Apesar de usarmos meios diferentes para chegarmos até o hospital, Styles e Malik haviam sido os primeiros rostos que cruzei o olhar ao sair de meu táxi. Adentramos ao hospital em silencio indo diretamente para o balcão de informações da emergência, em se tratando de Harry ser o pai do bebê de Zoey não encontramos complicações para termos as informações necessárias.
O acidente não havia sido grave, e se não fosse pelo fato de Zoey estar grávida ela ao menos iria precisar passar por tantos procedimentos, no entanto, todo o cuidado seria sempre pouco.
Harry havia nos deixado no instante em que o medico apareceu em seu jaleco três vezes maior que seu miúdo corpo, ele havia o direcionado para a sala que sua ex-esposa encontrava-se descansando antes de uma ultima checagem.
Ao meu lado Malik olha para suas mãos tatuadas com a testa enrugada, em meu mais intimo imploro a Deus a capacidade de ler seus pensamentos, pois nada me assusta mais do que a incerteza que nos ronda.
- Ainda bem que não foi nada grave – digo, pigarreando em seguida. Zayn levanta seus olhos até mim e prendo minha respiração ao notar a profunda tristeza que se esconde por detrás de seus lindos olhos castanhos – Zayn... – dou inicio sendo ignorada pelo mesmo que se levanta caminhando para longe de mim.
Respiro fundo e me afundo em meu acento, tento pensar com clareza e decido que após toda a situação com Zoey se acalmar irei atrás do mesmo, porém sinto uma pequena parcela de mim mesma implorar para que eu simplesmente ignore tudo e corra atrás dele antes que seja tarde demais. Mordo o lábio pensativa e antes que minha grande cabeça volte a me atrapalhar me levanto indo em direção ao mesmo.
- Eli – chama-me Harry, estanco em meu lugar e me viro para o mesmo que caminha em minha direção com as mãos em seus bolsos – Zoey quer te ver – diz.
Suspiro virando-me para o mesmo que continua a se aproximar, franzo os olhos para Styles que para a poucos centímetros de mim.
- Acredito que já tem um belo sermão em sua mente pronto para mim – diz, sorrindo de lado, suas covinhas aparecem e procuro em minha mente me lembrar quando foi que deixei de me sentir hipnotizada por seus olhos e sorriso.
- Você sabe o que fez, e sabe o que eu sinto, se insiste em jogar saiba que está jogando sozinho – digo irritada, passo pelo mesmo em direção ao quarto de Zoey, porém os longos dedos de Harry se fecham em meu braço puxando-me de encontro a seu corpo.
- Eu amo você – sussurra.
Respiro fundo e encaro seus olhos, sinto um pequeno aperto em meu coração ao saber o peso de minhas próximas palavras, mas sinto que simplesmente não há mais como adiar a verdade.
- Eu amo o Zayn.
A respiração quente de Harry bate de encontro com a minha, suas grandes esmeraldas encaram-me como se estivessem me vendo pela primeira vez em anos, há um silencio entre-nos que vai além do espaço que dividimos, ele ecoa em nossas almas e corta o resto dos laços que um dia construímos.
Quando jovem eu havia pensando ter criado uma pequena dinastia para nós, algo que simbolizaria nosso amor, que jamais poderia ser quebrada, e que mesmo que muitos tentassem não seria destruída.
No entanto, eu havia crescido, e todos os meus sonhos e ambições que, até então pertenciam a Harry, agora eram apenas meus, e a dinastia que eu havia imposto havia sido destruída pela sua autora.
- Eu sinto muito, Harry – digo, retirando sua mão de meu braço.
Ele me olha uma ultima vez antes de soltar-me por completo dando-me as costas, sua cabeça baixa e silencio é a prova de que talvez ele venha a ter entendido de fato.
Sem mais demora me afasto do mesmo e por mais que eu sinta muito por tê-lo magoado, me sinto leve por finalmente estar colocando todos os meus sentimentos em ordem.
PONTO DE VISTA HARRY STYLES.
Ouço seus passos para longe de mim e cada um deles é um pequeno furo em meu coração. A desconfiança que há meses me rondava e privava-me de uma noite de sono havia enfim sido comprovada. Ela o amava. O amor dela não mais me pertencia.
Fecho os olhos e respiro fundo, eu sabia que havia perdido, no entanto, em meu mais intimo ainda sentia a compulsória vontade de correr atrás de Elinor e voltar a me humilhar pelo seu amor, pois isso era o que mantinha meus pulmões em movimento, era o que fazia meu sangue correr mais rápido, a razão pela qual eu havia sacrificado tudo, inclusive a mim.
- Você não me parece bem.
Abro os olhos, mas mantenho-me de costas. Sua voz não demonstra o mesmo tom de ironia que eu atiraria a ele se a situação fosse inversa, e era justamente por isso que apesar de odiar com todas as minhas forças cada palavra que Eli havia me dito, eu conseguia compreende-la. Ele era um homem melhor do que eu. Um homem que eu jamais poderia ser, e que ela sempre iria desejar ter.
- Isso poderia ser mais engraçado se você soubesse ao menos tripudiar, mas sabemos que isso vai muito além da sua cultura – digo, virando-me para olhá-lo.
Zayn encara-me serio, não há sinais de diversão ou sarcasmo em seu rosto, abaixo de seus olhos castanhos as sombras de noites sem dormir aparecem, me pego questionado se a razão seria uma certa ruiva, porém não preciso de muito para perceber que ela era a única razão para toda a confusão que se encontrava entre nós.
- Eu não sou você – diz, aproximando-se.
- Não leve ao pé da letra o que irei dizer, mas nesse momento eu adoraria ser você – digo, sorrindo ao final, contudo, nós dois sabemos que meu sorriso é apenas uma tentativa vã de me enganar.
- Ela me ama – diz parando a poucos centímetros de mim – Mas também o ama o bastante para ter seu mundo destruído ao saber que foi você que armou contra ela na noite do pré-lançamento do livro.
Engulo em seco e sinto meus olhos se sobressaltarem. Eu havia sido cuidadoso, ou ao menos assim havia pensado. Mas como sempre, Malik havia ganhado de mim.
Eu poderia tentar mentir para o mesmo, e tentar provar que ele estava apenas assustado, com medo de perder Elinor e por isso estava acusando-me de algo tão serio, mas eu o conhecia, sabia que ele jamais diria algo do tipo sem provas o suficiente.
No dia em que Elinor havia ficado presa no elevador e ao sair corrido diretamente para os braços de Malik eu senti que as coisas estavam indo em direções opostas e que eu precisava interferi. Nos dias e semanas seguintes tentei ao máximo me manter por perto, mas ele sempre estava ali, e o pior, ela o procurava, apenas ter a mim já não era o bastante.
A ideia de ir contra ela e usar seu nome para sabotar o trabalho de Malik não era a minha escolha favorita, mas após tantas tentativas, era a única que parecia ter validação o suficiente para fazê-la se afastar dele, pois eu sabia que nada poderia magoá-la mais do que Zayn não acreditar em sua palavra.
Vê-la chorar havia destruído meu coração, ligar em diversas empresas passando-me por Malik apenas para difamar seu nome havia quebrado algo em mim, mas eu mantinha-me preso a ideia de que era por uma boa causa, ela só precisava ver que apenas eu era capaz de amá-la incondicionalmente. No entanto, olhando para os olhos frios de meu mais velho amigo, a certeza de meu erro crucificava-me levando-me ao ponto mais alto da dor.
- Você irá contar? – indago.
- Não cabe a eu contar, mas sim a você – responde-me.
- Não sei se posso.
-Não espero que faça, mas saiba que se continuar rondando-a serei obrigado a interferir – diz dando-me as costas em seguida.
Fico sozinho na pequena sala de espera, tendo comigo apenas a certeza de que, por mais pequeno que um coração possa ser, a dor que assola o mesmo sempre será grande demais para suportar.
PONTO DE VISTA ELINOR ALLEN.
Empurro a porta e logo a vejo deitada sob a cama com as mãos descansando sob sua imensa barriga. Ela me olha e sorri de lado, seus cabelos revoltos estão presos em um elaborado coque no alto de sua cabeça, não consigo deixar de pensar que, mesmo após um acidente que poderia ter levado não apenas a sua vida, como também a vida de seu filho, Zoey ainda conseguia parecer com uma atriz de alguma serie muito boa de drama.
- Pensei que não iria mais vim – diz, olhando-me.
Fecho a porta com delicadeza e me aproximo de sua cama, sento-me na beirada e sorriu de forma reconfortante.
- Não diga bobagens. Como se sente? – indago.
Zoey respira fundo e faz carinhos em sua barriga, sua testa se franze e seus pensamentos parecem correr para longe do quarto – Por um instante pensei que iria morrer, mas isso nem de longe me assustou mais do que a idéia de que ele poderia morrer comigo, essa seria de longe a coisa mais egoísta que já fiz.
Enrugo a testa para a fala da mesma – Foi um acidente Zoey, o policial contou ao Harry que o homem estava embriagado e por isso ultrapassou o sinal – digo.
- Eu sei, mas eu deveria ter olhado para o lado, mas estava distraída demais olhando aquela maldita tatuagem na coxa para notar algo – diz irritada, respiro fundo ao lembrar-me do nome de Harry que a mesma havia tatuada em sua perna.
- Vocês estão bem agora, isso é o que importa, não se culpe por algo que está além de você – digo, pegando a mão da mesma.
- Eu tomei uma decisão – diz seria – Ainda não falei com Zayn sobre isso, mas não há muito que ele possa vim a fazer agora, amanhã mesmo irei acionar meus advogados e até o fim da semana acredito que ao menos metade de tudo já estará organizado.
- O que está dizendo? – indago sem entender o que a mesma quer dizer.
- Estou de partida para Nova York, no instante em que o medico me der alta – diz seria.
Encaro Zoey boquiaberta e repasso sua fala em minha mente. E antes mesmo que eu venha a entender a razão para meu choque, me questiono a razão para me sentir tão triste por sua partida, algo que não é tão difícil de se entender, já que Zpey havia vindo até mim e me mostrado uma parte de si mesma que, até então eu ao menos imaginava existir, ensinando-me assim, a verdadeira idéia por detrás do famoso ditado “Não julgue o livro pela capa”.
- Você já contou isso ao Harry? – indago, sentindo-me estúpida, pois a verdade é que quero dizer a mesma que fique, porém não é difícil de perceber que tudo não se passa de egoísmo de minha parte, pois a realidade é que Zoey, assim como eu, necessita de um recomeço onde apenas ela e o seu filho possam vim a ser o centro de tudo.
- Já, ele concorda comigo, inclusivo penso que para ele tudo seria ainda mais fácil – diz deixando uma lagrima rolar por sua bochecha rosada. Nego e aproximo-me da mesma limpando seu rosto.
- Não penso que seja assim para ele – digo.
- Não importa, irei voltar para minha casa e desfazer a sociedade com Zayn.
- Espera o quê? – indago sobressaltada.
- Já venho pensando nisso há algum tempo, eu apenas aceitei fazer parte da Conceito pelo Harry, assim como vim para Londres e todo o resto da minha vida tem sido assim desde que o conheci – diz com desdém – Mas agora não é mais sobre mim ou sobre ele, é sobre esse pequenino que está para chegar – seus olhos desviam-se em direção a sua barriga e a mesma sorri – Eu irei cuidar de nós, e você e Zayn da Conceito.
Sorriu para a mesma, pois ela não sabe que mais uma vez há algo separando-nos, e por mais que eu gostasse de esclarecer, não imagino que venha a ser o melhor momento para tal.
- Não acho que terá muito para mim na Conceito de agora em diante – digo ainda segurando sua mão.
- Sua tola, acredita mesmo que irei embora e deixá-la aqui sem nada? Eu sei que tem capacidade o bastante para se virar sozinha, no entanto, eu sei que seus passos podem te levar para longe de Malik, e isso é a ultima coisa que quero, e que você mesma quer.
- O que quer dizer? – indago.
- Eu não posso te dar tudo que tenho, há algumas regras no direito que me impedem de tal, mas eu posso lhe fazer um pequeno empréstimo para que você compre a minha parte – diz, sorrindo de forma ardilosa.
Levanto-me da cama e a encaro – Você está querendo dizer que...
- Você será a mais nova e linda sócia da Conceito.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.