História Trafalgar Law x Leitora - Heart Stealer - Problemas à Frente

S/n caminhava pelo submarino, tentando evitar que o assoalho de madeira rangesse sob seus pés. Ela estava procurando alguma coisa para fazer e distrair sua mente perturbada pelos acontecimentos anteriores. Ainda sentia a presença de Law em algum lugar ali e isso a deixava desconfortável. Ela sabia que tinha uma missão a cumprir: matar o seu próprio capitão, o homem que preenchia o vazio deixado por Ace.

Quando se aproximava da sala de mapas, S/n ouviu sons de choro e se aproximou de um canto escuro do submarino. Lá, encontrou Bepo encolhido e chorando baixinho, encarando sua pata.

_Bepo? O que aconteceu? - perguntou ela, sussurrando e se aproximando do urso polar. Bepo estremeceu e pareceu se encolher ainda mais. - Não precisa ficar com medo... Por que está chorando?

_Eu machuquei minha patinha -  Respondeu Bepo com a voz embargada pelo choro. S/n sorriu gentilmente e acariciou a pelagem branca do urso.  

_Não se preocupe... Deixe-me ver. - Bepo estendeu sua pata para S/n, que viu um espinho e a região inchada. - É um espinho! E dos grandes...- Disse ela.

_Tem como tirar? - Perguntou Bepo, esperançoso.

"

_É claro, eu cuido disso! -  Respondeu S/n, tirando o espinho cuidadosamente e jogando-o no mar. Bepo suspirou aliviado. - Vai doer um pouquinho... Mas logo vai curar. Tome mais cuidado.

_Obrigado, S/n! - Agradeceu Bepo, entusiasmado. - O que você está fazendo acordada?

_Perdi o sono e vim ver os mapas- Ela explicou - Quer olhar comigo? Você é nosso navegador, pode me explicar sobre as ilhas!

_Claro!-  O urso polar respondeu de maneira entusiasmada.

S/n e Bepo se sentaram na sala de mapas e começaram a examinar as rotas que o submarino poderia seguir. Bepo explicou sobre as diferentes ilhas e os perigos que cada uma poderia representar. Enquanto conversavam, S/n percebeu que a dor de Bepo parecia ter diminuído e ele estava se animando com a conversa.

Ela sentiu uma onda de carinho pelo urso polar e se perguntou como ele conseguia ser tão amável e confiar tão fácil mesmo tendo sido gravemente ferido no passado. Ela se perguntou se seria capaz de manter a lealdade e a determinação de Bepo diante de sua  difícil missão.

_Obrigado por me ajudar com minha patinha, S/n - Bepo agradeceu interrompendo seus pensamentos. - Você é muito gentil.

_De nada, Bepo -   S/n respondeu com um sorriso. - Fico feliz em poder ajudar.

Eles continuaram conversando e examinando os mapas por mais algum tempo, até que S/n começou a sentir o cansaço da madrugada pesando sobre ela. Sabia em seu íntimo que, ao amanhecer, teria que enfrentar muitos possíveis problemas... Enrolou o mapa e olhou para o lado, notando que Bepo já havia dormido. A brisa que entrava pela janela eriçava seus pelos e a fazia tremer de frio... S/n apanhou um pequeno livro sobre navegação e apoiou-se em Bepo para poder ler e manter-se aquecida naqueles pelos macios... Novamente ela pensou em como seria bom ter um casaco de pele de urso. Sentiu o conforto e seu corpo ser aquecido... O aconchego e a tranquilidade. Sua mente, aos poucos de aquietava e ela, sem perceber, entregou-se ao cansaço adormencendo devagarinho.

S/n abriu os olhos lentamente percebendo o circulo de olhares curiosos que caíam sobre ela... Atordoada ela se levantou em um sobressalto enquanto esfregava os olhos.

_O que vocês querem logo cedo? - Resmungou olhando ao redor

_Você está dormindo em cima do Bepo... - Penguin informou

_O que? Claro que não eu...- Ela se limitou ao falar quando percebeu que realmente estava apoiada sobre o urso polar. - MERDA!

_Não fique tensa! Eu achei fofo! - Shachi riu e recebeu um olhar furioso da mulher. - Desculpe...

_O capitão pode ficar um pouco enciumado... Afinal, é sempre ele quem usa o Bepo de travesseiro.

_O que tem eu? - Law apareceu na roda e logo franziu a testa ao perceber S/n com uma péssima postura corporal, ainda escorada em Bepo que roncava em um sono profundo... Mapas e livros espalhados pelo chão. - Saiam todos vocês! - Ordenou e seus subordinados afastaram-se do local, cabisbaixos.

"Lá vem o sermão" - S/n pensou

_S/n-ya... Pode explicar que bagunça é essa?

_Ah... Ontem a noite eu e Bepo viemos ver alguns livros e acho que acabamos dormindo sem querer... - Explicou se colocando de pé e ajeitando o cabelo.

_Os quartos servem pra dormir... Ninguém quer levantar ver você e o Bepo babando enquanto sonham com fadinhas cor de rosa. - Advertiu em um tom sério. S/n revirou os olhos e soltou uma lufada.

_Fala sério? Eu só cochilei... - Resmungou intrigada com a bronca desnecessária que levou.

_Não importa, arrume essa bagunça e faça suas tarefas. - Ele saiu não deixando que ela tivesse a liberdade de contrapor. Aisaka apenas suspirou e juntou os livros e mapas do chão.

Law era frio e rabugento... Parecia uma tortura, para ele, demonstrar a mínima felicidade em estar vivo. Ainda assim... Por que S/n sentia que precisava dele? As lembranças daquele beijo çhe vieram a mente e ela se arrepiou momentaneamente.

Era estranho a maneira como Law pareceu não se importar com aquilo... Como se não significasse nada para ele. Contudo, ela sabia que não podia gerar muita esperança, afinal... Eles não tinham nada. Nada além de uma antipatia diária um com o outro.

Caminhar pela beira da praia sempre foi algo que S/n amou fazer... Embora não gostasse nem um pouco da água, observar o sol se pôr no horizonte era algo inexplicavelmente aconchegante.

Ela caminhava na orla sentindo o sol quente arder-lhe na pele, ouvia o som das ondas quebrando na costa e seus pés afundavam na areia fofa a cada passo, o vento bagunçava seus cabelos loiros e afastava qualquer pensamento indesejado.

Sentindo suas pernas cansadas de tanto andar naquela tarde, S/n sentou-se em uma pedra ali e retirou seus sapatos, deixando que a água do mar batesse em seus pés e aliviasse o cansaço. Ela encarava o horizonte e sempre que se aquietava sua mente disparava... Lembranças do beijo com Law insistiam em se revirar na sua mente. Era confuso para ela... Confuso demais. Ela sentia que dependia emocionalmente dele... Dele não... De qualquer um que lhe desse uma migalha de atenção.

Abanou a cabeça tentando não pensar a respeito disso, seus olhos se perdiam na imensidão do céu enquanto ela imaginava uma vida diferente...

Ela ouviu um ruído nos arbustos atrás de si e virou-se rapidamente para checar o que era. Se levantou e andou a passos lentos até a vegetação, seus olhos atentos a qualquer coisa que de movia... Ela não sentia a presença de ninguém ali.

Afastou os galhos do arbusto e não encontrou nada entre eles. Deu de ombros imaginando ter sido apenas um coelho ou qualquer animal natural daquele hábitat. S/n decidiu voltar ao Polar Tang, enquanto se afastava ouviu o barulho de disparos e uma dor aguda em sua costela... Ela ajoelhou no chão levando a mão até o local e sentindo o líquido vermelho e quente escorrer entre seus dedos.

Ela arfou olhando ao redor, procurando algum vestígio de um inimigo. Os galhos das árvores chacoalhavam bruscamente como se tivesse alguém entre eles.

_Quem está aí? - Ela perguntou com dificuldade. Não houve resposta, ela ouviu outro disparo e logo seu peito foi perfurado, ela urrou de dor. Não sabia de onde os disparos vinham e nem mesmo seu autor. Ela se levantou meio cambaleante, suas orbes azuis percorriam a praia, de maneira desesperadas. Ela correu observando a trilha de sangue que se formava na areia. Deixar um rastro era uma péssima idéia... Quem quer que fosse que estivesse atentando contra ela, poderia muito bem segui-la e atacar o Submarino, bem como seus companheiros. Sua mente trabalhou em uma estratégia, mas nada que pensasse poderia deixá-la livre dos disparos que surgiam de diferentes lugares. Sem tempo e com o sangue brigando de seus vários ferimentos, ela caiu desacordada assim que sua mente rodou e sua respiração ficou pesada.

..

_Onde ela está? - Law perguntou aos subordinados que de reuniam no convés para jogar cartas. Tinha uma veia saltada na testa.

_Ela quem? - Penguin tombou a cabeça para o lado.

_S/n-ya... Onde ela está? - Ele rangia os dentes. Os heart se entreolharam e deram de ombros.

_A última vez que a vi... Ela estava dormindo em cima do Bepo. - Shachi informou e alguns outros concordaram.

_Ela não está no Tang... Alguém a viu sair? - Law insistiu na pergunta.

_Pensando bem, eu a vi sair hoje a tarde... Achei que você sabia. - Penguin levou a mão ao queixo forçando a memória.

_Merda... - Law sussurou esfregando as têmporas.

_Por que a preocupação? Ela sabe voltar, não sabe? - Ikkaku arqueou a sobrancelha

_Sou o capitão desse submarino... É meu dever saber a respeito de todos e se ela acha que pode sair sem avisar e sem cumprir suas tarefas como subordinada... Ela pode achar alguma tripulação com um capitão irresponsável, porque aqui no Polar Tang ninguém passa por cima das minhas ordens! - Ele bradou - Isso serve pra todos!

_Sim Capitão. - Eles responderam juntos, Law virou-se de costas e rumou ao seu escritório para, novamente, se perder em papeladas.

_Acham que a S/n se perdeu? - Bepo perguntou.

_Não... Ela não é disso - Penguin respondeu arrumando suas cartas.

_Sabem... Nada disso importa, o que importa é que eu ganhei de novo! - Clione riu mostrando suas cartas

_Outra vez?! Você está trapaceando! - Penguin rosnou batendo a mão na mesa.

_Ora, não é minha culpa se vocês são ruins! - Ele contrapôs.

_Ah é? E essa carta na sua manga? - Ikakku arregassou as mangas do casaco de Clione, fazendo com que diversas cartas de baralho caíssem no chão.

_Seu idiota! - Os heart gritaram partindo pra cima dele, iniciando uma sequência de socos e ponta pés. Eles estagnaram e olharam espantados para a entrada do convés... S/n estava coberta de sangue, arrastava o peso do próprio corpo, apoiando a mão na lataria do submarino para conseguir manter-se em pé... Ela olhou de relance para os companheiros e logo baixou o olhar.

_S/n...- Penguin sussurou se aproximando dela. A mulher tentou dizer algo mas levou a mão ao peito e seu corpo cambaleou e pendeu para trás. Habilmente Penguin a segurou em seus braços.

_O que diabos aconteceu com você? - Ele a chacoalhou tentando acordá-la.

_Deixe que eu a levo pra enfermaria! - Jean Bart segurou S/n em sua mão correndo pelo Tang. Abruptamente ele abriu a porta do laboratório fazendo Law pular assustado em sua cadeira.

_Que merda é essa Bart-ya? Não sabe bater na po.... MERDA! - Ele gritou vendo S/n naquele estado - Deixe ela na maca e saia logo daqui!

Bart assentiu repousando cuidadosamente o corpo de S/n sobre a maca, ele deu uma última olhada na companheira antes de sair. Law vestiu luvas em suas mãos e se aproximou da garota analisando seus ferimentos.

_Law... - Ele ouviu ela o chamar e encarou seus olhos azuis e sonolentos.

_Conversamos depois, S/n-ya - Ele disse antes de aplicar a anestesia em seu braço e fazer com que ela dormisse. Com cuidado, ele limpou os ferimentos repletos de areia apercebendo que havia uma bala alojada em seu braço esquerdo. Ele a retirou com cuidado verificando se nenhuma artéria havia sido atingida. Deixou a munição em uma bandeja e tratou de aplicar antibióticos e um curativo sobre as lesões. Assim que terminou de cuidar do corpo de S/n, Law sentou retirando as luvas e as jogando fora. Apoiou o rosto em sua mão e soltou um muxoxo de desagrado. Olhou novamente para a bandeja e notou algo na munição: O brasão dos piratas Donquixote.

_Joker...- Ele sussurou pra si mesmo cerrando os punhos