Harry nunca imaginou que ceder a qualquer capricho de Louis iria deixá-lo naquela situação fodida, e esse foi o seu maior erro.
O fotógrafo sequer lembrava mais de Louis agindo como uma estúpida criança mimada querendo segurar sua mão no voo, não. Aquele Louis era apenas um terço do que estava por vir e infelizmente, ele estava descobrindo da pior maneira.
O adolescente estava vestido de cueca e com um roupão transitando pelo resort de cima a baixo, como uma criança vendo algo pela primeira vez. Tocando em todas as coisas e esbarrando nas pessoas, afoito e serelepe. Talvez ele estivesse bêbado, Harry pensou. Ou havia consumido doces demais.
De qualquer forma, parecia patético, até mesmo para Louis.
E Zayn estava parecendo um imbecil agindo exatamente da mesma forma.
- Então, o que você está achando? - Liam perguntou ao seu lado, se espreguiçando na cadeira e colocando os óculos de sol.
Eles haviam chegado há mais ou menos duas horas, deixaram as malas nos quartos e desceram direto para a piscina. E ao contrário do script de Louis e Zayn, eles não precisaram inventar nenhuma desculpa mirabolante. Liam aceitou dividir o quarto com o tatuador tranquilamente.
Sem a menor ideia do que estavam planejando pelas suas costas.
- Um calor do inferno. - Harry respondeu meio rabugento. E não era porque ele não estava gostando, mas depois do frio do inverno de Londres e aquele maldito sol na sua cara, era de se esperar que ele fosse reclamar um pouco.
No mais, ele não estava desgostando tanto assim. Claro que Louis seguia o envergonhando, porém se Harry mantivesse a distância, ninguém imaginaria que eles estivessem juntos.
E não era como se fosse uma grande férias também, o fotógrafo iria ao casamento no dia seguinte mas, aqueles dias sem fazer nada definitivamente seriam muito bem vindos.
Havia muito coisa a pensar, decisões a tomar que ele estava adiando há tanto tempo, que sonhava com isso. E ele sabia que não dava mais para postergar, mais cedo ou mais tarde ele teria que enfrentar aquela merda.
- Louis e Zayn parecem que nunca viram água na vida. - Liam disse rindo, dando um gole em seu drink. Ele se virou para Harry que estava olhando para o céu. - Já vi os funcionários brigarem duas vezes com eles.
Nenhuma surpresa, o fotógrafo pensou. Como se eles conseguissem se comportar em algum lugar...
- Não sei quem é pior, sinceramente. - ele resmungou. - Mas é melhor eles enchendo o saco deles do que o meu.
Liam concordou, rindo baixo. - Sinto Louis tão mais leve. É engraçado como uma mudança de lugar pode fazer tão bem para uma pessoa, não acha?
Sim, ele achava, mas não queria perder seu tempo pensando em como Louis parecia feliz, brincando com a água como se tivesse tendo o tempo da sua vida. Era fodido e Harry simplesmente não tinha energia pra isso.
Então, encarando pela última vez o sorriso largo do adolescente, ele fechou os olhos e adormeceu.
xx
A noite, Louis estava sozinho no restaurante do resort, terminando seu jantar. Ele se sentia um pouco melancólico e triste, apesar de estar muito feliz.
Parecia que ele estava vivendo um sonho daqueles que você lembra de tudo quando acorda, desejando que fosse real. Depois de passar os últimos meses pensando em como seria estar ali, agora que ele estava, mal podia acreditar que estava acontecendo mesmo, que aquela era uma experiência que ninguém poderia tirar dele.
Como a praia bonita e grande, o mar violento na noite de clima frio que fazia os pelinhos do seu corpo se arrepiarem.
Apesar de tudo, havia sido um dia tranquilo. Ele conseguiu fazer tudo o que queria com Zayn, ele tocaram em cada canto do resort, tomaram banho de sol e de água, brincaram em todos os brinquedos, foram até mesmo na sessão de SPA e fizeram massagem em cada parte dos seus corpos.
Mesmo com Zayn reclamando a cada minuto em seu ouvido, ainda assim havia sido umas das melhores duas horas da sua vida.
Mas vendo a noite a sua frente, e as estrelas tão forte, ele sentia como se estivesse faltando alguma coisa.
E droga se não era Harry ao seu lado.
O fotógrafo se retirou dizendo que ainda estava cansado do voo e com dor de cabeça, deu a desculpa do casamento que teria que fotografar no dia seguinte e simplesmente sumiu sem deixar rastros, deixando Louis sozinho já que Zayn havia convidado Liam para jantar.
Na hora, Louis usou a mesma desculpa de Harry para que Liam não achasse muito estranho e aceitasse o pedido de Zayn. O adolescente não queria atrapalhar os dois. Sabia o quão importante aquele momento era para Zayn e queria deixá-lo o mais confortável possível.
Suspirando, o adolescente bebericou um pouco do seu suco de laranja e brincou com a borda do copo. E a cada vez que ele olhava no relógio, mais pessoas se levantavam e saiam do restaurante.
Quando ele ergueu o rosto para a entrada, se deparou com Liam e Zayn caminhando em sua direção. O adolescente desviou o olhar dos seus rostos sorridentes para suas mãos entrelaçadas e se levantou, gargalhando alto, verdadeiramente feliz.
Finalmente!
- Zayn, Liam! - ele os saudou, abraçando primeiro o tatuador e em seguida Liam, perdendo bons minutos dentro do abraço pois ele sabia que seus olhos estavam marejados e não queria que eles o vissem daquela forma.
Porque sim, Louis estava feliz pelos dois, muito orgulhoso de Zayn, inclusive. Ele não ia admitir mas tinha muito medo do tatuador dar pra trás e se acovardar. Mas seu coração estava espremido dentro do seu peito porque tudo o que ele conseguia pensar era em por que não era ele e Harry ali de mãos dadas e sorrindo bobo.
Não era hora para ser egoísta, entretanto.
Quando eles enfim se separaram, se sentaram juntos e Louis podia estar maluco, mas a atmosfera tinha mudado drasticamente, era como se fosse um novo Zayn ali e era um pouco estranho.
Ele estava acostumado com Zayn sendo um babaca completo e aquela nova versão dele o assustava um pouco.
O tatuador estava com um sorriso largo, as mãos entrelaçadas com as de Liam sobre a mesa, olhando para elas como se não pudesse acreditar.
- Fiquei sabendo que foi ideia sua. - Liam disse, sorrindo para Louis, com uma expressão de extrema alegria no rosto. - Não consigo acreditar que fui enganado por todos vocês. Até Harry guardou segredo e nós sabemos a língua que ele tem.
O adolescente riu baixo, cobrindo a boca, se sentindo mais leve. - Você está feliz, Liam. Está radiante! - ele apontou, se inclinando e fazendo um carinho na bochecha do amigo só porque ele se sentia um pouco carente. - Pena que é tudo para o Zayn.
O tatuador revirou os olhos, afetuosamente. Louis sabia que ele não estava com raiva ou então o teria ameaçado.
- Estamos felizes, foi tudo muito mais tranquilo do que eu pensei. - o tatuador respondeu e até sua voz estava diferente.
- Se Zayn tivesse dito algo antes, talvez as coisas poderiam ter sido diferentes. - Liam lamentou, encolhendo um ombros.
Então Liam também gostava de Zayn a um tempo?
- Você poderia ter falado também. - o tatuador murmurou, contrariado. - Não é como se eu tivesse que fazer todo trabalho.
- E você não fez. - Liam retrucou. - Ficou gaguejando o tempo todo, parecia que ia infartar a qualquer momento.
Louis gargalhou porque ele conseguia imaginar exatamente a cena. Era a cara de Zayn agir como um imbecil num momento tão importante assim.
Eles continuaram a discutir alguma coisa mas a mente de Louis estava um pouco longe, mais precisamente no quarto 204, onde Harry estava. O adolescente começou a pensar em como seria dormir na mesma cama que Harry, principalmente agora que seus sentimentos estavam tão aflorados.
Será que Harry o abraçaria e o deixaria deitar em seu peito? Ou ele o enxotaria como fez em todas as outras vezes?
Hm, ele o enxotaria com certeza.
- Por que está suspirando? - Zayn interrompeu a discussão com o Liam para apontar para Louis. - Pensando em Harry?
Louis deu de ombros. - Em algumas coisas.
- Algumas coisas que envolvem Harry? - o tatuador pressionou e só porque Louis estava fazendo um bico e ele teve a melhor noite da sua vida, ele decidiu não ser um filho da puta e continuar o torturando e pediu várias rodadas de sorvetes pelo restante da noite.
Quando Louis chegou no quarto, dava para ouvir o ressonar baixinho do sono de Harry. Ele tomou banho rapidamente e se deitou na outra extremidade da cama, o mais longe possível do fotógrafo.
Assim ele podia confiar que seu corpo não o trairia novamente.
xx
Louis mordeu um pedaço de seu pão e se sentou ao lado de Liam na cama, deitando com a cabeça em seu ombro.
- Eu montaria nele a noite inteira. - ele disse de boca cheia, rindo alto e se babando um pouco quando Zayn se engasgou.
Harry havia saído cedo, mal humorado e chato como sempre. Ficou 5 minutos resmungando desde que acordou, reclamando que Louis fizera uma bagunça no quarto e não conseguia encontrar seus equipamentos da câmera.
Aquele havia sido o seu bom dia.
Então ele ficou andando de um lado para o outro no quarto até ouvir a voz de Zayn pelos corredores, anunciando que o tatuador havia acordado. Ele trocou suas roupas, pediu o café da manhã e foi bater na porta do quarto dos dois.
E não era como ele quisesse atrapalhar Liam e Zayn ou nada assim, ele só não queria ficar sozinho com seus pensamentos. Pelo menos não àquela hora do dia.
Poxa, não eram nem 10 da manhã e ele já estava triste.
- O que? - Liam perguntou confuso, dando dois tapinhas fracos nas costas de Zayn. - Dá onde você tira essas coisas?
Louis deu de ombros. - Zayn me mostrou pornô gay, parece tão gostoso. Ei, você acha que Harry se importaria? - ele se virou para o tatuador. - Digo, com toda essa coisa de passivo e ativo, teríamos que conversar sobre isso, não é? Definir algumas coisas no nosso relacionamento.
Zayn balançou a cabeça, incrédulo. Ele desconfiava que Louis já estava planejando o casamento dele e de Harry quando tudo o que ele tinha era o fotógrafo o ignorando até a morte. - Vocês não têm um relacionamento. - ele pontuou firme.
- Ainda não, meu caro Zayn. - o adolescente murmurou, sem se deixar abalar. - Ainda não.
Apesar de Harry ser um chato, Louis havia acordado com alguma esperança. Já que Zayn e Liam deram certo depois de tanto tempo, não havia motivos para ele e Harry não darem.
Exceto se Harry não tivesse sentimentos por ele.
Mas isso era algo que ele não podia pensar.
Tinha que manter o pensamento positivo, atrair coisas boas. Ele estava pensando em fazer uma sessão de yoga para alinhar seus chácaras. Havia pegado um panfleto sobre meditação e planejava fazer também. Qualquer coisa para lhe dar um pouco de coragem.
- Seu rosto de anjo engana bem. - Liam disse depois de um tempo analisando as expressões do adolescente. - Bem que Harry dizia que você era um demônio de olhos cristalinos.
Louis sorriu infantil, as rugas nos olhos aparecendo. - Você já montou em alguém?
- Louis você pode, pelo menos, respeitar a hora do café da manhã? - Liam suspirou, pego de surpresa com o atrevimento do adolescente.
Mas o que ele poderia esperar? Era Louis e Zayn ali.
- Já, algumas vezes. - o tatuador respondeu sem vergonha alguma. - E você está certo, é gostoso.
Louis estreitou os olhos, apontando com o dedo de Zayn para Liam. - Se você é o passivo, isso faz de Liam...
- Não necessariamente. - o moreno explicou, quase perdendo um pouco da paciência. Ele sabia que alguns tópicos eram novos para Louis mas não era como se ele fosse a porra do wikipédia. - Não sei se teremos algo como isso no nosso relacionamento. Acho que depende do momento, da vontade de cada um. Mas Liam foi o passivo ontem. - ele piscou o olhar para o agora namorado e viu as bochechas de Liam corarem fortemente.
- Eu gostaria de não expor minha vida sexual desta maneira.
Louis se inclinou e deu um beijinho na bochecha do escritor. Liam era fofo assim, era uma versão dele que Louis não conhecia.
- Eu te falei isso da outra vez. A não ser que você não sinta nenhum tesão sendo ativo, você vai dar de qualquer jeito. Pra mim, é diferente. Só sou passivo quando tenho certeza que a outra pessoa sabe o que está fazendo. - Zayn levantou da cama e foi até a janela para fumar um pouco.
Seu corpo implorava por um pouco de nicotina. Ele se sentia como Harry.
- Você disse que deixou te foderem a seco. - o adolescente arqueou uma sobrancelha.
O tatuador ascendeu a droga e inalou. - Foi uma vez apenas e eu estava chapado pra caralho. Mas não sei, isso é relativo. Ser passivo é mais pessoal, no meu ponto de vista. Isso sou eu dizendo, cada um faz o que quiser com o próprio corpo.
- Certo. - Louis murmurou. - Você está certo. Sou muito gostoso pra deixar qualquer um me foder. - ele deixou o corpo mole e foi se inclinando pra trás até estar completamente deitado na cama. - Harry não sabe o que está perdendo.
- Realmente. - Zayn concordou, sugando a droga entre seus dedos. - Ei, será que um dia desses você não quer usar aquele seu uniforme e se encontrar comigo e com Liam? Podemos te oferecer uma noite inesquecível.
Zayn era um babaca completo e ele não iria mudar. Liam pensou que ele ao menos não o incluiria nas suas falas sem vergonha.
- Quando exatamente eu concordei com isso?
- Eu fico um tesão naquele uniforme, certo? - o adolescente riu, encarando o teto branco. Ele pensou em Harry e quando ainda estava no ensino médio. Todas as vezes que eles se esbarravam pelo prédio e o fotógrafo o encarava como se quisesse comê-lo vivo. - Será que eu deveria usá-lo para Harry? - ele se apoiou nos cotovelos, olhando para Zayn.
- Você deveria usá-lo para mim. - o moreno piscou um olho só, sugestivo.
Liam suspirou fundo. - Vocês se merecem, sabiam?
- Não fique com ciúmes. Sabe que é o único pra mim.
Louis colocou as mãos nas coxas de Liam, alisando-as. - Pra mim também.
O escritor se levantou suspirando, estava muito cedo para ter que lidar com aquilo. Ele se apressou para arrumar um pouco do quarto antes deles descerem para aproveitar o dia. Sabia que Louis iria inventar alguma coisa para fazer e arrastar Zayn para junto dele.
E agora que Harry não estava lá, ele tinha duas opções: aturar Zayn e Louis ou ficar sozinho.
A segunda opção parecia ser a melhor.
Definitivamente.
- Quando Harry volta? - ele perguntou ao adolescente, que estava com os braços colados no peito, cruzados, com os olhos perdidos no nada.
- Umas três horas, eu acho. - Louis se encolheu ainda mais na cama, fungando baixo para ninguém perceber, mas Liam estava com o olhar nele. De repente, ele se levantou, atabalhoado demais, como se no susto. - Até lá, aposto que você não me ganha no PES.
E não era como se Liam não soubesse que quando o adolescente se sentia sobrecarregado, ele procurava formas de se entreter para não demonstrar o que estava sentindo. Apesar de não passar tanto tempo com ele como Harry e Zayn, Louis era fácil de ser lido. Ele era transparente demais.
Então pensando nisso, Liam sorriu fraco para o menor. Se ele queria se divertir, ele iria ajuda-lo.
- Eu aposto que ganho.
O adolesceu se animou, pulando na cama como uma criança. Ele olhou para a janela onde o tatuador terminava de fumar e ergueu uma sobrancelha. - Zayn? - Louis encarou o moreno sussurrando 'uniforme escolar'.
- Eu aposto no Louis.
xx
Não havia muitas pessoas no saguão, então eles simplesmente agiram como se o vídeo game fosse deles, especialmente Louis que mesmo perdendo se recusava a dar sua vez para alguém. Ele só saiu mesmo quando Zayn deu alguns gritos em seu ouvido.
Ainda assim ele disse que não foi por isso, e sim porque suas mãos estavam doendo.
Mas foi bom ele ter saído naquele momento pois enquanto ele estava vendo Zayn perder de 2x0 para Liam, ele conseguiu pegar o reflexo da silhueta de Harry entrando no hotel.
Ele suspirou e sem conseguir pensar muito bem, foi até ele deixando Liam e Zayn para trás, ele só... Sentia falta de Harry. O que ele podia fazer?
Só haviam passado quatro horas mas pareciam dias, meses, ou até anos. E não importava se ele estava sendo dramático e chato, ele gostava de Harry e não se importava com o que as pessoas poderiam pensar.
Passou por muitos anos da sua vida andando sobre ovos e fazendo sempre o que era esperado dele fazer. Respondendo "sim, senhor" e "não, senhor" quando deveria estar questionando o por quê.
E era muito mais fácil quando ele já tinha a resposta para aquela pergunta.
O fotógrafo estava carregando duas bolsas que pareciam pesadas demais, provavelmente os equipamentos e a câmera, e Louis estava dividido entre admirá-lo porque Harry parecia forte daquela maneira, segurando tantas coisas e ainda mantendo aquela pose durona ou brigar com ele porque ele parecia simplesmente magro demais e também o problema em sua coluna não havia exatamente desaparecido.
- Ei, Haz. - ele o chamou, aparecendo na frente do fotógrafo como uma assombração. E se Harry lhe disse para não o chamar mais assim ele não estava o obedecendo. - Como foi o casamento?
Harry parou assim que cruzou as portas e respirou fundo, esperando os olhos se acostumarem com a diferença de luz já que lá fora o sol estava bem forte. Ele limpou o suor que escorria da sua testa e passou na blusa.
- Bom, foi tudo legal. - ele disse mecanicamente, olhando a sua volta e encontrando Liam e Zayn abraçados. Ele ergueu uma sobrancelha para os dois e bateu palmas.
- Estava dando uma surra no Liam, quer ver? - Louis perguntou agitado, ansioso. Ele queria passar algum tempo com Harry.
- Depois. - O maior negou, ajeitando as malas nas costas e apontando para o elevador. - Estou morrendo de cansaço. Vou deitar um pouco, ok? Tentem não serem expulsos do hotel.
E não havia muito o que Louis pudesse fazer para falar a verdade. Geralmente depois de um ensaio, Harry sempre estava cansado ou com dor de cabeça. E se ele continuasse insistindo, provavelmente o fotógrafo daria uns gritos em seu ouvido e não era bem o que ele tinha em mente.
Então ele deixou Harry ir dizer nada, se perguntando se isso se tornaria rotina.
xx
Depois que ele se cansaram de jogar vídeo-game, subiram para os quartos e Zayn bateu na porta de Harry para ter certeza que o mesmo já estava acordado.
Em dois dias, eles quase não passaram nenhum tempo juntos, e apesar daquela não ser a ideia principal da viagem, ainda assim ele queria estar perto do fotógrafo o máximo que ele podia.
Louis estava sentado entre as pernas de Liam, descansando a cabeça em seu peito enquanto o escritor jogava algum jogo com bombinhas em seu celular.
- Harry, podemos pedir comida japonesa? - o adolescente perguntou quando Harry passou por ele a caminho da cama. Ele tossiu fraco porque aquele hábito de Harry e Zayn de fumarem dentro do quarto já estava o irritando. O cheiro ficava todo nele, em suas roupas.
O fotógrafo olhou desconfiado, não era a primeira vez que Louis fingia uma coisa que não sentia só porque era um mimado insuportável. Mas quando Liam tossiu também, Harry voltou um pouco e abriu mais a porta para arejar o ar. - Por quê está perguntando pra mim? - ele questionou ao adolescente, finalmente voltando para a cama.
O cansaço do dia não havia passado mesmo com o sono que ele tivera. Definitivamente casamentos eram chatos e tediosos e Harry odiava todas as pessoas que fingiam felicidade.
- Porque você quem vai pagar. - Louis sorriu cínico, pegando o braço livre de Liam e passando pela cintura, não dando a mínima para Zayn quando o mesmo resmungou.
E daí que eles estavam namorando? Louis estava triste e carente. Ele merecia os abraços de Liam mais do que Zayn.
- Zayn disse que queria comida mexicana, Liam quer pizza, e eu quero japonesa. - o adolescente contou nos dedos, já sentindo seu estômago reclamar de fome. Eles já haviam entrado no consenso que a comida do hotel era fina demais para eles. - O que você quer?
- Eu quero pizza. - Harry respondeu, e Louis ameaçou sair do colo do escritor, então antes que ele começasse a reclamar, o fotógrafo continuou: - Eu peço japonesa pra você e mexicana para o Zayn. Todos ganhamos no final.
O tatuador se pronunciou, com malícia na voz. - Cara, você deve ter ganhado muito dinheiro.
- Eu ganhei, na verdade. Quase o que eu geralmente ganho durante o mês inteiro.
- É? - Zayn lambeu os lábios. - Quem você teve que foder?
Harry apenas revirou os olhos. Se dependesse dele ter que foder alguém para ganhar algum dinheiro, ele estaria morando debaixo de uma ponte qualquer, definitivamente.
- Zayn.
O tatuador não o perturbou mais, o que era algo definitivamente estranho para ele. Zayn era sempre aquele poço de escárnio e provocação o tempo inteiro. Harry esperava que Liam soubesse adestrar um cachorro, ele precisaria das habilidades para colocar Zayn na linha.
Quando a comida chegou, o fotógrafo não se surpreendeu minimamente com Louis comendo somente a pizza e deixado os sushis de lado. Ele até mesmo torceu o nariz para o cheiro que subiu quando eles abriram as caixas.
- Eu pensei que você odiasse comida japonesa. - Harry chamou a atenção do adolescente que apenas deu de ombros como resposta. E se Harry não queria pegar todos aqueles sushis e tacar na cara do adolescente. - Você disse uma vez.
- Eu odeio. - Louis confirmou, ainda com uma expressão indiferente, dando uma mordida no seu pedaço de pizza. - Mas sempre acabo comendo e eu só queria contrariar Zayn mesmo.
- Meu dinheiro não é capim.
- Você comprou porque você quis.
- Mimado do caralho.
E sem a menor intenção de provar o contrário, o adolescente foi engatinhando até estar ao lado de Zayn e pegou um burrito, gemendo quando deu a primeira mordida, sentindo o gosto apimentado gostoso na sua boca.
Ele encarou Harry com um sorrisinho de canto só porque ele podia implicar e porque sabia que não havia nada que ele pudesse fazer.
O fotógrafo estava sempre reclamando, dizendo não não não e no final, ele acabava fazendo tudo o que Louis pedia, então não era sua culpa que ele estava sim se tornando um mimado do caralho. Era culpa de Harry por mimá-lo.
- Você não vai comer, vai? - Zayn perguntou de boca cheia, fechando a caixa com a comida japonesa. Ele verdadeiramente odiava aquele cheiro. O dava ânsia de vômito.
- Eventualmente, eu irei.
- Eventualmente eu irei. - o tatuador o imitou, com escárnio, revirando os olhos. - Você aprendeu essa palavra ontem ou que? Quantos anos você tem?
Louis fez uma careta confusa e terminou de mastigar para respondê-lo. - O que você tem a ver? - ele se virou para Liam. - Eu tenho um vasto vocabulário, certo, Liam?
O escritor engoliu em seco, pego de surpresa. - Mais ou menos, sim.
Harry limpou a boca com o guardanapo e esticou as pernas, balançando o pescoço de um lado para o outro. - Quando você descobre uma palava nova, você usa tanto que ela meio que perde o sentido.
- Isso não é verdade. - Louis teimou, odiando a forma como o fotógrafo falava, com aquele ar de superioridade, como se fosse o dono da verdade.
Ele estava começando a ficar com raiva.
- No cartão que você me deu de aniversário, tinha dez palavras e metade delas era 'obviamente'. - Zayn riu com Liam, apontando para o adolescente e mexendo em seu cabelo para irritá-lo.
- Até o meu vocabulário é melhor do que o seu, moleque.
Quando Harry concordou com o tatuador, foi quando Louis se sentiu extremamente acuado e intimidado. Ele pensara que aquele época já havia passado, que eles não olhavam mais pra ele como uma criança burra e estúpida. Por mais difícil que Louis fosse, e ele admitia que às vezes ele era muita coisa para lidar, mas ele não menos do que os três ali.
Não mesmo.
- Não me chama de moleque. - ele apontou para Harry e depois para Zayn, se levantando irritado e procurando o celular pelo quarto. - E não me chama de burro.
- Quando foi que eu fiz isso? Eu -
- E daí que eu não tenho um diploma? - Louis não deixou que Zayn terminasse, interrompendo-o no meio da sua fala. Ele não queria ouvir mais. - Isso não me faz mais burro do que vocês.
- Ninguém aqui disse isso. - Harry tentou dizer, pegando no pulso fino de Louis antes que o adolescente passasse por ele em direção a porta.
As coisas mudavam tão drasticamente sempre que eles estavam juntos, que às vezes Harry tinha dificuldade de se situar. A intensidade de Louis sempre o pegava de surpresa.
- É o que o parece. - ele disse furioso, expirando fundo para tentar se acalmar, fazendo um bico nos lábios ao olhar para a mão quente de Harry em seu pulso. - Me solta, eu quero ir embora.
- Não fica chateado. - Liam pediu, a voz doce. - Só estamos brincando com você.
Louis estava cansado daquelas brincadeiras. Ele estava cansado de tudo, na verdade.
- Lou, nós não damos uma merda pra isso, você sabe. - o escritor tentou novamente, até mesmo se levantou de onde estava para passar a mão pelo cabelo do adolescente, afetuoso.
Ele sabia que Louis não estava daquele jeito pelo que disseram, e sim por um acumulo de sentimentos. E quando o adolescente não sabia como controla-los, ele explodia.
Não era a primeira vez.
- O que eu sei é que vocês não só me tratam como se eu fosse incapaz de entender vocês porque 'oh, muito intelectuais, muito mesmo' e então eu estou o tempo todo sendo chamado de criança e então de idiota, ou algo assim. - o adolescente fungo, fazendo um esforço sobre humano para não chorar, mas ele se sentia tão triste e sufocado, como se algo estivesse contra o seu coração, o impedindo de respirar.
- Pedimos desculpas se isso te ofendeu. - Zayn bufou, impaciente, fazendo uma reverência fora de hora e sem sentido.
Só serviu para deixar Louis ainda mais puto.
- Vai se foder, Zayn. - o adolescente murmurou, finalmente se desprendendo do toque de Harry, porém antes que ele conseguisse escapar, o fotógrafo estava lá novamente.
- Louis...
- Falar meu nome desse jeito não vai me fazer ficar. - o menor fechou os olhos, pesado. Ele queria seu lugar seguro mais do que nunca naquele momento. Sentar quietinho, chorar e esquecer que o mundo existia. Esquecer que Harry existia. - Você precisa aprender a deixar ir quando eu disser pra deixar ir.
E bem, ele não pensou que Harry faria qualquer outra coisa.
xx
Depois de muito debate e dois cigarros fumados, Harry decidiu ir atrás de Louis. E não porque ele estava com peso na consciência ou qualquer merda do tipo. Mas porque infelizmente, ele não conseguia não escutar as palavras que Louis proferira quando estavam no terraço, ainda em Londres.
As vezes que ele dissera que não gostava de estar triste sozinho, e especialmente quando dissera que queria estar onde o fotógrafo estivesse.
Como era suposto Harry esquecer isso?
Ele o procurou em todo canto do hotel. No quarto de Liam e Zayn, nas escadas de emergência, no saguão, até mesmo no maldito SPA.
Mas lá estava Louis, sentado na borda da piscina, com os pés balançando na água. Ele tinha o vento balançando seus cabelos e parecia soluçar baixo. Mesmo de costas, Harry conseguia ver os tremidos em seu corpo.
E ele não queria, ele realmente não queria se sentir mal toda vez que ele via Louis mal. Era como uma maldita força da natureza e de repente, o fotógrafo se via fazendo tudo o que ele jamais se imaginara fazendo.
Como se aproximar lentamente, sentando junto dele, abrindo as pernas e colocando o braço firme na cintura de Louis, apenas caso o mesmo se assustasse, então Harry o estaria segurando.
O toque era íntimo e tudo o que Harry não queria fazer. Ele não queria inspirar seu cheiro doce tão de perto e ter aqueles pensamentos conflituosos e desgastantes, ele queria evitar se aproximar de Louis desse jeito, mas era impossível.
Harry não conseguia deixa-lo ir.
Louis repousou a cabeça contra o peito de Harry instantaneamente, como se ele fosse um íma e Harry, o metal. Quer dizer, ele não precisava se virar para saber que era Harry ali. Tinha o seu cheiro e o seu jeito. E o seu toque que Louis reconheceria, porque ele era um pouco bruto e ao mesmo suave, segurando Louis como se fosse algo precioso. Esse era o toque de Harry.
- Você sabe que a última coisa que queremos é machucar você, certo? E não é porque somos mais velhos ou temos uma porra de um diploma que nos achamos melhores do que você. Você já nos conhece o suficiente para saber disso. Tem outra te incomodando e você usou o que aconteceu como um pretexto para explodir. Você vai jogar isso em mim ou...?
A voz de Harry rouca e bonita contra seu ouvido era uma distração e ele não necessariamente prestou atenção no que o maior estava falando porque o corpo de Harry vibrava com cada palavra que dizia que Louis sentia no seu próprio, e era uma sensação tão gostosa.
Estar próximo do fotógrafo daquela forma era uma sensação gostosa.
Porque Harry nunca o abraçava primeiro, ele nunca se mostrava primeiro e quem Louis queria enganar? Ele daria mais dez chiliques daqueles se Harry fosse abraça-lo toda vez.
- Ou. - ele se lembrou de responder quando o fotógrafo apertou levemente sua cintura.
E ele não ligava para mais nada que tivesse acontecendo no mundo naquele momento. Ele só se importava com o toque de Harry em sua cintura e o pôr do sol a sua frente. Os tons de laranja ocupando o céu inteiro enquanto a estrela maior dava seu tchauzinho para eles.
Era exatamente como ele havia sonhado todas aquelas noites.
Com o pôr de sol e com Harry.
Mas das duas coisas, só uma era real naquele momento.
Então porque ele queria ver o rosto do fotógrafo uma última vez por aquela ótica antes que ele colocasse tudo a perder com a sua declaração, ele virou o rosto para encará-lo. O coração falhando uma batida pois a beleza de Harry nunca não o impressionava.
Os pelinhos que cresciam pelos dias que o maior não fazia a barba, os lábios rosados e fofinhos que deixavam Louis a beira da loucura; os olhos mais bonitos que já olharam pra ele, apenas... Harry. E ele somente.
E quando o olhar do fotógrafo saiu do céu para o seu rosto, Louis prestou atenção na íris se mexendo lentamente e então ele percebeu.
Foi naquele momento que Harry descobriu.
xx
Harry não sabia o que estava acontecendo na porra da sua cabeça.
Exceto a parte do tumor, claro.
Mas antes que ele pudesse avaliar o que era certo e errado, e o que ele realmente deveria fazer para que aquela situação não ficasse ainda mais fodida, ele deitou na cama ao lado de Louis. Na verdade, muito mais próximo de Louis do que ele gostaria. O suficiente para conseguir sentir a respiração do adolescente em seu rosto.
Louis estava com os olhos abertos e se Harry perdesse mais um segundo do seu tempo o encarando, ele notaria algo como um pouco de esperança refletidos nele.
Harry não olhou.
Porque ele sabia que no minuto que ele olhasse, tudo se tornaria verdade e ele não estava pronto praquilo. E Louis também não. Por mais que ele não o olhasse mais como uma criança chata e mimada e sim como um adulto que consegue encarar as coisas, porque era o que Louis era. O tipo de responsabilidade que ele carregava e as coisas que ele tinha que lidar, Harry não podia se tornar uma delas.
Ele não queria ser um fardo pra ninguém.
- Não sei o que você quer que eu diga. - ele começou, a voz assustadoramente controlada, tentando focar em um ponto especifico do cabelo do menor. - Não é isso o que você estava esperando e acho que te conheço o suficiente para saber disso. Provavelmente você já está com o nosso casamento marcado ou alguma merda assim. - ele riu fraco, balançando a cabeça porque ele tinha certeza que Louis estava planejando o enxoval dos seus filhos.
E porra, aquilo atingiu Harry com força porque... Porque ele não sabia se teria um futuro, quem dirá filhos ou uma droga de um casamento.
Ele não sabia se acordaria amanhã ou no dia seguinte, ou no próximo. Se sua cabeça fodida ia explodir de uma vez e seu sangue acabaria respingando nas pessoas ao seu redor. Não era fácil ter que lidar com aquela merda o tempo todo mas saber que seus amigos passariam pela mesma coisa era ainda pior.
E Louis... Harry não conseguia nem terminar o seu pensamento.
- Sou um maldito filho da puta fodido. - ele continuou, dessa vez olhando brevemente para o adolescente e só porque como ele já esperava, Louis estava chorando. Fraco como quem sabe que não deveria. - Você não sabe de tudo, mas sabe o suficiente. Eu odeio Aiden mas acho que ele seria um cara melhor pra você do que eu, levando em conta que-
- Não quero Aiden. - o adolescente o interrompeu fraco, limpando as lágrimas com as costas da mão e lambendo os lábios. - Não estou mais com Aiden, nós terminamos, eu terminei. Não, não quero mais ficar com ele. - ele concluiu baixo, sua voz era quase um sopro e Harry estava quase arrependido por ter iniciado aquela conversa estúpida.
Ela não os levaria a lugar nenhum.
- Que seja, pode não ser Aiden mas deve ter um cara pra você aí fora, alguém que vai ser bom pra você. - Harry puxou fôlego porque sinceramente, falar com Louis sempre era difícil mas quando o adolescente estava chorando era ainda pior. - Eu não sou o que você precisa, garoto, não vou te tratar do jeito que você quer e você sabe disso. Não sei o que estava pensando com toda essa história e o que você pensou que ia acontecer, mas o que quer que seja, não vai.
Louis mordeu os lábios tão fortes que um filete de sangue escorreu e ele passou a língua por cima, o gosto amargo na boca. Ainda assim era mais doce do que as palavras de Harry.
- Você gosta de mim?
Harry piscou rápido duas vezes, surpreso pela pergunta. Ele deixou a voz de Louis ecoar algumas vezes na sua mente fodida e pensou na melhor resposta.
- Não é sobre isso, é sobre-
- Você gosta ou não gosta? - o adolescente levantou, se sentando na cama e retirando os lençóis que o cobria. Ele olhou para Harry que pela primeira vez na noite teve coragem de olhar em seus olhos. - Assim, do jeito que está agora, me diz se você gosta de mim ou não. - ele exigiu, cansado, sem dar alternativa para o fotógrafo.
Quem ele pensava que era pra dizer com quem Louis deveria ou não ficar? De que tipo de pessoa ele precisava ou não?
Louis já tinha decidido isso há um tempo, ele não estaria mais deixando as pessoas assumirem o controle da sua vida. Não mais. Se Harry não queria ficar com ele, porque não gostava dele ou por qualquer outro motivo, que fosse. Mas ele não iria deixar que Harry projetasse nele os motivos para isso.
Ele ouviu o fotógrafo suspirar profundamente e passar as mãos pelo rosto nervosamente. Era um ato que ele costumava fazer quando estava sem paciência com ele e Zayn e queria gritar. Era o seu 'choro por ajuda'.
Louis esperou alguns segundos que pareciam horas, seu coração batia descompassado e ele começara a sentir frio nas pernas, mas ele não estava se movendo até Harry dar alguma resposta.
- Você sabe. - foi o que Harry disse, e Louis o encarou confuso porque aparentemente o maior estava sempre dizendo que ele era burro e estúpido e assumindo secretamente que Louis sabia sobre tudo.
O quão mais contraditório ele conseguiria ser?
- Não sei, Harry. Não tenho como saber, você... - ele inspirou pesado, fechando os olhos por um momento, sentindo vontade de voltar a chorar. Não era o momento agora. - Você não me conta nada, nunca. Todas as vezes que eu tento saber sobre sua vida, sobre seu passado você me conta só o raso, o que está em cima. Não me deixa entrar, não me deixa ver de verdade.
O fotógrafo deu um riso fora de hora, totalmente descontrolado e seguiu os passos do adolescente, sentando-se na cama também. - Te contei o que eu tinha para contar, o que eu queria que você soubesse, coisas que ninguém sabe além de vocês três.
- Por quê está falando sobre isso? - Louis o questionou. - Não quero saber de Zayn ou Liam, não quero saber se você roubava quando era adolescente ou quando você teve uma overdose. Eu quero saber como você se sente. Como você se sente sobre mim.
- Eu não sei falar palavras bonitas, Louis. Esse não sou eu.
Louis gemeu frustrado porque ele e Harry pareciam sempre estar falando idiomas diferentes.
E ele se sentia muito sobrecarregado com aquelas emoções que transbordavam do seu peito, ele não conseguia controla-las. Tinha sido semanas difíceis, com aquele sentimento de insuficiente no peito, medo de ser desprezado e abandonado porque no fundo, ele sabia que aquele momento seria crucial para a sua vida.
Se Harry dissesse que não, Louis sabia que teria que deixa-lo ir.
Não havia como continuar ao seu lado com apenas uma amizade que parecia sequer ter sentido mais.
Quando ele não teve nenhuma resposta, ele entendeu que aquela era a sua resposta e respirou fundo, tentando não se embaraçar ainda mais e deixar Harry ver o quão abalado ele estava, mas quando ele ia se levantar da cama, sentiu a mão grande e quente contra sua coxa.
- Eu não me metia em uma briga que não era minha há anos. - o fotógrafo disse, fazendo Louis virar o pescoço para encará-lo. Surpreendentemente, Harry estava com um sorriso no rosto. - A última vez foi quando um cara da minha faculdade falou mal do cabelo de Zayn.
O adolescente franziu o cenho porque... Do que diabos Harry estava falando agora?
- Não dou conselhos também, disso você sabe, sou realmente péssimo com as palavras. E eu... Eu não deixo estranhos dormirem na minha cama, não falo sobre a minha família, eu não tomo conta de crianças, Louis.
Fez-se um silêncio no quarto por apenas alguns segundos. Louis conseguia sentir o peso das palavras de Harry no ar mas ele ainda não conseguia entender aonde o fotógrafo queria chegar com aquilo.
- Sabe o que eu mais não faço? - Harry arqueou uma sobrancelha, apertando levemente a coxa do menor quando Louis não o respondeu. - Huh?
- Não sei...
Harry mostrou os dentes num sorriso que Louis verdadeiramente não estava acostumado. Ele nunca sorria daquele jeito. Nunca.
- Monto árvores de natal.
O adolescente encolheu os ombros.
- Você montou comigo. - ele sussurrou.
- E o que mais eu fiz com você? - Harry o pressionou. - Menti para um dos maiores traficantes de Londres por você, levei alguém na minha moto depois de anos. Droga, Louis, eu gastei mais de cinco mil libras numa viagem fodida por sua culpa.
Louis piscou tão forte que as lágrimas desceram pelo seu rosto sem que ele pudesse impedi-las e quando ele se deu conta, já estava soluçando alto e descontrolado, com a mão tentando escondê-lo daquela vergonha que o deixava ainda mais triste porque ser rejeitado doía, mas ser rejeitado por Harry partia o seu coração.
- Sabe o que é pior? - ele ouviu a voz do fotógrafo ao longe, ainda imerso no seu próprio mundo feio, vazio e sem Harry. - Eu não sei se eu me arrependo de nada disso.
Engolindo em seco, o adolescente tirou a mão do rosto e encarou o maior, tremendo dos pés a cabeça, com medo de ter entendido errado. Que Harry fosse começar a gargalhar na sua frente e dizer algo como 'hora de dar tchau', deixando-o sozinho novamente.
Ele só entendeu que não estava ficando maluco, quando sentiu as mãos de Harry na sua cintura, o levantando como se não fosse nada e o colocando sentado em seu colo.
E quem diria que o toque mais suave de Harry seria limpando as suas lágrimas.
Louis ainda achava que teve uma morte sem dor alguma e estava no paraíso.
- Você faz as perguntas e não aguenta ouvir as respostas. - o fotógrafo murmurou, terminando de secar o rosto de Louis enquanto sua outra mão repousava contra a coxa do adolescente.
Ardia e queimava a pele onde a de Harry encontrava a sua mas para Louis soava como o toque de Midas.
Ele tentou se acalmar aos poucos e era difícil porque ele estava sob o olhar de Harry que era, no mínimo, intimidante. Mesmo no escuro da noite.
- Eu gosto de você. - o fotógrafo disse por fim, ajeitando a franja que caia bagunçada na testa do adolescente. - Não faço ideia do que porque, mas eu gosto. Você é... É tudo o que eu sempre pensei que não gostaria. Chato e mimado e incrivelmente irritante. Eu quero te dar uns tapas na maior parte do meu tempo. - Harry riu, as covinhas a mostra e Louis finalmente teve uma reação, colocando os braços ao redor do pescoço do fotógrafo, tremendo. - Você vai parar de chorar agora?
- Você gosta de mim? - ele questionou ainda um pouco atônito, sem acreditar. Era como se tivesse uma orquestra tocando ao som do canto dos anjos, era... Era o paraíso para Louis.
Harry torceu o nariz, apertando a cintura do menor. - Você ouviu da primeira vez.
- Quero ter certeza.
- Quer? - o fotógrafo sussurrou e só porque ele sabia que Louis queria que tudo acontecesse como se ele tivesse em um maldito conto de fadas, ele se permitiu a ser clichê pelo menos uma vez na sua vida.
E definitivamente seria a última.
Ele aproximou seus rostos, colando seus peitos completamente e esfregou o nariz contra o nariz do adolescente e nem ele acreditava que estava fazendo aquilo.
Mas ao ouvir a risada alta e escandalosa de Louis, ele caiu em si e colocou seus pés no chão. E era tão estranho fazer algo pensando na felicidade da outra pessoa, não era a sua realidade.
Harry sabia que ele era extremamente individualista e raramente colocava as necessidades das outras pessoas à sua frente mas com Louis... Merda, com Louis era simplesmente diferente.
Ele se permitiu viver aquele momento e o que tivesse que acontecer depois daquilo, ele pensaria depois. Tempo era algo que ele não tinha mas decidiu que iria usar o lado direito do seu cérebro uma vez antes de morrer.
Assim, ele subiu com uma mão da cintura até o pescoço de Louis e colou seus lábios. Um pouco agressivo demais, ele sabia, mas ele estava com fome e com sede, ele queria sugar e tomar pra ele tudo o que Louis tinha para oferecer.
Os sons mais bonitos e os choramingos que iam direto para o meio das suas pernas.
Louis beijava de uma maneira quase inexperiente, se Harry não soubesse de Aiden, ele juraria que aquele era o primeiro beijo do adolescente.
Seus lábios finos se moviam de forma desleixada e ele enroscava a língua na do fotógrafo sem deixa-lo fazer nada, ansioso demais.
Quando o beijo finalmente encaixou e Harry conseguiu imprimir o ritmo que ele queria, ele finalmente entendeu.
Se desse certo de primeira não seria ele e Louis.
O fotógrafo puxou o adolescente ainda mais pra perto e lambeu sua boca inteira, sugando os lábios finos fortemente e se deliciando com os sons que Louis emitia, parecendo tão submerso no beijo que tudo o que ele conseguia fazer era receber a língua de Harry e pedir silenciosamente por mais.
Eles se afastaram aos poucos e Harry não estava realmente esperando nada diferente quando Louis simplesmente se recusou a sair do seu colo e enfiou o rosto em seu pescoço, agindo como uma maldita criança de colo.
Ele riu pra si mesmo porque... Porque ele não tinha ideia do que estava acontecendo e apesar de tudo, ele estava feliz.
Era estranho.
Era quase surreal.
Como uma flor nascendo no meio de duas pedras.
Ele já havia escutado aquilo antes.
- Eu também.
- Huh? - ele se ajeitou na cama, esfregando as coxas do adolescente.
Louis se afastou para poder encarar os olhos verdes bonitos de Harry. Ele havia esperado tanto por aquele momento.
- Também gosto de você.
Harry riu, jogando a cabeça pra trás. - Se você não dissesse...
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.