Fazia dois anos que tinham firmado o namoro.
Junhong tem morado com Yongguk desde o acontecimento, o que fazia os pais dele estranharem; já que agora ele era um menino comportado e dedicado aos estudos (que era literalmente estranho, quando se tratava de Junhong). Até que um dia, em um dos almoços que a família fazia para se reunir, ele decidiu contar aos parentes que ele e o mais velho estavam namorando.
No começo a reação foi como todas as outras: todos ficaram a encarar em silêncio o mais novo enquanto digeriam a informação, junto com a comida; mas em seguida seus pais fizeram algumas perguntas, para ter certeza se o menor estava seguro com isso. Então aceitaram a ideia, já que repararam que o mais novo mudara muito desde que começou a andar com ele.
Mantinham contato com Daehyun e Jongup, que estavam curtindo as férias na cidade onde o mais velho foi criado, Busan; e com Himchan e Youngjae, que contavam às vezes sobre os acontecimentos da vida de demônio que levavam, e os novos anjos que apareceram. Junhong, apesar de tudo, adorava conversar com todos eles.
Junto com essa notícia, Junhong entregou à sua família uma carta da faculdade a qual tinha prestado vestibular quando saiu da escola, dizendo que ele fora aceito e estaria entrando para o curso de medicina. Quando chegou à casa que dividia com o amado, chamou-o e lhe entregou a carta, causando certo alvoroço quando disse que tinha passado entre os dez primeiros graças às tardes de estudo com o namorado.
Toda vez que Junhong tinha um trabalho ou algo muito problemático com um prazo muito curto, pedia ajuda ao namorado que sempre que podia ajudava sem êxito nenhum. Desde então, ele tinha mantido a correria com a faculdade durante todo o ano; Yongguk só estava conseguindo a atenção do namorado quando ele parava pra comer e tomar banho. Às vezes, subia para o quarto depois de assistir um filme e via o mais novo jogado na cama, adormecido e com um dos livros de estudo sobre o rosto; outras vezes acordava no meio da noite e ia buscar o menor no colo para que dormisse pelo menos um pouco, para evitar a possibilidade de que ele desmaiasse no meio do campus.
- Zelo, precisa dormir, pelo menos um pouco. – Dizia o mais velho, deitando o outro na cama, puxando a coberta em seguida.
- Mas hyung, preciso terminar aquilo para depois de amanhã – O bico que se formava nos lábios do amado era irresistível, mas não podia se entregar.
- Amanhã quando você chegar e almoçar eu te ajudo com isso, okay? – Yongguk debruçou-se na cama, observando aquela silhueta no escuro.
-Promete? – Zelo se apoiou nos cotovelos, aproximando o seu rosto ao de Yongguk. – Promete mesmo?
- Prometo sim, babo. – Aproximou mais os rostos, selando os lábios. –Prometo mesmo, pode cobrar.
E assim o mais novo se encolheu contra o corpo do mais velho, murmurando alguma coisa e caindo no sono poucos minutos depois.
• • •
-Junhong, acalme-se e concentra na prova, okay? – Ajeitou o cabelo do amado, tirando as mechas que cobriam seus olhos.
- Hyung, estou nervoso... Eu sei que essa já deve ser a quarta prova semestral que eu faço, mas ainda me sinto nervoso – Bufava, mexendo com o pequeno estojo em suas mãos; o mais velho não pode deixar de rir de toda essa agonia e nervosismo que o “pequeno” Zelo sentia.
- Bom, posso não ser mais um anjo de corpo, mas ainda cuido de você... Pode ir, vou tomar conta de você, vai dar tudo certo – Beijou a bochecha do namorado e acariciou sua mão.
- Vou confiar em você. – Sorriu e desceu do carro, se apoiando sobre o vidro antes de partir. – Eu te amo... Te vejo logo. – E saiu correndo em direção ao prédio do campus no qual a prova seria realizada, deixando apenas seu cheiro, que teimava em ficar, fazendo companhia para o mais velho.
- Eu também te amo... – Sorriu e começou a dirigir, indo para casa até dar a hora para voltar e buscar o garoto perto da estação de trem.
• • •
Fazia quase meia hora que Junhong havia terminado a prova. Ficava contando os minutos para que o relógio desse o horário da permanência obrigatória na sala, para que pudesse sair e ir se recuperando enquanto conversava com seus novos amigos até o trem. Mas ainda faltavam cinco minutos; cinco longos minutos.
Quando enfim o professor disse que poderiam devolver a prova e sair, Junhong se levantou e foi até a mesa dele, colocando-a sobre a mesa e indo esperar lá fora. Depois de um tempo seus amigos também haviam saído, e estavam a caminho da estação, quando pararam em uma loja de souvenirs (daquelas que você tem que ficar sem respirar para não quebrar nada) que vendem coisas para namorados, casamento e para quarto de bebês.
O mais novo foi forçado a entrar pelos outros meninos, então resolveu andar pelo lugar enquanto esperava, encontrando uma coisa que julgava ser a cara do namorado. Um dos dois bonecos estava usando asas, e o outro, uma criança, estava sentada no chão e olhava-o com ternura e carinho. Acabou comprando, e levando com cuidado dentro da caixa que lhe foi entregue pela balconista.
Caminhou mais alguns metros e viu o carro prata do outro lado da rua. Não pôde deixar de sorrir. Despediu-se dos amigos e atravessou a rua assim que o sinal abriu para os pedestres, entrando no banco do passageiro e selando os lábios com o do mais velho.
- Você demorou um pouco... Já ia chamar a ambulância para ver se você não tinha passado mal no caminho – O mais velho falou, voltando a apoiar as mãos no volante para recomeçar a dirigir. – Coloque o cinto, vamos sair da cidade hoje.
- Mas hyung, aonde vamos? – Perguntou ao colocar o cinto, como lhe foi mandado.
-Passaremos a semana fora, em um lugar que tem muito tempo que você me pede para ir lá – Começou a dirigir, prestando atenção na estrada. – Passaremos a semana lá.
- Mas eu não tenho roupas, hyung, não estou levando literalmente nada a não ser a roupa do corpo... – O bico formou-se em seus lábios, encarando a rua á sua frente.
- Fiz a sua mala enquanto estava fora; coloquei tudo que irá precisar. – E apontou para o banco de trás. – E trouxe um presente.
Zelo esticou sua mão, pegando a caixa embrulhada em papel de presente no banco de trás e a abrindo rapidamente. Eram chocolates em forma de coisas que lembravam a historia do Pequeno Príncipe; a rosa, a raposa, o pequeno príncipe em si, e vários outros personagens da história.
- É lindo, hyung, obrigado... Eu também trouxe um presente pra você, mas vou deixar guardado. – Colocou no porta-luvas, pegando o pequeno cd vermelho que estava lá há dias e que sempre se esquecia de mostrar ao amado.
Colocou o CD e deixou que a música ecoasse pelo carro durante todo o tempo da viagem.
• • •
Após algum tempo as luzes da cidade já eram visíveis, então Zelo voltou sua atenção para a estrada, vendo que o amado havia chegado a Busan. Seu sorriso foi praticamente de orelha a orelha; falava entusiasmado até chegarem à casa de praia que tinham alugado.
Zelo tirou os sapatos e a jaqueta, descendo do carro e sentindo a areia fazer cosquinhas em seu pé. Correu até a água e sorriu, se abaixando para toca-lá.
- Hyung, vem cá... - Abanou as mãos, vendo o outro se aproximar. – Obrigado por me trazer aqui, sempre quis vir à praia. É tudo lindo...
- Lindo que nem você. – Envolveu os braços fortes ao redor da cintura alheia, beijando-lhe a bochecha. – Feliz dois anos de namoro...
- Pra você também, hyung; saiba que esse é o segundo de muitos que virão.
Eu te amo.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.