Durante a tarde, foi Mccree que teve que sair e deixar Hanzo sozinho no castelo. Ele recebeu uma chamada de Gabriel dizendo que um outro assassino foi enviado para matar Hanzo, e não era da Blackwatch.
Ele tinha que agir sozinho para eliminar o assassino antes que ele chegasse ao castelo do Shimada, mas achar um assassino no meio de tanta gente não era fácil, ainda mais em Hanamura. Porém, ele era Jesse Mccree e não deixaria ninguém chegar a nem cem metros daquele castelo.
Mccree ficou quieto enquanto seguia um suspeito que estava se aproximando cada vez mais do lugar, apesar do cara parecer realmente que poderia matar alguém, Jesse deixou ele ir embora quando virou a esquina e entrou numa lojinha de conveniência.
- Eu vou ter que ficar de tocaia o dia todo, não é?
Ele pensou enquanto subia num telhado que dava para ver o perímetro todo da residência, muitas pessoas chegavam perto, tiravam fotos, saíam e não desconfiavam de que eram observadas por um vigilante muito empenhado. O cowboy mantinha Peacekeeper em mãos, embora elas tremessem de antecipação.
Demorou uma hora apenas para alguém muito suspeito aparecesse ali, era uma mulher e Mccree não gostava de nenhuma mulher do Japão com exceção de Mari e as empregadas do castelo. Caitlyn foi uma péssima influência para a visão dele sobre as mulheres daquele país e ele já não confiava naquela ali.
Ela era mais baixa que a média, cabelos negros médios e vestia um moletom cinza com uma calça leggin, uma cara fechada e ameaçadora, mas de certa forma a moça era comum aos olhos de alguém desavisado. Ela ficou parada na frente do imenso portão de madeira por alguns minutos e sorriu maliciosamente.
O pistoleiro já tinha sua assassina bem ali, mas ele ainda precisava estudá-la, saber como ela planejava fazer aquilo e só aí eliminá-la.
De repente ela saiu de perto do portão, pegou um celular e digitou um número. Mccree logo se apressou para pegar uma escuta de alto alcance e assim poder ouvir o que aquela japonesa planejava.
- O alvo está no lugar correto, infelizmente a organização norte americana sabe que eu estou aqui, eu preciso dos meus equipamentos e poderei entrar lá com facilidade e exterminar de uma vez o Shimada.
A voz da mulher era forte e decidida, porém com uma pitada de insanidade e Jesse não gostou nada disso. Além do fato dela saber que estava sendo monitorada pela Blackwatch, aquilo não cheirava nem um pouco bem para ele.
Ela saiu, obviamente o pistoleiro a seguiu por cima dos prédios e tentou não a perder de vista. Ao vê-la entrar num bar, ele desceu pela parte de um beco e entrou lá também, pedindo um sakê para disfarçar. Se sentou num banquinho que dava a vista perfeita da mulher e tomou sua bebida num gole, felizmente ele tinha se acostumado com o gosto mais adocicado do sakê.
A japonesa falou com o barman e ele permitiu a entrada dela na área restrita do lugar, Mccree xingou mentalmente por não poder segui-la lá também, mas sua raiva passou em seguida quando ela voltou com uma katana nas costas. Mccree supôs que aquilo era comum no Japão e por isso ninguém se assustou ao ver aquilo, mas ele os achava malucos por nem prestar atenção numa mulher armada.
- Obrigada - A voz da morena não tinha emoção, Jesse se convencia cada vez mais de que ela tinha sérios problemas.
Quando ela estava saindo, parou de repente e olhou para trás. Não vendo nada que achasse suspeito ali, continuou sua saída. Mccree agradeceu aos deuses por isso e pagou seu sakê, saindo do bar alguns minutos depois dela, tendo certeza que ainda podia ver para onde estava indo. Claramente era o exato caminho que ela fez anteriormente para chegar ao castelo, pois parecia que já fazia aquilo a muito tempo.
Já era fim de tarde quando ela chegou ao portão, com facilidade impressionante ela escalou-o sem que ninguém prestasse atenção. O que Mccree estranhou profundamente, afinal era um lugar movimentado e tinham várias pessoas passando por ali, talvez fosse só ele que conseguisse vê-la. Não querendo chamar a atenção dos civis, o cowboy fez a volta no castelo e entrou por uma porta dos fundos que ele tinha acesso, Hanzo o havia dado as chaves caso precisasse entrar em situações de urgência.
Ele alertou os guardas para que mantivessem descrição e que tinha uma assassina dentro do castelo, o chefe da guarda, cujo era um homem de idade e com vários cabelos brancos espalhados pela cabeça, passou a informação para os outros e mais deles se espalharam pelo lugar, guardando cada porta e janela.
Infelizmente o pistoleiro não tinha como alertar Hanzo, pois se entrasse lá afastaria a assassina, que com certeza o notaria e saberia que a Blackwatch estava a caçando. Ele também não tinha um celular com ele, já que só pegou o que veio na cabeça na hora que foi comunicado. Apesar de ser muito inteligente, Mccree não enxergava o óbvio de vez em quando.
Ainda usando a escuta, ele ouviu passos leves e apressados passando pelo jardim e seguiu o som até ver a mulher correndo nas sombras, um estilo de luta que lembrava Genji. Sua mira estava muito boa naquele momento, porém ele decidiu errar de propósito apenas para alertá-la. O efeito desejado foi alcançado, a morena parou ao ouvir um tiro passando perto de sua orelha.
- Quem está aí? - Era uma pergunta idiota que Mccree não estava disposto a responder.
- Saia imediatamente do castelo Shimada!
Ele agradeceu à Moira por lhe dar um modulador de voz, pois assim a mulher não saberia reconhecê-lo. Sem sair de onde estava, ele falou de novo:
- Se der mais um passo em direção a Hanzo Shimada diga adeus ao seu pé, flor.
Ele debochou e apontou a arma para a trajetória que o pé dela faria se desse alguns passos. A morena não parecia assustada, mas apreensiva, o que encheu Mccree de orgulho, afinal ele estava protegendo seu amado muito bem naquele momento.
- Como saberei que não vai me matar agora mesmo?
Outra pergunta idiota, ele pensou e bufou para si.
- Não saberá.
E ele atirou bem no peito dela, mas a bala voltou para onde ele estava quase o acertando e ele viu que ela defendeu a bala, a morena defendia e tornava os projéteis ofensivos, igual a Genji. E Jesse se perguntou se eles não tinham mais em comum do que apenas os movimentos de luta.
- Quem te enviou? - Ela não parava de fazer perguntas tolas, Mccree já estava de saco cheio delas.
- Deus menina, você não sabe calar a boca?
Ele disparou mais um tiro na frente dos pés dela, que pulou de susto. Aparentemente ela não era tão profissional quanto o pistoleiro pensava e isso o acalmou um pouco, Hanzo não corria um perigo tão grande, mas ele não podia subestimá-la.
- Pare de atirar, inferno! - Ela esbravejou e logo em seguida botou as mãos na boca se repreendendo e Mccree riu baixinho.
- Você não é muito profissional, não é mesmo? Atacando a luz do dia, falando alto e mostrando suas habilidades para o inimigo.
- Não sei quem é você e é melhor se mostrar logo antes que eu te corte ao meio! - Parecia que a moça não ligava mais para a descrição que aquele trabalho necessitava.
- Ah querida, você não conseguiria nem chegar perto de mim.
Botando os dedos no microfone que estava ligado a sua garganta, ele falou alto para todos os guardas ouvirem:
- Ela está no jardim, cerquem-na e eu cuido do resto.
E em poucos segundos os guardas apareceram dos telhados do castelo, todos armados e perigosos, aos poucos foram fazendo um círculo em volta da mulher, que olhava para todos os lados numa tentativa de fugir, mas percebendo que não conseguiria ela apenas olhou diretamente para onde Mccree estava.
- Saia daí! - A voz raivosa da mulher fez o cowboy rir.
- Ok, princesa.
E desligando o modulador de voz, ele saiu da sombra onde estava e se aproximou, o círculo de guardas deu espaço para ele e Jesse ficou cara a cara com a morena. Ela o olhava com raiva e segurava sua katana com tanta força que os dedos chegavam a ficar brancos.
- Jesse Mccree ao seu dispor. - Ele pegou o chapéu da cabeça e segurou junto ao peito, com um sorriso debochado.
- Então é você que se passou pelo guarda-costas do Shimada aquele dia, eu deveria saber que era suspeito ele vir de novo na reunião depois de tantos anos!
- Oh, espera aí docinho. Você estava lá? Me parece pouco provável.
- Seu filho da puta! - Ela foi avançar com a espada para cima dele, mas Mccree foi mais rápido e apontou sua pistola.
- Não não, dê mais um passo e essa cara bonitinha explode, e eu odiaria limpar tudo.
Ela rosnou, Mccree continuou seu interrogatório.
- Bem… Quem diabos é você?
- Eu não preciso responder!
- Eu acho que precisa sim. - Ele apontou para a testa dela.
Mccree não precisou que nada saísse da boca da menina, porque assim que ela ia falar, um Hanzo com uma cara muito furiosa apareceu atrás do círculo e os dois temeram por suas vidas.
- EMI YAMADA, VOCÊ ESTÁ ENCRENCADA!
Hanzo esbravejou, era a primeira vez desde que Mccree chegou que ele tinha ouvido Hanzo exclamar algo de uma forma tão raivosa, ele realmente se sentiu muito pequeno perto daquela aura nada feliz que o japonês transmitia.
- Oi...Tio.
Ela estava encolhida e com a cabeça baixa, os guardas abriram espaço para Hanzo passar e ele ficou na frente da moça. Depois virou para Mccree, que se encolheu também.
- Não se preocupe, Mccree, você fez o certo. Fico feliz que não tenha atirado na minha sobrinha.
- Não me falou sobre isso, eu pensei que ela estava aqui para te matar!
- Ela tenta, mas acho que não sabia que você estava aqui.
- Como assim a sua sobrinha tenta te matar?! Tradição de família é?! - Mccree estava muito confuso e Hanzo sorriu com isso.
- Eu explico depois, por agora eu vou levar essa delinquente irresponsável para o quarto dela! - Ele esbravejou de novo e saiu andando, dispensando os guardas e nem precisando pedir para que Emi o seguisse.
Jesse andou rapidamente até o lado de Hanzo, virando levemente a cabeça para trás pra ver a moça o olhando com raiva. Ele sorriu debochando novamente, fazendo um símbolo de arma com a mão e apontando para ela.
- Jesse, não provoque minha sobrinha.
Hanzo nem precisou olhar para saber o que estava acontecendo e Mccree não queria ficar em maus lençóis com o Shimada, então apenas se virou para frente e o acompanhou até o quarto da menina, que ele nem sabia que existia até aquele momento. Quando Hanzo abriu a porta, ela entrou sem falar nada e a porta foi fechada logo em seguida.
- Agora, você pode me explicar tudo isso? - Mccree estava encarando o menor.
- Vamos para meu quarto, ela não sairá daí até amanhã. - A raiva na voz de Hanzo era quase palpável e Mccree estava com medo.
Eles seguiram caminhando calmamente até o quarto e se sentaram perto um do outro na cama de casal que havia no centro do cômodo, com um suspiro longo, ele começou a explicar.
- Como você sabe, Genji e eu somos os únicos filhos de Sojiro. Porém antes de… Você sabe, Genji tinha engravidado uma namorada, isso gerou muita discórdia entre o clã e decidiram deixar o sobrenome da criança igual ao da mãe para que o Japão não ficasse assustado ou escandalizado com a notícia de um novo Shimada tão cedo. A mãe de Emi morreu no parto e Genji ficou destruído naquele dia, eu ainda lembro do quanto ele chorou por aquela mulher. Mas nós criamos Emi como uma verdadeira Shimada, apesar do mundo não saber da existência dela. Até agora ela não pode controlar os dragões, mas eu tenho certeza de que logo vai conseguir. Genji assumiu o compromisso como pai mesmo jovem como era, e como pôde ver ele a ensinou tudo que sabe.
Mccree prestava atenção e se perguntava por que Genji não tinha contado ao seu melhor amigo que tinha uma filha.
- Emi é uma pessoa maravilhosa, ela vem todo ano me visitar, mesmo sabendo do que eu fiz. É a melhor sobrinha que eu poderia pedir - Ele sorriu. - Esse ato de tentar me matar somente faz parte de seu treinamento, que eu mesmo apliquei. Claro que ela nunca conseguiu e deve ter ficado muito frustrada de ser interrompida por você.
- Não tinha como eu saber que era só um treinamento! - Ele justificou e Hanzo apenas botou a mão no ombro do maior, com um sorriso compreensivo.
- Eu sei, e aprecio o fato de ter tentado me proteger. Foi muito fofo de sua parte.
- Não fiz nada menos que minha obrigação para com você.
Mccree o puxou para um beijo rápido e o olhou de perto, com compaixão e um pouco de preocupação.
- Parece que ela não gostou muito de mim - Ele riu.
- Eu tenho certeza que não, mas você tem duas semanas para consertar isso. Eu peço que Emi continue sendo um segredo, não quero que a Blackwatch descubra sobre ela, poderia fazer isso por mim?
O cowboy pensou um pouco, a menina poderia ser uma boa aliada para a organização no futuro, mas por agora ele faria o que Hanzo pediu. Mais tarde ele iria falar com Genji sobre isso também.
- Claro que sim, docinho.
- Obrigado, eu vou conversar com ela, você quer ir junto para gerar uma impressão melhor?
- Eu acredito que ela não vai querer me ver agora. Justo a pessoa que frustrou seu treinamento. Quando ela estiver mais calma, me chame.
Os dois sorriram e Hanzo saiu do quarto, deixando o americano para desabar na cama e pensar tudo o que aconteceu naquele dia. Muito tempo foi gasto com o fato de que o clã Shimada não terminava em Genji e Hanzo, e ainda mais tempo pensando em como conseguiram esconder isso do mundo tão facilmente.
Uma coisa que intrigava o pistoleiro era como ele não tinha lembrado do rosto da mulher naquela festa, será que ele não a viu, do mesmo jeito que os civis não a viram escalando o portão em plena luz do dia? Ele achava improvável, mas não descartou a ideia.
O dia havia sido estranho e cheio de descobertas, felizmente ninguém saiu machucado. Mas a exaustão física em Mccree não ia embora e ele fechou os olhos, esperando ser acordado pelo moreno depois de algum tempo. Com calma ele aspirou o cheiro nos lençóis, cheiravam como Hanzo e isso pôs um sorriso em seu rosto, com certeza ele adorava aquele mafioso adorável. Pensando nisso, ele adormeceu de uniforme e tudo, nem seu chapéu foi tirado.
Hanzo demorou a entrar no quarto novamente, já era de noite quando ele voltou e sentiu pena de acordar o maior, então apenas deitou ao seu lado e o abraçou, deixando para falar com ele sobre Emi no dia seguinte.
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