[Junhong pov on]
Esperei quase todos irem embora, até que restassem apenas eu e o professor na sala. Peguei minha mochila e fui até a mesa dele, puxando uma cadeira e me sentando em sua frente.
- O que houve, professor? O que eu fiz agora? – Cruzei as pernas, apoiando o tornozelo em meu joelho.
- Aconteceu isso aqui, Junhong – Ele me entregou um papel, com todas as minhas notas – Suas notas estão horríveis, e eu falei com seus pais sobre isso...
- Você falou com meus pais sobre minhas notas? – falei assustado (droga, estava ferrado).
- Sim, mas não se preocupe; eles prometeram não te xingar, desde que você melhore isso até o final do ano. E pra isso, eles me pediram para te ajudar.
- Ajudar como? Só nessa matéria ou em todas?
- Em todas, se quiser, serei como seu professor particular – ele riu, como se isso fosse legal.
- Eu não sei... É uma ideia meio... Estranha – levantei, indo em direção à porta.
- Eu imaginei que falaria isso... Mas, bom, qualquer coisa fale comigo depois da aula amanhã.
Acenei com a cabeça e me apressei em sair da escola. Não queria ir pra casa, agora que meus pais sabiam sobre a qualidade das minhas notas; mas também não tinha para onde ir, já que os meninos tinham ido embora. Decidi que iria para o hospital ver se Himchan tinha acordado.
Andei calmamente, ainda pensando sobre o que aconteceu lá na escola. Pensei em contar para os meninos, mas decidi que não; talvez apenas para um deles, mas o resto ainda demoraria a saber. Cheguei ao hospital e subi as escadarias, batendo na porta duas vezes antes de receber um ‘entre’ como resposta. Sentei-me na cadeira, pondo a mochila na outra e vendo o mais velho se sentar na cama do hospital para conseguir me ver direito.
- Boa tarde, moço – Eu disse, rindo.
- Boa tarde, tudo bem com você, Junnie? – Ele perguntou enquanto ria junto.
- Não tão bem, mas estou melhor que você – Me encostei à cadeira, mantendo o sorriso enquanto o encarava.
- Mas eu estou bem, só estou de castigo aqui – ele me olhou preocupado. – O que aconteceu com você para não estar tão bem assim?
Respirei fundo e contei a ele todos os acontecimentos, desde o Daehyun lá em casa até aquele momento; explicando sobre o pedido, o treino, a prova, o resto da escola e a conversa com o professor. Ele sorria e fazia caretas algumas vezes enquanto eu me mantinha recostado na cadeira. Expliquei a maioria dos detalhes, e estranhei uma das reações dele. Quando eu comecei a contar sobre a conversa com o Yongguk, ele ficou sério e não disse uma palavra até que eu acabasse. Depois que acabei, ele ficou calado por mais alguns minutos.
- E você não vai, certo? – ele me questionou em tom preocupado, cruzando os braços – Pode ser estranho um aluno saindo da escola com um professor que não tem parentesco com ele.
- Bom –Suspirei antes de continuar – Eu sei, mas talvez eu tenha que ir... Não quero perder mais um ano da minha vida repetindo as mesmas coisas. Estou confuso, hyung...
- Pense bem, Junhong. Mas enfim, vamos mudar de assunto... Conte mais sobre os outros assuntos. Ansioso para o jogo de sábado?
Eu comecei a rir, tinha me esquecido do jogo e o quão nervoso e ansioso eu estava para ele. Continuamos essa conversa por algumas horas, até anoitecer e a enfermeira quase me expulsar, porque o horário de visitas tinha acabado e eu ainda estava ali. Peguei minha mochila e ma despedi, indo o mais rápido que eu conseguia pra casa. Eu só queria ir pra casa e ficar vendo filme até enjoar, ou então ficar jogando, caso alguém já estivesse na sala.
Ao chegar em casa, entrei rapidamente. Vendo que não tinha ninguém usufruindo da televisão, aproveitei e passei na cozinha, pegando algo para comer e beber enquanto ficava lá. Caminhei para a sala, coloquei as coisas na mesa que ficava no centro e larguei minha mochila na poltrona, pegando o controle e me sentando com as pernas esticadas sobre a mesa de centro, procurando por algum filme interessante para assistir (que por azar não havia nenhum desse estilo). Bufei e parei em um canal qualquer, apenas fitando a tela e comendo, sem prestar muita atenção ao que passava.
-Tire os pés da mesa, menino, ou vai limpar – Minha mãe gritou, sendo que não era necessário, pelo simples fato dela estar a menos de dois metros de mim.
- Tá bom – Tirei os pés de cima da mesa, e esperei ela virar as costas para apoiar os pés lá de novo.
Quando o filme acabou, levei as coisas para a cozinha e peguei minha mochila, subindo para o quarto e trancando a porta. Joguei-a do lado da cama e me sentei, pensando sobre se deveria ir ou não. Algo me dizia que seria bem interessante, mas parte de mim não queria ir, e eu estava em dúvida. Esfreguei o rosto e baguncei meu cabelo, bufando ao jogar a cabeça pra trás e estalando o pescoço.
- Eu não sei... –Falei sozinho, e me levantei para ligar o computador. Provavelmente passaria o resto do tempo jogando pra desestressar.
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Olhei para o relógio. Eram quase seis horas da manhã.
Eu havia passado a noite e a madrugada toda jogando. Salvei o jogo, antes de fechar e desligar o computador. Fui me arrumar para a escola assim que meu celular despertou inutilmente. Meu irmão me levou novamente, e eu avisei que possivelmente chegaria atrasado em casa de novo. Ele acenou com a cabeça e saiu.
Caminhei para a escola, procurando pelos meninos. Vi todos juntos em uma rodinha no pátio e caminhei até eles, me sentando em um banco perto. Youngjae me olhou de canto e seus olhos estavam meio avermelhados; estava com o rosto inchado, parecia que havia chorado por horas.
- O que houve, Youngjae? – Continuei a encará-lo, meio preocupado.
- Minha namorada... Ela... Morreu – suspirou fundo, abaixando a cabeça para encarar suas mãos.
-Meus pêsames, eu não sabia... – abaixei a cabeça também, um pouco envergonhado por fazer essa pergunta.
- Não tem problema, você não sabia... Mas vamos mudar de assunto – ele sorriu fraco.
Eu concordei, e comecei a conversar sobre outras coisas. Falamos sobre o jogo, a escola, e outras coisas. O sinal não demorou a bater e fui para a sala, acompanhado por Jongup, já que essa era minha única aula na semana toda que eu tinha o horário compatível com o dele. E eu tinha sorte, já que éramos separados em duplas para os testes que a professora nos mandava fazer.
As aulas estavam passando rápido, o que era estranho, e eu ainda estava indeciso. Minha última aula seria Matemática novamente. Quando a aula acabou eu não sentia vontade de levantar da cadeira e apenas sair. Fiquei sentado vendo os outros irem embora para suas casas, então aceitei isso como um sim de mim mesmo. Então somente guardei minhas coisas e fui até o professor, parando em sua frente.
- Vejo que decidiu ir, Junhong, pensou bem? – Ele sorria, enquanto dava tchau para mais alguns alunos que saíam apressados da sala.
- Sim, eu irei ficar, mas apenas porque não quero perder mais um ano da minha vida nesse lugar infernal – Bufei, me sentando sobre a mesa.
- Eu entendo, na sua idade eu também odiava escolas. Então decidi me esforçar, para sair de lá logo – Ele juntou suas coisas, colocando-as dentro de uma pasta – Vamos, não quero acabar preso no trânsito.
O acompanhei até seu carro, meio relutante ao entrar, me acomodando no banco do passageiro. Quando ele entrou, jogou sua pasta sobre o banco de trás e me pediu para fazer o mesmo com minha mochila, então eu fiz. Ajeitei-me novamente quando ele deu a partida, e fiquei encarando a janela.
- Você tem algum apelido, Junhong? – ele conversou, tentando quebrar o gelo.
- Tenho, mas não gosto da maioria deles – Eu ri, me segurando na porta quando viramos a esquina.
- Você poderia ter um que gostasse, certo? - Acenei que sim com a cabeça. – Que tal Zelo? Combina com você.
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