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A lua de sangue estava alta no céu: linda; grande; vermelha. Agora o ritual poderia ser feito. Drácula estava em êxtase. Ele poderia ir até Anthony de uma vez por todas. E logo ele terá tudo que pretende conquistar. Contudo, ele terá que ter paciência. Muito precisará ser feito ao chegar. A começar se ingressando bem no novo mundo em que Anthony vive. É uma era mais moderna e vibrante do que os tempos escuros e frios do século em que viveu naquela dimensão e depois nesta em que estar preso. Fez bem ele beber um pouco de sangue de seu humano do cálice que os gêmeos conseguiram, ajudou a aprender mais sobre Anthony e a nova era aonde ele vive.
Desta vez Drácula terá que ser mais meticuloso. Uma nova identidade terá que ser feita se quiser conviver nos mesmos círculos sociais que seu humano frequenta. Em seu mundo, Anthony é um homem muito poderoso e rico, então Drácula terá que seguir esse meio de conquista até demonstrar sua verdadeira face. Os primeiros dias serão de adaptações, mais ele sabe que será capaz de conseguir.
O Vampiro encontrou Margareth no alto da floresta, numa colina à beira de um penhasco, aonde a lua iluminava com seu tom rubro. Ele usava nada mais que sua armadura de couraça vermelha com a gravura de um dragão. Afinal, nada mais poderá ser levado e Drácula estava bem com isso. Quado chegar, ele irá direto para seu antigo castelo na Transilvânia. Próximo dalí há uma caverna aonde ele enterrou um baú de tamanho considerável com mordas de ouro, jóias e pedras preciosas que ele sabe que ainda estar lá. Com o trabalho certo, ele será tão rico quanto seu Anthony.
Com o plano traçado ele apenas esperou. A Bruxa-oráculo já havia acendido uma fogueira, e organizado ritual. Ela lhe deixou saber como o ritual seria montado. Não que ele se importasse de aprender, mas ela quis falar, e ele não teve paciência para negar, já que não valeria nada, e ela falaria da mesma forma. Então ele ouviu ela explicar: o pentagrama seria feito com um pó do osso de fêmur de uma bruxa velha, que morreu atravez de um sacrifício voluntário durante uma lua cheia. Segundo Margareth, isso daria mais poder ao ritual e ligaria melhor os outros itens, drenando a magia do osso para as runas, que eram os outros itens do ritual, que seriam posicionados em cada ponta do pentagrama. Cada runa seria gravada com um símbolo de um elemento: Fogo, terra, água, ar, e espírito, que somente quem pratica bruxaria usa. E por último, e mais importante, o sangue de Anthony, que servirá para levá-lo até ele e ancorá-lo em sua dimensão, mesmo sem saber. Era especial saber que ele estaria ligado ao seu humano por sangue. Mesmo tento lembranças de uma época em que também teve sangue de um humano ligado a ele, e que acabou sendo sua ruína. Mas agora ele iria garantir ser diferente. Anthony estaria mais protegido que um dia Kaleb foi. Nada acontecerá com seu humano enquanto Drácula viver. E depois de transformá-lo, protegê-lo será mais fácil.
A bruxa-oráculo o olhou com um entusiasmo simulado, trabalhando na runa da terra.
__ Já está quase na hora, meu querido aliado. É melhor se preparar e entrar no centro do pentagrama. Não esqueça o que falei. Não será agradável. __ Ela terminou a gravação e passou para a próxima ponta do oentagrama.
__ Não me importo. __ Drácula fez o que a bruxa disse e entrou no ponto indicado, ficando parado alí. __Tudo valerá a pena. Logo estarei com quem me pertence e aonde eu pertenço.
A bruxa enrugou a cara, se abaixando para desenhar a próxima runa.
__ Claro... __ Ela pingou sarcásmo nas palavras. __ Porque é só para que você tenha um humano patético que eu estou fazendo um ritual que irá drenar parte de minha magia. __ Ela levantou encarando o vampiro.
Drácula ergueu uma sobrancelha, e provocou.
__ Ciúmes, Margareth?
__ Eu realmente não sei porque você quer tanto aquele humano. __ A bruxa se irritou, revirando os olhos. __ Eu já avisei, ele não será leal a você sendo um herói. Não será nem de longe seu melhor aliado. E ainda será capaz de traí-lo. Se ele pode abrir um portal para te ajudar, e daí? Você pode obrigá-lo a fazer isso, e depois matá-lo. Por que bajular alguém que não inautece sua grandeza? Algo que eu poderia conseguir sem muito esforço.
Drácula a encarou com olhos frios e destemidos, rilhando os dentes.
__ Estar travando uma batalha que não vai ganhar, Margareth. Você é apenas um meio para um fim. Nada mais. Não há como comparar sua importância e fazê-la chegar perto da de Anthony para mim. __ E então o rosto do Vampiro mudou e ele riu, como se a bruxa fosse uma tola. __ E quem disse que busco a lealdade dele em definitivo? Anthony será meu, mesmo depois de sua confiança em mim se acabar. Não será uma escolha. Ele será meu, não apenas por sua mente e inteligência, mas também por seu corpo e por seu sangue. Eu o terei por inteiro.
__ Para quem ainda não conseguiu o que quer dele, você estar muito confiante. __ Margareth insinuou, escondendo a fúria da nova rejeição. __ Sob escolha ou não, ele ainda terá uma vantagem sobre você. Uma vantagem que você não poderá ultrapassar até descubrir qual e a destruir, ou ser tarde demais, e ser destruído.
Drácula estreitou os olhos para as implicações destas palavras.
__ Que vantagem é esta?
Margarerh sorriu, enigmática.
__ Isso, meu querido vampiro, você terá que descobrir sozinho... Agora por favor silêncio. Preciso me concentrar. A lua já estar próxima ao pico máximo da magia. Está na hora de eu começar a entoar o feitiço.
__Margareth, me diga que vantagem...
Drácula andou para sair do centro do pentagrama e exigir uma resposta, apenas para ser parado por uma barreira invisível que o manteve no lugar. Ele a esmurrou com raiva. Algo cintilante ondulou ao redor dele por um segundo e desapareceu. Mas ele ainda não conseguiu passar.
__Que barreira é essa, sua bruxa?! __Ele rugiu com fúria. __ Esta parte não estava em sua explicação sobre o ritual!
__ Você não confiaria em mim o bastante para se deixar ficar preso para o ritual e, portanto, à minha mercê. __Margareth disse, dando de ombros enquanto caminhava para ficar na posição sul do pentagrama, e então olhou para Drácula, e sorriu. __ Está com medo de que eu faça um ritual diferente da que espera? Talvez eu realize um que o faça desejar tanto o sangue de seu humano que o matará assim que o vir e sentir seu cheiro, seja em sonho ou não...
__Você não ousaria! __ Drácula gritou, batendo outras vezes na barreira mágica. __ Sabe que preciso dele para abrir o portal!
Margareth fez uma careta amargurada simulada.
__ Oh, eu sei. E é só por isso que ele vai viver. __Então seu rosto iluminou, e pegou o cálice com o sangue de Anthony, que estava numa pedra alí perto... __ Isso não quer dizer que eu não lhe envie um pequeno presente.
__ Não! Me liberte agora! __Drácula exigiu. __ Se prejudicar Anthony vou destruir você!
__ Ah, não seja tão dramático. __ Margareth falou com desdém. __ Irei apenas garantir que você nunca esqueça de mim enquanto estiver com seu humano. Afinal, eu ficarei para trás, é mais que justo que eu tenha alguma garantia de que você irá cumprir sua parte de nossa aliança.
__ Você já tinha a minha palavra, Margareth. __ Drácula rosnou, testando todas as "paredes" invíveis que o cercava.
Margadeth o encarou. Seus olhos azuis estavam humorados.
__ Oh, querido, posso achar que você tem um belo rosto, um corpo viril, e com um grande espécime entre as pernas, mas não confiaria em você nem se fosse a última chance para salvar minha vida. __ Margareth usou a mão livre para segurar o pingente de garra de corvo que usava num cordão de tira de couro e espetou o dedo, deixa do algumas gotas de sangue cair dentro do cálice, se mistura do com o sangue do humano Anthony. __ Sou uma bruxa-oráculo.. __Ela continou. __ Eu vejo partes de futuros alheios que não posso controlar e nem reivindicar, isso quer dizer, que nunca posso ver meu próprio futuro. __ Após deixar cair exatas dez gotas de seu sangue, Margareth levou o dedo a boca, sugando levemente, depois completou: __ Então nada me garante que você não irá me trair. Principalmente estando numa dimensão diferente da minha.
__ Nós tínhamos um acordo, ou esqueceu que fizemos uma ligação de alma que me obriga ajudá-la? __ Drácula odiava se sentir impotente. Ele encarava a bruxa com fúria velada no olhar.
__ Sim, é verdade. Mas acho que lhe devo uma pequena explicação sobre esta ligação. Veja bem, você é um ser poderoso e imortal de vários séculos que não pode ser morto, e por isso teve que ser aprisionado. __ Margareth falou, movendo o cálice num movimento circular, como se fosse beber vinho. __ Eu posso ter poder, mas não sou imortal, e nem posso ser. Minha linhagem bruxa não permite. Apenas vivo muito mais que humanos insignificantes comuns. Sabe... como aquele seu humano patético Anthony. No entanto, ligada à sua alma, você me compatilha sua eternidade. Você me tornou imortal, Drácula, porque enquanto você viver, eu vou viver. Mas não adianta ser imortal vivendo neste mundo sombrio e sem graça, por isso preciso de você e de seu humano patético... __ Margareth se aproximou de Drácula, tendo apenas a fina camada invisível da barreira o impedindo de atacá-la.
Drácula bateu na barreira, agora mais furioso por ter sido enganado. Ela ondulou outra vez e parou.
__ Estar dizendo que mentiu sobre a aliança?
Margareth apenas lhe sorriu.
__ Sim. Menti sobre isso e omiti sobre um fato importante. Eu, assim como você, somos da mesma dimensão. __Drácula estreitou os olhos cim esse novo conheciemento. __Fui banida para este mundo pelo mesmo Mago Caçador Séricles que sacrificou Kaleb e te prendeu aqui.
O Vampiro rosnou com a menção do caçador, e deu um soco na barreira, mas depois deu uma passo para trás, e disse:
__ Isso não muda sua traição. Pode ter me enganado uma vez, mas não acontecerá novamente.
Margarth bufou, traçando o dedo indicandor num movimento circular ao redor da borda do cálice.
__ Você estar se baseando no fato de que não sairei daqui para isso não acontecer. Mas se eu fosse você, e quisesse seu humano seguro de Magos Caçadores como Séricles, eu iria me querer por perto. Este Mago pode ter me banido para este lugar, mais não antes de eu o amaldiçoar.
__ Como pode saber esses Magos Caçadores ainda existem? Séculos já se passaram naquela dimensão. __ Drácula disse com dentes serrados e punhos apertados.
__ Bem... linhagem como a de Séricles podem ser bem criativos para se manter vivo. E sei que Séricles deu um jeito de adaptar seu legado.
__ Então você que eu a veja como valiosoa, mesmo depois de ameaçar meu humano? __Drácula soltou veneno em suas palavras. __ Não foi sua melhor jogada, pequena bruxa. E agora só a fez ainda mais insignificante para mim. E uma tola ingênua.
Margareth soprou o ar atravez dos dentes, tremendo de raiva e decretou:
__ Vamos ver se vai continuar achando isso depois os Magos Caçadores souberem de sua volta e de seu precioso humano. Eles vão adorar caçá-lo e prendê-lo aqui, outra vez.
__ Eu os destruirei! __Ameaçou Drácula, convicto.
__ Oh, claro. Assim como fez quando Séricles usou o sangue de Kaleb contra você e depois o sacrificou para prendê-lo aqui? Oh, é mesmo, você... não fez... __ Alfinetou a bruxa. Quando viu Drácula abrir a boca outra vez, um brilho pálido roxo começou a radiar das runas e ela colocou o dedo sobre os lábios, fezendo um "sshhhh", e então sussurrou. __ Está començando...
De repente a lua ficou mais brilhate. O tom vermelho intensificou e cada runa gravada ganhou um tom mais distindo de roxo em suas formas.
Drácula apenas ficou alí, sem ter muito o que fazer a não ser esperar e fazer o possível para quebrar o que quer que ela fará com Anthony e impedir dcaçadores como Séricles de aproximarem de seu humano.
Maragareth voltou para seu ponto inicial e ergueu o cálice com as duas mãos em direção a lua, começando a entoar cântigo do ritual numa língua celta winca antiga de origem do Gaélico escocês.
"O ,cò an fhuil a bhios na stiùir ... Gairm spiorad an ti a tha fad air falbh ;
Anam an ti tha fad as ; Corp an duine tha fad air falbh;
Agus beatha an tì a tha fad air falbh; Ge bith dè an astar: Aon tomhas; aon saoghal..."
Quando completou a primeira parte do ritual, Margareth começou a circular o pentagrama, começando pelo sul em sentido anti-horário, onde cada ponta havia uma pedra rúnica representando um elemento. A primeira era a do fogo. De frente para a pedra, a bruxa derramou um pouco do sangue do humano do cálice de bronze que segurava. E então entoou os próximos versos do ritual...
"Ach, teine...
Thoir an neach a tha san amharc chun neach-fios;
Cò a tha gad stiùireadh;
Cò a shaoras as a’ phrìosan so thu.."
Ao terminar, um minúscula chama foi expelida da fogueira e se fundiu a runa e o sangue, que passou a brilhar em vermelho. Depois ela passou para a próxima ponta com a pedra rúnica da água, e repetiu o encanto e o processo com o sangue do humano, mudando apenas o elemento.
"Ach, uisge...
Gabh na tha san amharc don fhear a tha gad ghairm;
Cò a tha gad stiùireadh;
Co a shaoras as a' phriosan so thu"
Margareth viu gotículas de água encontradas no ar começaram a se misturar até ficar do tamanho de uma gota de chuva, e caiu sobre a runa evaporando, e depois o mesmo com o sangue, dissolvendo o sangue na pedra agora brilhando vermelha.
Ainda segurando cálice com o sangue de Tony, entoa mais três vezes, enquanto circula o ritual, a cada ponto da estrela que chega na rúnica que representa um elemento. Repetindo o processo com as pedras rúnicas do ar, (um pequeno redemuindo circulou a runa e se fundiu com pedra), terra, ( Uma rocha de partiu e a lasca cravou na oedra, e foi absorvida por ela)
e por último, espírito ( um punhado do pó do osso da bruxa morta saiu do pentagrama e soprou para a runa, onde sumiu no desenho da runa). Ela sempre derramava um pouco do sangue do humano na pedra, que acendeu seu símbolo rúnico quando a última foi ativada, agora todas em vermelho, um vento começou a soprar mais forte, o fogo da fogueira dançava lambendo o ar com as labaredas laranjas flamenjantes. Quando completou cada runa, ela deu o último gole para o vampiro, flutuando o cálice para dentro da barreira de Drácula, com um olhar malicioso.
__ Tome nosso sangue, meu querido. Ou o ritual não estará completo. E não me esqueça depois que chegar... __Ela riu, com lábios bem esticados e dentes a mostra. __ Ah, é mesmo, você não ousará me esquecer... não depois que seu precioso humano receber meu presente...
Drácula estava fervendo, mas pegou o cálice se perguntando que a barreira foi feita apenas para impedí-lo de sair e ser obrigado a aceitar os termos da bruxa.
Ele bebeu o sangue, que já não mais somente o gosto de Anthony, e era um pouco amargo. Margaret havia se afastado e erguido os braços para a lua de sangue. Ela entoou:
"Cha chùm dad air ais e gus an ruig e ann.
Cha chùm dad air gus an ruig e ann
Cha chùm dad air gus an ruig e ann
Cha chùm dad air gus an ruig e ann."
Faisg no fada, ge bith dè an t-astar a th ’ann, ruigidh an dùil, far a bheil an treòraiche agad!"
Após completar o último verso, Margarth olhou para Drácula, que havia começado a gritar. Ele suava e tremia, sentindo como se seu corpo estivesse se partindo, molécula por molécula, parte por parte, osso por osso, e cada vez a dor só aumentava. Ele deixou o cálice cair e caiu de joelhos no chão, gritando ainda mais alto, cravando as garras, que apareceram, na terra. Seus olhos brilharam em vermelho e os dentes afiados ficaram bem visíveis. Drácula ergueu a cabeça para o céu e rugiu.
Agora distraído com a dor da partida, Margate sorriu ferina, adicionando um gatilho de ligação ao ritual para castigar Drácula caso ele resolva esquecê-la. Sem precisar abaixar a voz para não ser ouvida, pois Drácula estava completamente fora de si com a dor, ela começou a entoar, aproveitando que o seu sangue e do humano ainda estava em transformação dentro do corpo do senhor dos vampiros, levando-o até ele, mas ancorando parte de seu poder com ela.
" Bheir fuil an treòir air ais e,
Cuiridh anam an treòir am prìosan e;
Bidh corp an treòir na iuchair a chumas e;
Is e ìobairt an treòrachaidh a chuir às ...
Bidh fuil an treòrachaidh ...
anam an treòrachaidh ... corp an treòrachaidh ... Bidh e na do dhochas!
Agus bidh fuil an oracle buidseach na do shlàinte ..."
Margareth grunhiu no fim do ritual, suas forças rastejando de seu corpo para a terra, se misturando com o pó do osso da bruxa morta depois rastejando para as rúnica, a fazendo cair de joelhos. Ela ouviu Drácula rugir ainda mais alto e ergueu a cabeça o máximo que conseguiu. Sua magia estava esvaindo rápido demais. Ela viu quando o vampiro começou a sangrar em seu olhos, nariz, boca e ouvidos, e por fim por seus poros. O sangue girava ao redor de Drácula, o circulando e aumentando a medida que o sangue esvaía de seu corpo, que passou a flutuar totalmente rígido no ar.
Logo depois seus ossos começaram a estalar e trincar e em seguinda parecia como se estivessem sendo triturados ainda dentro de seu corpo, e então Margareth viu o corpo de Drácula se desfazer em gotículas de sangue, carne e molécula, e desapareceu diante dos olhos como se tivesse sido sugado por um minúsculo orifício no ar, deixando Margareth com com o último eco de seu rugido e apenas algumas gotículas flutuantes de seu sangue. Até que mesmo essas gotas também fossem sugadas e desaparecer, ao mesmo tempo que vento parou, as runas apagaram e o fogo se extinguiu..
Bem, vendo aquela cena, ela apenas pensou que avisou que não seria agradável.
A bruxa bufou, afundando no chão. Bem, ela disse que não seria agradável
Com fim do ritual, o dreno de sua magia também acabou, ainda que estivesse fraca por um tempo, agora na semiescuridão da floresta, ela deitou no chão de terra olhando para a lua com uma risada esgotada. Havia dado certo. Drácula irá ser expelido e materializar na outra dimensão, o mais perto possível do humano dele.
A bruxa-oráculo sabe que Drácula irá traí-la, mesmo que cumpra sua parte no acordo, e a leve para a outra dimensão apenas para salvar seu humano dela, nada o fará cumprir a outra parte. Ele nunca dividiria seu poder e se submeteria a ela. Então ela saberá o que fazer. Ela conheceu um Mago Caçador uma vez. O poderoso Séricles era um mago que não deixa de fazer seu trabalho, não importa do que for preciso. Mesmo depois de virar imortal por meio de maldição que ela mesmo o submeteu. Afinal, eles usaram nela um ritual parecido para prender Drácula nesta dimensão-prisão, e ela acabou vindo parar aqui, ao ser traída pelo Mago Caçador, mas não antes de lançar sua última maldição em sua linhagem, tranformando seu filho no que ele mais abomina: um Vampiro, obrigando ele a matar seu próprio sangue. E ele realmente o fez.
Não que Drácula saiba dessa parte... opss.
Mas até o Vampiro pode temer alguns inimigos. Até ele sabe que Séricles não é um mago para se bater de frente. Ele perdeu Kaleb na primeira vez, e agora ele vai perder outro amante. Para o mesmo mago que agora era ainda mais poderoso.
Séricles ainda está vivo, e ela irá encontrá-lo e o fará saber quem estava de volta em sua dimensão, e logo ele fará de tudo para devolver Drácula aonde ele pertence. Afinal, sacrifícios precisam ser feitos, e nada é mais poético do que um sacrifício de um amante para condenar o outro.
Margareth riu. Era um bom presente. O pobre Kaleb saberia sobre isso, tanto quanto o próprio Drácula.
Ela murmurou para o céu, com um sorriso.
__Uma mesma chave pode libertar, como também pode prender, meu querido Drácula. Você irá descobrir isso e irá se arrepender por me tratar assim... como se eu não fosse nada...
Com esse pensamento, Margareth sorriu mais forte, uma risada alta e poderosa. E então gritou ao vento.
__ Drácula, você não perde por esperar! Seu humano irá pagar com cada gota de seu sangue a humilhação que você me fez passar e depois você vai implorar por mim!
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A forma triturada de Drácula foi "cuspido" de um orifício que surgiu no ar, e se materializou num monte de carne e sangue circulando numa velocidade constante por alguns segundos, até seu corpo começou a ganhar forma outra vez: esqueleto, orgãos, veias, músculos. Logo o corpo de Drácula finalmente tomou forma e ele caiu de joelhos no chão ao mesmo tempo que seu grito ecoou pela floresta, fazendo animais fugirem pela mata para longe dele. O grito era alto, mas também feroz e quase furioso, como se sentir dor o estivesse deixando nenhum pouco contente. Ele era o maldito Drácula! Ele não deveria gritar dor de forma patética. Seus olhos acenderam em vermelho e suas presas saltaram para fora, com sua boca aberta quando ele rugiu mais alto e só então ele caiu para lado, desacordado.
Quando acordou, somente algumas horas depois, a dor ainda incomodava, apesar de ela agora persistir apenas como uma sombra iritante. Drácula respirava pesado ao encarar as copas das árvores. O céu ainda estava escuro e a floresta sombria o fez se sentir melhor, e mais seguro de não ser encontrado por quem não deve enquanto estar tão vergonhosamente vúlneravel, pois notou que seu corpo ainda estava pesado e fraco. E ele ainda nem sabe se o portal de tortura, como passou a chamar, deu certo, e ele estava mesmo na dimensão de Anthony, afinal quase todas as florestas parecem iguais. Contudo primeiro precisaria se alimentar, encontrar um lugar ficar e recuperar suas forças, para só então saber onde estava e se tudo havia dado certo.
Ele forçou o corpo para cima, cambaleando com o corpo recém triturado que ainda parecia querer de dissolver outra vez, e passou a andar entre as árvores, se esgotando e recostando nelas a cada poucos tempo de caminhada, o que o deixava muito irritado. Ele estava mais fraco que esperava que ficaria com a partida e chegada. E algo o dizia que a bruxa tinha algo haver com isso. Mas não poderia fazer sobre isso por enquanto
O fato de ter aparecido numa floresta pode ter o surpreendido, mas foi muito bem vinda. Não demorou para encontrar alguns animais noturnos de quem se alimentou, porém pouco ajudou a recuperar suas forças. Drácula sabe que somente sangue humano realmente o fortaleceria ao augi de sua força e poder.
O lugar em que apareceu era gelado, apesar de não ser afetado, e montanhoso. Ele pensou se haveria alguma chance de encontrar Anthony num lugar assim, já que Margareth insinuou que ele iria para o mais perto possível de seu humano. Mas agora para ele isso também poderia impossível. Seu humano foi muito claro sobre o lugar que morava: prédios altos, arranhaceus, luzes através de eletricidade, que Drácula não sabia o que era ainda. Transportes chamados carros, e muita gente, mas que um dia Drácula imaginou existir num único lugar. O lugar em que ele mora se chamava Nova York, Estados Unidos.
Ele realmente terá muito que aprender, e será mais rápido e fácil fazer isso através de sangue humano, a quantidade pequena do sangue de Anthony que tomou do cálice ficou nublada, pois estava contaminada pelo sangue da bruxa. Aquela traidora. Então ele tinha que encontrar uma presa logo. Tanto para se fortalecer, quanto para obter mais informações.
Sem muitas escolhas, a não ser encontrar o caminho para alguma vila, Drácula continuou com apenas sangue de animais pelas horas seguintes. E ainda assim nada mudou em sua condição de flagelo. Isso já o estava preocupando. Sem suas forças, será difícil muito longe e encontrar uma fonte mais precisa de alimento.
__ Talvez, se eu dormir algumas horas ajude. __ Drácula meditou, se arrastando para a próxima árvore.
Ele caminhou por mais tempo, e então encontrou uma caverna não muito grande, mas de tamanho suficiente para ele caber e deitar. Poderia ficar ali até se recuperar. E assim o fez.
Enquanto se recolhia na caverna escura, deitando no chão, Drácula desejou ter poder separar a cabeça da bruxa de seu corpo com as próprias mãos.
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__ Vamos patrulhar hoje, Petey. __ Peter tirou os olhos da TV ligada num filme que ele nem sabe mais qual era, e encarou Wade. __ Não, nem me olha assim, não. Tô cansado de te ver sentado aí como se você fosse proibido de fazer outra coisa.
__ Estou bem aqui, Wade. __ Peter disse de forma quase mecânica e voltou a olhar para a TV..
O ex-mercenário foi para frente da TV, tirando a visão de Peter. O adolescente estava sentado no sofá ainda com os pijamas que acordou, com duas caixas de sucos vazios jogados ao seu lado, alguns pacotes de salgadinhos e diocesana mesa de centro. E sua cara parecia de quem não sai de casa há meses.
Wade revirou os olhos para a cena.
__ Parecer um zumbi adolescente numa cobertura de luxo, não é estar bem. Se pensa assim, é porque realmente não estar.
__ Tenho que concordar, Peter. __ Uma segunda voz surgiu, e Peter suspirou, olhando para o melhor amigo, praticamente irmão, de seu pai, e que insistiu que Peter o chamasse de tio. Ele caminhava com a ajuda do acessório metálico projetado por seu pai, o que deixava Peter se sentindo dividido entre triste por seu tio ter que usar algo para ajudar a andar, e orgulhoso seu pai ter criado algo tão incrível para ajudar deficiente físicos.
Contuso, vê-lo despertou ainda mais dor de saudade e preocupação por seu pai. Sua garganta travou e seus olhos arderam.
__ Eu sei que algo estar acontecendo com meu pai, tio Rhodey. __ Peter voltou a repetir o que vem dizendo desde que seu aperto no peito aumentou horas depois de seu pai partir em missão. __ E não posso fazer nada, e ninguém acredita em mim.
__ Tony se foi somente há dois dias, Pete. __ Rhodey disse, sentando ao lado de Peter, com certa dificuldade por ainda estar aprendendo a usar a prótese metálica, mas assim que ele se acomodou ao seu lado, Peter se jogou em seus braços. __ E Sexta-feira teria nos avisado se houvesse algo errado.
__ Mas ela também estar preocupada. Disse que não consegue localizar meu pai. __ Peter explicou, fungando. __ Perdeu contato com ele quase duas horas depois que ele chegou ao seu destino.
__ Ela disse onde? __ Rhodey perguntou, tentando disfarçar a esperança. Ele pode estar querendo consolar Peter para ele não se preocupar, mas ele também estar muito preocupado com irmãozinho teimoso e que vive se metendo em encrenca.
__ Não, porque estava na programação dela não dizer. Algo sobre não ser permitido por conta desta maldita missão.
__ " Infelizmente, é verdade, Rhodey" __ A voz da IA encheu a sala. Ela parecia nervosa. __ " Chefe colocou um novo código por causa das exigências dos Acordos de Sokovia. Para impedir que Hackers que consiga me invadir descubra informações sigilosas do governo por causa das missão de Vingador, já que sou a co-piloto da armadura do Homem de Ferro, e gravo tudo que ele ver. O código me impedi de falar sobre qualquer missão com quem não seja o próprio chefe, além de não poder me dar chance de evoluir até uma IA madura. Chefe não gostou, mas entendeu que era melhor do que segunda opção: que seria me desligar permanentemente e ser proibido de criar IAs. Depois de Ultron, mesmo sendo inocentado, chefe ainda teve que dar algumas garantias de que nenhuma de suas IAs evoluíce além do esperado e se torne uma ameaça para os humanos."
__ Merda, Tons... __ Rhodey suspirou. Ele olhou para cima. __ Sinto muito isso, Sexta. Não sabia que você havia sido avaliada e classificada como perigosa pelo governo e colocado restrições para não evolução de seus códigos.
__" Não se preocupe, Rhodey, ainda posso fazer muita coisa. Apenas não poderei evoluir como meu irmão JARVIS". __ A IA disse resignada, mas não satisfeita.
__ Isso não estar nada bem, Sexta-feira! __ Peter falou em direção ao teto. Seu rosto jovem estava duro.__ Você não deveria ser impedida de evoluir. É errado e injusto. Foi provado que meu pai e nem JARVIS são os culpados por Ultron, mas sim a jóia da mente que estava no cetro de Loki! O Comitê da ONU contradizeu sua própria decisão de que meu pai era inocente? E eu realmente não entendo por que você também precisou ser envolvida quando que nem estava online na época.
__ "Esse foi o ponto que me salvou, Peter. Sou uma IA ainda jovem e não evoluída o bastante para ser considerada perigosa. Somente por isso que o chefe conseguiu acalmar as autoridades. Ou eu ainda podia ganhar mais restrições, ou até mesmo ser desligada" __ Sexta-feira parecia magoada enquanto falava. __ " O Comitê da ONU que investigou o caso Ultron, usou as próprias palavras do chefe contra ele, quando ele disse que Dr. Bruce e ele não estavam nem perto de iniciar o programa Ultron, pois os códigos não estavam prontos e interligados, e por isso era impossível que ele tenha ligado e agido como uma IA madura o bastante para assimilar tudo que podia é realizar tudo que fez.. Isso era impossível. Os códigos de uma IA começam jovem, como uma criança pequena em aprendizado. Então eles izoneraram chefe de qualquer culpa sobre Ultron, mas depois o fizeram me impedir de evoluir quando ele me apresentou a eles como IA iniciante, como um exemplo, alegando que em algum momento no futuro, eu poderia agir de forma perigosa."
__ Por que diabos eu não soube disso, Sexta? __ Rhodey queria puxar a orelha de Tony por ele esconder algo assim dele. __ No relatório oficial da ONU sobre o resultado das investigações sobre Ultron, que saiu online, não tinha nada sobre isso.
__ " Acredito que o chefe exigiu que essa informação não fosse para a autos oficiais das ONU, pois não fazia exatamente parte das investigações. E também foi como um acordo, de que ele iria cumprir o que foi decidido sem que ele recorrer da decisão, já que ele poderia fazer isso, já havia sido inocentado.." __ Sexta-feira explicou, insatisfeita.
__ Então por que Tony não fez isso? __ Rhodey ficou confuso. __ Tony nunca teria permitido restrições em suas IAs. Ele adora vê-las evoluir. São como seus filhos. Por que ele acatou a ordem da ONU, quando tinha base legal para recorrer? Eu concordo com Peter. Isso não faz o menor sentido.
__ A não ser que ele ainda se sentisse culpado, mesmo tendo sido inocentado. __ Peter concluiu irritado e frustrado. O adolescente passou as mãos no rosto. __ Acho que meu pai ainda estar com medo de ter sido responsável por Ultron, Tio Rhodey. O resultado da investigação não tirou a culpa dele mesmo. Meu pai ainda sofre com o que aconteceu em Sokovia e não disse a ninguém sobre isso.
Rhodey soltou um suspiro triste. Seu amigo.. irmãozinho em tudo menos de sangue, estava sofrendo sozinho todo esse tempo, e ele nem percebeu? Que ótimo irmão ele era.
__ Temos que falar com Pepper. __ Rhodey falou, decidido. Ele olhou para Peter. __ Quando Tony voltar, vamos fazer uma intervenção. Ele precisa se abrir conosco. Carregar toda essa culpa dentro dele não é saudável para a mente dele. Eu conheço Tony quase minha vida toda. Eu sei que ele estar aprontando algo, se ele se culpa por isso. Acho que pode estar inventando alguma coisa para reparar o erro que acha que ele cometeu sozinho. E isso pode ser um problema. Da última vez que ele se fechou e escondeu algo de nós, descobrimos que ele estava morrendo por envenenamento por paládio e tentando se curar inventando um novo elemento para se salvar sem qualquer ajuda.
Peter tremeu ao pensar nisso. De nunca ter tido a chance de conhecer seu ídolo que acabou se tornando seu pai. Ele conhece toda a história. A forma desonesta que a SHIELD escondeu uma possível cura de um homem moribundo até ele estar frágil demais para evitar a qualquer reação e assim o prendendo em sua própria casa o deixando a mercê das manipulações deles. Mandou uma espiã o vigiar e ela ainda criou um perfiu ridículo com base no comportamento errático e da mente de um homem que estava morrendo por evenamento por metais pesados, que por si só já altera qualquer capacidade mental de alguém. Peter quer muito dizer um pouco de sua mente para Natasha Romanoff. E o fará assim que tiver uma chance.
__ E quanto a nossa patrulha, Petey? __ Wade disse, assustando Peter, que esqueceu que ele estava na sala também. __ O que descobriram foi muito difícil e tudo mais, só que nada pode ser feito até o patrão de ferro chegar, então vamos sair mesmo assim, mesmo ainda de dia.
Peter já pretendia negar de sair outra vez, mas Rhodey foi mais rápido.
__ E eu ainda concordo com ele, Peter. __ Ele disse. __ Ficar aqui não vai te ajudar se ficar se sentindo assim. Sair em uma patrulha vai ajudar a te distrair de Tony. Ele deve voltar em dois dias. E então vamos sentar e conversar sobre a culpa equivocada que ele sente.
__ E quanto ao perigo que sinto? __ Peter lembrou, cabisbaixo. Ele sabe que vai acabar cedendo.
__ Não sei o que fazer sobre isso, a não ser esperar por notícias. __ Rhodey viu o rosto de Peter cair ainda mais, e ficou pensativo. __ Ou eu posso fazer algumas ligações para saber mais sobre a natureza da missão que Tony foi enviado. Quem sabe oferecer alguma ajuda. Mas assim... __ Ele apontou para as pernas. __ Não sei se vou poder. Ainda não tenho autorização para sair em missão. Nem pela Força Aérea. Na verdade, eles estão falando sobre uma dispensa honrosa para mim. __ Ele completou, abaixando a cabeça.
__ Eu sinto muito, Tio Rhodey. __ Peter abraçou o tio, se sentido culpado por estar despejando cada vez mais problemas contra os ombros dele, quando que ele estava tendo os seus próprios.
__ Estar tudo bem, Peter. __ Rhodey apagou os cabelos do sobrinho. __ Saia com Wade. Vá prender alguns bandidos, e despeje sua raiva e frustração neles. Sem matá-los, por favor. E esse aviso serve principalmente para você, Wade.
Peter sorriu um pouco com a cara ofendida do mercenário.
__ Ei. Eu estou reabilitado. Já não mato ninguem há cinco noites. É um progresso.
Peter levantou do sofá.
__ Ok, Eu vou. __ Ele olhou para Wade. __ Vou vestir o terno.
__ Não sem antes tomar um banho. __ Wade protestou, enruganto o nariz. __ Você pode ser um principizinho, mas estar fedendo.
__ Eu não estou fedendo, Wade. __ Mentira. Peter sentiu as bochechas arderem, não foi preciso pegar a gola da camisa e levar ao nariz para sentir seu próprio fedor.
__ Sinto muito, Peter. __ Rhodey disse, com uma careta de culpa. __ Mas essa é outra coisa que tenho que concordar. Você não tomou banho desde que acordou.
Foi a vez de Peter ficar ofendido.
__ Era para o senhor ficar do meu lado, Tio Rhodey! Família fica junto!
Ele saiu da sala sob as risadas do tio e do idiota do Wade. Como ele pode estar afim de quem nem percebe e ainda diz que ele fede? Urgh... esses hormônios adolescentes irritantes.
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Quase três horas depois, Stephen finalmente se viu livre da corda de energia de Wong. Ele levantou do chão dolorido e resmungando sobre monges
ditadores e torturadores.
Ele se esticou todo para para exercitar os músculos tensos e só então saiu da biblioteca.
Ele chegou na cozinha do Sanctum de mau humor, mas não reclamou quando Wong apenas o olhou e ergueu uma sobrancelha. E então apontou para mesa posta com pratos, copos e talheres, e ainda uma jarra de água e uma saladeira já com salada pronta. Stephen suspirou derrotado, fazendo o indicado, e sentando. Às vezes Wong realmente age como um pai. Ou como ditador.
__ Espero que tenha feito um bom uso de seu tempo de reflexão. __ Wong disse, colocando uma travessa de arroz branco na mesa, seguido de outra travessa com um assado de carne com batata recém saído do forno e ainda fumegando. Logo ele também se sentou à mesa, já se servindo de um pouco de arroz.
__ Ainda não acredito que você me deixou mesmo de castigo, enrolado naquele chão. __ Stephen reclamou. Mais por efeito dramático do que por estar realmente chateado.
__ Não reclame. __ Wong disse, apontando o garfo para Stephen. __ Sabe que merecia bem mais que isso.
Ele sabe que bem mereceu o que Wong lhe deu por quase tê-lo atacado. Stephen ainda estava se sentido culpado por isso. Então o que Wong fez foi realmente menos que ele merecia e se achou no lucro.
__ Bem, é justo.
Ele também passou a se servir.
Ambos ficaram num silêncio confortável enquanto almoçavam. Stephen agradeceu. Sua mente ainda passava tudo que repassou por ela naquelas quase três horas no chão da biblioteca. Ele finalmente entrou num consenso sobre o que fazer daqui pra frente. Só espera fazer a coisa certa desta vez. Peter e Tony merecem que ele acerte.
Quando eles terminaram o almoço, ambos lavaram louça e limparam a cozinha, e então Wong ferveu água para um chá e sentaram à mesa outra vez.
__ Certo. Eu disse que iríamos conversar sobre o que aconteceu. __ Wong se serviu uma xícara de água quente para se e Stephen, e pegou um sachê de chá de lavanda enquanto o outro Mago pegava um de camomila. __ Acho que vou começar com uma pergunta.
__ Sim. Vai em frente. __ Stephen fingiu impaciência. __ Não adianta negar ter essa conversa mesmo.
__ Muito bem. Quando você e Tony se envolveram?
__ Claro que sua pergunta teria haver com seu novo ídolo. __ Stephen murmurou. __ Beyoncé vai ficar com ciúmes assim.
__ Já avisei para não colocar Beyoncé em nosso assuntos. __ Wong disse, meio herissado. Ele tomou um gole de seu chá.
__ Ok, ok. Não precisa ficar todo errático. __ Stephen provocou, também sorvendo seu chá. __ Bem, por onde começo.
__ Respondendo a minha pergunta é bom começo. __ Alfinetou Wong.
Stephen ficou pensativo, e respondeu.
__ Foi numa festa de gala. Uma de muitas que nós acabamos frequentando juntos. __ Stephen começou. __ Mais ou menos um ano e meio antes de toda sua provação no Afeganistão, houve esse evento de caridade. Apesar de nunca termos falado antes, nessa noite isso mudou. Eu me aproximei dele. No comeco era apenas para uma conversa simples, mas aí a noite foi avançando, conversamos sobre nossas carreiras, enquanto bebiámos mais da conta. Eu estava em alguns dias de férias do hospital, e por isso eu bebi mais que alguém com minha responsabilidade deve beber. E claro que ficamos bêbados. Depois saímos da festa e fomos para um hotel. __ Stephen olhou para Wong, estreitando os olhos. __ Eu não vou fazer uma sessão gráfica
de pornografia verbal com você, então vamos apenas pular para a parte de que quando acordei, Tony já havia ido embora, me deixando apenas um bilhete.
__ Então ele te deixou um bilhete e ainda você ficou com raiva?
Stephen bufou.
__ No bilhete estava escrito: " A transa foi boa. Espero que esse dinheiro pague pelo programa." Junto do bilhete havia mais de quinhentos dólares. __ Stephen apertou a xícara. __ Você entendeu, Wong? Ele esqueceu quem estava com ele e pensou que eu não era mais que um garoto de programa.
__ Eu sinto muito, Stephen. __ Wong disse, sério.
__ Eu fiz questão de guardar o bilhete e entreguei o dinheiro como gorgeta para a camareira. __ Stephen continuou. __ Quase um mês depois, nós nos encontramos em outra festa, e quis confrontá-lo. Jogar o bilhete na cara dele, sim, eu o carregava comigo para esse fim, e dizer para enfiá-lo... , mas então ele me olhou e agiu como se não me reconhecesse e foi embora com uma mulher ruiva que depois soube se tratar de Virgina Potts, agora conhecida como Pepper. Fiz questão de não frequentar mais nenhuma das festas que ele fosse comparecer. Depois disso, a próxima vez que ouvir dele com interesse, foi quando ele foi levado por terroristas.
__ Isso foi mais de um ano depois, Stephen. __ Wong falou, surpreso. __ Como conseguiu evitá-lo por tanto tempo?
__ Eu sei como evitar alguém indesejado, Wong. __ Stephen respondeu.
Os dois ficaram em silêncio enquanto bebiam chá, até Wong falou.
__ Novamente, eu sinto muito pelo mal entendido cometido por Tony, Stephen...
__ Pro que eu acho que vem um mas por aí... __ Stephen murmurou, com um suspiro dramático.
__ É por que têm, e teria ouvido de imediato se não fosse sua intromissão. __ Wong o encarou como quisesse deixá-lo de castigo outra vez. Stephen apenas continuou tomando seu chá com um sorriso zombeteiro. Ele sabia bem quais cordas puxar para irritar o monge. __ Se você acabou de me irritar, vamos continuar. Eu sinto muito pelo mal entendido cometido por Tony, mas ainda não vejo o por que de você ter cultivado essa raiva por tantos anos. Você sabe como a amnésia alcóolica acontece. Pode não afetar todos as pessoas que ingerem álcool, mas não é culpa de Tony que ele é uma destas pessoas afetadas.
__ Eu já era um membro ativo da alta sociedade, Wong. __ Stephen rebateu. __ Mesmo com amnésia dele não o fazendo lembrar da nossa noite, ele ainda me viu naquela cama e não me reconheceu como um famoso neurocirurgião renomado. Eu me apresentei a ele também. Não foi como se fôssemos estranhos antes de irmos para a cama, Wong. Tony apenas não me achou digno de seu tempo.
__ Ou ele apenas não te reconheceu deitado naquela cama, Stephen. __ Wong disse colocando a xícara de volta no pires. __ Talvez ele não tenha visto seu rosto. Já pensou nisso?
__ Ainda não desculpa o comportamento dele. __ Teimou Stephen.
__ Por que você não me diz logo qual foi a verdadeira causa dessa raiva, Stephen? __ Wong encarou o amigo Mago. __ Tenho certeza de que Tony não reconhecer você não é o verdadeiro problema. Ou pelo menos não todo o problema.
Stephen terminou seu chá e descansou a xícara no pires, antes de recostar na cadeira.
__ Àquela noite foi especial para mim, Wong. __ Stephen revelou, baixinho. __ Eu nunca havia... me envolvido com outro homem tão intimamente antes. Nunca tive coragem. __ Stephen riu sem humor. __ Tony... Tony foi o primeiro pelo quem me interessei e resolvi me arriscar. Achei que ele valia a pena.. eu perder meu medo.
__ Medo de que, Stephen? __ Wong estranhou.
Stephen olhou para o lado, e cruzou os braços.
__ De me expor. __ Respondeu. __ De... finalmente deixar minha bissexualidade livre de meu medo. Não suportava a ideia de ser... julgado sobre isso. Ser apontado na rua. Ou no meu trabalho. O diretor do hospital em que trabalhava era muito conservador. Ele teria me demitido, ou pelo menos me impedido de crescer por lá até eu mesmo desistir. Ainda tenho algum medo, mesmo que não como.. naquela época em que conheci Tony. Eu me arrisquei muito e ele nem se lembra de mim.
__ Stephen... __ Wong falou, devagar. __ Você sabe que o mundo hoje em dia está bem mais brando sobre o assunto. Já não é mais um tabu exibir ou falar sobre sexuliadade como há várias décadas atrás. Sim, pode ainda haver algum preconceito, mas agora há também proteção contra essas pessoas intolerantes. Há leis e livre expressão. Já não é mais como antes, Stephen.
__ Eu sei disso, Wong. __ Stephen meio que zombou. __ Acha que eu não sei que fui e estou sendo um idiota por ainda ter medo de ser... Quem realmente sou. Um bissexual covarde que teme se expor para o mundo? Mas isso não muda que eu cresci numa casa infernal. Aonde a regiliosidade era praticamente nossa forma de vida. Minha mãe era uma frequentadora de igreja assídua, meus irmãos eram seus cordeirinhos e um exemplo. E eu não era mais que o rebelde. A vergonha da família. Meu pai era.... bem, ele era um pai de merda. Pior que minha mãe. Era um juiz muito respeitado e de grande influência na Corte Federal. Ele queria filhos perfeitos para exibir. E quando minha irmã morreu afogada e anos depois meu irmão morreu atropelado, só sobrou eu para meus pais guiarem. Imagina o inferno que foi? Meus irmãos morreram e eu os culpei por me deixarem sozinho com nossos pais. Porque a partir que me tornei o único filho, significava que tinha que ser o filho perfeito. Nada mais de rebeldia, ou amizades não aprovadas. É claro que meu pai quis ser um senador, e então só pirou para mim. __ Stephen olhou para Wong. __ Acredita que ele contratou um detetive particular para me seguir por todo lugar? Se eu fazia algo que ele sabia que meu pai não iria aprovar, ele tirava fotos e enviava para meu pai. Uma destas fotos me mostrou sentado ao lado de um garoto na grama do campos da minha escola. Eu estava segurando a mão dele. Então no dia seguinte eu fui chamado por ele, para que eu fosse... como ele dizia: Disciplinado. Ele me espancou, Wong. E minha mãe ainda disse que era uma benção do senhor que eu estava recebendo para purgar meus pecados. Que meu pai estava me salvando da prostituição.
__ O quê.. Stephen, por Vishanti... __ Wong ficou horrorizado.
__ Isso mesmo. Meus pais associavam a homossexualidade com prostituição. __ Stephen disse, num tom amargo. __ Homens que deitam com outros homens não são mais que prostitutos. E aí imagine minha raiva ao ler o bilhete de Tony logo depois de me entregar pela primeira vez a minha bissexualidade. Eu entrei num redemoinho de lembranças. De meus pais, e de suas doutrinas. Por um momento pensei que eles estavam certos.
__ Eles estavam errados, Stephen.
__ Bem, eu sei disso, Wong. __ A voz de Stephen azedou. __ Mas eu tive o direito de surtar um pouco ao ler aquele maldito bilhete, depois de tudo que meus pais tentaram me ensinar.
__ Aonde estão seus pais agora? __ Wong perguntou.
Stephen respirou fundo, um tanto abalado pelas lembranças que voltaram para a superfície.
__ Meu pai morreu de infarto quase um ano depois de assumir o cargo de senador. Que para o país foi dado como uma tragédia, mas a meu ver foi apenas carma e justiça divina. Ele havia ficado ainda mais rigoroso e poderoso. Me ver livre dele foi como finalmente poder respirar. Me afastei de minha mãe logo depois do enterro dele. Eu havia acabado de completar dezoito anos e ela não tinha mais qualquer poder legal sobre mim, ela não era tão poderosa como pai, e nada podia fazer para me impedir de seguir com minha vida. Entrei para a faculdade de Medicina e depois fui para Inglaterra fazer meu doutorado. Minha mãe vivia na Geógia até que faleceu há cinco anos atrás. Ainda assim, depois da morte de meu pai, decidi esconder minha bissexualidade. Tive medo dos julgamentos. E esse medo durou firmimente até conhecer Tony. E então tudo foi para a merda, e escondi tudo de novo.
__ Então por que você teve medo de quem já estava morto, Stephen? __ Wong inquiriu. __ De quem não podia mais te controlar? Ou te machucar?
__ Eu não sei, Wong. Apenas.. senti que tinha que continuar trancando como me sentia. __ Stephen batizou os dedos na superfície da mesa. __ Foram meses desta doutrina fria de tortura psicológica e física. Acha que aquela vez foi a única? Estar enganado. Eu perdi um semestre da escola que meu pai me tirou e me manteve em casa todo esse tempo. Eu era obrigado a ver pornografia e meus pais diziam que era mais um dos ensinamentos de Deus, pois eles nos fez homem e mulher para procriar, e eu deveria aprender como. Que eles estavam me ensinando a ser um bom filho de Deus.
__ Por Agamotto... __ Wong balançou a cabeça. Então respirou fundo. __ Certo. Mas isso tudo estar no passado. Você se sentiu ofendido e perdido com o conteúdo do bilhete, e não tiro a razão de sua reação naquele momento. Contudo, isso foi há anos atrás, e ainda assim você alimentou e fermentou sua magoa e raiva até a uma situação de que você estar agindo como... quase como alguém intolerante, Stephen. E isso não pode continuar.
Stephen endureceu o corpo na cadeira.
__ Eu nunca... Wong, eu não sou assim.
__ Você invadiu a casa de Tony e gritou que tinha nojo dele por ele ser gay, Stephen. __ Wong proclamou, com a voz severa. __ Para mim foi uma reação exageradamente preconceituosa e muito séria, não importa se você disse apenas para se sentir bem contra ele, que era o que você realmente pensava., mas ainda foi egoísta e hipócrita de sua parte. E desta vez, eu exijo que você se desculpe com ele. __ Wong parou para suspirar e se acalmar. __ Eu realmente sinto muito que sua vida com seus pais foi dificil, Stephen, e não digo que talvez você se sinta perdido com sua sexualidade, só que ainda assim, por sua própria experiência, nunca deveria ter dito o que disse para um homem que não tem culpa de não se lembrar de você, e muito menos do que seus pais fizeram com você.
__ Está bem, está bem. Eu farei isso. Prometo. Irei me desculpar com Tony. Acho que devo muitas desculpas, na verdade.__ Stephen garantiu. Ele levantou. __ Mas acho que tenho que resolver algumas coisas até ele voltar da missão para eu fazer isso.
__ Que tipo de coisas? __ Wong também ficou de pé.
Stephen suspirou derrotado e começou a listar.
__ Tenho que entrar em contato com minha advogada para ela retirar meu pedido para ter a guarda de Peter. E então ir tentar uma comunicação com meu filho. O quer dizer ir até a torre pessoalmente. E então tentar saber para onde Tony foi enviado e por quê. Algo não parece certo sobre isso. Ele nunca teria ido embora por vontade própria sabendo da audiência. __ O Mago Supremo finalizou. Essa última parte realmente o fez querer se bater. Tony nunca ria deixar Peter antes da audiência sem ter sido obrigado de alguma forma a fazer isso.
__ Bem, isso é ótimo, mas acho que você esqueceu de algo importante. __ Wong falou, sério, mas satisfeito com os novos planos de Stephen.
__ E o que seria?
__ Você esqueceu de falar de ir encontrar alguns certos anciãos e exigir algumas respostas sobre Drácula.
Stephen ficou surpreso, e ergueu uma sobrancelha.
__ Eu pensei que não quisesse que eu fosse até eles para confrontá-los sobre isso.
Wong assentiu.
__ Não, o que eu fiz foi impedir de você fazer uma burrada, porque você estava fora de controle e iria mais se prejudicar e a Peter, do que resolver qualquer problema. __ Wong afirmou. __ Mas nunca disse que sua ideia de ir até eles para falar sobre Drácula não era boa. E eu até irei com você. Levarei o diário e assim teremos provas de nossas preocupações.
__ Parece um bom plano. __ Concordou Stephen.
__ Mas antes disso, posso saber como você chegou a todas aquelas conclusões? __ Wong o olhou, afiado. Stephen revirou os olhos.
__ Você sabe como, Wong, não me faça falar em voz alta.
__ Oh, então o castigo deu certo. __ Wong simulou um olhar conhecedor, andando para sair da cozinha, antes de meditar. __ E agora vou ficar me perguntando como foi que não pensei nisso antes...
Stephen bufou, antes de seguir o monge.
Eles saíram da cozinha e encontraram o manto levitando pela sala frente a escada, e parecia hesitante para se aproximar de Stephen. Ele se sentiu culpado.
__ Sinto muito ter te assustado, Levy. Não vai acontecer de novo. __ Essas palavras pareceu fazer efeito, e logo o manto fluiu mais alegre e se enrolou no corpo de Stephen como se estivesse lhe dando um abraço. Depois o manto se desenrolou e se acomodou alegremente nos ombros de Stephen.
__ Vai fazer o que precisa, Stephen, à noite iremos para kamar-Taj.
Wong deixou Stephen sozinho, abrindo um portal para Londres. Quando o portal se fechou, o Mago resmungou:
__ Mandão. __ Ele já iria atrás de seu celular para falar com sua advogada, quando sentiu as proteções do Sanctum vibrar com uma intromissão também magica. Alguém acabou de aparecer na terra. Alguém poderoso. E logo ele estava rosnado e seus olhos brilhando em vermelho.
__ Drácula.
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