— Acha que ela vai gostar? — Lena perguntou Kara, estava se sentindo um pouco tensa com a decisão de contar a Lori sobre elas.
E se ela não gostasse?
— Ela vai adorar. — Kara se inclinou e beijou seu rosto de um jeito carinhoso que acalmou seus temores. — Nossa filha vai ficar muito feliz.
Não era que tivesse dúvidas do amor de Lori, mas ela e Kara foram só as duas por muito tempo. Lori era apenas uma criança, um bebê. Como se explica a uma criança que agora as mães estavam juntas, sem que isso afetasse a rotina que ela tinha construído com Kara?
Sua preocupação voltou e Kara deve ter percebido já que segurou sua mão e pressionou os lábios em seu dorso.
— Vai ficar tudo bem.
— Desculpe, é eu quero tanto fazer tudo certo com Lori que fico me policiando em tudo com medo de estragar as coisas entre nós.
— Lena, eu sei que vai soar estranho vindo de mim, mas às vezes vamos errar como mães e tudo bem. Ficar se cobrando acertar todo o tempo não é saudável, deixa fluir e vai ver como tudo vai ficar bem. — Kara piscou e lhe sorriu daquela forma encantadora que somente Kara podia sorrir. — E não se preocupe quanto à reação de Lori sobre nós, eu tenho certeza que ela vai amar.
— Tem razão. — Murmurou. — Soa estranho vindo de você.
Kara revirou os olhos e fez uma careta.
— Você entendeu.
Sorriu e aproveitou que o cabelo de Kara caiu sobre o belo rosto, e o tirou o colocando atrás da orelha dela outra vez.
— Devia usar mais esses conselhos consigo mesma, às vezes é muito dura com você. Principalmente quando é sobre Lori.
Kara concordou.
— Eu me cobrar muito virou um hábito o qual às vezes me vejo presa e não consigo sair.
— Se eu tenho que aprender a me cobrar menos, você também tem. — Lena piscou para Kara. — Eu te ajudo e você me ajuda.
Kara segurou seu rosto.
— Um time.
Sorriu.
— Sempre.
Trocaram um breve beijo antes de Lena ir abrir a porta para a prima de Jess, a decoradora marcou visita com elas. Estava ansiosa para começar logo a decoração do quarto de Lori em seu apartamento.
— Você deve ser Cassie. — Esticou a mão para a mulher. — É um prazer conhecer alguém que Jess recomendou com tanto apresso.
Cassie apertou a mão de Lena e lhe sorriu timidamente.
— É um prazer senhorita Luthor, e obrigada pela grande oportunidade que está me dando.
Lena apenas gesticulou com a mão e apontou para Kara.
— Tenho certeza que sabe quem ela é, mas quero lhe apresentar mesmo assim. — Virou para Kara e logo para Cassie de novo. — Essa é Kara Zor-El, ela é quem vai nos guiar sobre o que Lori gosta.
A prima de Jess encarou Kara e era óbvio o misto de surpresa e euforia no rosto da decoradora.
— É um... Um prazer conhecer a senhorita, digo, Supergirl eu hmm. Não sei como chama-la.
Kara apertou a mão, da nervosa, mulher.
— Você vai decorar o quarto da minha filha, não precisa de tanta formalidade. Pode me chamar de Kara.
A mulher apertou a pasta e assentiu.
— Me desculpe, eu normalmente eu não fico tão nervosa. — Cassie começou a se explicar. — Jess me avisou que eu teria contato com você, mas ver de perto é bem diferente. Sou uma grande fã, fez muita por nós. — Para a surpresa de Lena, Cassie se virou para ela também. — Você também senhorita Luthor, eu fico feliz que esteja entre nós outra vez.
Primeiro apertou os lábios e olhou para Kara, e diante do sorriso dela, sorriu também.
— É bom estar aqui. — Fechou a porta e apontou na direção dos quartos. — O quarto é ao lado do meu, era usado raramente, para hóspedes. — Lena abriu a porta. — É um bom espaço, só preciso que o transforme no mais confortável possível para a minha filha.
Cassie entrou no quarto e tirou uma prancheta e uma fita da bolsa.
— Ela tem quatro anos, é isso? Jess me informou.
— Sim, isso mesmo. — Lena voltou a ficar ao lado de Kara. — Não se preocupe com os valores, faça o melhor trabalho de sua carreira.
Cassie sorriu.
— Vai ser bom trabalhar com você.
Kara tinha certeza que toda pessoa que trabalhava para Lena tinha aquele pensamento.
Dizer “Não se preocupe com valores” soava perfeito para qualquer pessoa.
— Lori é louca por constelações, nebulosas e tudo que tem a ver com o espaço. — Informou a decoradora para ajudar no trabalho que ela faria.
Cassie assentiu e foi anotando.
— Ela tem alguma cor favorita?
— Azul e vermelho. — Novamente Kara informou.
Cassie voltou a anotar.
— Posso usar elas em tons mais claros e harmônicos para o quarto. — Cassie puxou a fita e começou a medir o lugar. — Tenho uma ideia do que posso fazer aqui, mas antes vou fazer alguns esboços e envio pra vocês. — Cassie abriu a porta do banheiro e também mediu. — Como sou nova na cidade ainda não tenho lojas certas para as compras dos móveis, mas vou pesquisar e enviar e vocês decidem se aprovam.
— Ótimo, mas toda a questão financeira pode ser tratada diretamente com Jess. — Lena informou a Cassie. — E de verdade, não precisa se preocupar com valores.
— É a primeira cliente com quem trabalho que me diz algo assim.
— Tenho o suficiente para sobreviver, dinheiro não é problema.
Kara olhou para Lena de lado e logo se inclinou e lhe sussurrou ao ouvido.
— O suficiente para todas as futuras gerações sobreviverem, você quis dizer.
Lena riu e piscou para Kara.
— Toda a nossa futura geração.
Kara sorriu diante da promessa de futuro que as palavras de Lena implicavam.
— Isso soa muito bem.
As duas se moveram uma para a outra esquecendo da decoradora, mas a mulher chamou a atenção delas:
— Brinquedos, eu também posso incluir? — Cassie voltou para o quarto.
Lena apertou o braço de Kara e prendeu o sorriso ao ver Kara corar.
— Os que encaixarem na sua decoração você pode incluir, já os outros eu mesma vou sair para escolher junto com Lori.
— Perfeito, tenho material pra começar a trabalhar. — Cassie guardou o caderno na bolsa. — Novamente quero agradecer por essa oportunidade, trabalhar pra vocês vai ser excelente para minha carreira aqui em National City.
— Está gostando da cidade? — Kara perguntou quando se encaminharam de volta a sala.
— Para ser honesta ainda não tive tempo de conhecer National City, cheguei no fim de semana e tudo que eu fiz foi arrumar toda a mudança.
— Como alguém que também veio de Metrópoles pra cá, eu afirmo que vai se apaixonar pela cidade. — Lena olhou de relance para Kara. — Eu me apaixonei desde o primeiro dia.
Sorriu quando viu as bochechas de Kara adquirirem um tom rosado outra vez e um sorriso se formou nos lábios dela também.
— Posso dizer que já tenho sorte. — Cassie apertou a mão de Lena e depois a de Kara. — Assim que eu tiver material, envio pra vocês.
Lena abriu a porta do apartamento e por muito pouco não gritou.
— Andrea, que susto! — Levou a mão ao peito e a repreendeu com o olhar, sabia que ela tinha usado os poderes.
Não recebeu nenhum aviso sobre a entrada dela no prédio. Andrea estava brincando com fogo entrando em sua casa assim, se Kara visse ela sairia dali direto para DEO.
— Hola cielo. — Andrea sorriu alegremente como uma brisa de verão para Kara e olhou com interesse para Cassie. — Você quem é?
— Cassandra, mas pode me chamar de Cassie. — Cassie estendeu a mão e apertou a de Andrea. — E você?
Andrea olhou para os lados.
— Não sabe quem eu sou? — Andrea riu. — Em que lugar vive?
Cassie franziu a testa e Lena se viu no lugar de intervir.
— Andrea, Cassie é a decoradora que vai cuidar do quarto de Lori. — Forçou um sorriso e entrecerrou os olhos para Andrea. — Cassie é de Metrópoles.
— Mas Metrópoles tem TV, deve ao menos ter ouvido falar sobre a Catco?
Andrea não prestou atenção em Lena e nos avisos letais que a amiga estava lhe enviando com o olhar.
— Desculpe, mas eu não acompanho revistas de entretenimento. — Cassie sorriu para Kara e Lena. — Foi um prazer, logo mando notícias. — Se voltou para Andrea e parou ao lado dela. — Talvez se mudar conteúdo que vende eu me interesse por ele.
Andrea abriu a boca e virou disposta a responder, mas foi arrastada por Lena para dentro do apartamento.
— Você viu isso? Ouviu o que ela disse? Quem ela pensa que é?
Kara apertou os lábios e segurou o riso, já Lena balançou a cabeça sem esconder o julgamento.
— Você se ouviu? Ela ainda foi muito educada com você.
Andrea exibiu seu olhar mais ofendido e cruzou os braços.
— Eu só fiquei surpresa por ela não saber quem eu sou.
Lena revirou os olhos e olhou para Kara.
— Eu entendo porque pediu demissão.
Andrea franziu a testa e olhou de uma para outra.
— Mas eu sempre fui uma ótima chefe para Kara.
Kara engoliu em seco tentando não se meter entre as amigas.
— Andrea, eu adoro você. — Lena disse enquanto se movia para buscar o celular. — Mas “ótima” é um exagero. — Leu as primeiras mensagens e a última a surpreendeu. — William Dey acabou de me convidar para a festa de lançamento de uma matéria dele. — Virou para Andrea e Kara. — Fazem ideia sobre o que é?
— Foi por isso que eu vim, acabei de receber o mesmo convite. — Andrea entregou o celular a Lena. — Ele conseguiu manter essa publicação muito bem escondida, ninguém faz ideia do que se trata o lançamento.
Lena deixou o celular na bancada.
— Independente do que seja, eu não sei o que o faz pensar que eu estarei presente.
Kara também olhou o próprio celular, mas não tinha nada.
— Aparentemente não fui convidada.
Lena e Andrea se entreolharam.
— Não acho que ele deixaria você de fora. — Lena comentou pensando no que Andrea falou sobre os sentimentos de William por Kara. — Deve estar esperando o momento certo.
— Acha que pode ser sobre o seu desaparecimento? — Kara perguntou pensativa.
— Se for, espero que ele tenha encontrado as respostas que eu não sei.
Andrea se virou para Lena.
— Acho que tem que tomar cuidado, William não é confiável e ele tem ganhado muita influência nos últimos anos, ele pode tentar usar algo para atingir você, ou colocar a cidade contra você.
— A única coisa que ele poderia usar contra mim é Lori, e ele não faria isso. — Lena olhou para Kara. — Ele sabe que chegar nela, é chegar a Kara.
— Eu também acho que ele não usaria Lori, mas estou curiosa sobre o que ele vai revelar. — Kara murmurou pensativa, ainda era uma repórter, mesmo que não exercesse mais a profissão, seus instintos ainda estavam lá. — William não jogaria algo assim pra nada.
— William sempre foi muito sorrateiro, ele não é confiável. — Andrea murmurou com visível desprezo. — Por isso o tirei da Catco.
Kara não podia dizer com certeza o que tinha acontecido entre Andrea e William, mas tinha ouvido de ambos, versões diferentes da mesma história.
— Vocês duas o conhecem muito melhor do que eu. — Lena disse chamando sua atenção. — E eu pretendo que continue assim, não quero me envolver com nada relacionado à repórter algum. — Assim que terminou de falar, percebeu o que tinha dito e seu olhar cruzou com o de Kara. — Você continua sendo a única exceção.
Um sorriso se formou nos lábios de Kara e Andrea olhou de uma para outra.
— Quando decidirem contar ao mundo o que sentem, por favor, lembrem-se da Catco.
Lena sorriu para Kara e virou para Andrea.
— Não pretendo fazer um anúncio sobre, mas já que está aqui. — Foi até Kara e rodeou a cintura dela. — Eu e Kara estamos juntas.
Andrea suspirou, mas o sorriso estava se formando em seus lábios.
— Então finalmente o mundo vai poder ser testemunha do casal lindo que vocês formam.
Kara franziu a testa, nunca tinha visto Andrea ser amorosa com alguém.
Com ela.
— O mundo eu não sei, mas as pessoas ao nosso redor sim. — Lena beijou o rosto de Kara. — Hoje vamos conversar com Lori sobre nós.
— O filhote de vocês vai adorar saber, toda criança quer ver os pais juntos. — Andrea franziu os lábios. — Não que eu entenda de crianças.
— Pelo que eu notei você e Lori se dão muito bem. — Kara comentou fazendo Andrea enrugar o nariz, mas também sorrir.
— A filha de vocês é uma criaturinha interessante, digamos que eu e ela convivemos em paz.
Lena agitou a cabeça e olhou a hora.
— Está na hora de buscar ela. — Informou a Kara sentindo o nervosismo voltar.
A aprovação de Lori era essencial para ela e Kara, apesar de Lori ser muito novinha para de fato entender o que se passava na vida dos adultos, nem ela nem Kara queriam colocar Lori em uma situação em que ela não se sentisse confortável.
— Vai ficar tudo bem. — Kara segurou seu rosto. — Nossa filha ama você, ela vai adorar saber que estamos juntas.
Os olhos azuis sempre suaves lhe passaram a confiança que estava precisando. — Ela se inclinou e beijou seus lábios suavemente. — Já volto.
Kara se voltou para Andrea.
— Foi bom ver você.
Andrea apenas acenou.
— Lena Luthor, eu quero detalhes! — Andrea murmurou assim que estavam sozinhas.
Lena sabia que as perguntas viriam, mas antes estava mais preocupada com outra coisa.
— Andy, não pode vir aqui usando seus poderes. — Alertou a amiga. — Kara está sempre aqui, tem que tomar cuidado.
— Eu fiquei tão preocupada com o que William pode estar tramando que nem pensei, só vim.
— Eu entendo e agradeço a preocupação, mas isso não pode voltar a acontecer. — Encarou a amiga com seriedade e preocupação. — Sei que as coisas não foram fáceis pra você desde se tornou Acrata, mas talvez seja a hora de contar a Kara quem você é.
Andrea arregalou os olhos.
— Contar? Ela vai me prender, Lena.
— Talvez, mas é melhor do que viver se escondendo. E eu posso conversar com ela também.
Andrea foi até o sofá.
— Falar o que? Fui acusada de muitos crimes, nem que Kara queira ela vai poder me ajudar.
Lena foi até Andrea e se sentou ao lado da velha amiga.
— Kara tem um grande coração e sei que ela vai entender, só tem que confiar nela para isso.
— Me dê um tempo Lena, eu preciso pensar nisso com cuidado.
Lena assentiu, sabia como era difícil para Andrea, mas também era difícil ocultar algo de Kara. Não queria que nada estivesse entre elas, mas tão pouco podia contar um segredo que não era seu.
— Quando estiver pronta, vou estar ao seu lado. — Apertou a mão de Andrea. — You jump, I jump. Right?
Andrea sorriu e colocou a mão sobre a de Lena.
— Sempre.
(...)
Kara entrou no prédio de Lena e quando entraram no elevador, entregou as flores que comprou para Lena, para Lori.
— É pra mamãe?
— Sim. — Piscou para a filha. — São as favoritas dela.
Lori cheirou as flores.
— Por isso na nossa casa tem muitas flores dessas, né? A mamãe ama!
Assentiu lembrando-se dos momentos em que plantou as flores em sua casa, e como desejou de todo coração que Lena estivesse ali com ela.
— Eu sentia muita falta da sua mãe, as flores e você acalmavam essa saudade.
— A mamãe Lena não vai mais sumir, vai?
Sabia que não podia afirmar aquilo, a vida era imprevisível e mais cedo o mais tarde sua filha entenderia isso. Mas naquele momento tudo que não queria era Lori pensando que poderia perder a mãe a qualquer momento.
Às vezes a inocência era uma dádiva.
— Sua mãe vai ficar ao nosso lado. — Beijou o rosto da filha e se preparou para a porta do apartamento de Lena abrir.
— Mamãe Lena! — Lori, como de costume, correu e só não se agarrou a Lena porque as flores impediram. — São pra você.
Lena sorriu ao ver as plumerias.
— Obrigada, meu amor! — Segurou as flores beijou o rosto e Lori. — Plumerias. — Lena olhou com carinho para Kara, sabia que aquele gesto tinha sido ideia dela. — São lindas!
— A mamãe sempre diz que lembram você. — Lori olhou para Kara. — Lembram a mamãe por que ela é linda igual às flores?
Kara olhou diretamente para Lena.
— Sua mãe é muito mais linda.
Lori apontou para o rosto de Lena.
— A mamãe ficou vermelha.
Lena passou a mão no rosto e um sorriso tímido se formou em seus lábios.
— Sua mãe é a única que me deixa assim. — Confessou para a filha, mas seu olhar estava em Kara.
Kara mais do que feliz com o efeito que causou em Lena, foi até a filha e se agachou até ela.
— Bebê, eu e a sua mãe temos uma coisa para contar pra você. — Olhou para Lena e segurou a mão dela. — Quero que preste muita atenção.
Lori franziu a testa e os olhos tão azuis quanto os de Kara adquiriram um ar preocupado.
— Rou, mas eu não fiz bagunça.
Kara balançou a cabeça e apertou o nariz da filha.
— É Rao, e não é sobre as suas bagunças. — Segurou Lori no colo e a levou até o sofá, enquanto, uma preocupada Lena, as seguia.
Para Lena se sentir mais confortável, deixou Lori no meio e as duas ficaram próximas da filha. Olhou mais uma vez para Lena e esperou até ela assentir.
— Filha, lembra quando me perguntou por que eu e sua mãe não ficávamos juntas, igual sua tia Alex e a tia Sam?
Lori assentiu e olhou de uma mãe para outra por um longo tempo, e logo suspirou e cruzou os bracinhos exibindo uma expressão triste.
— Você disse que nem todas as mamães ficam juntas. — Novamente a garotinha suspirou, e dessa vez, de forma mais dramática. — Mas eu queria muito as minhas mamães juntas, igual à Bella tem.
Lena e Kara trocaram olhares tocados pelas palavras de Lori.
— Sabe que eu te amo com todo meu coração, não sabe? — Kara perguntou a filha.
Lori prontamente assentiu e olhou para Kara com uma adoração que fez o coração de Lena aquecer. A ligação entre elas era linda, poderia facilmente passar o resto da vida só presenciando o quanto elas se amavam. Esse tipo ligação que desejou tanto ter com Lillian. E se fosse honesta consigo mesma, sabia que Lillian a tinha amado, da forma dela, mas a ela a amou. Mas nunca tinha sido assim, a única vez que teve aquele amor, que Lori e Kara compartilhavam, foi com sua mãe biológica. Teria sido muito mais feliz se tivesse tido a mãe ao seu lado, assim como Lori tinha Kara.
— Sabe que a sua mãe Lena também te ama muito.
Lori novamente assentiu e os olhos azuis buscaram pelos olhos de Lena.
— Eu também amo muito a mamãe. — Lori esticou os braços. — Amo bem grandão a mamãe Lena.
Lena não resistiu e se inclinou para beijar o rosto da filha.
Kara sorriu, tinha a vaga suspeita que nunca poderia olhar para Lena e Lori juntas sem sentir uma forte emoção.
— Sabendo que nós duas te amamos muito, e que você nos ama muito.
— Amo bem grandão. — Lori enfatizou.
Riu e beijou o rosto dela.
— Sendo a pessoinha mais importante das nossas vidas, eu e sua mãe queremos que você saiba que estamos namorando.
Lori franziu a testa enquanto olhava de uma mãe para a outra.
— Igual à tia Alex e a tia Sam?
Kara assentiu e Lena mordeu o lábio esperando ansiosa a resposta de Lori.
— A mamãe Lena e você estão juntas? Eu vou ter mamães juntas, igual à Bella?
Novamente Kara assentiu e já estava começando a ficar tensa, mas Lori cobriu o rosto com as mãos e os olhos azuis se abriram alegremente enquanto um gritinho escapava de sua boca.
— MINHAS MAMÃES ESTÃO JUNTAS! — Lori deu um pulo ficando de pé no sofá e se jogou agarrando as mães as trazendo para um abraço forte.
Kara buscou pelo olhar de Lena e não se surpreendeu ao notar lágrimas nos olhos verdes, Lena passou anos com os Luthor sendo deixada de lado, lidou com a rejeição desde muito jovem, a resposta tão acolhedora de Lori estava fazendo um misto de emoções nela.
Deslizou a mão pelas costas dela e sorriu quando ela a olhou.
— Vamos morar juntas? Nós três? Como uma família? — Lori perguntou ainda muito animada. — Vamos poder ter um porquinho também? Nós e o porquinho, morando todos juntos.
Kara balançou a cabeça e segurou a filha.
— Um passo de cada vez mocinha, por enquanto eu e sua mãe vamos continuar vivendo cada uma em sua casa. — Como imediatamente o olhar de Lori caiu, segurou o queixo da filha e explicou. — Lembra que vai ter um quarto aqui também? Não estava animada para ter dois quartos?
Lori suspirou.
— Eu estou, mas seria mais lindo se a mamãe Lena vivesse com a gente.
Lena mordeu o lábio e decidiu ajudar Kara.
— Eu sei que é confuso pra você, mas eu e sua mãe vamos passar muito tempo juntas. — Apertou o nariz de Lori. — Isso quer dizer que nós três vamos ficar mais tempo juntas, não precisamos viver na mesma casa. — Olhou para Kara. — Um dia quem sabe?
Lori se sentiu mais animada com a resposta.
— Eu posso contar pra Bella?
— Claro, mas antes tem que tomar um banho. — Kara apertou a filha e indicou que fosse para o quarto de Lena. — Já encontro com você lá.
Lori levantou e olhou de uma mãe para outra.
— Rou, minhas mamães estão namorando.
Kara e Lena riram e a garotinha saiu correndo cantarolando o que tinha acabado de falar.
— Viu? Ela ficou radiante.
Lena assentiu com o olhar ainda preso por onde Lori passou.
— Ela é incrível, Kara. — Encarou os olhos azuis. — Você é uma excelente mãe, nunca vou cansar de lhe dizer isso.
Kara não estava esperando o elogio, mas ficou emocionada por recebê-lo.
Especialmente vindo de Lena, esperou muito tempo para compartilhar a maternidade com ela, mesmo quando ninguém acreditava que Lena ainda estava viva, nunca deixou de ter esperança que ela voltaria e que um dia poderia compartilhar tudo sobre Lori com ela.
— Obrigada. — Murmurou emocionada. — Não faz ideia de como é importante ouvir de você.
Lena segurou as mãos da Kryptoniana e as levou aos lábios deixando pequenos beijos sobre o dorso.
— Não tem que me agradecer, eu estou apenas dizendo a verdade sobre a minha namorada.
Kara sorriu e se derreteu ao ouvir as palavras.
— Isso soa muito bem.
Lena concordou e deslizou os lábios pelo rosto de Kara e beijou cada pedacinho até encontrar os lábios dela e a beijou com carinho e adoração.
— Eu também acho.
(...)
— Posso te fazer uma pergunta? — Kara perguntou, e Lena, que estava concentrada em um dos desenhos que Lori fez, ergueu o olhar para ela.
— Claro. — Lena deixou os desenhos na mesa da cozinha e dedicou total atenção a Kryptoniana.
— Por que ficou tão preocupada com a reação de Lori? Digo, ela adora você e obviamente queria nos ver juntas, mas ainda assim você ficou muito preocupada com a reação da nossa filha sobre nós.
— Eu não sei se vai fazer algum sentido pra você, talvez não faça, mas pra mim é como se eu tivesse caído de paraquedas na vida de vocês duas, na relação de vocês. — Lena apoiou as mãos sobre a mesa. — Lori é louca por você, e está acostumada a serem apenas vocês duas no dia a dia. E mesmo que eu seja a mãe dela, mesmo que ela me ame, o nosso vínculo não é, e talvez nunca seja, como o de vocês duas. Então sim, eu fiquei com medo dela achar que estava perdendo você de alguma forma. — Apertou um pouco as mãos e as juntou. — É a primeira vez que você apresenta alguém pra ela, é a primeira vez que ela tem que lidar com dividir você com alguém mais. — Lançou um olhar inseguro para Kara. — Fiquei nervosa por achar que me ver como sua namorada fosse um pouco demais pra ela.
Kara entendeu o ponto de Lena, talvez se estivesse na mesma posição que ela também se sentisse assim.
Esticou a mão e segurou a de Lena.
— Agora que viu que não é assim, que Lori está radiante. — Apontou para os desenhos de família que Lori passou a tarde fazendo. — Que ela está muito feliz sabendo que estamos juntas, ficou aliviada?
Lena sorriu.
— E tem como não ficar? Cada vez que ela nos olha e sorrir com aqueles olhinhos espertos e encantadores eu percebo que foi uma bobagem imaginar que Lori poderia não querer nós duas juntas.
— Sua preocupação foi válida. — Kara exibiu um olhar pensativo. — Talvez se não fosse você, talvez, ela reagisse de uma forma diferente.
— Ainda fico surpresa que não tenha tido ninguém todo esse tempo, além do seu encontro com Faye. — Lena ignorou a sensação ruim que sentiu só em pronunciar o nome da mulher. — Lembra quando me levou a sua casa pela primeira vez? — Kara assentiu e Lena franziu os lábios se sentindo um pouco envergonhada. — Eu morri de ciúme imaginando que poderia ter alguém lá, egoísmo? Sim, mas eu não pude evitar.
Kara exibiu um sorriso que fez Lena exibir uma careta de arrependimento.
— Não me olhe como se eu fosse uma louca ciumenta.
Kara jogou a cabeça para trás rindo e logo segurou o rosto de Lena entre as mãos.
— É uma louca adorável. — Deu um rápido beijo nos lábios franzidos de Lena. — E muito linda!
Lena manteve a careta, mas por dentro era difícil resistir com Kara a beijando.
— Um dia eu vou conseguir resistir a esse seu olhar. — Murmurou sendo rendida facilmente pelos beijos que recebia da bela mulher.
Kara riu e mordiscou a curva do pescoço de Lena e deslizou os lábios até tocar a orelha dela e sussurrou:
— Vem tentando isso desde o primeiro dia que me conheceu, Lena. — Deslizou os lábios até a boca de Lena e a beijou. — Nunca conseguiu.
Lena abriu a boca para discordar, mas Kara não estava mentindo. Nunca conseguiu resistir a ela.
— Seu eu acreditasse em magia, eu diria que me enfeitiçou.
— Não acredita em magia? — Kara perguntou surpresa.
— Não. — Lena respondeu rapidamente. — Nada sobre isso é real.
Kara inclinou a cabeça para o lado analisando o rosto de Lena.
— Sabe que vivemos em um mundo em que tudo pode acontecer, então por que magia não?
Lena deu de ombros.
— Eu acredito apenas no que posso ver e comprovar, todo resto é pura fantasias.
Kara deu de ombros.
— Não vou discutir com a cientista.
Lena inclinou a cabeça.
— Você acredita em mágica.
— Já vi muito para saber que tudo pode acontecer.
Lena suspirou.
— Quem sabe um dia eu conheça uma bruxa e passe a acreditar? — Lena tocou o cabelo de Kara e deslizou os dedos entre os fios loiros. — Mas enquanto isso não acontecer, o único ser com poderes que eu acredito é você.
Kara sorriu e piscou para Lena.
— Isso já está de bom tamanho pra mim.
— Rou, minhas mamães são lindas. — Lori chamou atenção das mães, mas não pelas palavras, e sim pelo rosto da menina.
Kara arregalou os olhos.
— Lori! Rao!
Lena tapou a boca, mas não conseguiu evitar o riso.
Lori tinha escolhido seu batom vermelho para fazer uma arte, nada harmoniosa, no rosto.
— Estou encrencada? — Ela perguntou do jeito mais inocente possível fazendo Lena rir ainda mais e Kara murmurar palavras que Lena podia jurar serem em Kryptoniano.
— Eu não acredito que você fez isso. — Kara olhou para a roupa toda suja da filha. — Lori.
Lori apontou para si mesma.
— Eu me arrumei igual a minha mamãe. — Ela exibiu um grande sorriso. — Não estou bonita, mamãe Lena?
Kara grunhiu.
— Está linda, mas da próxima vez que tal pedir minha ajuda? — Lena sugeriu.
Os olhos de Lori brilharam.
— Vai me deixar igual você?
Lena sorriu e esticou a mão tentando amenizar o desastre no rosto da filha.
— Você já é parecida comigo, mas prometo deixar você usar tudo que eu tenho, mas só daqui alguns anos. — Esticou a mão para Lori e a pegou no colo. — Por enquanto ainda é muito novinha para usar maquiagem.
Lori olhou para Kara e logo para Lena.
— A mamãe Kara está vermelha, ela também passou batom?
A pergunta inocente de Lori fez Lena rir e Kara grunhir outra vez.
— Meu amor, você deve ter destruído as coisas da sua mãe. — Kara se aproximou. — Não lembra que não pode mexer nas coisas dos outros?
— Mas a mamãe Lena é a minha mamãe, não é os outros.
Kara grunhiu com o argumento.
— Ela tem um ponto. — Lena disse a Kara a olhou com uma careta.
— Ela sempre tem. — Apontou para Lena. — Muito parecida com você.
Lena ergueu a sobrancelha.
— Muito inteligente?
Kara deu a mão a Lori e piscou para Lena.
— E modesta também.
Lena apenas balançou a cabeça enquanto sorria e se juntou as duas a caminho de seu quarto. Quando chegaram lá, o desastre não era tanto como elas imaginavam. Lori tinha deixado os batons organizados sobre a cama, mas todo resto estava espalhado pelo o chão.
— Rao! — Kara franziu os lábios. — Enquanto eu limpo, a senhorita entra no chuveiro.
Lori olhou para as mães.
— Mas eu não estou linda?
Lena sorriu e se agachou até a filha.
— Você é linda sempre, tão linda que não precisa de nada disso. — Apontou para os batons. — Vem que eu ajudo.
Lori deixou Lena leva-la para o banho enquanto Kara terminava de limpar a bagunça que a filha tinha feito.
— Posso ir à piscina?
Lena franziu os lábios.
— Não temos piscina no prédio, só se eu...
— Lena Luthor, não vai comprar uma piscina para o prédio só porque Lori quer.
Lena exibiu seu olhar mais inocente para Kara.
— Mas eu estava pensando em comprar outro prédio, e não a piscina.
Kara olhou horrorizada e foi até Lori.
— A sua mãe tende a comprar tudo que a gente pede, e quando eu digo tudo, quero dizer que se pedir uma bola ela vai comprar a loja de brinquedo inteira pra você.
Lori riu e abraçou as pernas de Lena.
— Rou! Pode fazer isso, mamãe?
Lena acariciou o cabelo da filha e piscou para ela.
— Quando quiser uma loja de brinquedos, é só me pedir.
Kara revirou os olhos, mas o sorriso estava lá.
— Vocês duas vão me enlouquecer.
Lori e Lena se entreolharam e ambas riram.
— Bom já que sua mãe não vai me deixar comprar outro prédio, que tal um banho na minha banheira?
Lori olhou para o lugar que Lena apontava e os olhos da garotinha brilharam.
— Sim, Sim! Eu quero!
Lena virou para Kara.
— Viu, não comprei uma piscina.
Kara balançou a cabeça.
— Tenho certeza que é a primeira coisa que vai fazer amanhã.
Lena riu e quando passou por Kara, segurou o rosto dela e a beijou rapidamente nos lábios.
— Você me conhece tão bem, querida.
Kara observou Lena voltar para perto de Lori e ajudar a filha a entrar na banheira enquanto ambas divagavam sobre os tamanhos de piscina e os brinquedos que Lori poderia ter para brincar nela. Recostou na porta e foi invadida pelo sentimento de familiaridade que as duas juntas lhe trazia.
Aquela era a sua família e faria qualquer coisa por elas.
(...)
— Kara, espere. — Nia correu para alcançar a amiga antes que ela entrasse na sala de treinamento da DEO. — Estava procurando por você.
Kara esperou até Nia se aproximar.
— Vai me levar para provar os doces do casamento?
— Vou, mas não hoje. — Nia olhou ao redor. — Recebeu o convite de William?
Já devia imaginar que esse seria o tema.
— Não, pelo jeito você sim.
Nia assentiu e a expressão dela deixava claro como detestava o repórter.
— Ele está fazendo um mistério sobre a matéria que vai lançar, ninguém sabe nada.
— Andrea foi conversar com Lena sobre esse convite, ele convidou as duas também.
— Estranho, ele não gosta de nenhuma delas. — Nia arregalou os olhos. — E se for algo relacionado ao avião de Lena? Algo que ele descobriu e quer vender como primeira página?
Kara considerou; William estava realmente interessado em Lena e no desaparecimento dela, talvez fosse. Mas duvidava que qualquer coisa que ele pudesse contar fosse verdade, ninguém sabia o que se passou com o avião de Lena.
— Não acho que seja isso, mas ser for, por que ele não me chamaria? Digo, eu estou próxima de Lena e diretamente ligada a DEO. Qualquer coisa sobre o desaparecimento dela teria que ser informado a nós.
— Quem sabe? William sempre quis ser reconhecido pelo jornalismo ruim que ele faz e talvez tudo isso só seja uma jogada de marketing.
— Sendo isso ou não, Lena já disse que não vai comparecer.
— E ele já deve estar esperando por isso, então por que a convidou? Muito estranho.
— Eu também acho, mas não vamos ficar pensando em William como um vilão que temos que ficar vigiando. Nós já temos problemas demais.
— Por falar em problema, Alex comentou que Faye estava na festa beneficente que foram no fim de semana.
— Não só estava como ela foi à anfitriã da noite. — Kara entrou na sala de treinamento e foi seguida por Nia. — Foi um pouco desconfortável. — Resumiu o acontecimento da noite para a amiga. — Andrea ficou muito chateada.
— Eu também ficaria. O que me surpreende é Andrea ter se interessado por alguém. — Nia suspirou. — Já estou sentindo falta do bom humor dela, ontem mesmo ela já estava gritando com todos na Catco.
— Algo que não vai acreditar sobre Andrea é que ela e Lori se dão muito bem, Lori é louca pela “titia Andy”
Nia arregalou os olhos e levou as mãos a boca.
— Titia Andy?
Kara assentiu e riu da expressão surpresa de Nia.
— Lori é realmente especial, é tudo que posso dizer.
— Ela é. — Kara ouviu um chamado pelo comunicador. — Temos um problema. — Ativou o uniforme e virou para Nia. — Preciso de todos reunidos na sala de comando. — Caminhou para sua sala reservada na DEO. — Preciso ligar para Lena e já chego lá.
Antes de ligar para Lena enviou uma mensagem para o colégio de Lori, só para reforçar seu pedido e se certificar que as autorizações já estavam valendo. A segurança de Lori era sua maior prioridade e o colégio de Lori era próprio para isso, Lori estava cercada de pessoas que se importavam com ela e isso era tudo que importava.
Não demorou muito a diretora lhe respondeu informando que tudo estava certo.
Enquanto ligava para L.Corp, usou sua visão para ver através das paredes, a movimentação de heróis em direção a sala de comando estava a topo vapor.
Alex já deveria estar lá.
— L.Corp, Boa tarde! Em posso ajudar?
— Boa tarde, pode passar a ligação para Lena Luthor? É Kara Zor-el falando.
A mulher ficou em silêncio por alguns segundos.
— Claro, suas ligações devem ser diretamente passadas à senhorita Luthor.
Kara sorriu.
— Obrigada. — Não demorou muito a ligação foi direcionada e logo a voz de Lena soou agradável através da linha.
— Me disseram que uma linda Kryptoniana quer falar comigo. É verdade?
— Desculpa atrapalhar seu trabalho, sei que é o primeiro dia que fica no laboratório. Como está sendo?
— Por enquanto estou apenas fazendo algumas revisões de projetos que deixei inacabados. — Lena deu uma breve pausa. — Pelo seu tom de voz algo não está bem, o que aconteceu?
Às vezes se perguntava como conseguiu esconder de Lena por tanto tempo quem era quando ela muitas vezes conseguia identificar seu estado de humor melhor do que ninguém.
— Tenho uma reunião com a equipe da DEO. — Viu o movimento ao redor dos corredores diminuírem o que indicava que estavam esperando por ela. — Não sei quanto tempo exatamente vamos levar. — Mordeu o lábio sentindo um pouco de tensão. — Lori vai sair do colégio daqui a pouco tempo, normalmente Eliza a busca pra mim, mas ela não está e...
— Kara, eu sei que vem lidando sozinha com Lori, aparte de sua família, e a ajuda que eles dão, mas fico feliz que comece a me direcionar obrigações que são minhas também. — Lena deu outra pausa. — Eu sei que ainda tenho muito que aprender com vocês sobre ela, mas ir buscar nossa filha no colégio é algo que eu posso fazer tranquilamente, se é isso que está tentando me pedir.
— Desculpe, acho que venho sendo protetora com você devido a tudo que teve que lidar desde que saiu daquele avião. Dividir com você os cuidados com a nossa filha é algo que eu sempre sonhei, mas ainda fico com medo de está ultrapassando seu limite. — Suspirou. — Eu só quero que se sinta o mais cômoda possível nessa transição.
— Eu sei e sou extremamente grata a você por isso, se não fosse todo o cuidado que vem tendo comigo e toda paciência e acolhimento que vem me dando desde que sair daquele avião, talvez eu não estivesse aqui com a cabeça tão clara lhe dizendo que me sinto pronta para assumir meu papel de mãe dentro da vida de Lori.
— Eu só fiz o certo por você, pela nossa filha e por mim. — Tocou a madeira da mesa. — É bom ouvir que está bem com toda essa novidade da maternidade em sua vida, Lori é louca por você e pode ter certeza que pra ela você já exercesse todo o papel de mãe.
— Se eu faço, é graças a você que fez toda diferença me auxiliando com ela.
Abaixou o rosto enquanto um sorriso iluminava seu rosto.
— Nada me faz mais feliz que ver vocês duas juntas.
— E nada me faz mais feliz que ter você e ela por perto. Não importa a hora, quando sair da DEO, venha para a cobertura.
— Pode contar com isso.
Qualquer momento com Lena e Lori era motivação suficiente para resolver logo os problemas.
(...)
Lena apagou as luzes do laboratório e guardou suas anotações em uma pasta e logo enfiou em sua gaveta de segurança. Ainda bem que Sam tinha ficado responsável pela empresa, se algum daqueles rascunhos de projetos seus caísse em mãos erradas, poderiam causar uma tragédia a humanidade. Era ótima no que fazia, e tinha usado sua inteligência para fortalecer o lado bom, mas conhecia o potencial que muitos de seus projetos tinham de destruir em massa o planeta. Uma de suas maiores frustrações ao longo dos anos em National City foi como mais de um de seus inventos caiu em mãos erradas dando uma extrema dor de cabeça a Kara e aos membros da DEO.
A sorte é que sempre esteve ao lado deles pra resolver.
Enquanto esperava pacientemente o elevador descer, analisou o cenário que era seu laboratório. Ali tinha mantido Sam/Reign aprisionada para tentar ajudá-la e também tinha criado ali um dos uniformes que salvou a vida de Kara mais de uma vez, aliás, muito de seus inventos eram pensados para serem usados para ajudar Kara.
Agitou a cabeça sorrindo.
Como um dia pode ter acreditado que conseguiria tirar Kara de sua vida quando cada coisa que fazia, fazia com ela em seus pensamentos?
— Está de saída? — Sam perguntou assim que o elevador abriu as portas. — Vim te chamar para almoçar.
Lena entrou no elevador e colocou a bolsa de lado.
— Estou indo buscar Lori no colégio, Kara teve um imprevisto e me pediu para ir busca-la.
— Oh, Alex me ligou avisando que eu não devia esperar por ela. — Sam apertou o botão que dava ao estacionamento. — Tem problema se eu te acompanhar? Estou precisando respirar um pouco fora daqui.
— Problemas lá em cima?
Sam assentiu e recostou nas paredes metálicas do elevador.
— Uma reunião complicada com o subgerente da Rússia, mas conseguir contornar.
— É ótima no que faz Sam, eu a contratei por isso.
Sam sorriu.
— É uma loucura, mas a sensação de fechar um ótimo contrato compensa.
— Eu entendo, mas não tenho vontade de voltar a estar no comando oficial da empresa, prefiro meu laboratório.
O elevador abriu e as duas caminharam em direção ao carro de Lena.
— E como foi hoje? Já está pronta para revolucionar a ciência?
Lena riu e apontou para Sam entrar no carro, mas olhou ao redor e não se surpreendeu quando viu dois agentes da DEO prontos para segui-la.
— Parece que ainda estou com babá.
Sam olhou para trás e fez uma careta.
— Na verdade, nós estamos. — Sam apontou para os dois carros. — Um pra você e um pra mim, Alex faz questão desse acompanhamento.
— Alguma vez aconteceu algo com você? — Lena perguntou com preocupação.
— Não, mas Alex acha melhor e eu concordei para não deixar ela com uma preocupação que não precisa.
— Ruby também tem um?
Sam assentiu.
— Ela não sabe, mas tem.
— Tenho certeza que na idade dela a última coisa que ela quer é ser vigiada.
— Ruby ficaria uma fera, mas vem dando certo até agora.
Lena saiu com o carro do estacionamento e entrou na estrada que dava caminho ao colégio de Lori.
— Lori também tem. — Sam continuou. — A equipe selecionada para ficar ao redor dela foi toda selecionada e analisada por Alex, cada membro da segurança está espalhado em um ponto estratégico para mantê-la segura.
— Kara comentou comigo que, na noite do evento beneficente, os agentes da DEO estiveram disfarçados para fazer a proteção dela.
— No colégio dela funciona igual, mas Kara já falou como se sente mal por Lori ter que viver assim.
Lena parou o carro no sinal e pelo retrovisor pode observar os carros da DEO.
— Eu cresci com uma vigilância parecida ao meu redor, mas diferente de Lori, não era proteção, no meu caso, sempre foi controle. — Olhou rapidamente para Sam. — Lori vai entender que tudo que Kara faz é para cuidar dela.
— Eu já disse isso a ela, mas às vezes é difícil convencer Kara de algo.
Lena concordou e voltou a dar movimento com o carro.
— Kara é naturalmente uma protetora, cuidar dos outros é importante pra ela, principalmente quando ela ama. — Lena virou a rua que dava próximo ao colégio de Lori. — Ela sempre acolhe todo mundo, mas esquece de se auto acolher. — Estacionou o carro e olhou para Sam. — Mas enquanto Kara cuida de todos, eu vou cuidar dela.
Sam olhou com um sorriso admirado para amiga.
— Estou feliz que esteja aqui, e mais feliz ainda porque está se permitindo viver o que sente por Kara. — Sam esticou a mão e tocou o braço da amiga. — É bom demais ter você aqui.
Lena sorriu e tocou a mão de Sam enquanto olhava os emocionados olhos castanhos.
— Eu também estou feliz, Sam. — Mordeu o lábio e abaixou o olhar. — Eu sei que todos vocês passaram por um momento difícil enquanto eu estive desaparecida, mas eu sinto que estar aqui, cinco anos depois, foi o melhor que aconteceu pra mim. — Encarou outra vez a amiga. — Eu nunca teria ficado se isso não tivesse acontecido, eu teria deixado Kara para trás e perderia a chance de compartilhar com ela tudo que eu sinto.
Sam mais do que ninguém conhecia a determinação de Lena, e sabia que ela, apesar da dor, não voltaria atrás.
Lena teria ido embora e tudo teria sido diferente.
— Tudo que importa é que isso ficou para trás, suas escolhas estão no passado, tudo que importa é o que vocês duas estão se permitindo viver agora. Isso é o mais importante a se pensar.
Lena concordou.
Tudo aquilo tinha sido doloroso e confuso para ambas as partes, mas estavam encontrando o caminho juntas e isso era tudo que importava.
(...)
— Senhorita Luthor, é um prazer conhecer você. — A diretora do colégio de Lori recebeu Lena e Sam com um amigável sorriso. — Senhora Danvers. — Apertou a mão de Sam. — É bom vê-la outra vez, tenho certeza que hoje Lori tem motivo duplo para sorrir.
Lena olhou ao redor do colégio e muito diferente dos internatos que frequentou, aquele parecia um ambiente acolhedor o qual toda criança adoraria estudar. Era colorido e amigável, parecia um convite a alegria que só uma criança é capaz de transmitir.
— É um prazer conhecer você. — Finalmente sorriu a diretora de Lori. — E Lori? — Perguntou procurando pela filha com o olhar.
— Ela está terminando de guardar o material e logo se reunirá conosco. — A diretora indicou a sala. — Enquanto isso nós podemos conversar um pouco? É a mãe de uma das minhas crianças e eu gostaria de conhecê-la melhor.
Lena concordou sem muita opção, a última vez que tinha entrado na sala de uma diretora foi quando foi pega beijando Andrea.
Engoliu o riso.
Andrea nunca se importou em ir à diretoria, para ela sempre foi uma diversão infringir as regras.
E ela era ótima nisso.
— Então, Lori não fala em outra coisa que não seja você.
A mulher lhe ofereceu um pouco de café, mas negou, enquanto mantinha o olhar vagando pela sala. A sala era acolhedora com diplomas misturados com quadros, que provavelmente os alunos tinham decorado para ela, decoravam o local dando um clima ainda mais acolhedor.
— Estamos ambas muito animadas uma com a outra. — Disse e por fim encarou a mulher. — É tudo muito novo para nós duas.
A diretora assentiu.
— Para uma criança tão pequena Lori vem administrando toda a situação muito bem, normalmente crianças tem resistência a mudanças, mas ela está muito bem. — A diretora esticou uns papéis a Lena. — Como pode ver ela sempre foi muito boa em todas as estimulações nas aulas infantis, mas depois de sua chegada, ela está se saindo ainda melhor.
Lena sorriu para os trabalhinhos de Lori, cada detalhe deles encheu seu coração de orgulho. Com a idade dela também esteve avançada e teve que ter aulas acima de sua faixa etária, os estímulos eram fáceis e sempre teve facilidade em aprender.
— Posso ficar com eles? — Perguntou a diretora sem tirar os olhos dos trabalhinhos que a filha tinha feito.
— Claro, é uma pasta preparada pra você. — A diretora entregou a Lena outra pasta e o nome de Lori estava escrito nela com algumas flores colorindo ao redor. — Kara tem um igual a este então pode ficar com esse, fizemos especialmente pra você. — A mulher sorriu. — Kara fez questão que incluíssemos tudo de Lori até agora para que você não perca nenhum passo da sua filha.
Um sorriso brincou em seus lábios.
Nunca seria capaz de agradecer o suficiente a Kara por cada gesto dela em apoio a sua relação com Lori.
— Obrigada, pode ter certeza que vou olhar cada um deles.
— Eu que agradeço a confiança que vocês têm em nosso colégio, o bem estar de Lori e das crianças está sempre em primeiro lugar.
— Tenho certeza que sim.
Ouviram uma batida na porta e logo ela se abriu trazendo uma Lori falante e muito empolgada conversando com a professora, mas logo que a garotinha viu a mãe, nada mais importou.
Os olhos azuis se iluminaram assim como o grande sorriso que a menina exibiu.
— ROU! É A MINHA MAMÃE! — Lori falou com empolgação e sem pensar muito, correu em direção a Lena e abraçou a mãe com carinho e logo jogou a cabeça para trás para ver melhor o rosto de Lena. — Oi mamãe. — Sorriu e novamente abraçou a mãe. — Ficou com saudade? Por isso veio me buscar?
Lena sorriu com os lábios, com o coração e com a alma.
Lori despertava todos os sentimentos bons que um ser humano era capaz ter. Nunca tinha sentido nada parecido, Lori dominou seu coração de uma forma que jamais seria capaz de explicar a imensidão do amor que ela a fazia sentir.
Beijou a cabeça da filha e a pegou para que Lori pudesse sentar em seu colo.
— Eu estava morrendo de saudade, mas foi sua mãe que me pediu para vir buscar você hoje.
Lori procurou por Kara.
— A mamãe Kara não pode vim? — Lori se inclinou e sussurrou no ouvido de Lena. — Ela está cuidando das pessoas?
Lena acariciou o cabelo da filha.
— Sim, ela está cuidando das pessoas. — Sussurrou de volta a imitando. — Tudo bem eu ter vindo?
Lori saiu de seu colo e parou na sua frente.
— Rou mamãe, foi à surpresa mais linda do universo. — A garotinha abriu os braços. — Estou assim de felicidade.
Lena sentiu a emoção invadi-la e não se importava quem fosse testemunha. Aquela garotinha era sua filha e cada sentimento que ela lhe despertasse queria que todos soubessem.
— Eu também estou feliz de ter vindo. — Apontou para Sam. — Não vai falar com a tia Sam?
Lori parecia só agora ter visto a tia, e assim como fez com Lena, ela abriu um grande sorriso e se jogou nos braços de Sam.
— Minha titia e minha mamãe. — Lori tocou o coração e dramaticamente suspirou. — Meu coração está explodindo de amor.
Sam apertou e encheu Lori de beijos.
— Como está a minha sobrinha favorita?
Lori suspirou.
— Fiz muitos e muitos trabalhinhos hoje. — Lori coçou a barriguinha. — Só um sorvetinho.
Sam riu.
— Você sempre quer um sorvete.
Lori exibiu um olhar inocente.
— Depois de tanto trabalhinhos eu mereço, não mereço titia? — Ela direcionou a pergunta à professora.
— Ela realmente fez bastante coisa hoje. — A mulher esticou a mão cumprimentando Lena. — Sua filha é muito inteligente, tudo que eu passo ela termina em um piscar de olhos.
Lena sorriu com orgulho e abriu os braços aconchegando Lori quando ela voltou a se aproximar.
— Ainda não pode comer sorvete por conta dos remédios. — Apesar das dores terem passado, o médico recomendou que ela terminasse a medicação e evitasse doce por duas semanas até refazer os exames. — Mas prometo que quando estiver melhor, eu e sua mãe vamos levar você pra tomar o maior sorvete do mundo.
— O maior? — Os olhos azuis brilharam e ela olhou para Sam. — Ouviu titia? O maior do mundo. — Lori passou a mão na barriguinha outra vez. — Fica boazinha logo pra gente comer sorvete.
Lena não sabia se apertava a filha pela fofura ou para protegê-la da dor que ela sentiu na barriga há poucos dias atrás.
Beijou a cabeça de Lori e levantou direcionando atenção à diretora.
— Foi um prazer conhecer você. — Apertou a mão dela e logo a da professora de Lori. — Tenho certeza que cuidam da minha filha com muito amor e carinho e isso é muito importante pra mim.
As mulheres sorriram.
— Nós que agradecemos pela confiança. — A diretora tocou o rosto de Lori. — Até mais princesa.
Lori sorriu e acenou tanto para a professora quanto para a diretora, mas logo voltou a segurar a mão de Lena e as três foram guiadas para fora do colégio.
Lena tinha que admitir que a estrutura do colégio era ótima, muito diferente da sua infância, Lori não tinha vigias ao seu redor, sua filha tinha pessoas que a amavam e que colocavam acima de tudo seu bem estar. E isso era o que sua filha merecia; todo amor e cuidado do mundo.
(...)
Lena deixou o resto das últimas bolsas sobre o tapete de seu quarto e esperou Lori, e a filha não demorou a aparecer. A garotinha subiu na cama e olhou para as bolsas com um misto de encanto e surpresa.
— Rou! Mamãe você comprou todas as roupinhas do mundo.
Lena mordeu o lábio.
— Acho exagerei um pouquinho, a sua mãe vai me matar.
Lori riu a balançou as mãos.
— Está encrencada mamãe?
Lena assentiu.
— Provavelmente sim.
Saindo do colégio de Lori se deu conta que a filha não teria roupa para trocar em sua casa, comprar foi à solução mais óbvia.
Mordeu o lábio outra vez enquanto assistia Lori começar a desembrulhar os pacotes.
Talvez tenha exagerado um pouco na quantidade.
Lori puxou um pijama com vários símbolos da casa El desenhado.
Sorriu.
Era adorável.
Kara não ia ficar chateada, a dona da loja pessoalmente a atendeu e disse que toda roupa com símbolo era destinada a uma instituição de caridade que abrigava crianças que foram abandonadas pelos pais.
Era uma boa causa.
— Ai mamãe esse é muito fofinho. — Lori abraçou uma das camisetas que tinha porquinhos desenhados. — Um dia eu posso ter um porquinho? Ou dois? — Lori exibiu um olhar sonhador. — Um pode fazer companhia pro outro, assim o porquinho não fica triste quando a gente não estiver por perto.
Lena apertou os lábios.
— Porquinhos? — Não tinha certeza se era uma boa ideia para uma criança ter um porquinho, mas um animal de estimação talvez. — Primeiro vamos ter que conversar com a sua mãe.
Um gato.
Falaria com Kara e se estivesse tudo bem, poderiam adotar um bichano para Lori.
— A mamãe disse que eu sou muito bebê ainda. — Lori levantou da cama e colocou as mãos na cintura, imitando a pose de Kara, e olhou para a mãe. — Eu sou uma mocinha grande, a titia Alex disse.
Lena sorriu diante da pequena imagem da filha imitando os gestos de Kara.
— Posso te contar um segredo? — Perguntou a ela enquanto se aproximava da cama e Lori prontamente veio sentar em seu colo com os olhos azuis interessados no que iria dizer. — Quando eu tinha a sua idade, eu também queria ser uma mocinha grande. — Brincou a ponta do nariz dela e a fez sorrir. — Mas sabe o que eu aprendi?
Lori negou e esperou pela resposta.
— Eu aprendi que ser criança é muito mais legal.
— Você acha mesmo, mamãe?
Assentiu enquanto fazia carinho nos cabelos da filha.
— Poder assistir desenho quando quiser é um privilégio que só vocês têm.
— Adultos não podem assistir desenho?
— Podemos assistir, mas não sempre.
Lori colocou o dedinho no queixo e ficou pensativa.
— É, ser criança é muito melhor.
Lena riu e beijou o rosto da filha.
— Essa é minha garotinha.
Lori abraçou Lena e apoiou a cabeça no ombro da mãe.
— Mamãe, em que lugar vai aguardar tudo isso?
Lena apoiou a bochecha na cabeça de Lori e suspirou enquanto olhava o mar de bolsas em seu quarto.
— Não faço ideia.
Lori riu e apertou mais os braços ao redor de Lena.
— Posso assistir desenho?
— Claro. — Lena deu mais um beijo nela e logo Lori correu para a sala.
Suspirou e começou a organizar as roupas em seu closet, as deixaria por lá até o quarto de Lori ficar pronto. Segurou novamente o pijama que tinha os desenhos do símbolo da casa de El, e fez carinho bem por cima dele. Vinha de uma família que odiava aquele símbolo e que a criou para que o odiasse também, mas em resultado acabou perdidamente apaixonada pela alienígena que sua mãe tinha odiado e que seu irmão provavelmente ainda odiava.
O universo às vezes tinha das suas.
Às vezes sentia que seu destino estava ligado ao de Kara de tal forma que não importava o caminho sempre a encontraria.
Mais uma vez fez carinho no símbolo.
Multiverso sempre foi um tópico que a interessou, outras Terras com diferentes versões suas e das pessoas ao seu redor era uma realidade, mas o que adoraria saber era se em todas essas Terras todas as Lenas e Kara se sentiam da mesma forma uma pela outra.
Esperava que sim, afinal era difícil imaginar uma versão de si mesma que não fosse apaixonada por Kara.
Um pouco antes de decidir confessar seu amor por Kara, teve sonhos constantes com outras realidades, algo que reforçou sua vontade de confessar a Kara seus sentimentos por ela. Nesses sonhos viu três versões diferentes sua e de Kara. Na primeira nem sequer era uma CEO, se viu como bombeira, isso a surpreendeu muito, e Kara era fotografa e as duas eram obviamente loucas uma pela outra. Lembrava perfeitamente de ter acordado sorrindo aquele dia e passar todo tempo se imaginando tendo o que viu no sonho; um amor lindo e seguro. Já no outro sonho, a realidade era muito parecida com a sua, ainda era uma CEO e Kara ainda era Supergirl, mas nele elas não estavam sozinhas, o que foi um pouco confuso, nele viu outra versão sua e de Kara. No inicio ficou confusa, mas logo entendeu que se tratava de casais de Terras diferentes que se conheceram e se tonaram amigas.
Os sonhos lhe deram coragem para se declarar, pena que deu tudo errado.
Mas agora tinha muito mais que um sonho para se apegar, estava vivendo a sua própria realidade na qual podia finalmente chamar sua melhor amiga de namorada.
Finalmente tinha chegado sua vez de amar Kara Zor-El.
(...)
— Estou chegando aqui agora. — Kara apertou o botão do elevador que dava acesso ao andar de Lena enquanto falava com Alex por telefone. — Não vou esquecer de fazer o convite, por que acha que vou esquecer?
Alex queria que chamasse Lena para a próxima noite de jogos, que seria em sua casa, mas Alex queria ter certeza que chamaria Lena desta vez já que na última Lena não participou.
— Porque quando está com Lena, você se esquece de tudo.
Revirou os olhos, mas sorriu.
— Não se preocupe, faço questão que Lena participe. Esqueceu que eu e ela juntas somos invencíveis? Nunca mais vocês vão ganhar outra vez.
Alex riu.
— Não conte com isso, não esqueça que estamos a cinco anos de informações a frente de Lena, vai ser difícil ela ganhar de nós.
Kara saiu do elevador direto para a porta de Lena.
— Alex nem você acredita nisso.
A irmã grunhiu.
— Mudei de ideia, deixe Lena de fora.
— Quer deixar Lena de fora?
Nesse momento a porta do apartamento se abriu trazendo o perfume inconfundível de Lena e a bela CEO apareceu logo em seguida trazendo consigo um belo sorriso e um olhar curioso.
— Não, mas você jogar com ela não é justo.
Kara sorriu para Lena e apontou para o celular e o colocou no viva voz.
— Alex está com medo de você derrota-la na noite de jogos.
Lena deu um passo à frente e se aproximou de seu corpo, o que lhe fez segurar a respiração enquanto apreciava o leve contato.
— Faz algum tempo pra você Danvers. — Lena falou para Alex. — Mas eu lembro perfeitamente como é bom vencer vocês no jogo.
Ouviram o grunhido de Alex.
— Eu odeio vocês duas.
Lena riu e Kara se sentiu em casa ao ouvir o som, depois de um dia tenso na DEO montando estratégias, era bom estar na companhia de Lena.
— Nos vemos amanhã, te amo.
Guardou o celular no bolso e segurou o rosto de Lena e a beijou matando um pouco da saudade e da vontade que sentiu de estar com ela durante todo tempo que esteve na DEO.
— Desculpa a demora. — Murmurou quando se afastou um pouco, só um pouco mesmo do rosto dela. — Passei em casa para tomar um banho e também trouxe algumas roupas para Lori. — A beijou mais uma vez e dessa vez se afastou para pegar a mochila da filha que deixou apoiada no chão. — Esqueci completamente de pedir para alguém deixar com você.
Lena franziu os lábios enquanto pensava em toda roupa que comprou para a filha.
— Não se preocupe, eu comprei algumas roupas pra ela.
Kara deixou a mochila da filha sobre o sofá e olhou com curiosidade para Lena.
— Quando diz que comprou "algumas roupas" você quer dizer a loja inteira?
Lena apertou os lábios e negou exibindo um olhar inocente.
Não tinha comprado à loja inteira.
Tinha comprado quase toda, isso era muito diferente.
— Só algumas peças, nada demais.
Kara olhou pra ela um pouco incrédula, mas decidiu acreditar.
— Vou dar um beijo em Lori e já vou, sei que está tarde e... — Parou de falar diante do olhar de Lena. — O que?
— Nada, só estou admirando.
— Lena. — Murmurou o nome dela sentindo as bochechas queimarem e os lábios se abrirem em um sorriso involuntário.
Lena esticou a mão em sua direção e não pensou duas vezes em ir até ela.
— Fez algo por mim hoje. — Lena deslizou as pontas dos dedos pelo pescoço de Kara e logo descansou a mão no rosto dela. — Na verdade vem fazendo muito por mim desde que eu sair daquele avião, mas hoje especificamente, você mais uma vez me fez sentir incluída na vida da nossa filha. A diretora do colégio de Lori me entregou uma pasta com os trabalhinhos de Lori e me disse que você pediu que ela fizesse, faz ideia de como isso é importante pra mim?
Kara sorriu.
Era bonito ver como o rosto de Lena estava iluminado e leve aquela noite, saber que um gesto seu era responsável por aquele brilho era gratificante. Tudo que queria era que ela, pela primeira vez, se sentisse incluída em uma família que amava.
— Tudo que eu faço é pra que você nunca se sinta excluída de nada em relação a nossa filha, eu sei que esse sentimento pode vim quando você pensa nos anos que não esteve com ela, mas eu não quero que se sinta excluída. Só quero que todos os dias, em cada segundo, você saiba que tem uma família e que é parte fundamental dela. Você é a mãe Lori e merece se sentir assim por completo, e tudo que eu puder fazer pra que você se sinta incluída em tudo sobre ela, eu vou fazer.
Lena deslizou as mãos pelo rosto de Kara e foi acariciando com carinho e devoção enquanto seus olhos estavam presos naqueles belos olhos azuis.
— Eu te amo. — Sussurrou as palavras que por tanto tempo guardou em seu coração.
Kara entreabriu os lábios e abaixou o olhar e logo olhou para Lena de novo com os olhos azuis carregando uma emoção a qual Lena se sentiu envolvida e hipnotizada.
— Eu também amo você, te amei desde a primeira vez em que te vi e te amei em cada dia que não esteve aqui. — Kara aproximou o rosto do de Lena e roçou suavemente o nariz contra o dela. — Sempre foi você, e sempre vai ser você.
Suavemente seus lábios se tocaram em beijo lento e apaixonado que selou a declaração.
— Eu não acredito em destino, Kara. — Lena sussurrou contra a boca que ainda buscava a sua. — Mas cada passo meu sempre me levou até você, até essa loucura do meu desaparecimento me trouxe pra você. — Ergueu os olhos encarando os azuis. — Seja o que for que esteja reservado pra nós, eu quero isso. — Apertou as mãos contra a nuca dela e a aproximou mais de si. — Quero você pra sempre.
Kara respondeu com um beijo mais intenso e mais apaixonado.
— E você me tem. — Sussurrou e abraçou agradecendo a Rao pela oportunidade que estava tendo. — Pra sempre.
Depois do longo e emocionado abraço, Lena se afastou e segurou a mão de Kara.
— Não tem que ir embora, pode dormir com a gente. — A guiou em direção a seu quarto e Lori, que estava adormecida, abraçava o urso que tinha sido seu na infância. — Ela estava com saudade de você. — Murmurou baixinho para não acordar a filha. — Nós estávamos.
Kara beijou o rosto de Lena e a abraço por trás enquanto seus olhos observavam a filha dormir tranquilamente.
— Foi um dia longo, mas estar aqui com vocês é como recarregar as forças outra vez.
Lena virou um pouco a cabeça em busca do olhar de Kara.
— Problemas?
— Talvez, ainda não temos certeza. — Kara mais uma vez beijou o rosto de Lena. — Mas amanhã conversamos sobre isso, agora só quero ficar com vocês duas.
Lena assentiu e virou ficando de frente para Kara.
— Tenho certeza que vai encontrar uma camiseta confortável para dormir, vou pegar um pouco de água pra ela tomar o remédio.
Kara assentiu e antes que Lena se afastasse a puxou pela mão e a trouxe mais para si e a beijou com devoção.
— Não estamos sonhando?
Lena sorriu e tocou o rosto de Kara.
— Se for um sonho, é o melhor que já tive. — Deslizou os dedos pelos cabelos loiros. — E não quero nunca acordar dele.
Kara se inclinou e a beijou mais uma vez.
— Nós não vamos acordar, eu prometo.
Lena sorriu e deixou Kara ir trocar de roupa e quando estava prestes a abrir a porta, ouviu Kara a chamando então se voltou para ela.
— Lena Luthor você comprou toda uma loja de roupas para Lori?
Apertou os lábios enquanto se segurava para não rir da expressão de Kara.
— Rou! Que bagunça é essa mamães? — Lori sentou na cama e coçou os olhinhos sonolentos. — Oi mamãe Kara, viu todas as minhas muitas e muitas roupinhas?
Kara grunhiu e Lena não se aguentou e riu.
— Vou buscar a água. — Lena piscou para Lori e a filha enviou um beijo no ar para a mãe. — Convença a sua mãe a não brigar comigo.
Lena escapou do quarto e Kara apenas balançou a cabeça.
— Você tem roupa para usar a cada segundo do dia.
Lori riu, mas era óbvio que ainda estava sonolenta então Kara se aproximou e beijou o rosto da filha.
— Te amo muito. — Sussurrou para Lori e beijou o rosto dela. — Com todo meu coração.
Lori esticou as mãozinhas e tocou cada pedacinho do rosto da mãe.
— Eu também te amo muito mamãe, muito bem grandão!
Kara beijou a testa de Lori e se deixou sentir um pouco o cheirinho dela a lembrando que não importava nada que acontecesse ao seu redor, Lori era o que tinha de mais importante em sua vida.
Com o canto dos olhos Kara viu Lena deixar a água e o remédio de Lori ao lado da cama.
Elas duas eram o mais importante que tinha em sua vida.
— Tenho que tomar outra pastilhinha? — Lori perguntou não muito animada.
Lena se inclinou e beijou o rosto da filha.
— Prometo que já estão acabando. — Pegou o remédio e deu a Lori e em seguida a ajudou a beber a água.
Kara se inclinou e apoiou o queixo no ombro de Lena e lhe sussurrou ao ouvido.
— Algumas roupas, você disse.
Lena sorriu e deu de ombros.
— Tem que admitir que são todas adoráveis.
Kara balançou a cabeça e beijou o ombro de Lena.
— Especialmente esta que ela está usando.
Lena assentiu e beijou o rosto de Lori quando a filha terminou de beber a água.
— Muito bem, princesa. — Ajudou Lori a deitar outra vez e ela fez carinho nela até a filha pegar no sono outra vez e só então virou para Kara.
— Comprei um pra mim também, mesmo símbolo, modelo diferente.
Os olhos de Kara brilharam.
— E cadê?
Lena piscou e levantou para deixar o copo na cabeceira.
— No momento certo, você vai ver.
Kara mordeu o lábio e esperou Lena voltar para a cama.
— Está me provocando.
Lena deu de ombros e como Lori estava no meio delas, deslizou a mão e segurou a de Kara.
— Eu nunca faria isso com você.
Kara apertou a mão de Lena e a levou aos lábios.
— Mentirosa.
Lena riu e encarou os belos olhos azuis.
— Boa noite, meu amor.
Kara sorriu e mais uma vez beijou a mão de Lena.
— Te amo.
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