História Two side - Eighth chapter

[Himchan pov. On]

     Se eu estava bravo ou chateado? Claro que estava! Como você se sentiria se estivesse perdendo algo para seu rival não declarado? Provavelmente do mesmo jeito que eu.

Eu detestava saber que meu pequeno Junhong caiu na ladainha do número 523, ou conhecido em forma humana como Yongguk. Tanto faz qual era o nome de reconhecimento dele; esse cara simplesmente me irritava. Era a terceira vez que eu me encontrava com ele durante essa vida eterna que estou fadado a ter – graças a uma antiga burrice minha, que talvez eu cite mais tarde - e levávamos esses encontros como jogos; o placar estava um a um, esse seria o nosso desempate.

      Fiquei sentado, desenhando em meu caderno durante as duas aulas que participei. Realmente não tinha nada para fazer além disso; os professores tiraram o dia pra falar sobre as matérias e as futuras provas que faríamos se quiséssemos uma boa faculdade (como eu não pretendia entrar em uma, nem prestaria atenção). Meu desenho estava pronto, por mais clichê que seja era um desenho de mim, parado em frente a um enorme espelho, com roupas extremamente chamativas (eu estava – estava não, eu sou – lindo).

   Olhei para o mais novo. Batia a ponta dos dedos incessantemente na mesa, angustiado. O sinal bateu e nenhum de nós dois fez a menor questão de levantar; esperamos a maioria dos alunos saírem da sala e ele puxou a cadeira para perto de mim e se sentou, totalmente em silêncio, encarando a lousa.

     - Sabe por que eu estou bravo, Junhong? – Decidi ser o primeiro a falar.

     - Sei, hyung... – Ele começou a brincar com os dedos, e fiquei observando.

     - Eu disse que não queria que você fosse com ele, poderia ter acontecido algo... E se ele tivesse te machucado? – Fingi certo nervosismo na voz, para disfarçar.

      - Ele não tem cara de quem faria isso, hyung, e eu sei como me defender. – Seus lábios se transformaram em um bico enorme, como uma criança que não ganhou o que queria.

     - Não confie tanto em pessoas pela aparência, Junhong, elas enganam – Me recostei na cadeira, cruzando os braços.

     Eu não havia mentido, não em todo; aparências realmente enganam. Eu era o melhor amigo e o passe para a escuridão em uma única pessoa, eu o influenciava bastante no seu caminho até agora. E não iria perder isso para ele. Eu era um bom seguidor de Mamon, então minha ganância por conseguir todas as vítimas era imensa. E esse anjo estava me atrapalhando; mas era divertido mesmo assim.

    Junhong havia encostado a cabeça em meu ombro, e suspirado pesado. Ele ficou assim até o final do intervalo, depois se levantou e arrastou a cadeira até o lugar, perguntando antes de sentar:

    - Ainda está bravo comigo, Hyung?

    - Não, Junhong, não estou mais bravo contigo. Pode relaxar – Ele riu, se sentou e encostou as costas na cadeira.

    - Me chame de Zelo, hyung, Junhong é muito formal.

    (Então esse infeliz teve a audácia de dar um apelido para ele!).

 Disse um ‘OK’ e comecei a rir. A brincadeira está ficando cada vez mais interessante.

    [Himchan pov. Off]

    [Yongguk pov. On]

   Quando o mais novo foi embora, voltei ao meu quarto. Retirei tudo que estava em cima da cama e guardei, me deitei nela em seguida, cobrindo os olhos com as mãos por alguns minutos. Suspirei e sorri.

   -Existe uma porta aqui, sabia, Daehyun?- Ele riu e se sentou na beirada da cama, continuei com os olhos fechados.

   - Bléh, só humanos usam portas. Eu não preciso de uma, Hyung – Comecei a rir e me sentei, arrumando meu cabelo para o lado.

   - Concordo, mas mesmo assim continue a fingir que é um! Você está se relacionando com um, seu idiota.

  - Não me chame de idiota, senhor 523! – ele falou com voz de irritação. Não sei o motivo de realmente gostar de irritar o mais novo...

  - Tudo bem, senhor 927, não vou mais te chamar de idiota, mas só avise antes de entrar no meu quarto. Com fome? – Perguntei e não precisei esperar a resposta, eu já sabia – Sobraram alguns sanduíches, pode pegar.

    Mostrei o prato sobre o criado-mudo; ele levantou e o pegou, comendo o resto todo. Não sei como cabia tanta coisa na barriga dele; se eu tivesse comido metade daquilo já teria passado mal. Fiquei rindo enquanto o observava, e recebendo olhares sérios de reprovação enquanto isso; então peguei meu celular e comecei a ver algumas coisas pela tecnologia que os humanos chamavam de “Internet” (muito útil). Poderíamos saber tudo que nossos protegidos faziam graças a essas redes sociais.

   - Hyung, acabou, vou levar lá embaixo – Daehyun se levantou e desceu a escadaria, voltando pouco depois. Quando ele voltou, pegou as chaves do meu carro sobre a mesinha e jogou para que eu pegasse, então apenas estiquei minha mão e peguei-as no ar – Levanta daí, vamos sair! Você só tem ficado trancado em casa desde que chegou aqui... Vai logo.

     Bufei e vi que não tinha outra alternativa, então me levantei e fui tomar um banho rápido, me arrumando do jeito mais ‘descolado’ que conseguia para aquela noite. Desci e fechei tudo antes de caminhar até meu carro, onde o mais novo já me esperava, sentado no banco do motorista.

     - Meio folgado você, não é, Daehyun? – Entrei e me sentei no banco do passageiro, colocando tudo que estava em meus bolsos no porta-malas.

     - Fique quieto e vamos logo. Poderíamos sair pra relaxar um pouco em algo que não seja uma boate... Agora eu sou compromissado, lembra? – Ele riu e eu acompanhei.

     - Tudo bem senhor namorado, podemos ir a um bar que não é muito longe daqui, porém é muito boa; e acho que não quebraríamos nenhuma regra do céu se apenas bebermos um pouco.

      - Boa ideia. Está pronto, 523? – Ele segurou o volante como se disputasse a última corrida de um campeonato super importante e precisasse a qualquer custo ganhar.

     - Estou pronto, senhor 927! – Respondi, e me ajeitei no banco, colocando o cinto de segurança – Só cuidado para não arrebentar o meu carro!

   Começamos a rir e ele ligou o motor, levando o carro até um lugar onde apenas nós, os anjos (e também os demônios) frequentávamos em paz. Era um bar que ficava bem afastado da cidade e o único lugar onde convivíamos em paz, já que brigas eram proibidas no local. Demoramos uns vinte minutos para chegar no local, mesmo com a velocidade que o mais novo usou para chegar o mais breve possível.

     Quando chegamos lá, avistamos o local quase cheio, por ser uma quinta à noite; quando descemos, vi que Himchan e Youngjae também estavam lá (provavelmente falariam conosco). Fechei a porta e coloquei a mão no bolso da calça, parando em frente ao carro para esperar o mais novo.

   - Não vai adiantar nada vir aqui e ficar aí sentado sobre o capô do carro! – Respirei fundo quando ouvi a voz do demônio mais velho, vindo de trás de mim. – Vá se divertir, afinal a noite é feita para pecar, certo?

   - Depende do ponto de vista... Agora desce de cima do teto do meu carro – Virei de costas e vi que os dois estavam sentados sobre o teto do carro, enquanto Daehyun falava algo com Youngjae nada amigável pela cara de ambos.

   - Tudo bem, senhor certinho – Ele pulou para o chão e arrumou o cabelo, vindo em minha direção – Não era para estar cuidando do Zelo... – Usou certa ironia ao citar o apelido –... Agora? Ele está sozinho na casa dele, coitado...

   - Ele consegue se virar durante a noite, por enquanto, e nada pode acontecer debaixo do teto da própria casa. Sabe que não podemos usar nossos truques lá. – Bufei em resposta.

   - Eu sei que não, mas mesmo assim... – Chamou Youngjae para perto e o mais novo obedeceu. Daehyun acabou vindo para o meu lado. - Saiba que eu não vou perder o Junhong para você.