As férias de verão tinham começado a algumas semanas, e já dava para perceber que elas seriam esquisitas. Primeiro porque a visita de orientação na Goode High School, onde eu teoricamente seria aceito para começar meu primeiro ano do ensino médio (graças a Paul Blofis, o namorado da minha minha mãe, porque se fosse depender do meu histórico escolar eu nunca iria pisar em uma escola novamente) iria ser na primeira semana de Junho, mas ocorreu um problema com o sistema de ventilação e por isso a visita teve que ser adiada. Depois a tarde de cinema que eu tinha combinado com Annabeth foi cancelada depois que o pai dela escorregou nas escadas e quebrou a perna, e ela quis ficar mais um tempo em San Francisco para ter certeza de que tudo ficaria bem. Mas pelo menos a coisa boa é que minha mãe tinha marcado várias entrevistas de emprego, e eu estava confiante de que ela seria aceita em algum deles. No momento ela tinha acabado de sair para mais uma entrevista, de salto, maquiada em seu melhor vestido azul, e eu estava tentando matar o tempo jogando videogame. Eu nem lembrava qual foi a última vez que tinha jogado, já que Gabe Cheiroso sempre implicava quando eu ficava mais que meia hora jogando e eu não tinha encostado no console desde que entrei para o Acampamento. Estava tão entretido que mal ouvi alguém bater na porta, me fazendo franzir a testa quando escutei. Minha mãe não teria voltado tão rápido, e ela com certeza tinha a chave. Pausei o jogo e depois de verificar que Contracorrente estava no meu bolso, fui até a porta e espiei pelo olho mágico, ficando surpreso quando vi quem estava do outro lado.
— Olá, Percy — cumprimentou meu pai. Ele como sempre usava uma camisa havaiana, um chapéu de pescador, bermudas caqui e um par de chinelos, a pele bronzeada e tinha um forte cheiro de oceano. Os olhos verde mar eram cercados de rugas de expressão, que indicava que ele sorria muito, e o cabelo preto escapava por debaixo do chapéu.
— Pai? — minha pergunta foi meio que um cumprimento, e eu puxei a porta para que ele pudesse entrar, meio embasbacado com seu aparecimento.
— como vai suas férias? — perguntou ele, e me senti esquisito por ele estar tentando puxar assunto, e por outro lado me senti bem por ele ter curiosidade sobre mim. Era esquisito e complicado desse jeito.
— foram meio paradas até agora. Quer dizer, a visita de orientação da escola que eu provavelmente vou estudar esse ano foi adiada por um problema na ventilação, e mamãe não quer que eu vá para o Acampamento antes de fazer a visita. E Annabeth teve que adiar a visita a Nova York, então... — eu limpei a garganta — mas acho que o senhor não veio aqui exatamente para me perguntar isso, certo?
Ele riu
— sempre direto ao assunto, não é? — perguntou ele, e eu dei de ombros — onde está Sally? Acho que ela gostaria de participar da conversa...
— ah, ela saiu para uma entrevista de... — minha frase foi cortada por mais uma batida na porta, e eu franzi a testa de novo — emprego. Eu vou atender a porta, pode ficar a vontade — disse, e vi ele se sentando em um dos sofás antes de me virar e andar até a porta, abrindo sem me incomodar em espiar pelo olho mágico porque, ei, é difícil alguma coisa ruim te acontecer quando você tem um deus na sua sala de estar, não é?
Então eu abri a porta e tive a experiência mais estranha da minha vida. Do outro lado do batente, duas cópias idênticas a mim me encaravam, parecendo tão surpresas quanto eu. Um usava uma camiseta simples marrom, uma bermuda jeans e um par de mocassin de couro, com o mesmo cabelo preto que eu, só que um pouco acima dos ombros, e parecendo bem mais domesticados que os meus. A pele não era bronzeada como a minha, mas os olhos verde mar eram idênticos, e imaginei que eu seria exatamente assim se fosse um adolescente certinho. O outro era o completo oposto, tão acabado que ele parecia ter passado alguns dias no tártaro: o cabelo era bem mais curto que o meu e o do outro, espetados para todos os lados, parecendo secos e quebradiços, as roupas eram largas e gastas, aponto de que poderia caber mais dois dele dentro da mesma camiseta e as calças precisavam ser seguradas por um cinto, e os sapatos eram tão gastos que a sola estava desgastando das pontas. A pele era extremamente pálida e ele era muito magricela, um par de óculos de aro redondo ocultando um pouco os olhos verde mar, e eu cheguei a conclusão de que seria assim que eu me pareceria se eu fosse um mendigo. Eu fiquei encarando eles por um tempo que pode ter sido considerado rude, então decidi falar alguma coisa.
—...pois não?
— ahn... Oi, eu sou o Harry e esse aqui é o Loki — disse o de óculos, com um forte sotaque britânico
— somos seus irmãos — disse o certinho que foi apresentado como Loki, e eu pisquei embasbacado, mil coisas passando pela minha cabeça ao mesmo tempo. Primeiro que meu pai quebrou o juramento mais de uma vez, segundo que eu poderia não ser o cara da grande profecia e terceiro que provavelmente era por isso que Posseidon estava sentado na minha sala de estar nesse momento.
— podem entrar — convidei, abrindo mais a porta, e os dois se entreolharam surpresos antes de entrarem, olhando ao redor com curiosidade. Eu os levei até a sala de estar, onde meu pai estava
— vejo que cheguei bem na hora — disse ele, sorrindo para os dois, estendendo uma mão para apertar — sou Posseidon.
Os dois se apresentaram e apertaram a mão dele, se sentando cada um em uma poltrona, e aproveitando que tinha bastante espaço no sofá, sentei do lado do meu pai, estranhando que ele tenha se apresentado como “Posseidon” ao invés de “Pai”. Um silêncio meio pesado e constrangido se manteve por uns segundos, até que eu não aguentei e perguntei:
— qual a má notícia? — Loki e Harry protestaram
— não é má notícia! — exclamou Harry, visivelmente magoado — viemos de Surrey até aqui para te conhecer!
— e você nem pareceu surpreso de saber que tem gêmeos! — reclamou Loki, e meu cérebro imediatamente deu um nó e queimou em curto.
— ....Oi?
Meu pai riu da minha expressão
— Percy tem muitos meio-irmãos — contou ele aos dois — deve ter achado que vocês também eram.
— mamãe teve trigêmeos?! — exclamei, percebendo que ele sabia — porquê ninguém nunca me contou?! E porquê fomos separados?!
— Percy... A situação é um pouco mais complicada do que parece — suspirou ele, parecendo cansado — espero que não fique zangado conosco, sua mãe não sabe e eu só descobri recentemente.
— Pai! — exclamei, surpreso e ultrajado ao mesmo tempo — como a mamãe não sabe que teve trigêmeos?! E você é um Olimpiano! Como não sabia?!
— Sally te adotou, Percy — disse ele, sério, e de repente senti como se o chão deixasse de existir e eu estivesse caindo sem controle em queda livre — seus verdadeiros pais se chamam Lilian e Tiago Potter. Eles morreram na guerra.
Um silêncio longo se formou, e eu comecei a bagunçar meu cabelo de maneira nervosa, puxando um pouco as mechas enquanto tentava processar a informação e manter a sanidade ao mesmo tempo.
— Mas... Mas você me reclamou! — exclamei, perdido — e mamãe casou com o Gabe por minha causa! E...
— você têm sangue do mar — disse Posseidon, com voz firme — nunca duvide disso nem por um segundo — ele ergueu os olhos para os outros dois meninos na sala — todos vocês tem. Sua mãe Lílian era minha filha, e vocês seriam o que costumamos chamar de Legados.
— você é nosso avô?! — perguntou Harry, surpreso, não parecendo notar que todo o universo tinha saído do eixo, e Posseidon sorriu.
— sou. Sua mãe era muito poderosa, sendo não só uma semi-deusa mas também uma bruxa
— uma o quê?! — perguntamos eu, Harry e Loki em uníssono, chocados. Se todas essas revelações não fossem tão esquisitas e estarrecedoras, teria achado engraçado o fato de que falamos juntos ao mesmo tempo.
— Lílian era uma bruxa, descendente de um dos abençoados de Hécate — disse ele — e, sendo minha filha, era também era semi-deusa.
— como assim ‘semi-deusa’? — perguntou Harry, parecendo meio perdido. Bom, pelo menos eu não era o único sem chão aqui.
— os deuses gregos e tudo relacionado a eles — contei, visto que isso para mim já era realidade — todos os mitos são verdadeiros. Os deuses existem e ainda estão bem vivos, e eles se mudam para onde o pensamento Ocidental está mais forte, levando todo o resto com eles. Atualmente estão aqui nos estados unidos. Posseidon aqui é o deus dos mares.
Harry encarou meu pai... avô? Com olhos arregalados e chocados, e Loki parecia apenas surpreso e muito curioso.
— semi-deuses, ou heróis, como as vezes somos chamados, têm algumas características em comum. Todos temos TDHA, que são nossos instintos de luta agindo para nunca ficar parado e ser pego desprevenido, e temos dislexia porquê nosso cérebro está programado para ler grego antigo. E somos sempre perseguidos por monstros que querem nos matar.
— o que é dislexia? — perguntou Loki, curioso
— é quando você olha alguma coisa escrita e as letras começam a se embaralhar a ponto de você quase não conseguir entender — expliquei, e seu rosto se iluminou como se de repente alguma coisa no mundo fizesse sentido
— bom, tirando a última frase da lista, não sei se me enquadro na descrição... — comentou Harry
— como Legados, suas habilidades não deveriam ser tão fortes, assim como a dislexia e a TDHA — contou Posseidon — mas vocês não são legados comuns. Quando a guerra bruxa chegou ao auge e Tiago e Lílian se esconderam para proteger vocês, Lílian pediu que eu desse a minha bênção para o filho ainda não nascido, caso o pior acontecesse. Ela também me pediu que, se ela e Tiago fossem mortos e o bebê sobrevivesse, para que eu o levasse para longe do mundo bruxo, onde os Comensais da Morte, os bruxos do exército inimigo, não pudessem encontra-lo. Com o Legado do sangue de sua mãe e minha bênção, vocês tem o mesmo poder e as mesmas habilidades que um filho direto meu.
— então... então você me deixou com a mamãe?! — perguntei, tentando me situar. Ainda estava completamente perdido — e o que aconteceu com...?
— Tiago pediu a mesma coisa para os meus avós — contou Loki — mas nossos pais não avisaram ninguém que tiveram trigêmeos, e nós dormíamos no mesmo berço.
— Voldemort atacou a casa onde estávamos escondidos e matou os dois — disse Harry, a amargura firme na voz — ele tentou nos matar também, mas de algum modo a maldição da morte ricocheteou e foi em direção a ele. Você também tem uma cicatriz em forma de raio?
Eu pisquei, surpreso, minha mão indo em direção a cicatriz encoberta pela franja.
— eu achava que era daquela vez que colocaram cobras no meu berço! — exclamei, perdido
— colocaram cobras no seu berço?! — exclamou Harry, horrorizado, e eu dei de ombros
— não lembro do que aconteceu, foi minha mãe que me contou. Mas então esse fulano tentou nos matar e acabou se matando?
— isso — concordou Harry
— seja lá o que fez a maldição rebater, causou um estrago bravo — contou Loki — fui com a minha mãe na casa de Godric’s Hollow, onde aconteceu tudo, e tinha um buraco no teto do nosso quarto, bem em cima do berço. Minha mãe disse que quando soube do ataque e foi até em casa, o berço estava soterrado até o topo com escombros, e quando ela me achou, nem pensou em procurar outros bebês, porque não tinha nada que indicasse mais de uma criança no quarto.
— eu me lembro que precisei puxar Percy de debaixo das telhas — concordou Posseidon — e eu também não imaginava que eram três crianças. Sally e eu estávamos namorando, e quando eu mostrei Percy para ela, ela se recusou a deixa-lo — ele tinha um sorriso amoroso nos lábios, e depois se virou para mim — e então ela te adotou. Não duvide de quanto ela te ama, Percy.
— ela nunca vai deixar de ser a sua mãe — disse Loki, recebendo olhares surpresos de todos — aconteceu algo parecido comigo — explicou ele rapidamente, parecendo ficar desconfortável com os olhares surpresos — meus avós me adotaram, e apesar de eu ter tido um péssimo pai adotivo, Frigga é uma mãe maravilhosa e eu nunca vou deixar de chama-la de mãe. Eu prefiro pensar que temos duas mães.
Eu balancei a cabeça, lentamente concordando.
— é só que... Sally é tão minha mãe que pensar que eu nasci de outra pessoa é... — comentei, fazendo gestos no ar quando não encontrei palavras para terminar a frase.
— Espere, FRIGGA?! Oh Estige... — disse Posseidon com um tom de voz que beirava o desespero, e todos os três olhamos para ele, alarmados — vocês tem sangue Aesir.
— com muito orgulho! — rebateu Loki, erguendo o queixo. Harry continuava perdido, e eu me senti melhor por saber que não era o único.
— sangue o quê? — perguntou ele
— Aesir, dos Aesir de Asgard — disse Loki, como se explicasse tudo
— Loki, a única coisa que eu sei sobre a sua cidade é que não existem prédios — disse Harry, um pouco sarcástico — vai precisar explicar com mais detalhes.
— não são só os deuses gregos que estão vivos — respondeu Posseidon, e meu cérebro entrou em curto de novo.
— quê?! — exclamei
— os deuses das civilizações antigas estão vivos — explicou Posseidon — não tão vivos quanto os Olimpianos, mas certamente ainda têm sua influência no mundo. Os Aesir são os deuses Nórdicos.
— nós não fazemos muita coisa em Midgard, pra ser honesto — explicou Loki — costumamos só monitorar os acontecimentos na Iggdrasil e se preparar para o Ragnarok.
— espera aí! — exclamou Harry, chocado — você é O Loki? Deus da mentira?
— travessuras, mentiras, trapaças, ladrões, ilusões e tudo o que tem a ver com imprevisibilidade — concordou Loki, com o mesmo sorriso torto que fazia os professores me considerarem um aluno problemático de imediato — ganhei esse posto porque algumas leis de Asgard não se aplicam a mim. Quer dizer, meu pai Odin trocou o olho para poder tomar do poço de Mimir, então ele deveria ser capaz de ver e ouvir tudo o que acontece nos nove reinos, mas ele não consegue ver o que eu estou fazendo. Entre outras coisas.
— mas se você é O Loki, você deveria ser muito mais velho do que nós dois! — exclamei. Por Zeus, nada mais fazia sentido no mundo!
— em Asgard o tempo funciona de maneira diferente — explicou ele — se você ficar lá por sete horas seguidas, você é considerado “fruto da árvore”, por assim dizer. O tempo expande para o passado e o futuro, como se você nascesse no começo dos tempos e todas as consequências de atos que você iria fazer se realmente tivesse vivido no início dos tempos até o Ragnarok acontecem, mesmo que você não tenha feito isso ainda. Frigga tentou impedir que isso acontecesse, então até os cinco anos eu vivia praticamente trancado em uma torre que era como um universo paralelo, mas um dia eu fugi para explorar quando ela não estava olhando e só voltei de noite, e o estrago já estava feito. Como Fruto de Iggdrasil, eu também ganho um papel no Ragnarok, e ninguém gostou quando ficou previsto que eu ia ser o general do exército inimigo.
Eu poderia ter dito muitas coisas inteligentes depois dessa descoberta, mas o que saiu da minha boca foi:
— você teve um filho com um cavalo?
— quê?! — exclamou Harry, escandalizado
— ué, eu te apresentei ao Sleipnir — disse Loki, sem entender a reação
— quando você disse que ele era seu bebê, eu não imaginei que... Merlin! Como foi que a minha vida ficou assim?!
Posseidon começou a gargalhar da nossa cara de choque
— Oh Circe, meu sobrinho é um cavalo — soltei, ignorando meu pai — meu trigêmeo é um deus nórdico e minha mãe não é minha mãe — eu olhei para Harry, com um olhar quase acusador — você é normal?
Se possível, meu pai começou a gargalhar ainda mais
— eu sou um bruxo — disse ele — assim como os nossos pais. Mas você também deveria ser um.
— ah, não, eu nunca fiz nenhum tipo de mágica na vida, com certeza não sou bruxo — neguei.
— eu tive que selar sua herança — contou meu pai, o tom de voz agora sério, nem parecia que ele estava gargalhando segundos atrás — há um motivo para que semi-deuses com sangue bruxo sejam tão raros. O cheiro de vocês atrai muito mais monstros do que semi-deuses comuns, e mesmo que seja mais difícil para que eles entrem no mundo bruxo, não é impossível. Eu mesmo selei a herança Olimpiana de Lílian até que ela tivesse adentrado no mundo bruxo o suficiente para saber se defender. Quando ela pediu para te levar para longe do mundo bruxo, eu tive que dar um jeito de sua magia não se manifestar. Não fazia ideia da sua herança Aesir.
— então é por isso que a magia do Harry é estranha! — exclamou Loki — a herança Olimpiana e Aesir dele deve estar selada!
— mas quem faria isso? — perguntou Harry — diferente de vocês dois, eu fui deixado na porta dos meus tios, que odeiam magia e certamente não tem um pingo de sangue divino! Eles não teriam como saber e nem como selar!
— isso é mais uma coisa que precisamos investigar — concordou Loki
— você tem alguma herança selada? — perguntei, olhando para Loki, e ele deu de ombros
— nunca vim para Midgard, e em Asgard não temos mares, então nunca soube da herança Olimpiana. E eles tentaram selar ou transferir minha magia para outra pessoa mais de uma vez, mas todas as vezes minha mãe descobriu e impediu, e eles pararam de tentar quando ela arrancou as bolas de um dos envolvidos.
— normalmente em casos como esse, eu deveria fazer vocês escolherem entre uma das heranças e deixar apenas uma delas sem o selo — disse meu pai, sério — mas acredito que, em tempos complicados como os que virão, seria mais inteligente deixar as três heranças utilizáveis. Até porque isso foi profetizado há muito tempo.
— outra profecia? — perguntei, chocado, e ele confirmou.
— Os dentes do tridente juntos trarão equilíbrio. Pelo menos isso significa que, se um de vocês for o escolhido da Grande Profecia, não teremos que temer o resultado.
— espera, mas então não somos filhos dos três grandes! — exclamei, confuso
— Percy, com minha benção e meu sangue vocês são considerados meus filhos pelas Leis Antigas — repetiu Posseidon, parecendo cansado. Ele puxou do bolso três cordões de couro marrom, cada um com um pingente de uma pequena âncora de bronze — São para mascarar o cheiro. Quando as heranças forem habilitadas, não vão chamar tantos monstros quanto deveria.
Eu peguei a minha e coloquei no pescoço, sentindo um frescor confortável emanar do pingente, como uma brisa do mar. Loki e Harry olharam para o pingente um pouco desconfiados, mas aceitaram o presente.
— você diz isso como se a gente de repente fosse feder muito — comentou Harry, me fazendo rir
— os monstros sempre nos perseguem pelo cheiro — contei — eles sempre sabem quem é seu pai ou mãe divino por ele, e quanto mais forte você for, mais atrativo o cheiro para eles. Acho que Loki só está vivo até agora porque nunca saiu de Asgard depois que fomos separados.
— bem, eu preciso ir logo, não deveria ter me demorado tanto — disse meu pai — no Central Park, no Conservatory Garden tem uma estátua de uma mulher com um jarro na cabeça. Cutuque a base da estátua com a varinha e terão acesso ao Centro Bruxo, um equivalente ao beco diagonal. Recomendo passarem no Gringots para ver questões de herança, os Potter são uma família bruxa antiga, afinal. — ele então estalou os dedos, e eu me engasguei quando senti alguma coisa dentro do meu peito estourar, e uma onda de energia com a força de um tsunami passou por todo o meu corpo, fazendo minha pele pinicar, ao mesmo tempo em que um calor se alojou na base do meu estômago. Pelo desconforto na cara dos dois, eu pude deduzir que eles tiveram uma sensação parecida.
— não se esqueçam: não importa o que aconteça, vocês agora tem um ao outro — e com isso, meu pai se desfez em ar, deixando uma brisa salgada para trás.
Um silêncio meio desconfortável pairou pela sala, até que eu não aguentei:
— eu preciso de um milkshake. Alguém também quer?
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