Alexandre ouvia a respiração tranquila de Giovanna enquanto voltavam para casa, ela dormia no banco do carona. Olhou o relógio no pulso, que marcava três da manhã.
"Ficaram tanto tempo assim abraçados?" Se perguntou Alexandre.
Mesmo que quisesse, não podia negar que havia gostado de abraçar a loira, já estava virando um hábito até que adorável para ele. Protegê-la, conforta-la ou até mesmo... Beijar ela, também estavam inclusos.
Só era muito orgulhoso para admitir.
Rapidamente lembrou-se da primeira vez que a viu, Alexandre estava no seu pior dia, seu humor estava resumido à zero.
Dois anos atrás
Mais um final de semana com a família arruinado, passar qualquer dia em Búzios para Alexandre estava virando um inferno.
Não pensava isso da sua família, mas sim do seu irmão adotivo, que todas as malditas vez que ia lá, fazia questão atormentá-lo e esfregar na sua cara que a mulher que Alexandre amava estava com ele, que havia escolhido ele, seu irmão adotivo.
Seu irmão já havia conseguido o queria, estava com Karen, mas então, precisava ficar jogando na cara todas as malditas vezes? O que ele queria mais? Já não bastava ver todos esses anos Alexandre sofrendo?
Mas dessa vez não se segurou, partiu para cima de Leonardo, resultando em sua volta para o Rio de Janeiro mais cedo e com um ódio descomunal, por sua mãe e pai tê-lo culpado pelo vexame na festa de aniversário da sua irmãzinha.
Mas o que Alexandre podia fazer? Já havia chegado no seu limite.
Sentindo o olho começar a doer, ele xingava mil e uma vezes seu irmão em pensamentos. Viu o elevador abrir e saiu, iria falar com sua assistente para cancelar toda sua agenda.
— Bom dia!—Nero fechou os olhos no mesmo instante ao ouvir aquela voz alegre saudá-lo.
Olhou com atenção para a criatura de estrutura mediana, cabelo loiro ondulado, vestido preto com mangas, os saltos pretos e a feição sorridente. Alexandre fechou a cara no minuto seguinte.
"Mas que porra?"
— Quem é você? — franziu o cenho encarando a garota que parecia ter uns dezoito anos.
— O senhor me contratou, sou sua nova assistente, me chamo Giovanna Antonelli, m-
— Já entendi. —a cortou lembrando-se que demitiu a última assistente por ter se atrasado. Agora não se lembrava de ter contratado uma pirralha.— Quantos anos você tem? —Alexandre perguntou pronto para mandar aquela menina para fora da empresa.
— Acabei de completar vinte e dois anos, senhor! — sorriu quadrado e animada, fazendo Alexandre revirar o os olhos desinteressado.
"Então tem vinte e dois?" Nero se perguntou mentalmente. Só podia ser brincadeira, ela não parecia ter essa idade, podia jurar que era uma pirralha.
"Vamos ver se é boa.” Pensou.
— Então, cadê minha agenda? — ele perguntou pronto para demitir a garota.
— Está aqui. A última secretária do senhor a deixou em uma completa bagunça, mas eu o reorganizei de acordo com seu cronograma do dia a dia. Agora de manhã, o senhor irá revisar alguns contratos de outras empresas, às dez tem uma reunião com o departamento de administração, já marquei reserva no restaurante em que almoça para o meio dia, duas da tarde tem outra reunião, às quatro tenho que entregar um relatório sobre a reunião das duas e às seis o senhor tem um jantar com o Sr. Miller. —Alexandre ficou boquiaberto — mas rapidamente desfez a expressão de surpresa —, e muito puto ao constatar que a criatura era inteligente e capacitada, mas isso não seria moleza.
Não gostou do sorrisinho presunçoso dela ou até mesmo de como a loira era atraente.
Achou ela bonita, tinha corpo surreal e era exatamente por isso que ia arranjar um pretexto para lhe demitir.
— Ótimo. Agora faça o seguinte, vá até Amora e mande ela imprimir todos os contratos regentes do departamento de administração. —Nero mandou.
— Sim, senhor. —Giovanna disse apressada indo para o elevador.
— Ei?
— Sim?
— Você tem dez minutos. Se não trazer no tempo nem se dê ao trabalho de voltar aqui. — disse vendo Antonelli arregalar os olhos e sair tropeçando apressadamente.
Alexandre saboreou sua reação.
E para total surpresa do homem, aquela criatura havia feito tudo nos exatos dez minutos.
Foi até o departamento, desceu até o primeiro andar, imprimiu os documentos e voltou com aquele maldito sorriso convencido na cara.
Nero viu seu orgulho ir por água á baixo.
Giovanna certamente mexeria com seus sentidos.
Atualmente
Alexandre parou o carro na garagem da casa dos pais e olhou a moça dormindo, a mesma que jurou odiar pelo resto da sua vida. Um juramento que se tornava cada dia mais difícil de comprir.
Estavam ali à três dias e já estavam assim, imagina uma semana?
Alexandre não queria mais ver ela sofrendo.
Giovanna era uma pessoa doce, gentil, amorosa e que já havia sofrido muito, não merecia que mais uma pessoa o fizesse sofrer.
Era imaturo e sempre agia de cabeça quente, não pensava nas consequências que seus atos podiam causar, e dessa vez resultou nele agindo feito babaca. Ele se culpava veementemente por ter agindo assim com a loira.
Se arrependimento matasse, já estaria a sete palmos do chão.
Ele lembrou da conversa que teve com Karen no terraço, quando a mesma disse que ainda nutria sentimentos por si.
Nero não soube o que dizer, nem como reagir quando Karen o beijou. Ele não entendia o porquê não conseguiu corresponder.
Seus sentimentos estavam uma imensa confusão.
Se fosse a um ano atrás, Alexandre teria correspondido Karen, até mesmo a levado para seu quarto, porém não conseguiu, não foi capaz de fazer isso, ele sabia que não tinha nada haver com Leonardo nem mesmo com sua família, mas sim a pessoa que dormia no banco do seu carro.
— Eu to muito fodido — disse para si mesmo, passando as mãos pelos cabelos. — Não acredito que isso tá acontecendo comigo, argh! Merda, podia ser qualquer pessoa, mas ela?— suspirou se perguntando, saiu do carro, deu a volta e abriu a porta de Giovanna.
O pegou no colo com cuidado, mas por pouco quase a cabeça da moça batia na porta.
Ele fechou a porta com o pé e sentiu a assistente aninhar-se em seu corpo, escondendo o rosto em seu pescoço fazendo Alexandre se arrepiar.
— Só pode ser castigo — murmurou, apertando o corpo de Giovanna em seus braços.
Ouviu a música que ainda tocava no jardim, então seguiu pelo lado contrário. Adentrou a mansão e quando estava chegando na escada, deu de cara com sua mãe que já estava com roupa de dormir.
Luiza suspirou aliviada quando viu o filho. Mais aliviada ainda ao vê-lo segurando Giovanna no colo com tanto carinho.
— Querido, onde se meteram? Eu estava preocupada. — ela disse baixinho temendo acordar Giovanna, que estava encolhidinha nos braços de Alexandre.
— Longa história. — suspirou pesadamente. — E a festa? — perguntou querendo mudar de assunto.
— Já são quatro da manhã, Ale, a música ainda está tocando porque Bento e Alice ficaram dançando. — ela revirou os olhos. — Leve logo a Gio para o quarto, está frio. —Alexandre começou subir as escadas. — Amanhã, não, hoje, mais tarde conversamos. Mandei a Sra.Yang arrumar as malas dos dois, vamos para a fazenda depois do café. —Luiza disse seguindo o filho pelo corredor até a porta do quarto. — Está tudo bem?
— Por que não estaria? —Alexandre devolveu a pergunta olhando-a. "Será que ela sabe o que aconteceu?" Ele se perguntou.
Sua mãe era a última pessoa no mundo pra quem falaria o que aconteceu.
— Por nada. Achei tão lindo a forma como Giovanna fez aquele discurso!—Luiza sussurrou com evidente felicidade na voz, e abriu a porta do quarto do filho para ele entrar.
Luiza assistiu seu filho colocar a noiva na cama com carinho e cuidado, tirar os sapatos, os brincos da orelha e por fim a cobriu.
Seu filho definitivamente estava amando alguém.
— Mãe, precisa de algo? —Alexandre perguntou sentando-se na cama e tirando seus sapatos.
— Não. Só desejar boa noite. —Luiza disse indo em sua direção, em seguida beijou a testa do filho. — Sabe... Eu estou muito feliz com o rumo que as coisas estão tomando. — ela disse sorrindo e saiu do quarto em seguida.
— Eu também, mãe. — respondeu sozinho, olhou Giovanna dormindo, se aproximou dela e tirou alguns fios do seu rosto, analisando cada traço do outro, que dormia serenamente.
— Tão linda…— sussurrou quase inaudível, e levantou-se indo tirar suas roupas, vestiu uma calça moletom e uma blusa preta, deitou-se na cama de frente para Antonelli.
Observou a mais nova dormir tranquilamente até pegar no sono.
…
Alexandre acordou ouvindo risadas do lado de fora. Abriu os olhos, mas fechou de volta, a janela estava aberta fazendo o sol entrar de maneira exagerada. Se acostumando com a claridade ele se espreguiçou tateando a cama sentido-a vazia.
Sentou-se vendo não só a cama vazia mas o quarto também. Nero foi para a janela, vendo seus irmãos mais novos e Giovanna jogando basquete, ou melhor tentando acertar a bola na cesta.
—Dobra os joelhos, salta e mira naquele quadrado que tem na tabela.—disse alto se curvando na janela atraindo a atenção deles.
Giovanna sorriu ao ver seu chefe com cara de sono na janela.
— Bom dia —A loira saudou sorrindo bobo.
Alexandre deu um meio sorriso admirando a visão que era aquela mulher usando um shorts Jeans evidenciando as coxas fartas, uma camiseta branca, descalça e com o cabelo meio bagunçado.
Estava fascinado pela beleza da mulher e não tinha como negar, Giovanna sem sombras de dúvidas era muito bonita.
— Bom dia. — saiu do transe e respondeu— Dormiu bem?
— Melhor do que nunca. —Giovanna respondeu sentindo as bochechas esquentarem, rapidamente lembrou-se de quando acordou, a primeira coisa que viu ao abrir os olhos foi seu chefe dormindo ao seu lado feito um bebê, com a boquinha entreaberta, um cena completamente adorável.
Até fechou os olhos pensando que estava sonhando, mas era real, seu chefe havia dormindo na mesma cama que si.
—Ale! Meu bem, sugiro que se arrume logo, vamos sair daqui uma hora! —Sua mãe gritou aparecendo no gramado.
— Desço em quinze minutos. — saiu da janela, indo direto para o banheiro.
…
Alexandre descia as escadas, e viu Karen com uma mochila nas costas, essa que sorriu sem graça para ele.
— Bom dia. — disse ainda se sentindo receosa pela noite passada.
— Oi. —Nero disse seco, passou por ela e foi direto para a cozinha.
Estava disposto a ignorar Karen.
— Olha... Eu me sinto péssima por ontem — na verdade Karen não se sentia tanto assim, se tivesse oportunidade faria de novo.
Alexandre fechou os olhos suspirando pesadamente.
—Karen, por favor esquece o que aconteceu ontem, se o Leonardo desconfiar de algo você sabe o que acontece. — disse desinteressado, sem olhar a mulher, enquanto procurava um copo.
— Não se preocupe com isso. Eu só queria que me desculpasse. —Karen disse frustrada com o fato dele estar a ignorando.
Nero enchia o copo de suco, desejando não ter aquela conversa.
— Ale-
— Ontem é passado, Karen. —Alexandre a cortou já sem paciência, estranhando o fato de achar errado conversar com ela sobre aquilo.
Seus pensamentos estavam em outra pessoa.
Karen sabia que Alexandre ainda a amava, ele só estava com medo do que Leonardo pudesse fazer.
— Você pensou sobre o que eu disse ontem? Sobr-
— Eu disse que ia acertar aquela bola!
A morena se afastou de Alexandre disfarçando ao ouvir a voz de Giovanna, que interrompia mais uma vez os dois, e Nero não moveu um músculo ficando do jeito que estava, de costas para Karen.
Giovanna adentrou a cozinha animada ao lado de Ana e Lucas. Os primeiros situados se sentaram, enquanto Lucas foi até Alexandre.
— Bom dia, maninho. — se virou para que Lucas o abraçasse.
— Bom dia. — disse bagunçando o cabelo do irmão.
—A Gio conseguiu sumir nossa bola! —Lucas disse com um biquinho nos lábios.
— Não fiz por querer! — disse em sua defesa, percebendo um clima estranho entre o chefe e sua ex.
Já Karen estava com raiva, pois sempre que tinha um momento a sós com Alexandre, Giovanna sempre aparecia pra estragar tudo. Parecia um carrapato, não desgrudava dele um minuto.
— Como fez isso? —Alexandre perguntou, a olhando.
— Então... Eu fiz o que me disse na janela. Só que a bola…Bom, ela foi pelos ares, espero não ter acertado nenhuma janela vizinha. — ela disse rindo, fazendo Alexandre rir minimamente. — Sou um desastre para esportes.
— Quando formos para a fazenda podíamos jogar lá, não é, Ale? Aí você ensina a Gio!—Ana disse empolgada.
— Seria capaz dela acertar a cabeça do Alexandre, assim como acertou a perna dele no campo de Golfe. —Karen disse debochada, pegando uma garrafa de água na geladeira, deixando um silêncio constrangedor.
— Ninguém aqui pediu sua opinião. —Ana disse cruzando os braços, e em seguida levantou um braço e começou a olhar as unhas da mão, fazendo pouco caso do que havia dito.
Lucas colocou as mãos na boca para não rir, e Giovanna mordia os lábios contendo uma gargalhada.
"Era errado querer rir disso?" Se perguntava Antonelli.
Karen fitava à todos com fogo nos olhos.
Alexandre assista tudo, também contendo a vontade de rir.
— Aí irei poder cuidar dele de novo, com muito amor e carinho! —A loira se pronunciou devolvendo sarcástica.
Ela se levantou e foi até seu chefe que estava encostado no balcão de mármore e o abraçou. Olhando-o nos olhos, sorriu irônica e perguntou:
— Não é, amor?—disse e em seguida cheirou do maxilar ao pescoço do chefe.
Alexandre arregalou os olhos, mas antes que pudesse responder, Leonardo entrou na cozinha, e deu um beijo em Karen, que correspondeu de imediato.
Ana olhava para os dois casais e balançava a cabeça em negação, parecia uma competição, ela sorriu com o pensamento.
Lucas por outro lado achou aquilo tudo nojento.
— Está preparada, Gio? Vamos sair daqui a pouco —Leonardo perguntou abraçando a noiva. — Você vai adorar a fazenda.
— Estou ansiosa.—disse soltando seu chefe, mas antes que pudesse concluir o ato, Nero puxou sua cintura, trazendo-a novamente para perto.
Giovanna franziu o cenho e olhou para Alexandre, que apenas deu os ombros.
Abriu a boca para falar algo, mas Luiza entrou na cozinha interrompendo Giovanna.
— Que bom que estão todos aqui! Fernando está chamando todos na sala, amores. —A matriarca disse extremamente animada.
Alexandre segurou a mão de Giovanna e juntos todos foram para a sala. Fernando se levantou, parecia tão animado quanto a esposa.
— Gostaria de começar falando que, depois do casamento, sua mãe e eu vamos bancar a lua de mel em Paris, como presente de casamento! —Fernando disse para Leonardo.
— Obrigado, pai. — agradeçeu.
— E segundo queria dizer que estou muito feliz por esses três dias terem ocorrido bem e harmonioso como toda família dever ser. — sorriu abertamente, Fernando realmente estava feliz por ver a família unida novamente. — Quando chegarmos na fazenda gostaria de dizer que espero que continue assim, até porque, Leonardo e Karen vão entrar numa nova fase da vida. E por fim, gostaria de anunciar que vou dizer essas mesmas palavras quando vocês dois decidirem se casar, Alexandre e Giovanna. —Ferando disse e Alexandre abraçou o pai.
— Obrigado. — disse, e Fernando beijou sua testa.
Karen e Leonardo também agradeceram, depois dos abraços, Luiza anunciou que já estava na hora de partirem.
Giovanna ficou animada, sentia que o resto da semana seria incrível.
…
— Quantos carros você tem? —Giovanna perguntou olhando seu chefe que dirigia atento.
Estavam a caminho da fazenda dos pais de Alexandre, onde ocorreria o casamento.
— Aqui em Búzios, eu tenho dois.
Giovanna reparara em como seu chefe ficava um completo gostoso, usando uma camisa polo preta, calça jeans, tênis brancos nos pés e no rosto óculos escuros.
Desceu o olhar para seus braços no volante vendo sua tatuagem e em seguida suspirou.
— E no rio, tem quantos? — perguntou, dirigindo seu olhar para frente, pois se ficasse mais tempo olhando Nero, babaria.
— Seis. — respondeu ainda olhando a estrada.
O que a loira não sabia era que Alexandre também lhe analizava.
Para ele, Giovanna estava muito linda esta manhã. Mas é claro que não diria isso em voz alta.
— Por que tem oitos carros? — perguntou a seu chefe franzindo o cenho, este que deu uma breve olhada em si.
— Porque tenho dinheiro. — respondeu arrogante, Giovanna apenas sorriu abrindo a janela do Ranger Rouver, o dia estava lindo.
Ficaram em silêncio por alguns minutos até Giovanna interromper.
—Que tal a gente jogar um jogo?
—Por quê?
—Porque sim, ué. Tô inquieta…e também que é bom sabermos algo um do outro.
—Hm
Alexandre não perguntou nada deixando Giovanna com tédio.
— Certo... Se não vai me perguntar, eu vou... — cantarolou.
— Qual a sua cor predileta? —Nero perguntou qualquer coisa.
— Bom... Eu gosto de várias cores, mas ultimamente ando preferindo o laranja.— respondeu com o dedo indicador nos lábios.
— Por que o laranja?—O homem de cabelos grisalhos franziu o cenho e olhou brevemente para a mulher, voltando a atenção para a estrada.
— Pergunta difícil de responder, próxima! — desconversou.
— Comida?
— Lasanha. Minha mãe fazia uma incrível! Até hoje posso sentir o gosto e o cheiro. — respondeu triste.
— Bebida? — rapidamente Alexandre perguntou para que mudassem de assunto, por mais que o achasse irritante, não queria vê-la triste.
— Hm... Adoro aquela bebida colorida que gela o cérebro, Muppy. — sorriu, e Nero sorriu também pelo modo como ela se referiu a bebida.
— Animal?
— Cachorro sem dúvidas. Nunca tive um, meu pai era alérgico a cães. — disse olhando através da janela.
— País?
— Nunca deixei o Brasil, mas sempre quis conhecer a Itália ou até mesmo o Mexico dizem que a comida de ambos os países é ótima.
— Música?
— Depende do meu humor, varia sabe.
— Tem namorado? —Alexandre deixou a pergunta escapar.
— Não. Se eu tivesse não estaria aqui agora. — Giovanna olhou seu chefe. — Já tive alguns, mas faz um tempo. Por que a pergunta? — indagou virando-se para Alexandre.
— Nada — pigarreou. — Só achei que tivesse algo com o Otaviano. —Nero respondeu ignorando o fato dela o encarar fixamente.
— O Otaviano? — perguntou gargalhando em seguida. — Senhor, eu sou inteligente o suficiente para não me render ao charme do Otaviano. Nós só brincamos às vezes, mas sei que ele já ficou com a metade dos funcionários daquela empresa, e eu prezo pelo meu trabalho. —Ela respondeu com sinceridade.
— Só por causa do trabalho? —Ele perguntou a olhando.
— Não... Sou uma mulher de respeito, para conseguir alguma coisa comigo tem que pôr um anel no dedo! —Giovanna brincou, mostrando a aliança que Alexandre lhe deu.
Dando um meio sorriso, Alexandre balançou a cabeça e voltou a ignorar Giovanna, ela conseguia irritá-lo facilmente, contudo era de um jeito diferente.
Não sabia o porquê, mas ficou feliz em saber que ele não tinha interesse em Otaviano, conhecia bem o amigo, ele era um safado conquistador.
— Quem foi sua última namorada?—Giovanna perguntou depois de um longo tempo em silêncio.
— Não foi. —Nero disse, e a loira ficou confusa.
— Como assim?
— Porque tanto interesse assim? — perguntou olhando-a.
— Só curiosidade. Desculpa se fui longe demais. — disse virando para frente.
— Foi a Karen. — respondeu e Giovanna viu que ele apertava o volante do carro. — Primeira e última.— disse por fim. — Claro que, no decorrer dos anos teve alguns casinhos, nada sério.
— Ela escolheu ele, não foi? —Giovanna perguntou com pesar.
— Sim.
— Te magoou?
— Mais do que imagina. — a voz de Alexandre saiu sufocada.
— Ela quem saiu perdendo — disse, e em seguida sorriu. — Apesar de você ser super estressado, na maioria das vezes chato, assustador, malvado, reclamão, mas no fundo, bem no fundo, assim, lá no fund-
— Eu já entendi! —Nero a cortou fazendo, fazendo Giovanna rir.
— Você é uma pessoa incrível. — falou por fim.
Os dois se fitaram fixamente por um tempo, até Alexandre desviar e voltar sua atenção para a estrada.
Não sabia o que era, mas ele sentiu seu coração palpitar desenfreadamente ao ouvir o que ela havia dito.
Eles seguiram viagem em silêncio, mas com um clima leve e harmonioso entre os dois.
Giovanna se pegava algumas vezes observando cada minúsculo traço de Alexandre, nessa observação viu que ele possuía uma pintinha no bigode e uma no pescoço, observou também como ele ficava lindo dirigindo.
Não iria negar estava — mesmo que sem querer — começando a gostar de Alexandre.
Mas sabia que era uma completa perda de tempo, seu chefe nunca lhe corresponderia.
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