Narrador
— Não acredito que mentiu para mim, Senhor— Ela declarou, suspirando pesadamente depois da crise de riso. — Sabe, o senhor realmente conseguiu me surpreender, por um momento eu achei que você estava sofrendo com tudo isso, mas parece que não pensou duas vezes antes de me enganar. Não sei se fico com raiva ou admirada por mentir tão bem.
— Não leve isso para o lado pessoal.
— Eu não estou levando, mas por que mentiu?
Alexandre e surpreendeu mais uma vez naquele dia, estava esperando um chilique por parte da assistente, mas foi o oposto do que imaginou. Apesar disso, não respondeu a pergunta, apenas virou o rosto na direção contrária e resmungou, mas Giovanna não ouviu, estava pensativa sobre a situação em que seu chefe o colocou.
— Sabe, eu posso esquecer isso, mas só se esse anel caríssimo ficar comigo quando isso tudo acabar e esses cinco dias tiverem passado. — Alexandre a olhou, atordoado, e viu a loira lhe encarar com um sorriso sacana.
Giovanna definitivamente era uma mercenária.
— Faça o que quiser. — A olhou nos olhos, que brilharam.
— Sr.Nero, chegamos. — O motorista que até então estava quieto, anunciou.
O clima relaxante que Giovanna criou dentro do carro foi substituído por tensão. A loira observou pela janela o carro atrevessar um portão preto enorme, com alguns seguranças uniformizados fazendo a segurança do local, a estrada por onde o carro passava era toda de pedras pequenas e não demorou muito para ele avistar a mansão branca gigantesca a frente. Tinha três andares, um espelho d'água enorme e elegante na frente, e um gramado verde rodeava toda a área ao redor do imóvel. Definitivamente ficou sem palavras.
Quando o carro estacionou, Alexandre respirou lentamente, tentando acalmar os pensamentos e a si mesmo. Mesmo nervoso, olhou ao redor, se preparando mentalmente para qualquer coisa que viesse acontecer e logo saiu o carro.
— Vamos, Giovanna. — Chamou a atenção da loira que sentiu um arrepio subir a espinha nervosa com o que estava por vir.
— Sim, Senhor... Quer dizer, Alexandre. — Sorriu tímida, ao se pôr de pé ao lado do chefe. — Mesmo mentindo sobre o falecimento de uma idosa a mentira continua de pé?
— Sim. —Alexandre passou a língua nos lábios, se dando conta da loucura infundada que se meteu.
Giovanna assentiu, voltando a olhar maravilhada para tudo o que via. Quando seu chefe a olhou, revirou as orbes, entediado, ao contrário dela tudo naquela casa lhe trazia lembranças nada agradáveis. Claramente aquele não era seu lugar favorito, nem de longe.
Alexandre agarrou a mão pequena da loira, assim que viu a figura de sua mãe sair pela porta principal. Giovanna engoliu em seco e sentiu a palma formigar ao sentir os dedos cumprindos do chefe segurar os seus com afinco.
A mulher que tinha traços parecido com os de Alexandre foi em direção aos dois com um sorriso grande no rosto, finalmente seu filho estava ali, depois de tanto tempo apenas ouvindo sua voz pelo telefone.
Ao contrário do seu chefe, Giovanna demorou um pouco para deixar de encarar suas palmas unidas, sua mão tão pequena e em contraste com a grande do chefe. E no momento que direcionou seu olhar para a mais velha se deu conta de onde seu chefe tinha tirado tanta beleza.
—Ale, meu filho. — Ela disse, animada.
O tatuado soltou a mão de Giovanna para retribuir um abraço caloroso que sua mãe lhe deu, fechou os olhos quando a apertou com um pouco mais de força, tentando inutilmente matar a saudade e preencher a lacuna que a distância causava. Apesar de sempre se falarem por telefone, nada substitui o calor e a sensação de segurança que era estar perto da sua melhor amiga.
Giovanna penas assistiu a cena, com um sorriso bobo brincando nos lábios.
— Olha só para você, sempre tão lindo, parece que cresce mais a cada vez que te vejo. — Ela afagou seus cabelos, ainda dentro do abraço. — Senti tanta a sua falta, meu grandão. — Agora ela lhe encarava, acariciando seu rosto e Giovanna nunca pensou que veria o chefe parecer tão derretido.
— Também senti sua falta, mãe. — Ele sorriu sem mostrar os dentes, a olhando como se quisesse gravar cada traço da mesma.
—Giovanna. — Ela disse, eufórica, quando percebeu a loira ali. — Finalmente estou conhecendo a dona da voz que me atende sempre que ligo para Alexandre . — A abraçou rapidamente. — E olha só, será minha nora em breve, que reviravolta.
— É um prazer lhe conhecer pessoalmente, Sra.Nero, agora entendo de onde o Alexandre puxou tanta beleza. — Sorriu grande.
— Se está tentando puxar meu saco, está funcionando. — Brincou, arrancando uma gargalhada de ambos. — Meu filho tem muito bom gosto, olha só para você, é linda.— Giovanna sorriu, sem graça.
Alexandre ficou realmente surpreso em como as duas se deram bem de imediato. Sua mãe normalmente desconfia de tudo e de todos, então ficou com medo de que ela notasse logo de cara que ambos estavam mentindo, mas ficou aliviado em como tudo parecia bem.
— Venham, vamos entrar. — A mais velha chamou, indo na frente. — Jungkook, sei que odeia e me desculpe por isso, mas resolvi fazer uma pequena festa...
— Festa? —Giovanna e Alexandre perguntaram em uníssono, assustados.
— Não se preocupem, é coisa íntima. — Ela declarou, voltando a andar casa a dentro.
Giovanna ficou aflita, mesmo sendo uma festa íntima, sentiu que não estava vestida bem o suficiente para a ocasião. Tudo estava acontecendo ao contrário do que imaginou, pensou que iria direto para o quarto e se prepararia para um velório, mas agora estava dentro de uma mansão se preparando mentalmente para uma festa com pessoas de classe alta, bem vestidas e esnobes.
Alexandre por sua vez, não conseguiu disfarçar a irritação ao se deparar com uma comemoração, que não sabia ser por sua chegada ou pelo casório de seu irmão idiota. Mal estava preparado para lidar com uma pequena reunião em família quando apresentasse Giovanna, agora tinha que fazer isso em uma festa com mais pessoas do que esperava.
— Inclusive, você vai adorar a decoração que fiz no seu quarto, querido, mandei colocar uma cama de casal.
Giovanna quase teve um treco, cama de casal?!
Como assim? Não ia dormir com seu chefe, isso definitivamente não fazia parte do trato que fizeram.
Alexandre olhou para Giovanna, essa já lhe encarava com uma cara de espanto, com os olhos implorando por socorro, o tatuado por sua vez apenas franziu as sobrancelhas, pedindo calma.
Atravessaram toda a casa e Giovanna mal conseguiu olhar para os detalhes depois da informação de que ficaria na mesma cama com o chefe, quando começou a ouvir vozes e um pagode tocar no fundo, jurou que seu coração ia parar de bater. Com certeza pediria um aumento maior.
Alexandre percebendo o nervosismo da menor, ignorou a falação de sua mãe e segurou novamente a mão da loira num aperto reconfortante.
— Fica calma, vvai ficar tudo bem, ninguém vai descobrir. — Sussurrou quase colando os lábios na orelha de Giovanna, falando mais para si do que para ela.
Giovanna tremeu, não sabia se pelo hálito quente do chefe em seu ouvido ou pelo nervosismo.
— Promete?
— Confia em mim. —Alexandre soltou sua mão, apenas para passar o braço por sua cintura, tirando Giovanna de órbita mais uma vez.
Quer dizer, ela sabia que os dois tinham que manter as aparências, mas por achar que seria um funeral, não seria necessário tanta demonstração de afeto. Tudo estava acontecendo ao contrário do que ela pensou, e o contato inesperado e a mão de Alexandre a tocando com tanta firmeza lhe deixava tensa, porém não de um jeito ruim.
Luiza os levou até o jardim na parte de trás da casa, um churrasco era realizado a céu aberto, algumas mesas estavam postas com uma louça bonita, as cadeiras com detalhes em madeira deixava tudo mais elegante. A música vinha de uma pequena roda no canto do gramado, tornando o ambiente aconchegante e descontraído.
Todos estavam bem vestidos, os homens estavam com traje social esportivo, enquanto boa parte das mulheres estavam com vestidos consideravelmente simples, mas não deixavam de ser chiques. Alguns estavam com taças de gin, outros com champanhe ou servidos com whisky e mesmo papeando, quase não se ouvia a voz alguma.
Giovanna por não estar acostumada com tanto requinte, se sentiu em algumas décadas atrás, e se amaldiçoou por não estar vestida adequadamente para ocasião, queria estar em um dos seus vestidos que sempre usava em eventos importantes da empresa. Sentiu vergonha até de seu tênis, amarrado de maneira desajeitada.
Aquilo definitivamente não era para ela, mas decidiu confiar na palavra de Alexandre e as repetiu baixinho para si.
— Eles chegaram. —Luiza anunciou, em alto e bom som.
Todos olharam na direção do novo casal, e a loira jurou sentir a alma sair do corpo diante de tantos olhares. Alexandre conhecia a maioria das pessoas que estava ali, viveu toda a sua infância e adolescência no meio daquela encenação, sabia que grande parte dos que estavam presentes ali eram hipócritas e mentirosos.
Com o anúncio dado, não demorou para que a atenção de todos estivem nos dois recém chegados. O pai e o avô de Alexandre foram os primeiros a se aproximar.
— Meu filho! — Fernando Nero disse, animado, acolhendo o filho num abraço.
— Oi, pai. — O respeito era explícito na voz.
— Finalmente comprometido e vejo que é uma bela moça.— Fernando disse, depois de olhar para Giovanna e lhe cumprimentar com um beijo na bochecha.
O que a surpreendeu foi a gentileza dos pais de seu chefe, eles eram legais, pelo filho que tinham, imaginou que o humor de todos seriam iguais.
Quem Nero puxou para ser tão rabugento?
— É um prazer, Senhor Nero.
— Nada de senhor ou senhora aqui, envelheço um ano a cada vez que sou chamado desse jeito. — O casal riu, acompanhado de seu avô. — Pode nos chamar pelos nomes, sei que é questão de respeito, mas não temos esse costume aqui.
— Pode deixar. —Giovanna assentiu.
— Esse é meu pai, Fernando. Pai essa é minha noiva Giovanna. —Alexandre tardou em apresentá-los.
— Seja bem vinda, Giovanna , estávamos ansiosos para a sua chegada.
— Obrigado senhor... quer dizer, Fernando— Se corrigiu rapidamente.
—Giovanna, esses são meus avós, Bento e Alice—Alexandre aproveitou para apresentar a avó, que acabara de se aproximar.
— É um prazer, querido, seja bem vindo. —Bento disse, simpático, apertando a mão da loira.
— O prazer é todo meu, Senhor.
— Eu vou aceitar o senhor porque a idade permite, mas me chame como se sentir confortável. — O homem de cabeça branca disse.
— Força do hábito. — A loira deu uma risadinha contida.
Quando Giovanna foi cumprimentar a matriarca da família, se assustou ao ser pega pelos ombros e virada de costas, recebendo um tapa na sua bunda, coberta pelo jeans. Atordoada, Antonelli olhou para Alexandre que também estava em choque, o que estava acontecendo com aquela senhora?
— Belo corpo, bumbum redondinho, coxas grandes e um rosto delicado, Alexandre, você é um homem de sorte. — A atenção da mais velha foi para Alexandre, que ainda estava assustado com a atitude repentina da avó.
Giovanna queria enfiar sua cabeça num buraco, tamanho era o constrangimento.
Enquanto isso, a mulher apenas ria, contente com a escolha do neto.
— Essa Alice tem cada uma. —Luiza disse, sem graça.
— Vejam se não é o casal mais lindo de Búzios.—Otaviano se achegou, praticamente gritando. —Giovanna , você está linda.— Abraçou a loira de repente, a balançando de um lado para o outro.
— Obrigado, Ota. —Giovanna sorriu grande, aliviada por finalmente ver um rosto conhecido. — Por que não nos acompanhou na viagem?
— O idiota do seu ch... noivo, não me avisou que viria de particular, mas tudo bem porque eu peguei o número de uma aeromoça sensacional no vôo pra' cá. —Otaviano estava um pouco agitada, resultado de alguns copos de whisky.
— Você não tem jeito... —Alexandre murmurou.
— Quando Otaviano achar a pessoa para casar, eu quero estar aqui para ver, porque com certeza será um milagre e eu nunca presenciei um. —Fernando brincou, arrancando a risada de todos em volta.
— Essa eu vou passar para o meu grande amigo Alexandre, o noivado dos dois pombinhos foi um grande feito e precisamos comemorar.
O executivo deu leve batidas nas costas de Nero, o empurrando disfarçadamente para ficar mais perto de Giovanna. O braço tatuado envolveu novamente a cintura da noiva, sabia que para manter a mentira alguns toques eram necessários.
Pouco a pouco, Giovanna foi apresentada a todos da festa, se sentia tonta com tantos rostos novos, conversas fiadas e alguns comentários que não o agradavam, como quando uma mulher os questionou sobre quando iriam dar herdeiros para os Nero. Quando olhou para Alexandre, percebeu que o chefe também não estava á vontade com a situação.
Sempre ao seu lado, Alexandre fazia papel do noivo sério, já a loira sorria tanto que podia sentir dor nas maçãs do rosto. Nero não conseguia esquecer o fato de sua mãe ter feito uma festinha nada íntima no dia de sua chegada, era patético o modo como ela exibia a noiva e o anel de diamantes em seu dedo para todos ali.
Se sentiu culpado por ter a arrastado para aquele mar de mentiras, mas essa culpa se esvaiu ao se lembrar o quanto tudo aquilo custou, além de seu aumento salarial, Giovanna também levaria o anel que custou quase dois anos de salário da loira, ela venderia facilmente para qualquer ourives e sairia dali com um bolada.
Alexandre sabia que na festa de noivado de seu irmão teriam pessoas do ramo de joalheria, por isso, garantiu que Giovanna usasse uma jóia de grande aparato e que de preferência houvesse a participação de diamantes legítimos. Além disso, sua mãe o conhecia o suficiente para saber que ele não daria qualquer bijuteria para a pessoa que estivesse apaixonado.
O tamanho foi um palpite de sua parte, analisou a mão da assistente ao lhe fazer o convite para que viajasse até ali, e com isso, escolheu um número que deu em seu dedo mindinho, levando em consideração os dedos pequenos e delicados.
Apesar de não gostar tanto dos amigos e conhecidos, Giovanna estava se dando bem com a família, conversava com Luiza e Alice como se fossem íntimas. Alexandre não queria admitir, mas a mais baixa era ótima quando o assunto era encantar as pessoas, disso ele não podia reclamar, estava mais do que satisfeito.
Quando Antonelli se aproximou novamente, Alexandre se afastou dos pais e avós, que ainda conversavam enquanto bebiam. Deram alguns passos e quando viram que a distância era segura, ficaram cara a cara.
— Sabe, Senhor, ou melhor, Alexandre, sua família é realmente adorável, mas não posso dizer o mesmo sobre os convidados, acho que não era necessário uma festa. —Giovanna disse, sem tirar os olhos do chefe.
— Minha mãe é um pouco extravagante às vezes, não se preocupe, cinco dias passam rápido.
— Eu realmente gostaria de saber o porquê de todo esse teatro.
— Isso não...
— Veja se não é meu irmãozinho!
Alexandre sentiu sua coluna gelar ao ouvir a voz que sempre detestou, era Leonardo, seu irmão adotivo. Giovanna viu a expressão de seu chefe mudar de séria para desgostosa quando o homem alto, que apesar de não ser irmão legítimo, tinha alguns traços parecido com o tatuado. Ao seu lado, tinha uma mulher baixa, com os cabelos castanhos, aparentemente naturais, e os olhos eram grandes em um castanho claro.
O tatuado observava seu irmão com um sorriso no rosto, o mesmo sorriso cínico de sempre, e Karen, sua paixão da adolescência, estava ali, impecável. Se viu surpreso ao ver como ela estava mais linda do que nunca.
Karen sorriu em sua direção, com o sorriso doce e gentil, idêntico ao de anos atrás.
— Então é verdade, está mesmo comprometido? —Leonardo perguntou, abraçando a cintura de sua futura esposa, levemente incomodado com a troca de olhares.
Desviando o olhar, Alexandre pareceu fechar ainda mais a cara, Giovanna não entendia a mudança de humor do chefe, mas percebeu que o irmão realmente o incomodava e não sabia o porquê.
— Sim, eu sou Giovanna, a noiva.—A loira se adiantou, entrenlaçando seus dedos com o do pseudonoivo de forma carinhosa.
Alexandre ficou surpreso com a atitude da mais nova.
— Prazer, sou Leonardo, irmão do Alexandre . — Ele disse estendendo a mão. — Ele já deve ter falado de mim para você.
— Na verdade não. —Giovanna falou, sincera, apertando a mão estendida.
— Oh, sério?
— Só falo de quem realmente importa. —Alexandre falou, implicante.
— Essa é minha futura esposa, Karen. —Leonardo disse, ignorando o irmão.
— É um prazer, Giovanna, sinto em informar que você foi o assunto desses últimos dias. Foi realmente muito inesperado a novidade que Otaviano nos contou sobre o noivado de Alexandre. — Karen falou, pela primeira vez.
— É mesmo? Por que? —Giovanna perguntou, não se abalando com o charme da moça.
— São coisas do passado, mas me admira ele não ter te contado já que são noivos, certo? — A pergunta de Leonardo foi para Giovanna, mas olhos não deixaram de encarar o irmão.
— É passado, como você mesmo disse, não há motivos para falar sobre isso no presente. — O tatuado falou, cortando qualquer comentário que o irmão viesse a fazer.
Giovanna sentiu o clima tenso entre os dois, mas até onde ele sabia,Alexandre só tinha dois irmãos mais novos, esses que se chamam Ana e Lucas, que até aquele momento ela não os tinha conhecido.
— Sabe, achei que você só tivesse dois irmãos mais novos. — A loira tentou mudar de assunto quando olhou para o chefe, mas percebeu que só piorou a situação quando seu chefe deu um sorriso sarcástico, esse que chamou sua atenção.
—Leonardo é adotado. — Respondeu, venenoso.
Giovanna arregalou os olhos, surpresa, e olhou para o casal parado em sua frente no exato momento em que a expressão de bom humor de ambos se esvaiu, sentiu que tinha acabado definitivamente com o clima, que já não era tão bom.
— Pois é, Fernando e Luiza sentiram a necessidade de um filho de verdade. —Leonardo disse, devolvendo a provocação no mesmo tom.
Karen sentia que se não fizesse algo para parar os dois, a festa acabaria como a maioria das outras em que os irmãos estavam presentes, com um quebrando o nariz do outro.
— É meio irônico essas palavras vindo de um bastardo como você. —Alexandre aumentou a voz, sentindo seus dedos serem apertados pela mão de sua assistente que estava medrosa com o rumo que a conversa estava tomando.
— Bastardo? Seu...
— Meninos, acho que Luiza vai fazer seu discurso. — Karen chamou atenção de ambos. —Leonardo, você disse que gostaria de ouvir sua mãe falar, certo? — Ficou de frente para o noivo que o olhou nos olhos e enlaçou sua cintura fina.
— Claro, mo.— Ele respondeu, antes de direcionar um olhar desafiador para Alexandre . — Foi um prazer conhecer você, Giovanna, seja bem vinda à nossa família. E Alexandre , tome cuidado com o que diz. — Essa foi a última coisa que Leonardo disse, depois saiu de mãos dadas com Karen em direção a pequena multidão que se formava para escutar o discurso de Karen.
Giovanna estava sem palavras para o que acabara de presenciar, ela sempre foi muito observadora, mas não precisou de muito esforço para entender o que estava acontecendo ali. Percebeu pelo olhar de afeição, que nunca viu em seu chefe, que Alexandre com certeza nutria sentimentos pela noiva do irmão, já os irmãos se detestavam, eles não faziam questão de esconder isso, com todas as ofensas explícitas e olhares de desprezo teve certeza que tinha muito mais por trás daquilo tudo.
Quando tomou coragem para olhar para Nero, o mesmo estava com o maxilar travado, encarando um ponto específico como se tivesse remoendo algo, e foi de repente quando o tatuado puxou sua mão para longe da mão da loira, se virou e saiu dali com pressa, na direção contrária de onde Leonardo e Karen foram.
Ligando os pontos, Giovanna entendeu o real motivo de estar ali, seu chefe queria mostrar, não só para sua família, mas para o casal que também podia ser feliz, mesmo que de fachada.
Se sentiu péssima quando constatou a verdade, então decidiu que mesmo que durante esses dias seria a melhor noiva do mundo inteiro, mesmo que de mentirinha.
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