O fim de semana me deixou ansiosa. Ryan e eu visitamos Mikene. Ela ainda me parecia a mulher mais linda do mundo, embora não usasse suas roupas formais e nem passasse mais maquiagem, o que de fato, a fazia parecer uma adolescente.
-Mikene... Você parece uma adolescente sem maquiagem.
Ela riu alto.
-Eu sei, é por isso que uso maquiagem!
Ryan sorriu.
-O julgamento é depois de amanhã, estarei pronto para qualquer coisa. - Anuncia.
-Obrigada, Ryan.
-Não há de quê. Já sabe o valor que me deve.
-Você é um desfalque, Lewis.
-É um preço justo.
-Maika, saque algum dinheiro e pague esse carinha...
-Quanto, Mikene?
-Setenta mil ienes.
Encarei Ryan.
-Advogados cobram caro dessa forma?
-Hahaha.
-Não. Mas esse cara é dos bons.
-Eu nunca te contratarei.
-Isso doeu.
-O meu bolso dói ao ouvir esse preço.
-Tudo bem, setenta mil não é tanto.
Ryan e eu encaramos Mikene.
-Cale-se. - Dizemos em uníssono.
Depois de conversar.mais um pouco, Ryan saiu. Me restavam vinte minutos com a Mikene.
-Queria poder te tocar. -Ela diz.
-Você é uma pervertida.
-Sei que me quer também, querida.
Mostro a língua para ela.
-Posso aguentar mais dois dias.
-É difícil, mas sim, espero que seja liberta disso.
-Claro.
O sino toca. O primeiro turno de visitas chegou ao fim. Nos sábados, as visitas eram por turnos. Havia um grande pátio onde os presidiários se sentavam e conversavam com seus familiares e amigos.
Abraço Mikene. Duas mulheres altas e musculosas se aproximam.
-Essa é a sua garota? - Pergunta a negra alta.
Me viro e as olho.
-Ela é fofa. - Diz a mais baixa.
-Sim, e eu também acho. Maika, essas são Jhenny e Blair.
-Prazer em conhecê-las. - Eu sorrio e troco um leve abraço e beijos no rosto com elas.
-Por que estão aqui?
-Homicídio. - Diz Jhenny.
-Acusada por um roubo que não cometi. - Blair, a loira diz.
-Há quanto tempo?
-4 anos.
-3 anos.
-Entendo. No que trabalham...? Ou trabalhavam...
-Estava no ramo imobiliário. - Jhenny comenta.
-Trabalhava num cabaré.
Arqueei as sombrancelhas.
-Qual a idade de vocês?
-32. - Jhenny diz, incerta.
-30. - Blair diz.
-Não aparentam estar na casa dos 30. - Digo.
-E você? Tem dezenove, vinte?
Ri.
-Dezesseis.
Elas se assustam.
-O quê?! - Blair exclama.
-E namora essa velha? - Jhenny aponta Mikene. Eu sorri.
-Pessoas mais velhas são mais maduras.
-Quando se cansar dela.... - Jhenny começa. - ...Te acho bem atraente.
-Obrigada. - Eu corei de leve.
-Wah, que fofa. - Blair repete.
-Quando ela se cansar de mim, Jhenny, pode ter certeza que ela não vai te procurar.
Jhenny apenas sorriu de canto. Beijei Mikene.
-Preciso ir.
-Onde vai?
-Preciso fazer um favor para os meus pais. - Digo. -Te vejo segunda-feira no tribunal. - Acaricio seu rosto.
-Certo... - Ela morde levemente meu lábio inferior durante um beijo.
-Segurar vela pra você. Como é bom ser jovem. - Jhenny revira os olhos.
Eu aceno para ela e Blair e me curvo.
-Até mais, foi um prazer conhecê-las! - Eu saí, apressada e liguei para o Eiichi-kun.
-Sim?
-Já pegou seu avião?
-Não, embarco às oito.
-Certo. Te pego no aeroporto às 15.
-Até logo, Mai-chan.
Desligo. Segunda-feira, às 15... Hmm... O julgamento da Mikene é de manhã.
Ligo para Ryan e ele confirma o horário.
Domingo pareceu ter 72 horas. Demorou muito a passar.
E na segunda, às sete e meia eu estava em pé no tribunal, na platéia. Ryan estava sentado na mesa à frente, calmo como nunca. Trouxeram Mikene. Na outra cadeira, ao lado do Juiz, estava quem denunciou Mikene. Seu rosto era oculto por um vidro que desfocava-o. Seu advogado, na mesa ao lado da de Mikene e Ryan. E começou. Todos se sentaram. Foi a vez do acusador falar.
E o pior era que o que ele falava era verdade.
Tudo.
Quem é essa pessoa? Mesmo Kyouya não saberia dos detalhes...
Terminou seu relato dizendo que viu com seus próprios olhos Mikene usar drogas.
E em sua defesa, Ryan se levantou...
-Eu lhe contarei, meritíssimo, em nome de minha defesa, a real história.
Começou narrando que um dia foi encurralada na faculdade e levada a um local estranho, onde forçaram-na a usar drogas. E todo mês ela era obrigada a fumar uma certa quantidade, ou eles a matariam. Contou sobre 'a segurança' que cobravam, e que um dia a M.C. lhe ofereceu uma proposta, para que então ela saísse daquela situação. Com medo e por estar sob constante vigilância, ela aceitou a proposta. (fez questão de mencionar as tentativas de homicídio que sofreu, pois as gangues eram rivais. Disse sobre as constantes ameaças de morte à pessoas próximas, caso notificasse a Polícia.
Foi um longo relato.
-E agora lhe pergunto, vossa excelência, como alguém que estava sob tais circunstâncias poderia descumprir o que lhe era dito para fazer? Estando em uma situação onde constantes ameaças eram feitas, sob a pressão de resolver tudo sozinha, apenas visando extorquir a Srta. Hannibal, ela não queria colocar ninguém em risco. - Ele diz.
Murmúrios.
Houve uma espécie de intervalo. Imagino se entraram num consenso, resolvem no pedra, papel,tesoura ou par ou ímpar.
Mas quando voltaram, voltaram decididos.
O juiz bateu com seu malhete.
-A ré foi absolvida do caso. Caso encerrado!
Na saída do tribunal, abracei Ryan, estava feliz.
-Parabéns, Ryan!
-Não foi nada. Eles mal acusaram Mikene, o que me deixou encucado.
Mais tarde, eram 14:00 e eu fui com Ryan buscar Mikene na delegacia. Enquanto retornávamos para a sua casa, eu olhava aflita para o relógio.
-Tem algum compromisso, Haruna?
-Huh? Ah, eu... Bem...
Mikene me olhou.
-Na verdade, eu tenho que buscar meu onii-san no aeroporto.
-Você tem irmãos?
-Não, ele foi apenas como um irmão para mim. Ele é meu oposto, na realidade. Loiro, alto...
-Hmm... Bem, posso te deixar na sua casa, Mikene, e levo Maika para o aeroporto.
-Ficarei na casa da Maika hoje, aguarde um pouco. Irei acompanhá-la.
-Ok.
Ele deixou Mikene na minha casa, ela tomou um banho rápido, mas ficou impecável e com um ótimo cheiro, como de costume. Se vestiu de um jeito menos formal, e entrou no carro.
Ryan dirigiu até o aeroporto.
-Não sabia que tinha virado motorista particular. - Ele comenta, descendo do carro e nos acompanhando. Eu entro no aeroporto e dou 4 passos, até ser agarrada pelo Eiichi.
-Mai! - Ele exclama, feliz.
-Eiichi. - Sorrio.
-Woah, como você cresceu. -Ele diz, olhando para o meu corpo.
-Hahahaha...
-Mikene. - Ele nota. Ela faz uma cara séria, cheia de desprezo.
-Eiichi.
Ryan fica surpreso.
-Você conhece o irmão da Mikene, Haruna?
-Eu nunca soube que eram irmãos...
Mikene suspirou pesadamente.
-Enfim, Mai. Voltei para te levar comigo para a América. Seus pais aprovaram nosso casamento! - Ele diz, sorrindo. Meu sorriso desaparece.
-Casa...mento?
-Isso. Somos prometidos um ao outro, se recorda? - Ele segurava minhas mãos.
Mikene interviu.
-Bem, acontece que ela está namorando a madame aqui.
Eiichi ri.
-Bela piada!
Puxo minhas mãos.
-Não é piada alguma. Eu amo a Mikene... E ninguém vai mudar isso. Eu não vou me casar com você, Eiichi.
Ele ficou sério.
-Até quando vai brincar com isso? Você não quer decepcionar os seus pais, não é, Mai?
-Pois bem, eu mesma irei à América falar com eles. E Você, não encoste um dedo sequer na minha mulher. - Mikene responde Eiichi. Ryan parecia alheio à tudo aquilo.
-Ryan, deixe esse garoto aí. Ele voltará à América.
Mikene pega seu celular.
-Laurence! Quero duas passagens para os Estados Unidos, para depois de amanhã! Não querido, isso não é para hoje, é pra ontem! - Ela ordena. Desliga o celular e volta para a minha casa.
-Faça suas malas. Vamos fazer uma visita aos seus pais.
-Mikene, você enlouqueceu?
Ela bateu sua mão contra a parede atrás de mim.
-Não vou te entregar a ninguém. Maika, não se esqueça... - Ela estava usando aquele seu dom. Me lembrei do que Ryan falou. Capacidade indutiva à concordância... O verdadeiro poder de uma mulher poderosa... Mikene beijou meu pescoço até subir à altura de minha orelha. - ...de que você é minha, e de mais ninguém. - Sussurrou. Um arrepio percorreu meu corpo.
-S-Sim...
Ela sorriu, satisfeita e me deu um beijo na bochecha.
-Volto em 15 minutos. Esteja de malas prontas, porque eu preciso ter uma conversa séria com você.
Corei. E escorreguei na parede, caindo sentada. Meu coração estava acelerado.
Mikene Hannibal.. Ainda não me acostumei a todo esse... 'poder'.
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