7 de Dezembro, 6:00 da manhã.
Meu celular despertou e eu nunca levantei tão rápido na minha vida, talvez nunca tenha levantado tão feliz, e o porquê disso? Último dia de aula!
Eu liguei o rádio enquanto escovava os dentes, troquei de roupa e desci feliz da vida as escadas de casa, indo em direção a cozinha.
- Bom dia mãe! - Disse eu dando um caloroso bom dia a minha mãe, que virou assustada.
- Nossa, que animação é essa Jonas?! - ela perguntou sorrindo.
- Último dia de aula na San Judes. - respondi sorrindo.
- Ah, tá explicado! Espero que você tenha passado de ano! - ela piscou pra mim.
- Eu já passei. - respondi sorrindo.
Minha mãe é uma pessoa muito otimista, do tipo que tenta ver sempre o melhor lado das coisas, por exemplo, ano passado, no Natal, o gás acabou e família toda estava aqui, a ceia não estava pronta, todos ficaram desesperados, porque não havia lugar aberto para comprar outro gás.
Minha mãe simplesmente pegou um saco de carvão na garagem, mandou meu pai ao mercado comprar carnes e pronto, foi churrasco na ceia de Natal! Nunca comi tanta carne na vida igual ao Natal de 2017.
Ela tem um jeito único de te fazer bse sentir especial, pode ser o fato de ela ser psicóloga e sempre tentar fazer uma análise de você, só talvez.
Ela está no auge dos seus 40 anos, "bem vividos" como ela sempre diz.
- Bom dia Jonas. Bom dia mãe - disse Priscila, minha irmã mais velha entrando na cozinha.
- Bom dia. - respondemos.
- Tá feliz hoje é? Colocou até música quando acordou.- Priscila me perguntou.
- Sim! Último dia na San Judes. - respondi novamente sorrindo.
- Ah sim, agora tá explicado. - ela sorriu de volta.
- Porque tanto ódio assim da San Judes? - minha mãe perguntou.
- Ok, eu não vou ser irônico, porque talvez você esteja com uma leve amnésia matinal, mas, não sei se lembra de todas as conversas que tivemos, desde fevereiro aliás, onde quase todos daquele colégio pegam no meu pé. Inclusive o Dan, namoradinho da Priscila.
Eu não odeio a San Judes, odeio 90% de quem estuda lá. - conclui.
- Eu me lembro disso, me lembro também de dizer a você ser mais confiante, acreditar mais em si mesmo. - minha mãe respondeu.
- Mãe, eu sou seu filho, não seu paciente. Enfim, eu vou indo, vou encontrar o Bernardo e Carol no café. - respondi me levantando da mesa.
- Tenha um ótimo dia filho! - minha mãe suspirou.
Eu sempre tive problemas pra me enturmar com as demais pessoas e por isso sempre pegavam no meu pé, mas esse ano, foi demais, principalmente depois de fazer o teste para o time de futebol e passar. Todos os outros garotos titulares do time são do 3° ano, o único titular do 2° ano sou eu, isso causava a ira deles.
Eles me chamavam de gay, viadinho, esquisito, de Tony Ramos, por eu ter 16 anos e já ter alguns pelos no peito e um pouco de barba (essa que eu sempre fazia para não me encherem o saco).
Eu me considero um garoto "normal", vamos se dizer assim, 1,76 de altura, 75 kg, nem magro, nem gordo, os músculos um pouco definidos por causa do futebol, nada fora do comum, um típico garoto de 16 anos.
Minha mãe sempre tentava me confortar dizendo que tinham inveja dos meus olhos azuis e eu achava essa fala dela bem cretina, ter olhos azuis e ser loiro não queria dizer absolutamente NADA.
Eu peguei a bike e comecei a pedalar em direção ao ShopCafé, era um lugar onde eu, Bernardo e Carol adorávamos ir, era também o único na cidade, até porque cafeterias estão bem fora de moda, não é Starbucks?
Falando nisso, eu amo admirar a cidade, Pedra da Lua, tem poucos habitantes, mas não é tão pequena assim. Em 2015, a tecnologia chegou até aqui e muita coisa mudou, agora tínhamos casas noturnas, grandes redes de supermercados, baladas gays, baladas sertanejas, barzinhos, onde gente rica enche a cara, mas tudo muito gourmet e até fast foods. Tudo bem Mc Donald's?
A Cidade fica a 20 minutos da praia, então muitos turistas sempre vinham pra cá, estavamos bem no meio de tudo, cidade, interior e litoral.
Chego ao ShopCafé e tranco a bike, entro e já vejo Bernardo e Carol sentados a nossa mesa favorita, a última lá no fundo, bem abaixo da janela.
- Bom dia! - eu disse animado.
- Bom dia! - os dois responderam.
- Você não consegue nem disfarçar que está feliz por ser o último dia de aula. - a Carol disse sorrindo.
Carol era uma garota loira, com cara de nerd, que vivia dando fora em vários garotos, porque ela acredita em amor verdadeiro, ela é considerada "gostosa" por muitos e muitos meninos, mas poucas vezes beija alguém.
- Eu deveria esconder minha felicidade? Você está triste porque é o último dia de aula? - ironizei.
- Nossa! Não é isso, só estou dizendo que a sua animação tá estampada na sua cara! - ela respondeu um pouco ácida.
- Vão começar vocês dois? - Bernardo perguntou.
Bernardo tinha a minha idade, 16 anos, éramos amigos desde pequenos, sempre juntos.
Ele também vivia rodeado de garotas, mas nunca dava muita bola pra elas.
Ele era o típico garoto Atlético do time de atletismo, eu era o único esquisito do nosso grupinho mesmo.
- Não, hoje não! Mas e você Bê? Tá feliz, tá triste? - perguntei.
- Tô um pouco triste eu acho, não vamos nos ver com tanta frequência. - ele disse dando um sorriso fraco.
- Meu Deus, olha o canceriano. - Carol riu e eu ri junto.
- E aí lindões, o que vão querer? - dizia Gustavo chegando até a nossa mesa, ele era o gerente do ShopCafé, filho do dono, que o deixou cuidando quando foi pra São Paulo, ele era o único aluno do 3° ano que falava com a gente.
- O de sempre, um chocolate quente com calda de morango pra mim, e dois Capuccinos pros dois. - respondi.
- Jonas, Jonas, sabia que eu sou obrigado a comprar calda de de morango só por causa de você? - Gustavo perguntou.
- Porra, eu me sinto lisonjeado por isso! - eu sorri.
- Tem que se sentir mesmo! Já peço pra alguém trazer pra vocês - disse ele piscando pra mim e foi lá pra dentro da cozinha.
- Ok, isso foi estranho. - Disse Carol.
- O que? - eu e Bernardo perguntamos juntos.
- Sei lá, eu acho que o Gustavo é gay. - disse Carol.
- Gay? Tipo Justin Bieber? - perguntei.
- Justin não é gay! - ela alterou um pouco a voz.
- Claro que é! Não é Be? - perguntei.
- Eu não sei. - Bernardo respondeu.
- Aqui está. Chocolate com cobertura de morango para o Jonas, e Capuccinos para Carol e Bernardo.
O garçom nos entregou e eu paguei, fomos indo em direção a escola, eu tomando meu chocolate e guiando a bike.
Quando chegamos na escola, eu e Carol nos despedimos de Bernardo e fomos pra nossa sala, éramos da mesma turma.
O dia passou arrastado demais, até que o sinal da última aula tocou e eu comemorei imensamente.
Quando estava indo embora, Jennifer, a garota mais linda do colégio, me chamou, ela era morena, com o cabelo quase até a bunda ( eu amo isso), com uns peitões enormes, com os olhos castanhos claros.
- Jonas, vem aqui! - ela gritou sorrindo.
Eu achei estranho, porque ela só me chamava pra copiar minha lição, mas era o nosso último dia de aula, então o que ela queria?
- Oi Jennifer. - respondi sorrindo.
- Tudo bem? Eu só queria saber se amanhã você quer sair comigo? - ela perguntou.
- Oi? Co-como assim? - eu confesso que fiquei surpreso.
- Sei lá, você me ajudou o ano todo, queria retribuir. - ela sorriu.
- Você não namora o Rafael? Ele não vai ficar puto, sei lá? - perguntei.
- Não namoramos mais. Cinema então? - ela perguntou.
- Claro! As 19:00, pode ser? - perguntei.
- Sim, 19:00 horas na frente do cinema! Te espero amanhã então! - ela me deu um selinho e foi embora.
Eu estava nas nuvens, não acreditando no que estava acontecendo.
Alguém me puxa pelo braço, me viro e vejo Carol e Bernardo.
- O que foi isso hein? - perguntou Carol.
- Eu tenho um encontro com a garota mais gata desse colégio. - eu disse parecendo um retardado.
- Com a Jennifer? Ela não namora o Rafael? - Bernardo perguntou.
- Não mais! - eu respondi sorrindo.
- Isso tá estranho. - disse Carol.
- Iiiiiiiiiiih, não vem colocar olho grande no meu encontro não. - eu respondi.
- Ah seu babaca otário, se enxerga Jonas. - ela me empurrou com o ombro e foi saindo.
- Que louca! Será que rola de eu perder a virgindade? - perguntei para o Bernardo.
- Sei lá cara. - ele ficou vermelho.
- Perai, você também é virgem? - eu perguntei ao Bernardo.
- Olha, a minha mãe já chegou, até mais man. - ele se despediu de mim e foi até o carro de sua mãe.
Eu pedalei forte até em casa, cheguei, tomei banho, fiz muitas flexões, pra dar um "Up" nos músculos, como se eles fossem crescer da noite pro dia né?
Jantei com minha mãe e irmã, naquela noite meu pai estava de plantão, ele é o delegado da cidade.
Mal dormi direito e enfim, chegou sábado, 8 de dezembro.
As horas passaram muito devagar, confesso que me masturbei umas duas vezes aquela tarde, pensado em Jennifer.
Quando foram 18:00 horas, eu me arrumei, coloquei uma calça skiny preta, camisa polo branca, tênis da Adidas, eu tava me sentindo bem.
Minha mãe entrou no quarto;
- Olha meu homenzinho, indo para o primeiro encontro. - disse ela se sentando na minha cama.
- Mãe, por favor, assim você me mata de vergonha. - eu disse.
- Olha só, antes vivia grudado comigo, agora sente vergonha de mim. - disse minha mãe rindo.
- Não sinto vergonha de você, só de ser chamado de "homenzinho". - respondi.
- Então tá, Jonas, tenha um ótimo encontro e ó - ela tirou uma camisinha do bolso - se cuide. - ela colocou a camisinha em cima da minha cama.
Eu fiquei mudo por alguns instantes, esperando ela sair do quarto, porque eu estava muito constrangido, assim que ela saiu, guardei a camisinha no bolso, só pra garantir.
As 18:50 cheguei de Uber em frente ao Cinema, logo depois Jennifer chegou, linda, em um vestido vermelho.
- Como você está linda. - eu disse.
- Você também. - ela respondeu.
Entramos e compramos ingressos para vermos o filme no qual a Lady Gaga é a atriz principal.
Eu curti demais, logo após o filme acabar, por volta de 22:00 horas, Jennifer queria algodão doce, compramos e fomos andando a pé pelo parque que tem ali próximo, onde tem um grande lago.
Estava um pouco vazio, era uma noite meio fria, então pouquíssimas pessoas estavam na rua.
Chegamos em frente ao lago e Jennifer me beijou. Estávamos no meio de algumas grandes árvores.
- Uau. Eu disse quando ela terminou de me beijar.
- Você quer outro? Ela perguntou sorrindo.
- Quero. - respondi tímido.
- Então feche os olhos. - ela pediu.
E foi o que eu fiz, assim que fechei os olhos, demorou algum tempinho, para que algo acontecesse, até que aconteceu.
Alguém colocou um pano no meu rosto e eu tentei me debater, mas alguém me segurava.
Me chutavam muito, e eu implorava pra parar.
Claro, tinham armado pra mim, como a garota mais linda do colégio, sai como um "babaca otário" como eu?
Alguém tirou o pano de minha cabeça, quando olhei e vi Dan, o capitão do time, namorado da minha irmã, Rafael, até então ex namorado da Jennifer e Caio, que também era do time.
- Achou mesmo que ela iria te querer viadinho? - Rafael perguntou.
- Eu achei, dizem por aí que você tem o pau pequeno. - respondi.
E eles voltaram a me chutar com mais raiva e eu só conseguia proteger o meu rosto.
- Hey! Parem com isso! - Eu ouvi alguém gritar.
E Dan, o mais forte deles (e meu cunhado), me levantou com facilidade e me lançou sobre o lago.
Eu só pensava que iria morrer, porque 1° eu não sei nadar, 2° eu estava com dores demais pelo corpo para tentar nadar.
Senti minhas costas baterem no chão Barroso do lago, eu abri os olhos, mas não enxergava nada, senti uma mão puxar minha camisa e logo eu estava a superfície.
Era um garoto branco, de cabelos negros, que me puxava até a margem.
Ele me tirou do lago, estávamos ofegantes.
- Você tá bem? - ele perguntou.
- Acho que agora estou. - eu respondi cuspindo um pouco de água.
- Kai! Vocês estão bem? Eles fugiram. - disse um outro garoto alto, chegando até nós.
- Sim Léo, acho que agora estamos bem. - o garoto que foi chamado de Kai pelo tal de "Léo" respondeu.
- Você tá bem? Qual seu nome? - O "Léo" me perguntou.
- Jonas Orleans, e você? - perguntei.
- Leonardo Abrantes, e esse é Kai White. - disse ele apontando para o garoto que pulou no lago para me salvar.
Eu não sei o que havia acontecido, mas eu senti que algo ali, havia mudado em minha vida.
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