Emma abriu a porta de casa e sorriu para seu esquadrão que estava a porta.
— Entrem — Deu espaço para os quatro.
— Tem certeza que tem um bebê aqui? Que casa silenciosa — Neal perguntou enquanto a seguiam para a sala.
— Isso é porque vocês não chegaram a uma hora atrás, ela estava chorando em plenos pulmões enquanto Regina tentava troca-la, agora está dormindo.
— E a Regina? — Ruby perguntou sentando ao lado de Merida no sofá.
— No escritório, aproveitou que Lyra dormiu depois de encher a barriga e do banho, ela deve acordar daqui a pouco.
— Tinker falou dela a noite toda, agora quer um bebê também — Killian disse fazendo a loira rir.
— Vocês querem beber alguma coisa? Um suco?
— Eu aceito — Neal e Killian disseram.
— Merida?
— Sim, pode ser — Sorriu de canto, ela era nova no esquadrão, estava na turma a pouco mais de cinco meses.
Sua paixonite por Emma se desenvolveu assim que conheceu a loira, mas a aliança no dedo mostrava que ela não estava disponível, mesmo a ruiva acreditando que não era bem assim, já que Emma sempre estava no trabalho e por mal falar da esposa, a menos que os amigos perguntassem, assim como acreditava que Regina não fosse tudo aquilo que diziam.
Jamais havia visto a morena, nem mesmo na festa do departamento, que havia acontecido um mês após sua chegada ao departamento de homicídios, todos os que eram casados haviam levado seus cônjuges, exceto Emma, que afirmou que Regina viajava, o que não havia sido mentira.
— Eu te ajudo a pegar, patinha — Ruby disse seguindo a amiga até a cozinha — Como vocês estão?
— Silenciosas, trocamos algumas palavras essa manhã e meio que discutimos no processo — Deu de ombros.
— Precisam conversar.
— Nós estávamos meio que conversando, eu ia beija-la.
— E...?
— Minha mãe chegou.
— Tia Mary empata foda de reconciliação — Bufou enquanto a amiga pegava os copos.
— Não é como se depois disso as coisas fossem ficar bem, Ruby, sabe disso — Pegou o suco da geladeira enquanto a morena colocava os copos na bandeja.
— Uma hora tudo se acerta, patinha, vocês só precisam de um tempo pra vocês, assim vão colocar as coisas no lugar, nesses dias em Storybrooke, vocês terão muito tempo — Disse e seguiram para a sala.
Ruby deixou a bandeja sobre a mesa de centro e distribuiu os descansadores de copos enquanto Emma servia o suco e tomava o lugar ao lado da ruiva, já que Ruby havia tomado seu lugar na poltrona.
— Obrigada — Merida disse com um largo sorriso.
Neal e Killian se encararam, não era novidade nenhuma para os amigos de Emma ou para a própria, o interesse da garota, mas os três sabiam que Emma jamais trairia Regina.
E o que sabiam ainda mais era que Regina era completamente ciumenta, ambas eram, talvez até mesmo um pouco possessivas ao modo delas, não que nenhuma das duas pudessem reclamar de como as brigas terminavam, já que era sempre com corpos suados e roupas no chão em lugares que nem mesmo se recordavam de terem deixado.
— E o seu braço, como ta? — Perguntou tocando o braço da loira e tentando ver através do curativo.
Emma olhou para o braço não se importando com o toque, não era íntimo, ao menos ela não havia detectado isso.
— Incomodando um pouco, mas não é a primeira vez que acontece.
— Deveria ter mais cuidado, você já perdeu umas cinco vidas — Disse ainda analisando a atadura, Emma riu da brincadeira, o som de saltos ecoaram pela sala.
— Eita caralho — Ruby murmurou e logo a morena adentrou a sala vendo a cena, Emma próxima demais da ruiva, ou melhor, a ruiva perto demais de Emma.
Os olhos castanhos encararam a cena com o semelhante completamente fechado e a mandíbula travada.
— Regina, quanto tempo — Killian disse pra desviar o olhar da mulher e levantou-se para abraça-la — Você ta a cada segundo mais bonita, quando vai abandonar a Emma e ficar comigo?
— Tinker sabe que você quer troca-la por mim? — Perguntou enquanto retribuia o abraço.
— E quem disse que eu vou troca-la? Posso ficar com as duas.
— Você não daria conta, Regina é areia demais pra você, nem com três voltas você aguentaria o tranco — Ruby disse fazendo a Mills rir e abraça-la.
— Você também não aguentaria — Killian retrucou.
— Mas eu tentaria dar ao menos quatro voltas.
— Ninguém é páreo pra Regina Swan-Mills, apenas Emma Swan, que verdade seja dita, maldita loira sortuda — Neal disse abraçando a morena após beija-la na mão de modo galante, Regina sorriu negando.
— E como está a nova mamãe do pedaço? — Killian perguntou — Ficando de cabelos em pé com suas duas crianças?
— Considerando que é meu segundo dia com Lyra, estou bem tranquila, ela é incrível e tranquila — Disse e olhou para a ruiva ao lado de Emma — Você eu não conheço.
— Sou Merida DunBroch.
— Merida chegou no departamento há uns seis meses, foi quando você viajou a trabalho — Neal disse.
— Ah claro — Forçou um sorriso e os amigos da loira levaram seus copos aos lábios.
Merida os observou confusa e encarou a morena que lhe observava com atenção, analisando até mesmo sua respiração e isso lhe deixou desconfortável.
— E de onde você veio, senhorita DunBroch? — Perguntou sentindo-se na poltrona de frente para Ruby e entre os sofás, com sua postura elegante.
— Canadá, mas meus pais são escoceses.
— Fomos a Escócia em nossa segunda lua de mel, Emma queria conhecer novos lugares.
— E testar as acústicas dos hotéis — Ruby disse — Ela disse isso por dias.
— Bom, ao menos a acústica era ótima e as paredes grossas, não fomos expulsas após os primeiros minutos do sexo — Emma disse e Neal junto a Killian riram.
[...]
O chorinho ecoou pela casa e Emma se levantou subindo, o clima na sala estava pesado, só não estava pior por causa dos seus amigos que lhe provocavam o tempo inteiro.
Ao chegar ao quarto de Lyra, adentrou o cômodo e seguiu até o berço, vendo-a chorar, a pegou e a levou até o trocador observando sua fralda, a trocou e pegou o lenço junto a chupeta lhe entregando.
— Prontinho, vencemos mais uma luta, bate aqui — Segurou a mãozinha e bateu um high-five, finalmente pegando-a no colo e saindo do quarto.
Ao chegar no andar de baixo, teve todas as atenções voltadas pra elas, Lyra tinha os olhinhos abertos enquanto as costas estavam apoiadas na barriga da loira e puxava a chupeta como se a vida dependesse daquilo.
— Que coisa mais fofa! — Ruby exclamou animada e Emma negou sorrindo.
— Diz oi patinha — Disse olhando pra bebê e segurando seu bracinho fazendo um leve movimento de aceno.
— Se eu não soubesse que vocês a sequestraram e estão fazendo de conta que foi entregue por um orfanato, eu diria que ela havia nascido de Regina com seus espermas, Swan — Killian brincou e Regina riu.
— O que eu posso fazer? Meus dedos são muito potentes — Deu de ombros e entregou a filha para Ruby que quase partiu Lyra ao meio tentando toma-la dos braços da loira.
— Ela é tão fofa, Regina, me deixe rouba-la.
— Se Mary a escutar dizendo isso, com certeza te proibirá de entrar nessa casa, ela chegou cedo como jamais fez em todos esses anos apenas para babar em Lyra.
— Que dia vocês viajam? — Neal perguntou.
— Provavelmente em dois dias, não quero esperar para ir depois do dia dez, pode chover ou nevar, amanhã levarei os carro para a revisão — Emma respondeu.
— Cora com certeza só não veio correndo, por vocês estarem indo pra lá — Killian comentou.
— Isso com certeza, ela já me telefonou cinco vezes pra me dizer que não deveria deixar Lyra muito exposta por causa do frio, tomar cuidado na hora de dar a mamadeira, para checar a respiração dela quando ela estiver dormindo, não a deixar demais no colo pra não acostumar e para ter cuidado para não dormimos sobre ela.
— E mamãe comprou metade das lojas infantis essa manhã, certamente aparecerá com mais alguma coisa ainda hoje ou amanhã — Disse e levou a mão ao braço.
— Está doendo? — Regina perguntou junto a Merida.
Killian, Ruby e Neal se encolheram no sofá fingindo não estarem ali, coisa que Emma teria rido em outra situação, mas ao ver Regina travar a mandíbula e erguer a sobrancelha para a ruiva, em seguida para si, apenas engoliu a seco.
— É-é... Incomodando um pouco.
— Deixe-me ver — Aquilo não havia sido um pedido, Emma afastou-se de Ruby e aproximou-se da morena, abaixando em sua frente.
Regina afastou um pouco da atadura e observou entre a pele, Emma arrepiou ao sentir a ponta dos dedos em sua pele e a olhou por alguns segundos, vendo-a concentrada, então levou a atenção as mãos, deixando-as sobre o colo da morena.
— Não parece que está sangrando, precisa deixar um pouco sem atadura, pra não abafar.
— Certo — Murmurou e a olhou vendo-a desfazer as voltas da atadura com cuidado, então lhe entregar — Obrigada doutora — Disse com a voz sussurrada.
Regina sorriu de canto e tirou os fios que estavam no rosto da loira, deslizou o indicador por sua bochecha e observou seus lábios finos e rosadas, minimamente afastados.
Aqueles mínimos toques estavam fazendo tanto com sua mente, eram meses sem toca-la, uma eternidade para quem estava acostumada a ser o centro do mundo de Emma Swan e a estrela mais brilhante de sua constelação.
Lyra deu um leve resmungou fazendo com que a morena recolhesse a mão e levantasse, Emma respirou fundo e a viu seguir para o outro cômodo após pedir licença.
— Poxa Lyra, você cortou o clima — Ruby reclamou — Agora eu só vou te dar cinco pirulitos, você ganharia seis, mas mandou muito mal — Como se entendesse a pequena voltou a resmungar e fez um biquinho de choro — Mentira, eu te dou os seis pirulitos — Tentou, mas foi em vão.
Lyra começou a chorar em plenos pulmões, Emma aproximou-se pegando-a e apoiando-se em seu ombro enquanto lhe entregava a chupeta e colocava o lenço próximo ao seu rosto enquanto lhe acariciava nas costas.
— Prontinho patinha, já passou — Disse com calma, vendo-a choramingar — Eu sei, ela é uma loba má.
— Hey! — Ruby tentou se defender.
— Você não tem local de fala, fez minha filha chorar — Emma exclamou vendo-a cruzar os braços emburrada enquanto os amigos riam.
[...]
Regina colocou Lyra no centro de sua cama vendo-a encarar o nada, a cercou com travesseiros e seguiu para o closet aonde se despiu e seguiu para o banheiro, tomou um breve banho e saiu colocando o pijama.
Emma havia saído com os amigos, não que ela tenha ficada contente com tal coisa, principalmente após notar que a nova colega da esposa estava aos seus pés.
Confiava na fidelidade de Emma, sempre confiou, mesmo depois da traição sofrida, só que não conseguia, não sentir ciúmes, era muito maior do que ela, deitou-se na cama, ajeitando a filha e apoiou a cabeça na mão, brincando com seus dedinhos que agarraram o seu.
O cheiro de canela emanou do travesseiro e foi impossível não enterrar o rosto ali, muito menos puxar o ar, aspirando o cheiro de Emma, sentia saudades, principalmente de como se buscavam a noite.
Agora parecia haver espinhos no meio da cama, elas dormiam de costas uma pra outra e assim amanheciam, antes Emma ou até mesmo ela, invadiam o espaço uma da outra e não havia briga que durasse.
Secou à lágrima que fugiu e arrumou-se na cama puxando o cobertor para cima de seus corpos, apagou a luz e ligou a televisão, assistiu por alguns minutos e nem mesmo percebeu o momento em que dormiu.
Mas sentiu o movimento da cama, então abriu os olhos vendo Emma tomar Lyra em seus braços, os olhos verdes ergueram-se encontrando os seus.
— Irei coloca-la no quarto.
— Ta bem — Murmurou e voltou a fechar os olhos entregando-se novamente ao sono.
Novamente um movimento se fez na cama, mas ela nem mesmo se moveu, apenas sentiu o colchão afundar no lado oposto e o movimento do cobertor, logo seu corpo estava entregue a Morfeu, assim como o da loira ao seu lado.
[...]
Na manhã seguinte Regina não viu quando Emma saiu, mas havia um aviso na geladeira dizendo que Lyra estava trocada e alimentada, assim como viu a mesa posta.
Tomou seu café e um banho, checou Lyra e desceu para o escritório, saindo apenas quando a pequena acordou e solicitou atenção.
Após dar um banho e novamente alimenta-la a colocou no carrinho e o deixou ao lado da mesa do escritório voltando ao trabalho.
Horas se passaram, almoçou e voltou a cuidar de Lyra, conversou com Tinker e Kristen pelo telefone por um tempo.
Vezes ou outra seus olhos iam até o relógio e para o celular, nenhuma notícia ou mensagem de Emma e já beiravam às sete da noite.
Um chuva caia fina do lado de fora, a morena escutou alguns sons de carros, mas nada que fosse atrativo para sua atenção, levantou-se seguindo para a sala para ajustar o thermostat, então seguiu para a cozinha em busca de um pouco ďagua.
Franziu a testa ao ver a caixa de pizza sobre a ilha e aproximou-se abrindo-a, pegou um pepperoni levando aos lábios.
— E Lyra?
— Diabos! — Pulou e virou-se vendo a loira com uma calça de moletom preta e regata vermelha — Quer me matar do coração?
— Desculpe.
— Quando chegou?
— Há vinte minutos — Disse e encarou a morena com a sobrancelha erguida.
— Ela está no quarto dela, dormiu agora a pouco, eu não te vi chegar.
— Imaginei, você estava trancada no escritório e eu não quis fazer barulho por causa de Lyra — Pegou o suco da geladeira e serviu dois copos, então pegou uma fatia da pizza e mordeu um grande pedaço enquanto Regina continuava a saquear os pepperonis.
O silêncio reinou no local e por algum milagre depois de meses não era insuportável, era como no início, quando não precisavam falar.
— Conseguiremos ir pra sua mãe amanhã mesmo se quiser, o carro já foi devidamente revisado.
— O que sua mãe acha disso?
— Ela certamente não tem que achar nada, sempre fomos antes deles.
— Sempre não havia Lyra, ela me ligou umas doze vezes e apenas parou quando eu disse que estava em reunião — Emma riu negando.
— Sabíamos que seria assim, Lyra é a única neta e certamente não teremos nenhuma outra criança, certo?
— Certo, Lyra é o suficiente — Afirmou.
— Ela só está encantada com a ideia, se ela não acostumar logo, nós deixamos Lyra com ela por algumas semanas, até que ela enjoe.
— Nunca mais veremos nossa filha outra vez se fizermos isso.
— É, tem razão — Disse e inclinou-se sobre a ilha enquanto pegava outra fatia de pizza e Regina sorria de canto antes de lhe roubar um pepperoni e pegar a própria fatia, então novamente o silêncio reinou, dessa vez tão bom quanto o anterior e quanto ao dos últimos tempos.
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