— O que foi aquilo? — perguntei para Loki curioso — aquela luz azul?
— É, o Geríon pareceu saber o que era e não gostou nada — concordou Percy
— Isso foi um contrato mágico fechando o nosso acordo — explicou Loki — tá na cara que ele não é um negociante honesto, então sem um contrato mágico eu tenho certeza que ele nunca iria cumprir o acordo, mesmo se a gente conseguisse limpar os estábulos a tempo.
— Não tem nada de “se”, nós TEMOS que limpar aqueles estábulos — disse Percy — Se formos vendidos para Luke e realmente levados até o acampamento do exército dele o mínimo que vai acontecer é a gente ser morto!
— Então eu espero que você tenha um plano, porque só de ver toda essa merda mataria a Tia Petúnia de ataque cardíaco — eu disse olhando os estábulos. Sim, eu já tive que limpar a bagunça do Duda em tempos limites absurdos com equipamento inadequado, mas nunca nada nesse nível!
— Eu tenho um plano — concordou Percy — Hércules também teve que limpar esses estábulos uma vez, e eu me lembro que ele canalizou um rio na direção dos estábulos. Podemos fazer a mesma coisa.
— É uma ideia boa e se já funcionou uma vez pode funcionar agora, mas eu não estou vendo rio nenhum aqui perto — disse Loki, olhando em volta
— Deve estar pro lado de lá do estábulo — sugeri — ainda estamos longe.
— Andar até lá vai gastar muito tempo — disse Loki, se agachando e colocando a mão no gramado. O chão imediatamente começou a congelar, e um caminho de gelo começou a se formar colina abaixo — Vamos nessa — e Loki se sentou no caminho de gelo, empurrou o chão e começou a escorregar a toda velocidade na direção dos estábulos. Percy e eu nos entreolhamos e não perdemos tempo em seguir nosso gêmeo: não só economizamos minutos preciosos escorregando, mas o gelo fez um ótimo trabalho em reduzir a nossa temperatura. O problema foi que, quando finalmente chegamos perto dos estábulos, estávamos escorregando a toda velocidade na direção de uma pilha de estrumes. Eu usei meu talento para sair voando na direção contrária, Percy rolou para o lado a vários metros antes e Loki fincou os dedos no solo e arrancou uma alarmante quantidade de solo para frear, mas apesar disso acabou com os pés se enterrando no estrume. Isso não seria tão problemático se meu irmão não estivesse usando sandálias.
— Eu vou matar alguém — disse Loki em uma voz monótona que de algum modo parecia completamente homicida. Felizmente eu sabia um feitiço que poderia ajudar.
— Scourgify! — para o nosso alívio coletivo, todo o estrume que estava nos pés do meu irmão sumiu, junto com parte do estrume que estava próximo.
— Tá, esquece a matança! — disse Loki se levantando rapidamente, mas o sorriso largo e meio maníaco parecia discordar da frase — Harry, você é um gênio! Nós podemos usar esse feitiço para limpar os estábulos!
— E com nós três vai ser rapidinho! — concordou Percy, puxando a varinha do coldre — hã, qual feitiço era mesmo?
— Scourgify — respondi, erguendo minha varinha para demonstrar — o movimento de varinha é fácil, é apontar, erguer a ponta um pouco pra cima e depois um pouco pra baixo.
— Nós não precisamos de movimentos de varinha e nem o nome do feitiço, lembra? — disse Loki, e para demonstrar puxou a sua varinha e sumiu com um pequeno monte de esterco com um aceno completamente diferente — magia Aesir é baseada em intenções.
— é eu sei — respondi, dando de ombros, apontando a varinha para a parede completamente imunda e encardida do estábulo e usando o movimento que eu estava mais acostumado, e nós três começamos a remover estrume com o feitiço — é força do hábito. Se você não usar o movimento de varinha certo durante as aulas em Hogwarts os professores tiram ponto, e com a parte aesir bloqueada eu tinha que usar magia como todo mundo.
— Tirar ponto de quê? — perguntou Loki confuso, atingindo uma parede que, depois de ter estrume removido da superfície, deu pra ver que na verdade era uma janela. Não dava para enxergar o interior do estábulo porque o vidro interno estava completamente abarrotado de cocô.
— Da sua nota — explicou Percy, usando o feitiço para remover o estrume espalhado pelo chão e abrir um caminho para a gente se aproximar melhor da construção — nas escolas os professores vivem pedindo pra você fazer testes, exercícios e redações pra ver o quanto você sabe sobre o assunto da matéria, e daí eles te dão uma nota de acordo com o quão bem você foi.
— Então é que nem um jogo? — Loki parecia empolgado com a ideia — o que você ganha quando consegue uma nota alta?
Eu e Percy nos entreolhamos, meio perdidos.
— Você passa de ano? — respondeu meu irmão, dando de ombros
— Em Hogwarts você ganha pontos pra sua casa e no final do ano a casa que tiver mais pontos ganha um troféu — eu disse — mas a gente não faz nada com a taça, ela meio que só fica no escritório do professor que é o chefe da casa acumulando poeira até o ano seguinte.
— Que besteira — disse Loki, franzindo a testa — pra que se dar o trabalho de fazer tudo isso então?
— Cara, eu faço essa pergunta desde a primeira série e ninguém nunca me deu uma explicação boa — disse Percy — sempre foi “porque é assim que funciona”.
—
Continuamos atirando feitiços de scourgify para todos os lados, Loki limpando as vigas, pilares, paredes e parte interna das varandas, Percy cuidando do chão, cercas e portinholas e eu usei meu talento de voar para limpar a parte de cima do telhado, que além de cocô de cavalo (que eu não quero nem saber como foi parar ali) tinha também cocô de passarinho. O trabalho em equipe estava funcionando muito bem e eu realmente achava que iriamos terminar a limpeza bem antes do por-do-sol, mas então encontramos outro problema. Quando toda a área externa do estábulo ficou limpa e nos aproximamos da entrada, os cavalos imediatamente se amontoaram na portinhola.
— Oi — disse Percy — nós vamos limpar seus estábulos. Não vai ser ótimo?
Sim!, relinchou o cavalo mais próximo, estalando os dentes Entrem! Vamos comer vocês! Há anos não como saborosos meio-sangues!
— Mas somos filhos de Posseidon — protestou meu irmão — Ele criou os cavalos! Vocês não deviam ser legais com a gente?
Mas é claro!, concordou o cavalo, Pede pro Posseidon vir também! Vamos comer os quatro! Frutos do mar!
— Isso não vai dar certo — eu disse, enquanto os cavalos relinchavam “frutos do mar!” sem parar, saltitando e pulando de animação e espirrando cocô para todos os lados. Era lá pela vigésima vez que me deu vontade de vomitar hoje, e com certeza não ia ser a última. As moscas zumbiam sem parar e o calor da tarde que aumentava cada vez mais fazia piorar o cheiro, mesmo que a gente já tivesse removido toneladas de esterco. Dizer que eu me arrependia de não ter aprendido o feitiço cabeça-de-bolha depois que eu descobri a existência dele no Torneio Tribruxo era pouco.
— Precisamos de um plano B — concordou Loki.
— Acho que ainda podíamos tentar o método do Hércules — disse Percy, olhando para o horizonte — conseguimos economizar bastante tempo usando o scourgify e vindo até aqui escorregando ao invés de andar. Mesmo que não dê certo, nós temos tempo de sobra pra tentar.
— Felizmente daqui até lá é só descida — disse Loki, de novo encostando a mão no chão e formando uma trilha de gelo, que não perdemos tempo em usar como escorregador de novo. Eu sempre amei mágica, mas o tipo que mais me encantava eram os pequenos feitiços bobos do dia-a-dia, e realmente me impressionava o quanto Loki usava magia casualmente, mesmo que aquele provavelmente era o talento dele, e não um feitiço. O rio estava bem mais abaixo na colina do que eu tinha pensado, quase um quilômetro, e quando saltamos do escorregador de gelo (Loki dessa vez rolando para o lado como Percy tinha feito) topamos com uma garota parada bem na beira do rio. Apertei mais a varinha, nervoso, porque por mais que ela parecesse comum, eu tinha certeza de que ela era mágica. A colina e o rio eram amplos espaços abertos, e não tinha como ela ter se aproximado do lugar sem a gente ter visto se não fosse por magia. Ela vestia jeans e uma camiseta verde, e tinha cabelos longos e castanhos cuidadosamente trançados com capim do rio, com braços cruzados e uma expressão de desaprovação tão grande que me perguntei se ela aprendeu a expressão diretamente com a professora McGonnagall.
— Nem pensem nisso! — chiou ela, claramente furiosa.
— Você... — começou Percy, a olhando curioso — você é uma náiade?
A menina revirou os olhos
— É claro que eu sou!
— Mas você fala! E está fora d’água!
— E daí? Você nunca pensou que nós podemos agir como humanos se a gente quiser?
Percy piscou, surpreso, e olhou para nós com uma expressão de “pera, isso é verdade?”, mas eu e Loki apenas damos de ombros. As únicas náiades que eu e Loki tínhamos vistos eram as que estavam no Acampamento Meio-Sangue, e a única coisa que elas faziam eram acenar pra gente do fundo do lago de canoagem quando nós passávamos por lá.
— Ok, eu nunca pensei nisso, mas agora que você disse, é meio estúpido — admitiu Percy — nós só viemos perguntar...
— Eu sei quem vocês são — corou ela — E eu sei o que vocês querem. E a resposta é não! Não vou deixar meu rio ser usado de novo pra limpar aqueles estábulos imundos.
— Mas... — eu comecei
— Ah, me poupe, garoto do mar! Vocês deuses do oceano pensam sempre que são muuuuuuuuuito mais importantes do que um riozinho, não é? Bom, fique sabendo que essa náiade aqui não vai se intimidar só porque o seu papaizinho é Posseidon! Isso aqui é território de água doce, seus troxas! O último cara que me pediu esse favor era muito mais gato que vocês três, e foi o maior erro da minha vida!
— Só não somos mais gatos porque estamos no modo casual — argumentou Loki, parecendo ofendido — eu tenho certeza de que se a gente estivesse tentando de verdade a gente te convencia!
Percy e eu batemos a mão na testa em constrangimento.
— Nem em um milhão de anos! — gritou a náiade, o rosto se avermelhando — Você tem alguma ideia do que toda essa merda de cavalo faz no meu ecossistema? Por acaso eu pareço uma estação de tratamento de esgoto?! Meus peixes vão morrer, eu vou ficar com cocô de cavalo nas minhas plantas pelo resto da vida e vou ficar doente por anos! NÃO, MUITO OBRIGADA!
O modo dela de falar, como se estivesse nos acertando com uma metralhadora de palavras, me lembrou bastante Hermione. E, assim como Hermione, todos os pontos da náiade eram lógicos: ninguém iria ficar de boa se você jogasse toneladas de merda na casa da pessoa.
— Mas nossos amigos estão em perigo! — disse Percy
— Pena, mas não meu problema! — rebateu a náiade — vocês não vão arruinar o meu rio!
Ela parecia pronta pra lutar, os punhos cerrados, pés firmes e olhos estreitos, mas a voz estremeceu no final, e ao ouvir aquilo percebi que, apesar da atitude furiosa, ela estava com medo da gente. Provavelmente pensava que nós iriamos lutar contra ela pelo controle do rio, e três contra um não é uma vantagem boa. Eu de repente me senti como se fosse Duda ou Malfoy – um valentão imbecil que tenta fazer os outros se sentirem piores pra conseguir se sentir melhor, e minha boca ficou amarga. Eu não suporto valentões. Olhei chateado para meus irmãos, e eles pareciam compartilhar o pensamento, porque também pareciam chateados. Percy soltou um suspiro desanimado e sentou no chão.
— Tá bom, você venceu — disse ele. A náiade piscou, surpresa, o olhar indo de um irmão pro outro como uma bola de pingue-pongue
— É... É sério? — perguntou ela, hesitante.
— Não podemos lutar contra você — disse Loki, se sentando no chão do lado de Percy — seu rio é sua casa.
Ela relaxou os ombros e abriu um sorriso
— Ah, que bom! — exclamou, aliviada, mas depois voltou a posição de durona — ah, quer dizer... Bom pra vocês!
— A questão é que nós e nossos amigos vão ser vendidos pros titãs se nós não limparmos aquele desastre até o por-do-sol — eu disse, me sentando do outro lado do Percy e indicando o estábulo atrás de mim com o polegar — e não sabemos como fazer isso sem sermos comidos pelos cavalos. Você tem uma ideia?
Nós três olhamos para a náiade, esperançosos. Ela ficou quieta por um instante, parecendo meio na dúvida se ajudava a gente ou não, até que ela suspirou e colocou as mãos nos quadris, parecendo ter tomado uma decisão.
— Isso é pra ser um segredo, filhos do deus do mar. Peguem um pouco de terra.
Nós três a olhamos, confusos.
— O quê? — perguntou Percy, confuso. A náiade lançou um olhar afiado que de novo me lembrou da McGonagall
— Vocês me ouviram.
Imediatamente pegamos um punhado de terra e olhamos de perto. A terra era seca a escura, e tinha vários pontinhos brancos minúsculos que a primeira instância eu achei que era pedra, mas uma espécie de instinto me dizia que aquilo não era pedra coisa nenhuma.
— São pedaços de conchas — disse a náiade — conchas petrificadas. Há milhões de anos, antes do tempo dos deuses, e antes de Urano, quando apenas Gaia e Ponto reinavam, toda a terra, inclusive essa, ficava debaixo d’água. Fazia tudo parte do mar.
Olhei melhor para a terra e de repente vi o que ela queria dizer. Tinha pequenos pedaços que de alguma maneira eu sabia serem ouriços, conchas e moluscos no meio dos grãos. Até os pedacinhos de calcário tinham impressões de conchas do mar gravadas nelas.
— Certo, mas... O que a gente faz com isso? — perguntou Loki
— Vocês não são muito diferentes de mim, meio-sangues. Você pode sair da água, mas a água não sai de você. Ela é a fonte da minha vida. — Ela recuou, entrando no riu e sorriu para nós — espero que encontrem uma maneira de resolver isso — e se dissolveu em água.
— Ok, eu não sou burro, mas também não sou Hermione — eu disse — alguém entendeu o que ela quis dizer?
— Definitivamente não — disse Percy
— É quase como se fosse uma meia conversa — disse Loki — como se ela dissesse algo esperando que a gente soubesse de alguma informação extra que fizesse tudo fazer sentido.
— Bom, de qualquer jeito, acho que é melhor voltarmos pro estábulo e pensar num plano B — disse Percy — é um caminho longo.
— Eu posso voar com vocês até lá — eu disse, meus pés imediatamente desgrudando do chão — vai ser muito mais rápido!
— Você consegue carregar nós dois por tanto tempo? — perguntou Percy preocupado, e admito que ele tinha certa razão: os meus braços tinham sido deslocados a muito pouco tempo.
— Ele precisa carregar só você — disse Loki, sua forma parecendo tremular e encolher, até ele tomar a forma de uma cobra verde e se enrolou na minha perna — eu não peso quase nada desse jeito.
— Beleza, então vamos nessa! — disse Percy animado, erguendo os braços. Eu peguei nas mãos dele e o levantei, voando a toda velocidade até o estábulo, Percy soltando um “uhuuu” que reverberou pelas colinas. Apesar da distância, acho que chegamos até os estábulos em dois minutos. Mas nesse meio tempo que ficamos fora alguém tinha vindo alimentar os cavalos, porque eles estavam devorando carcaças de animais enormes. Não dava pra saber que tipo de animal era, e no fundo eu não acho que eu queria saber. O lugar tinha ficado ainda mais repugnante com cinquenta cavalos dilacerando carne crua.
Frutos do mar!, relinchou um quando nos viu, perfeito acompanhamento para a refeição! Entrem, estamos com fome!
— Vocês parecem estar sempre com fome — comentou Loki, enojado
Vocês podem nos ajudar com isso, respondeu o cavalo, fazendo parte da refeição!
— Alguma ideia? — perguntou Percy
— Não uma boa — eu disse — conheço uns feitiços para imobilizar ou desacordar o inimigo, mas nós primeiro teríamos que enfeitiçar um por um, o que iria demorar bastante, e eu não sei quanto tempo faria efeito neles, então corremos o risco deles voltarem a se mover e nos atacarem enquanto estamos limpando tudo.
Vamos adorar comer vocês! Concordou o cavalo, nos olhando com saliva cor de rosa pingando da boca sangrenta.
— Vira esse olho pra lá — reclamou Loki irritado, jogando alguma coisa na direção do cavalo, que desviou, dando gargalhada — cavalo imbecil...
E então ouvimos um barulho estranho, como um balão de gás que tinha sido furado. Olhei de volta para o estábulo e, no meio de uma montanha de esterco, tinha um minúsculo esguicho de água.
— Impossível — ouvi Percy dizer, embasbacado. Ele cuidadosamente se aproximou da cerca. — Cresça — o esguicho d’água virou uma fonte, a água jorrando com tanta pressão que chegava a ter um metro de altura, sem parar de fluir. Alguns cavalos curiosos se aproximaram para ver o que era, mas quando um tentou beber a água, ele imediatamente cuspiu dizendo que era água salgada.
— É água do mar — disse Percy, chocado — água do mar no meio de um rancho no Texas. Loki, o que você jogou? — perguntou Percy, com tom urgente
— O punhado de terra que a náiade pediu pra gente pegar — respondeu ele, ainda olhando surpreso para a fonte d’água. Percy imediatamente se ajoelhou e pegou um punhado grande de terra, remexendo dele até encontrar uma concha calcificada e atirando no estábulo. Outro esguicho d’água apareceu onde a conchinha aterrissou. Nos entreolhamos, animados.
— Rápido, peguem as conchas! — gritou Percy, atirando mais uma concha numa pilha de cocô. Nós três começamos a correr (tá, eu admito que eu estava voando. É só que é difícil ficar com o pé no chão quando você pode voar o tempo todo) por todo o perímetro dos estábulos, procurando conchas calcificadas pelo chão e atirando lá dentro, uma fonte de água salgada aparecendo toda vez que uma conchinha atingia o chão.
PAREM!, gritavam os cavalos, Carne é gostosa, mas banho é ruim!
— É só coisa da minha cabeça ou a água não está descendo a colina? — perguntou Loki, e olhando em volta percebi que ele tinha razão. A água simplesmente borbulhava em volta de cada fonte e depois penetrava no solo, levando a sujeira com ela. O estrume de cavalo se dissolvia na água salgada, deixando para trás apenas terra comum e molhada.
— MAIS! — gritou Percy, e eu imediatamente senti uma espécie de pressão no abdome, e as fontes de água explodiram, inundando o lugar. A água jorrava com tanta pressão que ia acima de cinco metros, os cavalos correndo de um lado para o outro desesperados conforme a água borrifava por todos os lados. Os montes de cocô começaram a derreter que nem gelo.
— Isso é incrível — disse, olhando a confusão com um sorriso gigante. A pressão na barriga começou a ficar cada vez maior, até doendo um pouco, mas era muito divertido ver toda aquela água salgada espirrando nos cavalos. Nós tínhamos feito aquilo. Nós trouxemos o oceano até aquela colina no meio dos estados unidos. A água estava em todo lugar, deixando os cavalos encharcados e alguns até escorrendo na lama, o cocô desaparecendo por completo, derretido, toda aquela água começou a virar uma centena de riachos que começaram a correr colina abaixo na direção do rio.
— Para! — gritou Percy para as fontes de água, mas diferente das outras vezes, elas não pareceram responder. A dor na barriga só aumentava, e se a gente não parasse aquelas fontes logo, a água salgada iria alcançar o rio da náiade e destruir a casa dela.
— Para! — eu tentei, mas meu grito pareceu fazer tanto efeito quanto o de Percy, a dor aumentando a cada segundo
— PARA! — gritamos nós três em uníssono, e de repente os gêisers pararam. Nós três desabamos no chão, completamente exaustos. O estábulo estava limpo e reluzente, apesar da lama no chão, e os cavalos estavam tão lavados que o pelo deles até brilhava. Até os restos de comida entre os dentes tinham sido levados pela pressão da água.
Nós não vamos mais comer vocês!, gemeram os cavalos, então por favor, sem mais banho salgado!
— Com uma... Condição — disse Percy, sem fôlego — De hoje em diante vocês só vão comer o que os seus tratadores te derem. Chega de comer pessoas. Caso contrário, a gente volta aqui com mais conchas do mar!
Os cavalos imediatamente começaram a fazer promessas de que seriam bons carnívoros dali em diante, mas tínhamos coisas mais importantes em mente: o sol já tinha começado a baixar.
— Você consegue nos levar até a casa do Geríon, Harry? — perguntou Loki, ofegante. Eu olhei para a casa ao longe e soltei um grunhido desanimado.
— Me dá só um minuto.
Ψ
— Eu não acredito! — reclamou Percy — o cretino está fazendo churrasco!
Realmente, ao nos aproximar da casa podíamos sentir o cheiro de churrasco. Soltei Percy, que imediatamente correu para dentro da casa, e Loki saltou da minha perna e voltou a forma humana, correndo atrás do nosso irmão. Eu segui os dois, dessa vez com os pés no chão. Assim que entrei, segui para o deque na lateral da casa, que estava arrumado para uma festa. Tinha faixas e balões decorando a cerca, e Geríon virava hambúrgueres em uma churrasqueira gigante feita com um velho tambor de óleo, defendendo a carne de Ortro, que farejava e olhava para elas salivando. Eurítion estava sentado em um canto na mesa, limpando debaixo das unhas com uma faca (eu espero que ele não use essa faca pra comer), e do lado dele estavam nossos amigos jogados no chão, amordaçados e com tornozelos amarrados nos pulsos. Aquilo devia ser super desconfortável.
— Solta eles! — disse Percy — Nós limpamos os estábulos!
Geríon se virou e meus irmãos estreitaram os olhos. Se eu não estivesse acostumado com as roupas berrantes dos bruxos (principalmente Dumbledore) eu também teria feito isso: cada tórax de Geríon tinha um avental estampado de xadrez com cores extremamente berrantes. No peito do avental verde-limão tinha a palavra BEIJE escrita em letra de forma preta, no magenta tinha a letra O e no amarelo marca-texto estava escrito COZINHEIRO.
— Vocês limparam? — perguntou Geríon, chocado — agora? Como conseguiram?
— Primeiro usamos magia pra limpar o esterco da parte de fora — comecei — mas não conseguíamos fazer isso na parte de dentro porque os cavalos queriam comer a gente.
— Então fomos até o riacho próximo conversar com a náiade pra ver se ela podia nos ajudar — continuou Loki — Mas ela não queria que nós usássemos a água do rio dela, porque aquela quantidade de estrume iria ser venenosa pra ela.
— Só que não precisamos porque somos filhos de Posseidon e ela nos ensinou como criar fontes de água do nada — finalizou Percy — transformamos o estábulo em um lava a jato gigante e ficou tudo limpo.
— Muito engenhoso — disse Geríon, parecendo impressionado — Teria sido melhor pra mim se vocês envenenassem a náiade, mas no fim isso não tem importância.
— Agora solta nossos amigos — disse Percy — fizemos nossa parte do acordo, agora você tem que cumprir a sua.
— Ah, eu estive pensando no assunto — disse Geríon, virando outro hambúrguer na grelha — o problema é que, se eu soltar vocês, eu não recebo o dinheiro.
— O quê!? — perguntei, furioso
— Mas você prometeu! — protestou Percy
— Quebra de contrato — disse Loki em nórdico, a voz gélida ecoando pela casa inteira.
E então a cabeça de Geríon explodiu como um balão.
Percy pulou assustado para longe.
Nossos amigos gritaram.
O corpo de Geríon caiu no chão que nem um saco de batatas.
Loki soltou um assobio impressionado.
Eurítion continuou limpando as unhas.
Eu vomitei no vaso de plantas mais próximo.
Ortro roubou a carne da churrasqueira.
— O que foi isso!? — perguntou Percy chocado
— É ISSO QUE ACONTECE QUANDO VOCÊ QUEBRA UM CONTRATO MÁGICO?! — perguntei, nervoso. Era aquilo que ia acontecer comigo se eu não tivesse participado no Torneio?! Quantas tentativas de homicídio eu tinha tido aquele ano!?
— Não todo contrato — disse Loki apressado — quando eu fechei o contrato com ele, a minha penalidade era pra acontecer com ele o que ele iria querer fazer com a gente.
— Qual seria a nossa penalidade? — perguntou Percy, nervoso.
— A gente ia ser vendido, lembra? — perguntou Loki — mas ele não falou qual penalidade ele teria se não cumprisse o acordo, então eu pude escolher qualquer coisa. A culpa não é minha se ele não perguntou qual era a penalidade dele.
Percy olhou em volta do deque, alarmado
— Ele nunca ia cumprir o acordo — disse o nosso irmão — Tão vendo a decoração de festa? Ele está esperando o pessoal do Luke chegar.
De repente, o corpo de Geríon começou a se levantar, uma cabeça nova crescendo do pescoço.
— Bela tentativa, filhinho — riu ele — mas não vai funcionar. Esses tórax não são só de enfeite, sabe? Eu tenho três corações, é o sistema perfeito de backup! — ele se virou novamente para a churrasqueira — Eurítion, mate esses três, eles interromperam o meu churrasco.
Eurítion ergueu os olhos, encarou nós três por um segundo e depois voltou a atenção para as unhas:
— Mata você.
Geríon se virou, as sobrancelhas erguidas.
— Como é?
— Você ouviu — retrucou ele, irritado — você fica me mandando fazer seu trabalho sujo toda hora, vive provocando brigas sem motivos e eu estou cansado de morrer por você. Se quer tanto lutar contra os garotos, luta você mesmo.
Eu e meus irmãos nos entreolhamos surpresos. Não tive tanto tempo de contato com os filhos de Ares, mas eles me pareciam ser o tipo de pessoa que adoravam se meter numa briga.
— Você ousa me desafiar!? — brigou Geríon, largando a espátula com força na churrasqueira — Eu devia te demitir agora mesmo!
— Vai em frente, quem vai cuidar do seu gado? — rebateu Eurítion, categórico.
— Está bem, então! — disse Geríon irritado — cuido de você depois que eles estiverem mortos. Ortro! Ataque-os!
Mas Ortro estava muito mais preocupado em terminar de comer toda a carne roubada da churrasqueira.
— Imprestáveis! Está bem, eu mesmo cuido disso! — ele pegou duas facas de trinchar e atirou na direção de Percy, que estava mais próximo. Ele desviou da primeira, puxou a tampa de Contracorrente e redirecionou a segunda com a espada, que saiu voando e se fincou na mesa, pertíssimo do cotovelo de Eurítion, que ainda limpava a sujeira das unhas. Soltei Accio do pescoço e abri Protego, vendo Loki estalar Sowilo com o canto do olho.
Vamo nessa minha gente, tô pronto pro barraco! Disse Protego animado.
O que é aquilo na cara dele? Perguntou Accio, chocada
É um bigode, disse Isa com sua voz serena, não combina nem um pouco com ele.
Percy atacou com Contracorrente, mas Geríon bloqueou com um atiçador de metal incandescente e tentou espetar o rosto dele com um garfo de churrasco. Me reposicionei usando o talento de voo e lancei o gancho de Accio na direção do garfo.
Não vai não!, gritou Accio quando eu puxei a corrente da boleadeira e segurei o garfo de churrasco com o gancho, puxando-o com força para trás. O monstro cambaleou um pouco para trás, e foi a abertura que Percy precisava para atravessar Contracorrente no peito do tórax do meio, fazendo Geríon gritar e cair de joelhos, derrubando a churrasqueira e espalhando carvão incandescente pelo chão. Ouvi um grito abafado e, olhando na direção dele, vi que um carvão tinha caído muito perto do rosto de Annabeth, e que Tyson estava tentando se soltar das cordas com todas as forças, mas por causa da posição que tinha sido preso não estava tendo muito sucesso. Se demorássemos demais naquela briga, nossos amigos poderiam se machucar.
— Isso doeu, pivete — rosnou Geríon, se levantando do chão. Pelo buraco que Contracorrente fez nas costas da camiseta de Geríon, pude ver que o golpe já tinha se regenerado. Voei para perto dos meus irmãos.
— Precisamos sair daqui — disse para Loki em voz baixa, apontando para o carvão que tinha caído perto de Annabeth — se não nossos amigos podem ser pegos no fogo cruzado.
— Eu já te disse, meio-sangue — riu Geríon quando Percy atravessou a espada no tórax esquerdo — isso não vai funcionar!
Loki então correu até os dois, agarrou o braço de Percy e saiu correndo para dentro da casa.
— Covardes!!! — gritou Geríon — Voltem aqui e morram com honra!!!
— Honra é pros imbecis! — gritou Loki de volta, entrando na sala de estar. As parede eram decoradas com troféus de caça empalhados, com cabeças de vários animais diferentes, uma vitrine cheia de armas, um mostruário com espadas e um arco com uma alijava. Numa das paredes tinha uma lareira, o que não fazia sentido nenhum na minha opinião por causa do calor absurdo, com uma poltrona grande e extremamente estofada de couro marrom. Um sofá de couro bem comprido estava próximo de outra parede, e no meio da sala tinha um grande tapete de pele de urso. A sala só tinha uma outra porta, e ela estava trancada.
— E agora? — perguntei
— Eu não sei, ele não para de se regenerar — disse Percy
— Ele deu a entender que é por causa dos corações — disse Loki, apressado — precisamos atingir os três ao mesmo tempo para ele não se regenerar.
Geríon entrou correndo na sala de estar, mas imediatamente parou e começou a olhar para todos os lados
— Onde vocês estão!? — gritou ele — Eu sei que ainda estão aqui! Eu consigo sentir o cheiro de vocês!
Confuso, olhei para meus irmãos e vi Loki colocar o indicador nos lábios como um gesto de silêncio. Foi aí que eu entendi que ele tinha usado o truque de luz na gente, e que estávamos invisíveis para Geríon. O gigante parou no meio da sala e cheirou um pouco o ar, se virou na nossa direção e jogou o garfo de churrasco, que se fincou na parede com um ruído surdo, assustadoramente próximo da cabeça de Percy.
— Eu posso não enxergar vocês, mas vocês não enganam meu nariz! — gritou ele, andando até o mostruário de espadas na paredes e puxando uma em cada mão — Vou pendurar suas cabeças na minha parede, Jacksons! Ali do lado do urso!
Loki abriu um sorriso torno e fez um gesto com a mão. Imediatamente a cabeça de urso que Geríon tinha se referido começou a cantar.
I see a little silhouetto of a man...
Geríon se virou em direção do som, espadas erguidas em triunfo, mas sua expressão virou uma de confusão quando viu o urso cantante
Scaramouche, Scaramouche, will you do the Fandango?, cantaram todas as cabeças empalhadas em coro. Aproveitando a distração e que o som dos animais cantantes abafava o som dos nossos passos, Percy abriu Recife, correu até ficar atrás de Geríon e jogou o escudo como se fosse um freesbee, atingindo a parte de trás dos joelhos enormes e fazendo-o desabar de costas no chão.
— Petrificus Totalus! — gritei, puxando a varinha, e os braços de Geríon se grudaram as laterais do corpo, as pernas se juntaram e ele ficou parado no lugar, olhando o teto com olhos arregalados.
— Juntos no três! — disse Percy, correndo na direção do inimigo caído
— TRÊS! — gritamos em seguida, pulando os dois números anteriores, e eu perfurei o gancho de Accio no peito do tórax direito de Geríon ao mesmo tempo que Percy enterrava Contracorrente no coração do tórax do meio e Loki perfurava o tórax esquerdo com as garras afiadas de Isa.
O rosto de Geríon adquiriu um dom doentio de verde, e ele começou a se dissolver em areia, até que tudo o que restava dele eram as roupas de cores berrantes e as enormes botas de caubói.
— Nós conseguimos? — perguntei cauteloso, só para confirmar.
— Dessa vez sim — disse Percy, se levantando — quando eles viram pó é porque acabou.
— Vamos soltar o pessoal — disse Loki, sacudindo a mão com a manopla para tirar o pó de monstro dela.
Corremos de volta para o deque e desamarramos os nossos amigos, e nem Ortro nem Eurítion tentaram nos impedir.
— Um viva para os Jacksons! — comemorou Tyson
— Podemos amarrar esse vaqueiro agora? — perguntou Nico
— É! — concordou Grover — e o cachorro também, ele quase me matou!
Nos viramos para Eurítion, que ainda estava sentado no mesmo lugar na mesa. Ortro aparentemente tinha terminado sua refeição e descansava as duas cabeças no colo do filho de Ares. Me senti desconfortável com a ideia de amarrar Eurítion, já que ele de certo modo ajudou a gente. Teria sido praticamente impossível lutar contra ele, Ortro e Geríon.
— Quanto tempo vai levar para Geríon se refazer? — perguntou Percy
— Sei lá, uns cem anos? — respondeu o vaqueiro — Ele não é desses que se refazem rápido, graças aos deuses. Vocês me fizeram um favor.
— Você disse que tinha morrido por ele antes — eu disse, confuso — como isso é possível?
— Eu trabalho para aquela aberração já a uns mil anos. Comecei como um meio-sangue comum, mas uma hora meu pai ofereceu imortalidade e eu como um idiota aceitei. Foi o pior erro que eu já cometi. Agora estou preso aqui nesse rancho e não posso ir embora, nem pedir demissão. Eu só cuido das vacas e luto no lugar de Geríon. De certo modo, estamos presos um ao outro.
— Talvez você possa mudar isso — disse Percy. Eurítion estreitou os olhos.
— Como?
— Bom, cem anos é bastante tempo, não é? — perguntou Loki — quando ele voltar vai ser você que vai estar mandando em tudo.
— É, e animais mágicos são inteligentes — eu disse, me lembrando do Bicuço e Edwiges — se você for bom com os animais, eles vão ficar do seu lado, não dele.
— Parar de vender todos como alimento e parar as negociações com os titãs me parece um ótimo primeiro passo — concluiu Percy — quem sabe, quando Geríon voltar, é ele que vai trabalhar pra você.
Eurítion sorriu
— Eu gostei das ideias.
— Então... — começou Grover — você não vai tentar nos impedir de ir embora?
— Claro que não — disse o vaqueiro, acariciando Ortro
Annabeth esfregou os punhos machucados, olhando desconfiada para Eurítion.
— Seu patrão falou que alguém pagou para que nós passássemos em segurança. Quem foi?
— Eu não sei — disse ele, dando de ombros — só fiquei sabendo sobre isso no momento que ele falou. Talvez ele só tenha dito aquilo para enganar vocês, porque ele estava planejando vender todos vocês depois que fizeram o acordo do estábulo.
— Tá, mas e os titãs? — perguntei
— É, eles não estão vindo pra cá nos buscar? — perguntou Percy.
— Não, eles não sabem de nada ainda — disse Eurítion — Geríon ia mandar uma mensagem de Íris depois que o churrasco ficasse pronto.
Nico nos fuzilava com os olhos. Antes de encontra-lo eu ia sugerir que ele viesse com a gente e ficasse no Corujal, mas depois que vi a animosidade que tinha com o Percy, não gostava muito da ideia. Ao mesmo tempo, ele era muito novo pra ficar perambulando pelo Labirinto sozinho.
— Você poderia ficar aqui até nós finalizarmos a missão — disse Percy — assim você ficaria em segurança até a gente te buscar depois e te levar pro acampamento.
— Seguro? — rebateu Nico, a voz cheia de asco — Você nunca nem ligou pra minha segurança! Minha irmã morreu por sua causa!
— Nico — disse Annabeth — aquilo não foi culpa do Percy. E Geríon não estava mentindo sobre o Cronos querer capturar você. Se ele soubesse quem você é, faria de tudo pra levar do lado dele.
— Mas eu não estou do lado de ninguém! — disse ele — E não tenho medo!
— Mas devia ter! — retrucou Annabeth — Sua irmã não iria querer...
— Se você se importasse tanto assim com a minha irmã — cortou Nico — me ajudaria a trazer ela de volta!
— Uma alma por uma alma? — perguntou Percy, cauteloso.
— Sim!
— Mas se não era a minha alma que você queria...
— Não vou explicar nada pra você! — brigou Nico, mas pude ver que ele estava tentando segurar as lágrimas, e não pude deixar de sentir empatia. Se eu pudesse trazer os meus pais de volta e ter certeza de que seriam eles, eu provavelmente faria. Até onde eu sei nenhum bruxo conseguiu trazer os mortos de volta a vida de uma maneira que não fosse uma imitação barata da pessoa que se foi ou uma perversão da ordem natural, mas com Nico sendo filho do deus dos mortos, ele provavelmente tinha uma chance bem maior de sucesso do que qualquer bruxo na terra — E eu vou trazer a minha irmã de volta!
— Bianca não ia querer voltar! — disse Percy — não desse jeito!
— Você mal a conhecia! — gritou Nico — Como pode dizer o que ela gostaria ou não?
Fez-se um silêncio desconfortável por uns segundos, até que Percy disse:
— Porque a gente não pergunta pra Bianca?
Ã, é impressão minha ou o céu pareceu escurecer de repente?
— Eu tentei — disse Nico, parecendo infeliz — mas ela não responde.
— Tenta de novo. Eu acho que ela vai responder, com a gente aqui.
— Porque ela faria isso? — perguntou Nico, ofendido.
— Porque ela tem nos mandado mensagem de íris — disse Percy, e eu e Loki o olhamos surpresos. Então era ela que mandou as mensagens na fonte do chalé! — Ela vem tentando me avisar o que você está fazendo, para que eu possa te proteger.
— Isso é um absurdo — disse ele, sacudindo a cabeça
— É, mas só tem uma forma de descobrir, não é? — disse meu irmão
— Você disse que não tem medo — apontou Loki quando Nico pareceu hesitar.
— Tá bom — disse ele — eu vou tentar.
— Vamos precisar de um buraco, parecido com um túmulo — eu disse, olhando para Eurítion
— E comida e bebida — ajuntou Percy.
— Percy — disse Annabeth em tom de advertência — eu não acho que isso é uma boa ideia.
— Não é uma boa ideia — concordou Loki — mas precisa ser feito.
— Tem um buraco aberto lá atrás, para a fossa séptica — disse Eurítion pensativo, coçando a barba — acho que dá pra usar. Garoto-ciclope, pega o isopor com gelo na cozinha. Espero que os mortos gostem de uma breja.
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