Outono de 2018 – San Francisco, Califórnia - Nova Realidade.
Duas semanas depois, Oakland, do outro lado da baía de San Francisco.
— Bom dia senhor! – disse, o agente K, para o homem de terno sentado na mesa à sua frente.
— Bom dia K. – respondeu, simples.
— Temos novidades senhor. – continuou, K, reportando os últimos acontecimentos ao seu superior — Pelo que pudemos observar mais recentemente, Isadora e Camila estão se aproximando cada vez mais, mas ainda acho que vai levar um pouquinho de tempo para que a conexão entre as duas se torne um pouco mais forte. – completou, continuando seu raciocínio.
— Tenho ciência disso K, precisamos tomar algumas providencias para que as duas se aproximem mais rápido, está escrito na linha do destino das duas, mas isso também não pode esperar muito tempo! – explicou, o homem de terno.
— Olá, bom dia! – exclamou, J, para K e o superior de terno, ao entrar na sala logo em seguida.
— Olá J, bom dia! Eu estava explicando o chefe nosso último relatório de campo sobre a Camila e a Isadora, mas ambos acreditamos que apesar de estarem se aproximando mais ultimamente, ainda está um tanto devagar... – disse, K, fazendo gestos com as mãos e uma careta de decepção — Então ele sugeriu que a gente tomasse alguma providência mais imediata quanto a isso, tem alguma sugestão? Eu estou meio sem ideias.
— Entendo... – disse, J, enquanto coçava seu queixo ao pensar numa solução — O Halloween está mais próximo e sabemos que a Camila gosta dessa época do ano, até por que é bem próximo da sua data de aniversário, então... por que não fazemos algo que envolva algum medo dela e colocamos a Isadora no momento certo para agir? – concluiu, J, enquanto apontava seu indicador destro para o alto, junto de uma expressão animada em sua face.
— Muito bom, gostei da ideia J! – disse o homem de terno, com um leve sorriso de boca — Refinem mais esse pensamento e coloquem a tática em prática, quero ver resultados! – concluiu.
— SIM SENHOR! – disseram, os agentes, em uníssono.
— Enquanto isso, vou continuar analisando o comportamento da Mason, pois já percebi que a aproximação dos nossos alvos vai fazer com que ela provavelmente cause problemas. – disse, o homem de terno, enquanto analisava alguns papéis sobre sua mesa — Podem se retirar e tenham um bom dia! – completou, falando com seus agentes e recebendo um aceno com a cabeça como um “entendido”.
Então os dois agentes viram-se em seus calcanhares e saem da sala.
— Então, J, o que tem em mente para o plano de aproximação? – perguntou, K, curioso com o que sua parceira estava planejando.
— Bom... a Camila é uma mulher... dá pra trabalhar um pouco com coisas relacionadas a medo, como... – e coçou a cabeça, pensativa — Algo relacionado à forçar a barra, ou o medo dela de água, ou quem sabe tudo junto? – completou, questionando a si mesma.
— Olha, parece interessante esse modo de pensar, ainda mais que, como você mesma disse, está chegando o Halloween e nessa época rola muitas festas à fantasia, certo? – disse, o agente K.
— Sim e acho que já sei o que fazer! – respondeu, J, com uma expressão animada e recebendo um aceno com a cabeça de seu parceiro em seguida.
CAMILA WEAVER // CATRA
[ Na mesma semana, em San Francisco. ]
É estranho, não é?
Digo... as pessoas entram e saem da sua vida constantemente, algumas por míseros minutos, outras por anos, mas ainda assim, elas continuam entrando e saindo e é uma coisa que, muitas das vezes, é totalmente fora de nosso controle.
Algumas acabamos conhecendo mais profundamente, outras de uma forma mais superficial, umas parece que você conhece faz uma eternidade mesmo tendo acabo de conhecê-las, enquanto outras você conhece faz anos, mas ainda assim não sabe nada direito sobre suas vidas, afinal, cada pessoa tem suas múltiplas facetas, tanto aquelas que escolhem compartilhar com os demais à sua volta, tanto outras que preferem esconder e manterem para si só.
Mas por que eu estou falando isso, você deve se perguntar, certo?
Bom, obviamente que envolve a Adora.
Desde que finalmente convenci ela de começarmos a fazer o trabalho, a gente tem se encontrado casualmente com mais frequências no café da amiga dela e, além disso, acho que por reflexo dessa aproximação, deixamos de ser totais estranhas uma para a outra na escolar e deixamos um pouco nossos atritos de lado.
Ainda não posso dizer que somos amigas, tão menos falar que posso contar com ela para o que quer que seja, mas ao menos já passamos para a fase do “oi, tudo bem?” ao cruzar uma com a outra pelos corredores da escola. Outro dia eu até fiquei um pouco surpresa, pois estava numa das aulas de prática do nosso time amador de baseball e pude perceber que ela estava na arquibancada do campo, junto das demais pessoas que assistiam ao treino, sempre acompanhada de seu fiel laptop.
Sim, ela não largava o objeto e parecia digitar nele constantemente, mas cheguei a perceber que algumas vezes ela olhava para o campo em minha direção. Quando acabou o treino eu cheguei a pensar em procurar ela para dizer o “oi” que fosse, mas ela já tinha se retirado de lá.
De qualquer forma, ela ainda é uma pessoa que me intriga, pois ainda me parece ser tão fechada para tudo e todos só se mostrando mais alegre perto daqueles dois amigos bobões dela que eu nem lá sei o nome ainda, mas quando não é com eles, a seriedade e o mistério tomam conta de sua personalidade.
Outro dia mesmo, dentro do ginásio, eu estava observando ela treinando esgrima e pude perceber que, mesmo ali, ela continuava séria e centrada no que estava fazendo. A treinadora Cheetara chegou a comentar comigo que ela tinha começado a agir assim de uns anos para cá e que chegou até a achar um pouco estranho, mas preferiu não se intrometer, já que sabia que a Isadora tinha grande influência na escola e não queria se pôr em apuros por causa disso. Parece que as pessoas aqui têm medo dela. Ok, tá certo que ela é uma mulher alta e imponente, além de ter um corpo atlético de dar inveja a qualquer um, mas não acho que esse seja o motivo, as vezes as pessoas só não a conhecem direito mesmo por ela ser tão fechada para todo mundo.
Estávamos sentadas separadas em mais uma das aulas que compartilhamos e o sinal do intervalo do almoço toca, então resolvo me aproximar e tentar falar com ela.
— Hey Adora! – disse, num tom simpático, enquanto colocava a mão esquerda em seu ombro direito!
— Ah, oi, Catra! – ela respondeu, um pouco assustada.
— Desculpa se te assustei, não foi a intenção! – disse, coçando atrás da cabeça, sem graça — Só vim querer saber se queria almoçar junto comigo, quem sabe falar mais do trabalho da outra disciplina?
— Ah sim... é, acho que tudo bem! – ela respondeu, simples, ao mesmo tempo que se levantava e colocava suas coisas em sua mochila, jogando uma alça em seu braço em seguida — Vamos?
— Sim, vamos! – respondi, pegando a minha mochila em seguida e me retirando da sala acompanhada da loira.
Chegando ao refeitório, depois de passar pelos longos corredores do prédio que estávamos, vejo de relance que muitas pessoas estão com seus olhares, mesmo que discretos, virados para nós. Alguns até expressavam surpresa, talvez pelo fato de que não faz muito tempo, a loira e eu trocávamos farpas constantemente, mas agora até que estávamos conseguindo aturar uma a outra, mas uma pessoa em específico me olhava de uma forma que parecia que poderia me matar só com os olhos. Scorpia.
Eu ando percebendo que ultimamente, desde que comecei a fazer o trabalho de classe com a Isa... digo, a Adora, a Scorpia tem me evitado algumas poucas vezes, outras ela só fica me olhando como se fosse me matar e outras mais ela fica falando coisas com sarcasmo para mim. É evidente seu ciúme, mas não é algo que eu possa fazer nada, eu tenho uma amizade longa com ela e não é por eu me aproximar de outra pessoa que isso vai mudar, mas eu acho que sei muito bem o motivo todo desse ciúme e eu realmente não acho que gostaria de saber a resposta diretamente da boca dela. Afinal, para mim, a Scorpia é só a minha amiga.
O problema é que eu imagino que alguns desses olhares possam incomodar a Adora, principalmente os vindos da Scorpia, já que sei bem por algo que ambas têm uma história que eu ainda não sei os detalhes, além do mais, está certo que não podemos nos chamar de amigas ainda, ou se poderemos um dia, não sei quase nada sobre a Adora além do que ela me demonstra em nossos pequenos encontros casuais para falarmos mais do nosso trabalho escolar, mas definitivamente eu não quero causar qualquer tipo de incômodo para ela.
— Sua guarda-costas não para de olhar para cá! – disse, Adora, quase que sussurrando enquanto mordia um pedaço do sanduíche em suas mãos, me tirando do transe em que estava.
— Minha o que? Ah, sim... – respondi, estapeando levemente a testa em seguida — Ela não é meu guarda-costas, não fale dela assim! – completei, revirando os olhos em seguida.
— Desculpe, não pude evitar! - ela respondeu, soltando um rápido sorrisinho em seguida.
— Vocês realmente não se gostam, né? – questionei a loira sentada à minha frente, enquanto tomava um gole do suco de melancia em minhas mãos.
— Isso é bem óbvio, né? – respondeu, a loira, dando com os braços em seguida.
— E você não vai me explicar o motivo? – questionei, me inclinando mais pra cima da mesa e apoiando minha cabeça em minhas mãos enquanto minha cauda balançava curiosa em minhas costas.
— Você é fofa, realmente parece um gatinho curioso agora! – ela respondeu, tirando uma gargalhada rápida de mim — Mas por que você quer tanto saber o motivo?
— Bom, eu conheço ela faz mais de dois anos e estou de conhecendo agora, Adora, então eu não sei o que vai ser de nós duas quando terminarmos esse trabalho escolar, mas eu gostaria que não houvessem birras nas pessoas à minha volta, afinal, você e eu... – eu disse, fazendo um gesto com a mão, apontando para ela e então para mim — ... de certa forma estamos nos conhecendo mais ultimamente, não?
— É, você tem razão! – ela responde, se inclinando de lado sobre a mesa enquanto mordiscava a unha de seu polegar esquerdo, ao me observar.
— E então? Sou toda ouvidos... – eu disse, ao mesmo tempo que minhas orelhas se viram para a loira afim de não perder nenhum detalhe.
— Bom... não é novidade para ninguém, muito menos para você, que a Mason é uma mulher grande, forte e bonita e que adora que os holofotes estejam virados para ela, certo? – ela começa e eu assinto com a cabeça dando sentido para que ela continuasse — Então, ano passado, tinha uma pessoa que eu gostava muito aqui na escola e a gente começou a se envolver e tudo mais, quase chegamos a namorar e eu digo quase por que algo aconteceu...
— Scorpia... – eu disse, recebendo um aceno com a cabeça vindo da loira.
— Com essa parada dela querer os holofotes para ela e sabendo que eu tinha popularidade na escola, até pela tal influência que tenho aqui que eu já te disse, ela começou a ficar com ciúmes de eu me envolver com essa pessoa e passou a se intrometer em nosso relacionamento. – ela disse, apertando os lábios em seguida, como se estivesse um pouco incomodada e não sabia se realmente continuava o assunto — Então ela ficou falando de mim pelas costas para essa pessoa, começou a se aproximar demais dela, dando palpite onde não era chamada e essas coisas de gente que gosta de provocar o caos, sabe? Quando menos reparei, a pessoa que eu gostava terminou comigo e uma semana depois, estava saindo com a Scorpia e eu ainda fiquei com fama de má pessoa. Claro que, se eu fosse uma má pessoa, eu poderia ter usado da minha influência aqui e ter retirado ela da escola, mas eu odeio usar disso e prefiro usar para ajudar as pessoas, então eu só me fechei mais do que já era com qualquer um e cortei qualquer laço com a Scorpia e a outra pessoa.
— Nossa, que troço complicado! – respondi, com uma expressão de espanto — Eu soube por alto que a Scorpia estava saindo com uma menina no ano passado, mas que não foi muito longe disso. Era ela? – completei, recebendo um aceno de cabeça da loira em seguida.
— Desculpe não falar logo de cara que era uma mulher, eu meio que não falo muito para as pessoas sobre minha preferência, já que ainda hoje tem muita gente que é contra esses tipos de relacionamento. – disse, a loira, com um olhar cabisbaixo, enquanto cutucava o resto de seu sanduíche em cima da mesa com um palito de dentes.
— Não, tudo bem, eu entendo o sentimento! – respondi, mais que imediatamente, com minhas mãos levantadas em rendição — Eu também sou lésbica, mas também não fico esbravejando isso para todos os cantos não, obrigada por compartilhar algo tão íntimo! – completo, sorrindo em seguida.
— Ah, eu agradeço também, você sabe, por compartilhar! – ela responde, coçando a nuca, sem graça. — Bom, vamos indo? Já vai acabar o almoço e acabamos que não falamos nada do trabalho. – completa, já se levantando e recolhendo sua bandeja.
Então caminhamos juntas em direção à lixeira, para despejar os restos de nossas bandejas e em seguida nos direcionamos para as salas de aula.
— Escuta, Adora... – digo, chamando sua atenção.
— Sim? – ela responde, surpresa, me olhando de lado.
— Já que não pudemos falar mais do trabalho e não teremos mais aulas juntas pelo resto do dia e nem amanhã, que tal marcarmos de nos encontrarmos de novo para continuar o trabalho? – digo, enquanto me viro, me colocando à sua frente — Quem sabe, erm... tipo... lá em casa? – completo, sem graça, apertando uma das alças da minha mochila.
— N-na... na sua casa? Não tem problema? – ela questiona, espantada com o que eu disse.
— É tipo... acho que não... é mais silencioso que a cafeteria da sua amiga e a gente pode conversar melhor, o que acha? – digo, fazendo um bico ansioso.
— Bom... tá bom então... eu acho, depois te mando mensagem combinando, pode ser?
— Combinado! – respondo, animada, ao mesmo tempo que estico minha mão à frente e ela aperta — Boas aulas e até outra hora então! – completo, recebendo um aceno de cabeça dela em seguida.
Fico ali, por alguns momentos, observando aquela linda loira se distanciar enquanto caminhava para suas próximas aulas e então me viro em meus calcanhares para ir para as minhas aulas.
Ela pode ser séria e misteriosa, mas também sem jeito e fofa quando quer. Acredito que, com um pouco de tempo e paciência, eu vou acabar descascando essa “cebola” que a Adora é.
[ ... ]
Ao chegar e entrar na sala das minhas próximas aulas, vejo a Scorpia sentada em uma das mesas duplas e sento no lugar vazio do lado dela.
— Hey Scorpia, tudo bem? – pergunto, animada.
— Tudo. – ela responde, secamente, sem desviar sua atenção da parte da frente da sala.
— Tá tudo bem meeeesmo? – questiono, arqueando as sobrancelhas.
— Você ainda pergunta? – ela responde, estreitando os olhos em seguida.
— Ah qual é, o que tá rolando Scorpia? – pergunto, dando um soquinho de vele em seu ombro esquerdo.
— Você anda conversando demais com aquela loira ultimamente, não? – ela questiona, se virando levemente em minha direção, com um olhar sério e feição fechada.
— Nossa, isso tudo só por que eu almocei com ela? Se esqueceu que estou numa dupla de trabalho com ela? – respondi, um pouco ríspida e irritada.
— Não, não me esqueci – ela responde, friamente.
— Então não precisa agir assim né, afinal somos amigas, você e eu! – respondo, vendo uma ligeira expressão de surpresa misturada com decepção em seu rosto.
— Catra, quero conversar com você depois das aulas, pode ser? – ela diz, secamente.
— Pode ser... – respondo, cabisbaixa, enquanto me ajeito para prestar atenção na aula prestes a começar.
[ Mais tarde, no fim das aulas ]
Eu estava saindo da escola, passando pelos corredores longos do prédio, quando sinto meu celular vibrando. Coloco minha mão no bolso e tiro ele, desbloqueando em seguida e vejo uma mensagem da Isadora perguntando se poderíamos nos encontrar no dia seguinte para darmos continuidade ao trabalho da escola. Um rápido sorriso se faz em meu rosto ao mesmo tempo que eu respondo com um “sim, tudo bem” e guardo meu telefone em seguida.
Fico feliz que, de certa forma, devagarinho, eu estou começando a me dar bem com a tal da Isadora, começando a ver que tem mais coisa por trás daquela máscara pesada de seriedade que ela usa, mas algo me diz que minha vida não vai ser tão fácil assim como parece e, talvez, nem seja tão culpa dela.
Esse sentimento só se intensifica mais ainda quando, ao olhar para a frente, vejo a Scorpia parada na grande porta da saída do prédio da escola, à minha espera, com suas mãos dentro do bolso se seu casaco. Já suspeito o que ela queira falar comigo, meio que ando percebendo com base no comportamento recente dela, ainda mais depois que eu comecei a me encontrar com a Isadora para tratar do tal trabalho, mas por mais que eu goste muito da Scorpia e que sejamos muito amigas, uma parte de mim espera muito que o que eu estou pensando não se concretize.
— E aí Scorpia! – falo, um pouco desanimada ao parar na frente dela.
— Então, podemos conversar? – ela me diz, seriamente, enquanto eu apenas assinto com a cabeça em seguida.
Saímos dali e fomos andando pelas ruas ao redor da escola, silenciosamente, numa quietude um tanto incômoda, apenas ouvindo o barulho do vento e dos carros a nossa volta, até uma pequena praça que tinha ali perto e nos sentamos lado a lado em um dos bancos, com um pequeno espaço entre nós.
— Então, diz ai o que você quer falar. – digo, séria, sem dar muita atenção.
— O que você e a tal loira lá andam fazendo ultimamente? – ela questiona, com o olhar cerrado em minha direção.
— Ahn? Como assim Scorpia, que tipo de pergunta é essa? – repliquei, meus olhos arregalados com o espanto da pergunta.
— É oras... ultimamente tenho percebido que vocês duas tem se aproximado, até trocam algumas palavras, tem saído juntas, enquanto você só se afasta de mim e não sai mais comigo. – ela diz, colocando suas mãos nos bolsos de seu casaco novamente e olhando para seus pés.
— Scorpia, seriamente, você está com ciúmes? Se esqueceu que eu tenho um trabalho trimestral para fazer com ela e, consequentemente, precisamos nos encontrar para fazer o mesmo e por isso acabamos nos aproximando? – respondo, um pouco irritada com a atitude dela.
— Sim, eu admito que estou sim e não queria você se aproximando dela. – ela responde, falando de uma forma um tanto grossa e seca.
— Como assim? Eu sei que somos amigas faz tempo, mas você não tem o direito de falar com quem eu saio ou deixo de sair junto, Scorpia. – respondo, já em tom estressado, mas fazendo o possível para segurar a raiva.
— É isso Catra, eu não gosto dela e não quero te ver perto dela! – ela continua, agarrando e apertando meu braço esquerdo. Ela é grande, tem força, mas eu sou literalmente uma gata, se for necessário eu revido, não importa quem.
— Eu já disse Scorpia, você não tem o direito de dizer o que eu faço ou deixo de fazer, agora solta meu braço por favor? Você está me machucando! – respondo, com estresse evidente em minha voz, ao mesmo tempo em que agarro o punho do braço dela que me segura, tentando me desvencilhar do contato.
— Catra, por favor, não se aproxima dela... eu... eu... eu gos...! - a interrompo, não deixando continuar com o raciocínio.
— NÃO CONTINUE! Por favor, não continue o que estava dizendo! – disse, com raiva na voz, enquanto a olhava com as sobrancelhas franzidas, o que faz com que ela me solte — Eu já te disse que somos grandes amigas, mas é só isso, não somos mais que isso, amigas, então por favor, me respeite.
— Mas Catra!?
— Eu já disse! E além do mais, eu sei o que você fez com ela ano passado, você não tem nada a me dizer, ou o que ela me contou é verdade? – respondo, cruzando meus braços na altura do peito e minha cauda balançando raivosamente atrás de mim. Ela simplesmente abaixa a cabeça e assente — Então do jeito que ela disse é a pura verdade né, você fez o que fez e ainda tem raiva da garota? Você influenciou a pessoa que a loira gostava, falou mal da loira sem motivo nenhum e ainda roubou a menina da loira e a colocou como a vilã da para toda. – ela assente novamente com a cabeça e continua olhando para os pés — Olha... eu preciso de um tempo para colocar a cabeça Fno lugar, então por favor, me deixe sozinha só hoje. Depois nos falamos.
Me inclino para deixar um beijinho de despedida no rosto da Scorpia como fazia as vezes, me levanto, viro nos meus calcanhares e vou andando para casa, deixando para trás uma Scorpia cabisbaixa.
Era muita informação para processar ao mesmo tempo, Scorpia não desmentiu o que a loira me contou, me agarrou no braço forte demais e que vai deixar marca por uns dias e ainda quase se declarou para mim se eu não tivesse interrompido ela primeiro.
Bem que eu tive a sensação que as coisas não seriam tão fáceis quanto pareciam.
Andando para casa, eu pego meu celular no bolso novamente, desbloqueio e abro o aplicativo de mensagens e paro no contato da Adora, pensando se deveria mandar uma mensagem para ela ou não.
“Quer saber? Vou só ir pra casa mesmo e descansar a cabeça!” é o que penso, ao colocar o telefone de volta no bolso e continuando minha caminhada, “Amanhã é outro dia, depois resolvo isso!” continuo o pensamento, até ver que estou parada na frente de uma padaria bonita que tinha no meu bairro, então resolvo entrar para comprar alguma coisa pra levar pra casa.
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