Passou-se uma semana desde o acordo, parecia que tudo estava passando rápido de mais e de uma forma estranha, pensou Mccree. Hanzo não evitava o contato com ele mas também não ia falar com ele sempre. Aquilo estava incomodando o pistoleiro que se sentia na obrigação de ajudar o japonês.
Os dois estavam tomando chá juntos, algo que o Shimada insistiu em fazer todos os dias depois que almoçavam e Mccree aprendeu a gostar depois de três dias provando chás diferentes e muito mais amargos do que estava acostumado. Ao ouvir um bufar descontente do outro, Hanzo levantou o olhar e perguntou:
- O que o incomoda?
- Não é nada que deva se preocupar.
Hanzo rosnou sob o chá, era óbvio que tinha algo errado e a teimosia do cowboy não o deixaria saber o que era. Ele botou a xícara sobre a mesa com certa força e olhou mais uma vez para o outro, que engoliu em seco.
- Mccree. O que o incomoda? - Ele perguntou novamente.
- Você. Você me incomoda.
O olhar ferido que passou pelos olhos de Hanzo fez Mccree quase derrubar seu chá. Ele tratou de explicar antes que sua cabeça rolasse no chão.
- O mês está passando rápido, e eu não vejo evolução em você. Eu quero vê-lo evoluindo e se tornando alguém melhor, mas você foge das minhas lições quando tem chance. Me incomoda que talvez eu saia daqui com a mesma opinião a qual entrei.
Mccree bebeu o resto do seu chá e seu olhar era pesado, ele realmente queria que Hanzo visse o que estava fazendo de errado, mas ele não podia ajudá-lo se ele não queria ajuda. E isso o deixou pior ainda, sua primeira missão havia fracassado e a segunda estava se aproximando disso também.
O arqueiro suspirou e botou a mão nos cabelos curtos, pensando.
- Me ensine como ser alguém melhor, então. Eu estou a sua mercê até o fim do mês, Mccree.
- Eu não sou um santo, você sabe - ele riu - Mas eu vou tentar, querido.
Eles terminaram seu chá e Mccree não esperou muito para começar a primeira lição. Se levantando e pegando a mão de Hanzo, ele o levantou também e saiu andando pelo castelo segurando sua mão.
- Ei! O que você está fazendo?!
- Nossa primeira lição, vamos nos vestir e vamos ao cinema.
- E o que isso tem a ver comigo me tornando alguém melhor?
- Eu não sei. É somente uma desculpa pra te levar ao cinema - ele riu - Brincadeira, você vai sorrir e ser gentil com quem o cumprimentar, quero ver como se comporta ao lado das pessoas desconhecidas.
- Para um mercenário, você é muito inocente.
- Eu tive um bom treinamento.
Eles se vestiram e Mccree levou Peacekeeper escondida, eles não poderiam ficar sem nenhuma proteção e Hanzo não podia levar o arco. Saíram com confiança, mas logo o pistoleiro percebeu que o japonês parecia arisco às pessoas e se grudava ao seu lado como se sua vida dependesse disso. Como um ato tranquilizador, ele passou o braço na cintura do outro, que pareceu confuso.
- Novamente, o que você está fazendo?
- Tentando te acalmar. Você parece um gato, rosnando para as pessoas e chiando para as manter longe. Se eu fizer isso, vai acalmá-lo? - Ele apertou com mais força e o trouxe mais para perto.
Apesar de quase invisível, um rubor podia ser visto no rosto pálido de Hanzo.Porém, ele pareceu relaxar com o aperto e botou suas mãos nos bolsos como um sinal de que estava tudo sob controle. Mccree sorriu e eles caminharam até o destino deles, até uma criança passar correndo e trombar no japonês. A criança caiu.
Hanzo suprimiu a vontade de xingar a criança e Mccree se agachou na frente dela com um olhar preocupado.
- Hanzo, traduza pra mim. Você está bem?
A criança olhou confusa para Mccree e Hanzo traduziu como foi pedido, de repente os olhos do menino se encheram de lágrimas e ele falou algo baixinho para Mccree.
- Ele disse que sim, mas está com medo de mim.
Mccree entendeu perfeitamente porque a criança estava com medo de Hanzo, o homem era conhecido por todo o Japão e não era uma fama muito boa. Foi o momento perfeito para fazer Hanzo se redimir, nem que seja um pouquinho.
- Querido, venha falar com a criança.
Com um rolar de olhos, Hanzo pegou o lugar do pistoleiro e passou a falar com a criança em seu idioma.
- Desculpe-me se o assustei, criança. - O olhar do homem era vazio.
- Tudo bem, só peço que não me machuque por esbarrar no senhor - O menino limpava as lágrimas e Hanzo suspirou.
- Escute, eu não vou machucá-lo, estou tentando ser uma pessoa melhor.
- Eu acho que está funcionando - A criança riu e Hanzo deu um mínimo sorriso.
- Aquele idiota americano ali está me obrigando a isso. - Ele entrou na brincadeira do menino.
- Ele parece estar fazendo um bom trabalho, senhor. Eu acho uma boa ideia recompensá-lo mais tarde.
- Tem certeza de que não está trabalhando com ele? - Hanzo arqueou uma sobrancelha, com divertimento.
- Nunca vi o homem na minha vida. - O menino sorriu e começou a se levantar - Mas todos merecem ser recompensados por um bom trabalho.
- São sábias palavras para uma criança.
- Obrigado, senhor. Agradeça ao americano também, ele parece estar confuso sobre o que estamos falando.
Hanzo olhou para Mccree e se divertiu ao ver a confusão estampada no rosto do cowboy. Quando ele olhou novamente a criança já havia ido embora, então ele se levantou e se aproximou de Mccree.
- A criança disse obrigado a você.
- Sobre o que estavam falando? - Eles voltaram a caminhar.
- Nada importante, mas ele me deu uma ideia.
- Oh, posso saber do que se trata?
- Não.
Mccree riu e voltou a botar seu braço na cintura de Hanzo, que se sentiu protegido de alguma forma. Eles foram ao cinema logo sem seguida e sem mais interrupções. Ao saírem já estava mais escuro e tiveram que apressar o passo até o castelo, a última coisa que queriam era serem atacados de noite.
Mccree deixou Hanzo na porta do quarto dele.
- Foi muito bem para a primeira vez, querido. - Ele sorriu.
- Eu espero que nas próximas eu me saia melhor, afinal eu quase xinguei a criança.
- Agora não importa. Eu vou estar treinando se precisar de mim, eu ainda tenho que relatar esse dia para Gabriel depois, eu te vejo na janta?
- Talvez eu vá treinar com você, mas por agora, nos vemos na janta.
Mccree ia sair quando o japonês o parou e o puxou para perto, dando um beijo rápido na sua bochecha e fechando a porta logo em seguida. Mccree ficou parado por cinco minutos até entender o que tinha acontecido e por alguma razão que desconhecia ele sorriu que nem um idiota pelas próximas horas.
Na sala de treinamento dos Shimada, ele pensou que aquele dia não poderia ter sido melhor e uma sensação boa percorreu seu corpo quando ouviu os passos de Hanzo atrás de si, se preparando para atacá-lo.
- Não vai conseguir me pegar de surpresa com passos tão pesados, Hanzo.
- Você não tem graça, pistoleiro.
Mccree riu e se virou, Hanzo estava com uma roupa diferente e um pequeno sorriso no rosto, desafiando Mccree.
- Claro que tenho, você só não percebeu ainda.
E então Mccree pulou em Hanzo e tentou imobilizá-lo, mas com fracasso. Ele apenas foi jogado no chão pelo braço com força total e caiu com um suspiro. O japonês foi para cima e prendeu os dois braços de Mccree acima de sua cabeça e se sentou na barriga do outro, quase o deixando sem ar.
- Você não é muito bom em combate corpo a corpo, Mccree.
- Eu sou um pistoleiro, eu não fui feito para combates assim - Ele riu e não tentou resistir - Sabe, querido, você fica muito atraente quando está em cima de mim.
Dessa vez ele pôde ver com clareza a vermelhidão tomando conta do rosto de Hanzo e ele riu mais ainda com isso, mas ele não mentiu sobre aquilo.
- Não fale bobagens, cowboy!
- Oh, eu consegui deixar Hanzo Shimada sem graça? Que honra. Você fica adorável corado, Hanzo.
A cada palavra dita, o japonês ficava mais vermelho e seu aperto diminuía consideravelmente. Mccree aproveitou isso e trocou as posições, ficando por cima e o prendendo com seu peso mas sem o machucar.
- Ah Shimada… Em apenas uma semana você conseguiu me deixar louco por você. Deus, eu estou tão fodido.
Ele riu com divertimento e Hanzo o encarou.
- Eu sou a pior pessoa que você poderia ter escolhido para isso - Hanzo virou o rosto para o lado.
- Agora quem está falando bobagens é você - Ele sorriu e virou o rosto do outro para olhá-lo nos olhos.
De repente, Mccree se levantou e puxou Hanzo pelo braço o levantando também, então fez um breve carinho nos cabelos negros com a mão livre.
- Vamos, está na hora da janta e eu acho que você iria odiar se atrasar.
- Isso é jogo sujo, Mccree.
- Eu sei, querido. Mas não consigo evitar.
Os dois sorriram e foram para a janta. Felizmente estava muito bom e eles não tocaram mais no assunto que havia acontecido a momentos atrás, não precisavam conversar sobre isso enquanto não tivessem certeza do que estava acontecendo.
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