- - - - - VITOR NARRANDO - - - - -
Quando o meu celular tocou as 6:00 da manhã daquela sexta-feira, eu queria jogá-lo pela janela, porque eu estava morto de cansaço.
Cheguei tarde da Capital com a Letícia, depois fui a uma loja de móveis com o Davi, e ficamos organizando tudo até meia noite e meia, tomamos banho, transamos no banho, e tomamos outro banho, e assistimos Euphoria, enquanto a pizza não chegava.
Me lembro de olhar antes de dormir, e já eram mais de duas da manhã, e agora eu tinha que acordar, pois não posso faltar na escola, se não a minha mãe não me deixaria mais dormir aqui no Davi, e essa é a última coisa que poderia acontecer, pois passar essa semana aqui, só me faz amar mais esse garoto, só me fez perceber o quão ele é o cara certo pra mim, mesmo que eu só durma três horas por noite, ainda valia a pena.
- Amor…Acorda… - Davi diz sonolento, mexendo em meu cabelo.
- Eu tô acordado…- Digo sem ainda abrir meus olhos.
- Você não tá acordado, só tá resmungando. - ele beija a minha nuca, e puxa meu corpo pra mais perto dele.
Sinto o seu corpo quente, ele coloca a sua coxa sobre a minha cintura, e eu amaria passar toda aquela sexta-feira bem daquele jeitinho em que estávamos.
- Eu ainda tô morrendo de sono. - digo bocejando, e seguro a mão dele.
- A gente foi dormir bem tarde né? Fizemos tanta coisa ontem. - Davi diz.
- Sim…Mas essa casa tá ficando com a nossa cara, então o esforço vale a pena…Só vou pra escola, porque se eu faltar você já sabe né? - pergunto.
- Sei, dona Vitória te mata. - ele ri e beija a minha nuca de novo.
- Exato. Então é melhor eu levantar logo. - dou um selinho nele, e me sento na cama.
- Vou buscar seu pão. - Davi se senta na cama também.
- Não amor…Você nem devia acordar junto comigo…Seu trabalho começa só às 09:00 da manhã, dava pra você acordar às 08:00 todos os dias. - digo acariciando o rosto dele.
- E perder o café da manhã com você? Não mesmo. - ele sorri, me dá outro selinho e levanta.
- Bobo, eu te amo. - digo me levantando.
- Eu também te amo! Vou de carro no supermercado rapidinho e já volto. - ele diz calçando seus chinelos.
- Tá bom. - digo sorrindo.
Davi sai do quarto, e eu entro na suíte, tirando a minha roupa, ligo o chuveiro e água quente vai sobre o meu corpo, me deixando com mais preguiça ainda.
Penso no futuro, no quanto ainda quero evoluir ao lado do Davi, e isso me faz pensar que ainda nem sei a profissão que quero seguir, o que me deixa meio frustrado, e me faz sentir um pouco fracassado.
Talvez seja a hora de começar a pensar nisso, afinal, esse é o meu último ano no ensino médio, logo vou precisar arrumar um emprego, porque eu não quero ser sustentado pelo Davi, quero trabalhar, ganhar dinheiro, para que nós dois possamos ter uma vida bem feliz.
Gasto mais tempo ali no chuveiro do que o normal, devido aos meus pensamentos, mas logo estou me enxugando, e escuto Davi chegar com o carro.
Vou para o quarto, e pego meu uniforme no guarda-roupa e me visto.
Escuto algumas vozes, Davi parece estar falando com alguém, e enquanto calço meu tênis, ele entra no quarto.
- Pelo jeito você demorou no banho né? - ele pergunta sorrindo.
- Sim, me desculpa. Comecei a refletir umas coisas, e viajei no tempo. - respondo.
- Não precisa se desculpar, é que cheguei e o seu amigo Eduardo estava aí em frente tocando o interfone, ele está na sala, convidei ele pro café. - Davi diz.
- Quando o Eduardo vem assim de manhã, alguma coisa aconteceu…Vamos descer. - digo me levantando, quando termino de amarrar meus cadarços.
- Ele parece bem mau…Aconteceu alguma coisa? - Davi pergunta me olhando.
- Não. Não que eu saiba. - respondo.
- Hum…Entendi. - Davi não me olha.
- Que foi? - pergunto sem entender.
- Nada. - ele responde.
- Se tivesse acontecido algo comigo, eu já teria te dito amor, não escondo nada de você. - digo pegando a mão do Davi, que é maior que a minha.
- Eu sei…É que você está no ensino médio, tem vários amigos, e segredos, e conversas de vocês adolescentes…Confesso que fico um pouco enciumado, e não quero ser um otario por causa disso. - Davi me olha sem jeito.
- Awn, não precisa ficar com ciúmes. Não há nada com o que você precise se preocupar. - eu digo o abraçando.
- Eu sei…Tô só sendo bobo. - ele me aperta forte.
- O bobo mais lindo. - eu digo o olhando e ele ri.
- Te amo Vi. - Ele me dá um selinho.
- Também te amo Davi. - digo sorrindo.
Descemos pra sala, e Eduardo está com uma cara de sono, misturada com desânimo, tanto que parece cochilar com os olhos abertos, enquanto olha pra TV.
- Bom dia Edu. - eu digo.
- Bom dia Visão. Tudo bem? - ele praticamente se assusta quando chego.
- Tô bem, mas você não parece tão bem assim né? - pergunto arqueando a sobrancelha.
- Não dormi bem essa noite…Tô morrendo de sono…Vim te perturbar logo cedo, pois hoje tenho terapia, e minha mãe irá me levar pra saber os resultados dos exames…Você não pode me deixar passar por isso sozinho. - Eduardo diz.
- Ah não Edu! A sua mãe praticamente me odeia! - digo.
- Ela concordou em você ir. Pode parecer um milagre divino, mas acho que ela começou a entender como as coisas funcionam. - ele diz sorrindo.
- Você disse pra ela que eu iria?! - pergunto.
- Sim. - ele da de ombros.
- Aí mano…- suspiro forte.
- É…Parece que vocês terão um dia bem longo. - Davi ri.
Vamos a cozinha, tomamos café, e quando terminamos, eu e Eduardo nos despedimos de Davi, e seguimos caminhando para a escola.
Ao chegarmos, Pedro está parado na frente da escola, encostado na parede, e me olha com uma cara séria.
- O Pedro tá olhando em nossa direção? - Eduardo pergunta.
- Acho que sim. - respondo.
- Ele que não me provoque, porque se vier vai levar, e não tô nem aí se o Renato é amiguinho dele agora.
- Não começa. - respondo.
Quando chegamos bem próximos a ele, Pedro vem em nossa direção.
- Bom dia. - Ele diz.
- Bom dia. - respondo e Eduardo o ignora totalmente.
- A gente pode conversar Vitor? - ele pergunta.
- Ah, claro…Podemos sim. - respondo.
- Até depois Vitor. - Eduardo diz.
- Até Edu. - respondo.
- Vamos lá na quadra, tá vazia nesse horário. - Pedro diz, aceno com a cabeça positivamente e então seguimos até a quadra, nos sentando na arquibancada.
Pedro parecia aflito, e eu sabia que aquela conversa seria sobre o Renato.
Olho o meu WhatsApp, e Renato não havia mandado nenhuma mensagem pra mim, e eu não o tinha visto na escola ainda, tudo bem que eu cheguei cedo, mas imaginei que caso tivesse acontecido algo, ele me contaria com antecedência.
- O que foi ? Aconteceu alguma coisa com o Renato ? - Sou direto.
- Cara…(ele suspira e olha pro alto) Na verdade, aconteceu sim…- Pedro junta os joelhos, e entrelaça seus braços sobre eles, ele está visivelmente nervoso.
- Aconteceu algo sério?! Ele tá bem? - pergunto preocupado.
- Não, não se preocupe! Ele tá bem sim…Só que eu já não sei a nossa relação…- Pedro diz sem jeito.
- A “relação” de vocês? VOCÊS TÃO NAMORANDO?! - pergunto incrédulo.
- Não! Não relação desse jeito…E sim de amizade e tal…Mano…Isso é uma bosta! - Pedro diz irritado.
- Preciso que você seja específico. - digo cruzando os braços.
- Tá, serei específico. - ele diz.
- Tô esperando. - digo.
- Tem que jurar que essa conversa vai morrer aqui, porque pelo jeito ele não te contou nada, contou? - Pedro me olha.
- Meu Deus, que mistério! Fala logo Pedro! - digo sem paciência.
- Tá, tá…Eu e o Renato nos aproximamos muito…Como posso dizer…Gosto de estar com ele, gosto da presença dele, ele faz com que eu seja um outro eu, na minha melhor versão…Entende? - Pedro me olha, seus olhos estão brilhando.
- Entendo sim…Você está apaixonado pelo meu irmão. - eu digo sorrindo.
- É…É essa a palavra…Apaixonado, eu tô apaixonado pelo seu irmão, essa é a porra da verdade…E não tô sabendo lidar com isso. - ele diz com a voz embargada, ele balança a sua perna compulsivamente, em um sinal claro de nervosismo.
- Pedro…Eu sei que a sua cabeça deve estar uma zona agora, que provavelmente você deva estar sentindo um enorme sentimento de negação, isso é normal, porque o novo nos assusta, só tenta colocar a cabeça no lugar. - eu digo tentando acalma-lo.
- Chorei feito uma criança essa noite, porque o Renato me bloqueou em tudo, no Instagram, no Twitter, no Facebook, no WhatsApp! Eu fui um idiota! - ele diz e às lágrimas molham o seu rosto.
- O que você fez? Lembra sobre ser específico…? E por favor, não chora. - digo colocando a mão em seu ombro e Pedro me abraça bruscamente.
- Por favor, fala com ele! Eu não quero que o Renato me odeie! A gente estava se dando tão bem! - Pedro diz chorando, e suas lágrimas molham o meu ombro.
- Pedro, calma por favor. - eu digo acariciando suas costas, na tentativa de acalma-lo.
- Cara, eu não tô zoando, não quero ficar longe dele. - Pedro diz passando suas mãos em seu rosto.
- Sei…Mas o que aconteceu? - pergunto.
- Ontem eu o convidei pra almoçar em casa, foi tudo muito legal, a Denise fez o almoço, conversamos pra caramba, e fomos para o meu quarto, aconteceu de nos beijarmos, e foi aí que eu fodi com tudo. - Pedro começa a chorar em silêncio novamente.
- Você disse, “isso tem que morrer entre nós”. - digo.
- Não com essas palavras, mas foi praticamente isso…Só que eu não quis dizer isso por vergonha dele nem nada, é só que eu também estou confuso, e isso é meio louco ainda. - Pedro chora.
Fico com pena dele, de verdade mesmo, porque é nítido que ele não quis magoar o Renato, mas o Renato já foi magoado por essa situação, por ter que fingir que “aquilo nunca aconteceu”. E ouvir isso, me faz entender mais sobre a resistência que Renato criou sobre o Eduardo, e ele não quer passar a mesma coisa com o Pedro, e ele está certo.
O amor tem que ser cem por cento vivido, e se você tem um pingo de interesse em alguém, você deve demonstrar isso, seja sozinhos, ou em público.
Por outro lado, eu entendia o que o Pedro queria dizer…O machão hétero top, que beija as meninas do colégio, beijando outro garoto?
Mais um para os habitantes de Girassóis odiar.
- Pedro, tenho certeza que o Renato não te odeia, é só uma coisa que ele já passou sabe? Esse lance de escondido e tal. - digo.
- Eu sei, eu sei! Mas ele nem me deu tempo de explicar, de dizer como me sinto, sabe ? - Pedro diz com os olhos vermelhos por causa do choro.
- Aí que saco (suspiro) Vem, vamos ver se ele já chegou. - puxo o Pedro pelo pulso e andamos pela escola.
Vejo Denise, Letícia e Eduardo sentados em uma das mesas do refeitos e caminhamos até eles.
- Vocês viram o Renato ? - pergunto.
- Bom dia Vitinho! Eu tô bem sim e você? - Denise pergunta rindo.
- Desculpa! Bom dia! - digo rindo também.
- Ele foi pra sala, disse que iria guardar a mochila, mas até agora não voltou. Tem uns dez minutos mais ou menos. - Letícia diz.
- Beleza! Valeu! - digo sorrindo.
- Tá tudo bem? - Eduardo pergunta sério, e olha para o Pedro.
- Tá, tá tudo bem! Vem Pedro. - digo e Pedro me segue.
- Porque o Eduardo me odeia? - Pedro me pergunta.
- Ele não te odeia. - digo enquanto caminhamos.
- Odeia sim! Ele me olha com ódio, veio pra cima de mim do nada outro dia, quando eu estava falando com o Renato. - Pedro diz.
- Isso deve ser tensão sexual. Se vocês três virassem um trisal, resolveriam tudo! - digo rindo.
- Trisal? - Pedro pergunto confuso.
- É…Namoro a três, sexo a três, tipo, parece legal né? - Pergunto rindo mais alto agora.
- Não! Não parece não! E o Eduardo não é o tipo de garoto que eu beijaria! - Pedro faz cara feia.
- Isso porque ele é igual a você né? - pergunto.
- Que? Nunca! - Pedro diz bravo.
Abro a porta da sala, e ao entrarmos, percebo que era melhor não termos vindo até aqui, da pra ouvir o coração do Pedro se partir, quando ele agarra a minha mão com força.
Renato está sentado em cima da mesa, enquanto Benjamim está entre suas pernas, mordendo o seu pescoço com vontade, o famoso chupão.
Renato segura a nuca de Benjamim, e com a outra mão aperta a sua bunda.Ele parece estar gostando bastante do Benjamim no seu pescoço, pois está com os olhos fechados, e da pra ouvir a sua respiração ofegante, aquilo é constrangedor de se assistir, sério.
Olho para o Pedro, que está congelado ao meu lado, enquanto ainda segura a minha mão com força, posso ver as lágrimas voltarem ao seu rosto.
Conheço aquela expressão no rosto dele de, “eu poderia ter feito algo diferente e não fiz, é minha culpa”.
Mas afinal, alguém tem que ser culpado em toda essa história?
Simulo uma tosse, fazendo com que Benjamim e Renato levassem o maior susto, interrompendo a cena constrangedora.
- VITOR? Pe-Pedro?! - Renato pergunta assustado.
- Oi. - Digo sem jeito.
- Sério? Sério que você já tá beijando o Benjamim?! - Pedro pergunta choroso.
- E o que isso tem demais idiota?! - Benjamim pergunta irritado.
- CALA A SUA BOCA QUE NÃO ESTOU FALANDO COM VOCÊ! - Pedro grita.
- NÃO GRITA COMIGO! - Benjamim grita também.
- EI,EI! VAMOS OS DOIS PARAR DE GRITAR CARALHO! - é a minha vez de gritar. Pedro solta a minha mão, limpando seu rosto, enquanto Benjamim e Renato me olham com os olhos arregalados.
- Você me julgou por beijar a Flávia…E agora já está beijando o Benjamim…Eu sou um trouxa mesmo. - Pedro diz e sai da sala com pressa.
- Que porra deu nele? - Benjamim pergunta arrumando o seu uniforme.
- O que deu nele, e o que deu em vocês também né? Os inspetores não gostam de héteros se pegando, imagina se entram aqui, e veem dois gays se pegando. Aliás, Benjamim? Você é do Vale também afinal? - pergunto.
- Bom…Acho que sim né? - Benjamim da de ombros.
- Vitor, não me diga que o Pedro veio aqui pra falar comigo? - Renato pergunta apreensivo.
- Ele veio sim. - respondo.
- Eu vou falar com ele! - Renato diz com pressa.
- Não! Não é o momento! Deixa que eu falo com ele…Cada uma que você me arruma hein Renato. - Digo saindo da sala.
O sinal toca, e os alunos começam a entrar pra sala. Procuro por Pedro, mas vou no lugar mais óbvio que todo mundo mata aula; A parte infantil da biblioteca.
Já faz anos que a nossa escola não tem turma do ensino fundamental aqui, mas eles sempre abrem a biblioteca para eventos na escola, e a parte infantil é imensa, cheia de livros, brinquedos, e durante a semana, essa área fica lá, deserta, com as luzes apagadas, um ótimo lugar para fumar maconha, beijar na boca, quem sabe até transar ali mesmo, porque aparentemente a escola não dava a mínima pra aquele ambiente se não tivesse algo pra se fazer ali.
Passo pela parte principal, e então logo estou na área infantil.
Vejo um menino e uma menina se beijando em um dos corredores, no outro um grupo de quatro alunos jogam Uno, e fazem o gesto de silêncio pra mim com o dedo indicador, e eu só aceno com a cabeça, e caminho até o último corredor, encontrando Pedro sentado ao chão, encostado na parede e chorando.
- Como você me achou ? - ele pergunta com a voz chorosa.
- Não é óbvio? Todo mundo que quer matar aula, vem pra cá. Não é o único aqui. - digo e me sento ao lado dele.
- Isso é tão patético né? - Pedro pergunta.
- Não, não é. Sei bem como a sua mente está agora. (Olho diretamente em seus olhos) Mas você não tem culpa pelas coisas que está sentindo. - digo.
- Você não tá falando do Renato né…? - ele diz chorando.
- Não. E sei que você está chateado porque acha que estragou as coisas com ele, e vê-lo beijar o Benji na sala agora piorou tudo. Mas, sei que esse seu choro, é também de medo, né? - pergunto.
- Muito…Sei as coisas terríveis e horríveis que as pessoas pensam de vocês…E isso me causa medo…- Pedro diz me olhando.
- E você concordava com isso. - digo balançando a cabeça.
- Sim…Mas não porque acho que vocês vão pro inferno, que são nojentos…Era só uma coisa que eu não entendia, e como nunca nos demos bem, usei isso pra atacar você, e olha onde estou agora…Chorando pra você, porque eu tô apaixonado por outro cara, eu sou um bosta. - Pedro ri em meio às lágrimas, o que me faz rir também.
- Você não é um bosta, só errou, e já percebeu que estava errado, e agora pode até ser parte de nós. - digo sorrindo.
- Acho que no fundo, eu sempre tive inveja de você…O seu namoro com a Flávia, a amizade que você, Renato e Eduardo tem…Sinto muito por tudo. - Pedro diz.
- Tá tudo bem…A gente não precisa ter essa conversa agora. - Digo e o abraço, e ele me abraça também, chorando mais uma vez em meu ombro.
Quando Pedro finalmente se acalma, esperamos o sinal da primeira aula tocar, e entramos pra sala.
Pedro senta no seu novo lugar, que era mais próximo à mesa, e eu me sento no mesmo lugar de sempre, ao lado do Edu, na frente do Renato, que agora tinha Benjamim ao seu lado.
- Perdeu uma aula toda falando com ele? - Eduardo pergunta quando me sento.
- É complicado…- digo.
- O que é complicado? - Eduardo questiona.
- Ah cara, não dá pra falar, são coisas dele, e…Não me sinto no direito de contar. - digo.
- Vitor, Vitor…De segredinho com o Pedro ? - Eduardo arqueia a sobrancelha.
- Cala a boca. - digo e olho pra trás, Renato parece apreensivo.
Quando o intervalo chega, é óbvio que o Renato cola em mim, e aquilo me deixa levemente irritado.
- O que ele te disse ? - Renato pergunta.
- Que você ficou chateado porque ele pediu pra manter o beijo no sigilo. - respondo.
- E você vai me dizer que eu estava errado em ficar chateado? - Renato me pergunta.
- Não! Claro que não! Eu disse a ele, ninguém está errado, e você já passou isso! Ai ele foi se desculpar, entramos na sala o Benjamim grudado no seu pescoço igual uma sanguessuga! Puta que me pariu! - digo enquanto estamos na fila da cantina.
- Não exagera! - Renato diz.
- Não exagera? Se você visse a cena…Ruun! Pensaria do mesmo jeito que eu. - digo.
O intervalo passa, voltamos a sala, e tudo parece se acalmar novamente, que dia estressante.
Quando sinal da última aula toca, saiu com o Edu, esperando a sua mãe que nos levaria até a capital de carro.
Ela chega, entramos no carro, e ela sorri quando me vê.
Eu esperava uma outra reação dela, mas graças a Deus ela está de boa aparentemente, e isso era bom, pois passaríamos uma hora dentro do mesmo carro.
- Como estão seus pais Vitor? - a mãe do Eduardo pergunta enquanto dirigi.
- Eles estão bem. - respondo sorrindo.
- Que bom…Soube que você namora com o filho do delegado né? - ela pergunta.
- Mãe! - Eduardo a repreende.
- Que foi? Não posso fazer uma pergunta? - ela diz.
- Relaxa, tá tudo bem. (Olho para o Eduardo) Eu estou namorado sim o filho do finado delegado, tem sido ótimo pra mim. - respondo.
- Imagino. Só ouvi coisas boas do rapaz…O delegado Cássio na verdade falava bem dele, mesmo não concordando com ele ser…Você sabe—
- GAY! Assim como eu. - a corto.
- E eu. - Eduardo ri.
- É…Ja me acostumei melhor com isso…E só estou indo buscar esses exames, pra ter certeza que meu filho está cem por cento bem…Sendo gay. - ela diz, e vejo o sorriso brotar no rosto do Eduardo.
Descemos do carro, quando chegamos a clínica. O doutor os atende prontamente, enquanto me sento no sofá na recepção, aquilo parecia que iria demorar.
Ligo para o Davi, mas ele não me atende.
- Olha quem tá aqui. - Luca surge sorridente.
- Ah, oi Luca! Tudo bem? - digo sorrindo também.
- Eu tô ótimo! Na verdade melhor agora! - ele sorri tímido.
- Aah que isso! - digo sem jeito.
- Aí, sei que hoje serão apresentados os resultados dos exames para a mãe do Eduardo e isso vai demorar um pouco, então, quer dar uma volta?! - Luca me pergunta.
- Parece ser melhor do que ficar aqui sentando nesse sofá. - digo sorrindo e me levanto.
- Pode apostar que é muito melhor! Ai, duas coisas de que eu me arrependi de não ter feito aquela outra vez que vocês vieram aqui. - Luca diz animado.
- Sério? Quais foram essas coisas? - pergunto curioso.
- A primeira foi não ter pego seu número, e a segunda foi essa daqui. - Luca se inclina rapidamente em minha direção, e os nossos lábios se encontram.
Luca estava me beijando, assim, do nada.
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