntou receoso, mas sorriu ao ver um aceno e um sorriso do mais velho. – O táxi já está lá fora, podemos ir?
– Sim, só vou avisar aos que sobraram para irem embora logo. – Respondeu o mais velho, com a mente ainda nublada pelo beijo. Ele conversou (ou tentou conversar) com os alunos restantes rapidamente antes de seguir os mais novos para fora da festa. – Vamos?
Os alunos apenas assentiram, entrando no carro amarelo e dizendo o nome do hotel que estavam hospedados. O caminho foi em um silêncio constrangedor; Jeongguk não sabia o que esperar depois do ósculo, por mais que dissesse que não iria desistir, não faria nada sem a concessão do mais velho. Já Jimin estava perdido em pensamentos, não sabia se o que fez foi certo ou errado e isso lhe dava dor de cabeça. Hoseok decidiu fechar os olhos e não pensar no Yoongi ou no que houve com o melhor amigo, queria apenas deixar a mente limpa por um momento.
Ao chegarem no hotel, dividiram o valor da partida novamente e entraram no local vazio – provavelmente por serem quatro da manhã – e foram ao elevador. O clima ainda estava estranho entre eles e nenhum dos três poderia aguentar isso por muito tempo. Poderiam ter sido alunos e professor, jogadores e treinador, mas ainda eram próximos e realmente não queria acabar com isso. Jeongguk e Hoseok só conseguiam pensar que o beijo não poderia acabar com a pequena amizade que formaram nesses quatro anos com o treinador.
– Hyung... – Jeongguk chamou o mais velho quando chegaram em frente aos quartos. Hoseok aproveitou a deixa para entrar no cômodo, deixando a chave com o mais novo entre eles. Jimin engoliu a vergonha e encarou seu ex-aluno com ternura. Não estava bravo com ele afinal de contas. – Está, hm, tudo bem entre nós, certo? – Perguntou receoso.
– Claro, Jeonggukie! – Respondeu, dando-se conta de como lhe chamou. – Quer dizer, Jeongguk. Claro, Jeongguk. – Reformulou a frase, recebendo um risinho divertido do mais novo. – Foi... só um beijo. Certo? – Jeon assentiu, mesmo que gritasse por dentro que, para ele, foi muito mais que um simples beijo. – E.... não vai acontecer novamente, certo?
– E-Eu, uh, eu realmente gostaria que acontecesse novamente, hyung. – Respondeu sinceramente, suspirando baixo. – Nem que seja apenas por hoje. – Sussurrou.
Jimin lhe encarou surpreso e pensou bem antes de respondê-lo. Poderia negar o quanto quisesse, mas no fundo ele sabia que também queria que acontecesse de novo, por mais errado que aquilo parecesse em sua mente. O gosto único dos lábios de seu ex-aluno permanecia em sua boca, fazendo-o querer provar cada vez mais do gosto do outro. Jeongguk não parou de lhe encarar, esperando uma resposta, mesmo imaginando que não haveria uma.
E realmente não houve, mas por motivos contrários do que imaginou. Jimin não respondeu verbalmente, ele lhe beijou. O puxou pela gola da camisa e grudou seus lábios nos de Jeongguk pela segunda vez na noite, mordiscando o inferior do mais novo antes de aprofundar o beijo. O capitão rapidamente colocou as mãos na cintura do mais velho, o prendendo entre a parede e seu corpo esbelto, deslizando sua língua para dentro da cavidade bucal do outro e entrelaçando sua língua com a dele.
Jimin infiltrou seus dedos canhotos nos fios negros de Jeon e sorriu entre o ósculo, movimentando seus lábios e sua língua de forma lenta sobre a do mais novo, que suspirava e arfava com o cafuné que o mais velho fazia em seu cabelo. O treinador sabia que seria difícil negar qualquer coisa, principalmente um beijo, para o capitão após esse dia, ainda mais sabendo que o beijo do mais novo é simplesmente o melhor que já provou em toda sua vida.
Não sabia o que era certo ou errado, apenas sabia que, no momento, seu corpo pedia para estar colado ao do capitão, assim como os lábios clamavam pelo os do mais novo. No momento, beijar seu ex-aluno pareceu ser a coisa mais correta a se fazer. Por isso acariciava os fios da nuca de Jeongguk enquanto entrelaçava suas línguas de forma lenta, sentindo o aperto firme das mãos do capitão em sua cintura, pressionando seu corpo contra a parede e dando-lhe apoio para ficar de pé – pois esse beijo simplesmente acabou com suas poucas estruturas.
Jimin encostou sua testa na do mais novo ao se afastarem minimamente, encarando-o de perto. Ele continuava de olhos fechados e um sorriso pequeno estava em seus lábios inchados por ter beijado seu treinador novamente. As respirações ainda ofegantes batiam nos lábios um do outro, os narizes roçavam-se vez ou outra. Jeongguk abriu os olhos lentamente, encarando o professor e abrindo seu sorriso ainda mais, encostando os lábios superficialmente mais uma vez, sentindo as palavras sussurradas do mais velho soprarem em sua boca avermelhada.
– Acho que, uh, por hoje... nós podemos deixar acontecer.
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