“Eu estou te dizendo… Nós nunca mais vamos voltar.”
We Are Never Ever Getting Back Together, Taylor Swift
Ok.
Sobre aquela noite com o Frank, eu… Ah, eu preciso me retratar. Às vezes eu tenho uma ideias que parecem ótimas na hora, mas depois acabam dando muito errado. Não que tenha sido uma noite ruim. Foi muito bom, e ele realmente rasgou ainda mais a fenda do meu vestido, coisa que eu gostei mais do que deveria, e nós fizemos duas vezes seguidas um sexo muito mais selvagem do que geralmente fazíamos, e eu tive um orgasmo muito longo e gostoso, mas… O problema é que eu dormi por lá, sabe? Cansada demais e, novamente, pareceu uma ótima ideia.
Eu e essas ideias…
Eu nua nos lençóis do Frank depois de um evento que eu mesma planejei com afinco. Tipo, ótima ideia. E ele é mesmo uma boa companhia. Nós conversamos bastante sobre mim, sobre ele, e aí dormimos.
Resumo: me remexi a noite toda porque não estava na minha cama, e toda hora tinha que tirar o braço dele da minha cintura. Quando eu finalmente adormeci de fato, ele veio todo fofo me acordar dizendo que fez um café especial. Delicioso e lindo.
E aí ele soltou, meio que no ar, que eu era uma das pessoas mais especiais da vida dele.
Esse tipo de coisa sabe me assustar.
Tive que perguntar o que ele queria dizer com aquilo, pois eu precisava muito saber se estávamos nos dando bem todo esse tempo terminando pois pensávamos da mesma forma ou se era apenas uma maneira dele continuar envolvido comigo. Frank jurou que sim, que pensávamos igual… até jurar que não. E é foda, sabe. Eu não quero magoar ninguém, seja intencionalmente ou não. Então precisei terminar nosso término de vez.
Às vezes temos medo de encerrar alguma coisa da nossa vida por simplesmente não sabermos mais como é a vida sem aquilo, só que não é justo continuar infeliz apenas por medo.
Lá no fundo, Frank não me ama. O que acontece é que ele acha que pode amar. A gente realmente se dá muito bem e isso realmente poderia acontecer, contudo seria apenas unilateralmente. Eu nunca me imaginei caindo de amores por ele, e tinha certeza de que o cenário do amor recíproco não poderia acontecer.
Não quis refletir internamente nos motivos para eu ter tanta certeza assim, senão eu acabaria ainda mais enrascada.
Tive que frisar algumas coisas para ele. Ele frisou que eu era complicada e que tinha que me desprender de traumas antigos pra seguir minha frente. A gente se magoou um pouquinho e chorou, né, isso é o clássico de quando você termina um relacionamento não nomeado com alguém.
Eu podia culpar a TPM pelas várias lágrimas que desciam do meu rosto enquanto via a figura loira indo embora após me deixar em casa, é claro. Mas eu nem estava na TPM realmente, e não era um daqueles choros escandalosos em que a gente arranca uns soluços grotescos. Eu só queria... Extravasar. E assistir Frank indo embora pra valer foi o gatilho perfeito.
Adeus, sexo ocasional mediano.
Adeus, sensação de incompletude emocional.
Adeus, pizzas gostosas.
Adeus, Franklyn. Vou realmente sentir sua falta, mesmo que não seja por você que eu choro.
...
Aquiles chegou em casa puto por ter visto a famigerada foto que Frank postou comigo no Instagram.
Sim, uma foto com texto de término e tudo. Agora sim é pra valer.
— Achei que você tivesse bloqueado ele. — eu falei, confusa, e meu irmão riu debochadamente.
— Eu tinha bloqueado, mas aí pensei "nossa, e se minha irmã trouxa acabar voltando com esse otário?". Que bom que um de nós usa o cérebro!
— Me dá um tempo, garoto. Você sabe ser um saco.
— Sério, Anna Louise? — Aquiles retrucou e parou bem a minha frente, parecendo genuinamente irritado. Eu gostava desse instinto protetor nele, porque era uma das únicas vezes em que parecia que éramos irmãos e que nos amávamos muito. Eu detestava que ele se desgastasse demais com os estudos, e aí o acompanhava em festas. Já Aquiles... Bem, ele pagava de irmão mais velho protetor, mesmo sendo o mais novo. — Ele não é gente pra você, e não é porque ele é pizzaiolo ou algo assim, é que...
— Eu sei. — murmurei e desviei dele, caminhando até a cozinha. Apanhei um papel toalha e assoei o nariz. Além do choro, eu parecia estar resfriada agora. — Terminei com ele anteontem e foi feio. Hoje ele me ligou e nós nos acertamos, mas sem voltar, sabe, só pra cada um seguir seu caminho em paz. Aí ele postou uma foto com um texto de gratidão, sabe, coisas clichês de caras heteronormativos que não querem que pensem que ele levou um chute.
Aquiles agora estava com as sobrancelhas arqueadas e uma cara de curioso que eu não gostava nem um pouquinho.
Quando ele sentou-se na bancada e apoiou os cotovelos lá, gostei menos ainda.
— Nem vem. Não vou entrar em detalhes. — alertei de antemão, assoando o nariz de novo.
— Você me deve isso. Eu tive que conviver com aquele idiota.
— Você se acha muito superior, pelo amor de Deus. — rolei os olhos.
— Eu sou. — ele me sorriu convencido, pendendo a cabeça para o lado. — Só por ter aguentado esse cara por dois anos indo e vindo aqui, mereço um prêmio.
Nossa. Dois anos.
— Foi tudo isso mesmo? — perguntei encabulada. Não parecia algo tão sério até acabar.
— Ou mais. Desde que mudei pra cá já tinha um Franklyn pra conversar no café da manhã. — Aquiles deu por ombros.
— Ok, então ele ter postado um textão com uma foto no Instagram faz mais sentido agora. — eu refleti em voz alta, ainda assimilando tudo aquilo, e Aquiles riu da minha cara, é claro.
— Único cunhado que tive na vida e era justo o Franklyn Parson. Melhore, Anna Louise.
O olhei com desgosto, mas então me lembrei que Franklyn não tinha sido o único.
— Teve o Harry Styles. — falei, apertando os lábios.
— Eu nem me lembro dele. — Aquiles retrucou, balançando a mão como se o descartasse.
— Bom… — agora eu mordi os lábios, hesitante sobre falar. Aquiles tinha ido ao evento na Fletcher, mas, se não se lembrava do Harry mesmo, ele havia passado despercebido. E eu meio que tinha ficado com o Harry enquanto estava num pseudo relacionamento com o Franklyn. E se é pra ser honesta, meu irmão é meio que a pessoa que mais sabe sobre meus relacionamentos atualmente, tirando a Mariah. — O Styles trabalha na Fletcher. Sabia dessa?
— Seu namoradinho de ensino médio? — Aquiles fez uma careta ao constatar.
— Huh, sim. — cruzei os braços, agindo pessimamente na tentativa de ser despretensiosa.
— Vocês se veem muito?
— Todos os dias. — lamentei. Não sei se era por ter que ver Styles constantemente ou por vê-lo e não poder dar um beijo bem dado pelo menos uma vez no dia. — Ele meio que me ajudou a criar o projeto de revitalização da empresa. É chefe da Contadoria agora.
— Caralho, Anna.
Estreitei os olhos pelo palavrão.
— Mas o projeto tá em andamento há mes…— Aquiles parou, ligando os pontinhos. — Você tá trabalhando com seu ex há meses!
— Eu tô. Aham.
— E ele tá sendo, tipo, seu braço direito. — meu irmão prosseguiu no raciocínio, incorporando uma pose meio Sherlock Holmes.
— Algo assim. — respondi a contragosto.
Aquiles adotou uma postura ereta, de policial investigador.
— Ele é casado?
— É... Não? — respondi, confusa.
— Ele saiu do armário? — ele estreitou os olhos, incisivo.
— Não. — murmurei.
— Talvez tenha saído do armário e você não sabe… — jogou no ar, despretensioso.
— Definitivamente não.
E a burra mordeu a isca.
— Há! — ele apontou, vitorioso. — Você terminou com o Frank por causa dele!
O olhei com ultraje. Francamente. Eu sou um pouco problemática, mas sou bem, beeeeem melhor que isso.
— Não, Aquiles. — respondi, tossindo, um pouco cansada de todo aquele interrogatório. — Eu terminei com o Frank porque não tínhamos mais para onde ir. Era tudo muito mediano, inclusive o sexo, e eu cansei de estar "meio" comprometida com as coisas, um pé dentro e um fora, então dei um fim nisso.
É. Pareceu uma resposta coesa pra mim. E o bacharel em História também não estava insatisfeito, o que era ótimo. Significava que era hora de ir dormir e pensar com carinho na minha pequena porém madura frase acima.
— Vou tomar um banho e apagar. Preciso melhorar desse resfriado.
— Tá bom. — Aquiles respondeu, levantando-se da bancada e caminhando até mim. — Te faço um chocolate quente com um pouco de menta pra dar uma melhorada na sua garganta.
O encarei por alguns segundos até decidir dar um sorriso em agradecimento.
@parsonfrank via Instagram
Tem gente que marca nossa vida.
Se durasse algumas semanas ou mais alguns anos, não faria diferença nenhuma. Anna foi pra mim um divisor de águas e me ajudou a crescer em todas as áreas possíveis. Ela foi luz em momentos de dúvida, foi arte em exposições engraçadas, foi vermelho em noites de amor. Obrigado mesmo por decidir ficar por perto por tanto tempo e me mostrar o quanto eu posso ser brilhante e como posso ajudar os outros a se descobrirem brilhantes. O que você fez por mim… eu quero muito fazer por alguém um dia. Fomos lindos amigos, belos amantes e espero que possamos ser boas memórias agora. Com certeza, se puder, sei que seremos ótimos amigos.
Você é simpática.
Você é poderosa.
Você é gostosa demais.
Você é… você.
Eu nunca vou conseguir te esquecer.
Você sabe que sempre vai ter uma parte de mim te esperando.
Carinhosamente, seu Frank.
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