Pela manhã, Kamijo estava se sentindo ótimo. Abriu os olhos estranhando a claridade e as cores pastéis da cama, arregalou os olhos olhando ao redor notando o lustre de cristal, a janela com cortinas cor salmão de Voil, o tapete felpudo e claro.. as roupas delicadas ainda no chão. Foi daí que entendeu, não foi um sonho, era realidade, uma doce, maravilhosa e ferrada realidade, como deixou aquilo acontecer? Como pôde ser tão imprudente e irresponsável? Não podia negar que foi uma experiência maravilhosa, mas aquilo não deveria acontecer nem em um milhão de anos.
Se ergueu vestindo suas roupas que estavam dobradinhas na escrivaninha ao lado, Hizaki tinha lavado a seco assim que despertou, olhou em volta cheirando sua camisa antes de vestir, tinha o cheirinho gostoso das roupinhas de Hizaki.
Caminhou ate a cozinha vendo seu anfitrião apenas com uma camisa tamanho extra G que ficava parecendo um vestido, era branca e pela luz da janela podia se apreciar as curvinhas de Hizaki ali dentro, ele deu uma esticadinha pra frente revelando um pouquinho os fundinhos, céus! Estava sem nada ali em baixo. O loiro andrógino se virou encarando seu convidado, sorriu docemente antes de se aproximar e lhe dar um beijinho demorado nos lábios, e quem disse que Kamijo resistiu? Não dava pra resistir a aqueles lábios de morango.
-Dormiu bem meu vampirão?
-Dormi sim obrigado, e por que vampirão?
- Talvez por isso..
Exibiu a coxa toda mordida, nem seu traseiro escapou quem dirá o restante do corpo. Os filhos do Sol não cicatrizavam instantaneamente como os da Lua, eles tinham uma cicatrização muito mais lenta por fora e corriam risco de até ter marcas para sempre, era o caso de Masashi, suas cicatrizes de guerra nunca foram embora e ele preferia assim.
-Nossa.. desculpa..
-Não tem problema, eu gostei.
Hizaki voltou a preparar o café servindo tudo bonitinho a mesa, o loiro se sentiu nostálgico, eram ovos mexidos com torradas amanteigadas e bacon, sua mãe fazia isso para si quando era criança e tinham uma condição melhor no feudo em que viviam. Estava cheiroso e apetitoso, em um pratinho de porcelana com uma caneca da Hello Kitty ao qual Hizaki tinha acabado de servir seu leite com chocolate, Kamijo comeu tudo mostrando com suas feições como estava delicioso fazendo seu moranguinho sorrir satisfeito antes de se sentar ao seu lado para comer.
Foi uma manhã maravilhosa, comeram juntos, viram um episódio de Bob esponja que passava na TV e então acabaram fazendo amor no carpete da sala nem ligando se os vizinhos poderiam ver com a porta da sacada aberta.
Hizaki teve de ir trabalhar na sua floricultura e Kamijo voltar correndo pra casa feito um louco, havia levado flores para colocar na cozinha como sempre, já pensava em uma mentira boa o suficiente para enganar Mana, mas cada coisinha que formulava na mente ia direto para Hizaki e seu cheirinho de frutas vermelhas. Não estava conseguindo se concentrar.
Chegou em casa já entrando e colocando as flores no vaso de vidro da bancada, cantarolava ajeitando as lindezas ali, pegou um copo com água da torneira as molhando com jeitinho, estava nas nuvens,flutuando, quando se virou quase teve um AVC com Mana na porta de braços cruzados, estava com um rosto nada amigável e uma camisola longa, aparentemente roubou de algum set de filmagem para invocação do mal apenas com a finalidade de assombra-lo, porque o susto foi imenso mesmo não parecendo.
- Oi Mestre!
-Oi Kamijo, onde esteve noite passada?
Mana comentou sem rodeios, Kamijo nunca passou uma noite fora em toda sua vida.
-Eu.. estava no clube dos safados dos filhos do Sol, e sim o senhor matou um deles, teve funeral... e.. teve uma cerimônia, com flores e um monte de discursos, demorou bastante.
Nem sabia, nem tinha ido mas a mentira caiu bem.
-A noite inteira?
-Eu.. me senti tão inspirado que saí para causar um pouco de dano na comunidade.
-Sei.. então tudo bem, oque acha de irmos ao cinema hoje?
-Ah bem.. não é uma boa ideia porque.. porque vai ficar lotado e o senhor não gosta de lugares lotados, mas que tal vermos algo na Netflix? ou na HBO o senhor não viu a oitava temporada de game of Thrones, podemos ver juntos oque acha?
Sugeriu, o cinema era literalmente ao lado da floricultura de Hizaki, e Hizaki estava lá então a probabilidade de se encontrarem era de 95% deveria evitar isso a todo custo pelo bem da humanidade e de sua própria pele.
-Ah.. é verdade! Tudo bem então, você pode comprar pipoca mais tarde?
-Sim mestre
- Excelente! Agora.. vem aqui
Mana deu meia volta para a sala de estar e Kamijo o seguiu com receio, seu mestre era uma cobra traiçoeira e isso as vezes lhe dava um acovardamento, antes não lhe incomodava tanto mas agora incomodava muito pois estava escondendo coisas dele, coisas deliciosas com cheiro de morango, mas muito perigosas.
Mana removeu a camisola feia e se atirou nos braços do loiro, lhe beijou o pescoço e lhe tocava com doçura, kamijo estava corado, deslizava a mão pela cintura branca e macia de seu mestre que ainda era seu amado apesar de tudo, embora.. estivesse com o coração dividido. Passou sua vida inteira amando e sendo devoto a seu mestre, sentimentos simplesmente não somem.
- Me senti tão sozinho sem você querido, achei que iria morrer sem estar em seus braços durante a noite fria.
Dizia dengoso com uma voz em um tom de mágoa, não estava realmente magoado, estava bravo, com raiva, sabia que Kamijo mentia e isso o irritava profundamente, como aquele loiro burro não conseguia entender que Mana o conhecia com a palma de sua mão? Sabia quando ele mentia ou escondia algo de si, mas.. também sabia fazer com que ele confessasse ou também se matasse de remorso.
Sentia o cheiro doce das roupas dele, mesmo quando a arrancou continuou a sentir, e o pior? Na pele dele, estava em todo canto, em exatamente TODOS os lugares possíveis. O beijou e um gostinho familiar invadiu seu paladar, seu sangue ferveu mas não podia demonstrar isso, não ainda. Fizeram sexo durante horas naquele sofá escuro, Kamijo deu graças por não ter causado nada de ruim lá fora pois Mana não estava forte o suficiente para lhe arrebentar todo durante o ato. Não foi ruim, na verdade foi excelente! Se sentia um sortudo por ter estado com uma princesa das flores na noite anterior e uma rainha das trevas no dia seguinte, era errado? Era! Mas não deixava de ser muito bom.
O dia foi um tormento para Mana, o lorde queria o estrangular pela mentira deslavada e pela cara de pau mas fez isso, pois a vingança é um prato que se come frio. Assistiram e comeram juntos pipoca e outras guloseimas, toda vez que kamijo colocava algo na boca, o encarava rezando para que o mesmo engasgasse até ficar roxo. Torcia para do nada receber um poder telepático e estrangula-lo só com a mente.
Os dias que se sucederam foram só piorando pro lado de Mana. Kamijo apenas prejudicava pessoas realmente muito ruins, usava seu tempo no clube para saber sobre ladrões, estupradores, pais abusivos e assediadores de plantão. Quando a noite caía obviamente ia se engraçar com Hizaki, na madrugada corria atrás de algum humano mal caráter para extingui-lo da face da terra, parecia um justiceiro fantasma, até brincava consigo mesmo que logo iria se vestir como o Batman. Não demorou para aparecerem nas notícias sensacionalistas na TV sobre um cara ou outro encontrado degolado, esfaqueado, jogado do precipício e etc.. os números de "suicídio" também aumentaram ,pois Kamijo aprendeu a usar suas habilidades para assombrar estupradores que foram inocentado$. Isso causava sofrimento aos familiares das vítimas mas por outro lado causava alívio a maioria da população, Mana não estava doente mas estava menos forte do que costumava ser. Kamijo testava isso durante o sexo, se Mana o machucasse era porque precisava tirar umas férias do trabalho de justiceiro, caso não, era porque a rotina estava funcionando. E o mais velho nem sequer notava isso, estava envolvido demais com seus próprios projetos para perceber.
Mana sentia que esganaria Kamijo a qualquer momento, pois o mesmo ficava com um cheiro adocicado a cada dia que se passava, mesmo quando questionado ele disse que trocou de amaciante ou que era por conta das flores que sempre trazia para casa, Mana sabia que não era isso e que ele estava se engraçando com alguém, mas quem? O cheiro era familiar porém não conseguia se recordar a quem pertencia, podia ser a moça da perfumaria, o rapaz da cafeteria ou aquele bonitão da biblioteca, podia ser qualquer um. Mas acabou por descobrir acidentalmente em uma noite.
Kamijo e Hizaki tinham muitos encontros juntos, eles iam a museus, cinemas, restaurantes e lojas, passaram até a ir no mercado juntos comprar comida pra casa de Hizaki, pareciam um casal de verdade. Kamijo se sentia cada vez mais apaixonado pelo filho do Sol, ambos se divertiam juntos, tinham os mesmos assuntos, gostavam de praticamente as mesmas coisas e necessitavam de um amor verdadeiro, algo real e duradouro sem nenhuma forma de abuso. Um completava o outro.
A única coisa que impedia Kamijo de pedir Hizaki em namoro era seu mestre, não conseguiria esconder Hizaki de Mana por tanto tempo e também não poderia abandona-lo, seu relacionamento com Hizaki não tinha futuro, não poderia haver um futuro, era difícil admitir , mas cedo ou tarde teria de dar fim a aquele mundo dos sonhos. Hizaki até jogava indiretas querendo ir até onde Kamijo morava e o mesmo se fazia de desentendido ou dava desculpas mirabolantes que só conseguia inventar na hora.
Em um desses passeios Mana os encontrou juntos, estava no shopping procurando o presente de Natal de Kamijo em uma loja de artefatos antigos, analisava um elmo de cavaleiro quando os viu adentrar o recinto, se escondeu atrás de uma árvore natalina enorme os observando com atenção. Notou as mãos dadas, os chamegos e a forma que conversavam, olhavam os objetos com atenção, Kamijo amou um kit mata vampiro do século 18 exibido nas vitrines com fechadura, ele não disse mas seu olhar fixo na peça e seus dedos inquietos demonstravam isso. O casal saiu logo depois de comprarem um jarro delicado para a mesa da ceia deixando um Mana entupido de ódio para trás.
Como Kamijo pôde? Ele era seu rival, seu arqui-inimigo dês de.. oras dês de sempre! O plano era matá-lo não o encher de beijos e apelidos fofinhos, estava tão furioso que amassou o elmo medieval em mãos de puro aço apenas com os dedos. Respirou fundo e então colocou o objeto danificado no lugar. O vendedor o olhou meio abismado.
-Você vai pagar por isso..
-E por que? Se paga por segurar um objeto?
-Você o danificou?
-Como eu o danifiquei? Isso é aço, já sentiu o peso disso?
O homem foi até a peça a segurando, era realmente pesada, não dava para um ser humano amassar com os dedos.
-Sim, desculpe, confundi com outra peça.
-Sem problemas.. mas eu vou querer um negocinho da vitrine, o senhor embala em papel de presente?
Foi até o kit mata vampiro que Kamijo e o comprou, ele teria uma linda surpresa de natal, o kit e outra coisa muito mais interessante.
Mana estava ansioso, sua cabeça maquiavélica já estava tecendo um plano maligno entre as engrenagens, enquanto carregava o presente já embaladinho até o carro, sorria satisfeito, conhecia Kamijo o suficiente para saber que ele nunca lhe contaria seu segredo e sim tentaria esconder até que não pudesse mais, era isso que ele fazia na infância e continuava a fazer até depois de adulto. Seu plano, era faze-lo sentir remorso, sentir vergonha e implorar por perdão enquanto sentia cada pingo de dignidade que possuía ir embora de uma vez, e teria isso, oh se teria!
Em casa, Mana preparou um jantar romântico e vestiu algo bonito após tomar um banho e passar óleos perfumados em sua pele macia, penteou os cabelos e colocou uma maquiagem leve. Foi até o cantinho do quarto preparar uma misturinha especial com alguns ingredientes peculiáres , bebeu e pronto!
Kamijo chegou sentindo o aroma gostoso de frango grelhado de longe, entrou na sala de jantar vendo uma mesa circular decorada e com a comida já servida em uma bela louça além de velas, mas o mais perfeito era Mana, estava divino com aquele vestido simples, modesto mas que deixava evidente as meias com cinta liga, parecia uma linda bonequinha.
-Uau! Isso tudo é para mim?
-É sim querido.
O loiro se sentou a mesa, Mana lhe massageou os ombros e lhe serviu além de ficar por perto lhe mimando e dengando, kamijo até pensou ser efeito de seu trabalho de justiceiro, talvez punir pessoas realmente ruins deixasse seu mestre mais doce e gentil. Coitado!
Os dois fizeram sexo a noite toda, de forma ardente e despudorada como costumavam fazer anteriormente, podendo usar o máximo de suas forças sem importar com nada e nem mais ninguém. Kamijo estava tão envolvido em desejo, que nem mesmo reparou em seu mestre estar mais gostoso que o comum, suas ancas estavam mais firmes, as coxas e os quadris mais fartos, seu interior estava 6x mais apertadinho e acolhedor, uma tentação completa, e tudo isso servia para um propósito.
Os dias prosseguiram "normalmente" na cabeça de kamijo, estava conseguindo conciliar os dois relacionamentos bem, ajudou Hizaki e os demais filhos do Sol com a decoração de natal e a árvore, também ajudou Mana com essa mesma tarefa exatamente como estavam acostumados a fazer, comprou o presente do mestre e dos filhos do Sol que agora também eram seus amigos, tudo ia perfeitamente bem. A não ser por um breve detalhe, Hizaki ainda dava umas rapidinhas com Masashi uma vez em nunca, isso porque seu pique sexual era 3x mais intenso que de um humano comum, oque resultava em crises loucas de tesão desenfreado, principalmente agora que estava saindo com Kamijo e não podia despejar tudo nele, acreditava que o mataria porque era humano. Ao menos uma vez por semana Masashi lhe ajudava com isso,pois só ele dava conta do recado, já tentou com Jasmine e não deu certo, Teru nem se fala.
Geralmente, filhos de astros sabiam exatamente como satisfazer um ao outro em um nível atípico, por isso normalmente se envolviam apenas entre si para evitar conflitos.
Hizaki não escondeu suas rapidinhas de Kamijo e se incomodou um pouquinho quando o loiro não pareceu se importar, mas Kamijo se importou e muito, ferveu de ciúmes, mas não era como se pudesse dizer isso, não eram nada, só ficantes, e ficantes tinham outros ficantes, transava com Mana não podia cobrar lealdade de Hizaki, seria hipocrsía de sua parte.
Estava faltando exatamente 5 dias para o Natal e o presente do universo para Hizaki estava para ser descoberto. O mesmo estava em casa quando sentiu tontura e mal estar, vomitou algumas vezes estranhando, filhos do Sol não adoecem, cogitou que talvez comeu algo estragado. Ligou para Jasmine e este lhe trouxe um remedinho, preparou um chá entregando em uma caneca nas mãos de Hizaki, juntamente com um comprimido. O andrógino bebeu e repousou um pouco no sofá, mas nada de passar, Jasmine estranhou aquilo e decidiu fazer um outro tipo de chá, dessa vez com ingredientes especiais misturados cuidadosamente até finalmente se tornar um cházinho transparente como água, o levou em uma xícara para Hizaki, o mesmo não quis beber pois achava a ideia absurda mas Jasmine insistiu até que tomasse tudo.
Quando Hizaki foi ao banheiro a água ficou cor de rosa, Hizaki quase teve um derrame e caiu pra trás, sorte que Jasmine o segurou antes que batesse a fuça no chão, aquilo só podia ser brincadeira! Jasmine fez mais quatro xícaras daquele chá especial e todos continuaram da cor rosa no vaso. Hizaki estava incrédulo, como deixou aquilo acontecer?
-É oficial Hizaki, você está esperando um bebê.
Jasmine comentou deixando o andrógino estarrecido, mas como? por que? Era o inferno! Só podia ser de Masashi, um filho dos astros só pode engravidar de outro, acreditava que Kamijo era humano, então só podia ser de Masashi. Era uma pena que o bebê fosse um híbrido e não filho de dois filhos do Sol, Masashi sempre se precaveu e Hizaki nunca usou preservativos com kamijo.
Um pouco Longe dali Kamijo sorria ao lado de seu mestre, os dois estavam conversando sobre coisas banais enquanto redecoravam a casa,gostava desses momentos família em que discutiam qual cor de fita ficaria melhor e se colocariam ou não neve falsa na árvore. Kamijo abraçou Mana lhe dando um beijo na bochecha, o mesmo retribuiu o ato o puxando para o divã no meio da sala, se beijaram um pouco e trocaram carícias suaves até Mana se ajeitar no colo do loiro com um sorriso enorme no rosto, isso não era comum oque preocupou muito Kamijo.
-Oque houve?
Já ficou preocupado achando se tratar de outro assassinato, tomara que tivesse matado o Masashi desta vez.
-Eu.. ia deixar para lhe contar no Natal mas, eu acho melhor contar agora para podermos celebrar com mais entusiásmo.
-Ah, tá bem.. pode dizer.
kamijo estava com o coração quase saindo pela boca, suspeitava que o orgão faria um buraco no seu peito só com suas batidas intensas, quem será que foi desta vez? Teru? Jasmine?
Mana se ergueu, foi até a árvore trazendo de lá uma caixinha escura, lhe entregou ansioso para ver a reação do pupilo. Kamijo abriu a caixinha revelando um frasco com líquido rosado, conviveu com inúmeros filhos da Lua, então sabia oque aquilo ali significava. Era um teste de gravidez e Mana estava esperando um bebê.
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