História Um por cento de chance - Fremione. - O começo do fim

            Era seu aniversário e ali estava ela, no White Witch, a melhor boate do mundo Bruxo com seus amigos: Gina, Rony, Harry, Fred, George, Lino.

Não era todo dia que uma garota fazia 23 anos e era promovida a chefe da seção de Investigação Mágica, além disso, pensou bebendo um gole da sua cerveja amanteigada, ele estava ali com ela. Fitou disfarçadamente o homem encostado no bar com a postura displicente e dando risada junto de Lino e George. Fred era um belo espécime masculino, cabelos ruivos escuros, olhos verde musgo sempre zombeteiros, alto, musculoso e dono de uma personalidade peculiar. Todos achavam ele e o gêmeo impossíveis de diferenciar, mas não pra ela, observava Fred há anos, antes mesmo de perceber que o fazia. Ela sabia seus trejeitos e sorrisos, a pequena pinta que tinha próximo a sobrancelha esquerda que George não tinha, seu humor mais ácido e temperamental que o outro. Era especialista em muitas coisas e Fred Weasley com certeza era uma delas.

Os olhos do homem se viraram na sua direção, quando viu que ela o olhava seu sorriso diabólico se alargou. Ela sorriu de lado e arqueou uma sobrancelha como se o desafiasse, Fred pareceu gostar, pois falou algo para os outros dois e se aproximou, com um copo de Whisk de fogo na mão.

- Se continuar me olhando assim, vou ser obrigado a te atacar. – A voz levemente rouca fez com que ela se arrepiasse. Tomou mais um gole da sua bebida.

-   Então talvez eu continue olhando. – Retrucou mordendo o lábio. O homem riu.

- Hermione, não me tente. – Ela olhou ao redor, Gina e Harry se agarravam na pista de dança e Rony dava encima de uma loira do outro lado, George estava conversando com uma mulher que não conseguia distinguir e Lino continuava no bar. – Sabe que não sou do tipo que se controla.

- Ah, isso é conveniente, já que quero ficar descontrolada hoje. – Fred se aproximou mais dela, tocando seu queixo com a ponta dos dedos, o efeito do toque repercutindo por todo o corpo da mulher.

- Acho que posso fazer algo sobre isso. – Se inclinou para falar no ouvido dela. – Tenho uma ou duas coisas em mente. – Ela riu. Adorava esse jogo de sedução dos dois.

Estavam tendo um caso há 11 meses, pouco tempo depois que ele terminara com Katia Bell. Eles tinham se tornado grandes amigos desde a Armada de Dumbledore, ainda em Hogwarts, compartilhavam segredos, risos e ela costumava cuidar dele nas festas quando Fred resolvia beber demais.

Um dia ele batera na sua porta já bêbado, Katia e ele tinham brigado feio e terminaram tudo. Hermione o ouvira e o convencera a dormir na casa dela, pois ele estava bêbado demais e poderia acabar estrunchado.

Lembrava exatamente da cena dela tentando colocá-lo para dormir, ele a puxando pelo braço e a obrigando a deitar com ele na cama do quarto de hóspedes. Dormiram de conchinha, quando acordou, estava deitada com a cabeça em seu peito e Fred a olhava terno, com a mão na sua cintura. Seu coração falhou um segundo quando encarou aqueles olhos brilhantes que a fazia suspirar desde o fim da guerra. O sorriso do rosto dele sumiu e o ruivo ficou sério quando a viu corar, e antes que pudesse falar algo, ele a beijou. O beijo levou ao melhor sexo que já tiveram na vida e agora estavam ali, naquele relacionamento colorido.

- Só uma ou duas coisas? Está perdendo o jeito Fred. – Fingiu decepção. O olhar que ele lhe deu era cortante como uma faca.

- Você ainda vai me enlouquecer, garota. – Ele a soltou, antes que a agarrasse ali mesmo. Os amigos desconfiavam, mas não sabiam que tinham uma espécie de relacionamento, que ele estava disposto a tonar público naquela noite.

- Esta é a intenção, baby. – O ambiente estava escuro, apenas com as luzes coloridas piscando do local. Ela se inclinou para frente como se fosse falar algo no ouvido dele, e roubou um selinho. Amava aquele homem, afinal. Não sabia quando, não sabia como, mas quando dera por si, já era tarde demais, não conseguia mais deixar de pensar nele, de sentir saudade da presença, do toque, do olhar e se odiava por querer demais. Quando parou para pensar sobre isso, deu-se conta que provavelmente já era apaixonada por ele sem perceber há muito tempo.

- Hey, preciso falar com você. – Começou incerto do que devia falar. Queria assumir o que tinham, mas tinha medo do que ela ia pensar.

- Estamos falando, não? – Ele a olhou achando graça, Hermione tinha adquirido uma língua ainda mais ferina com o passar dos anos.

Ele se apaixonara por ela em algum momento, por isso Katia terminara com ele. “Do que adianta ter você comigo se nunca serei capaz de ter seu coração?” Ela lhe falara quando acabara o relacionamento. Kátia não era idiota, sempre soubera que ele não a amava, mas tentou por quase um ano fazer com que Fred a notasse, quando achava que estava conseguindo, o olhar dele o traia, perseguindo a única mulher integrante do trio de ouro, sorrindo involuntariamente quando ela sorria, tentando atrair desesperadamente a atenção de Hermione sobre si.

É claro que não podia se confessar, nem tentar nada. Ela era a paixonite platônica do irmão mais novo dele e Fred nunca poderia ter nada com ela, por isso Katia se enganara, dizendo a si mesma que se ele não podia ter a garota, uma hora deixaria de gostar dela e se apaixonaria por ela, afinal de contas, só um amor podia curar outro, não? E então esperou. E esperou... Mas depois de quase um ano tentando, deu-se conta de que jamais seria ela, porque sempre fora Hermione, e sempre seria. Então deu um basta no relacionamento dos dois quando Rony, numa festa regada à álcool – a qual Hermione não fora, pois tinha que trabalhar no outro dia – confessara que já fora apaixonado pela amiga, mas que já não era mais. Ele tentara em algum momento no passado, mas ela não o quisera e ele tocou a vida.

Katia viu seu mundo de fantasia ruir naquela noite quando Fred perguntou o que Rony faria se Hermione namorasse com alguém que ele conhecesse, ao qual o outro respondeu que apenas desejaria felicidade e que cuidasse da amiga. Ela pode ver a felicidade estampada no rosto do homem ao qual era apaixonada. Como, por Merlin, ela podia prendê-lo? Ela queria que ele fosse feliz, então fez a única coisa que podia: o deixou.

- É sério, Hermione. – Ela ficou séria.

- Ok. Vamos para algum lugar então? – Ele assentiu. – Vou falar para o pessoal, volto já. – Deu seu copo de bebida pela metade para ele e se afastou para falar com os outros. – Tenho que ir. – Falou para Gina e Harry.

- Mas já? Por que? – Gina perguntou com o olhar malicioso. – Ou devo perguntar com quem?

- Com o Fred. – Hermione respondeu. Os casados trocaram olhares significativos.

- Certeza que vocês não estão namorando? – A morena inclinou a cabeça para a direita, pensando na pergunta do amigo.

- Que eu saiba ainda não. – Gina riu.

- Ainda? – Ela deu de ombros.

- A pessoa pode ter esperança. – Falou abertamente pela primeira vez do que sentia por Fred, os amigos pareceram surpresos.

- Finalmente você confessou que é apaixonada pelo meu irmão!

- Minha frase deu pra deduzir tudo isso? – Brincou. O amigo sorriu para ela.

- Vocês formam um lindo casal.

- Só falta convencer ele disso. – Falou olhando ao redor.

- Acho que ele já sabe. – Ainda olhando em volta, procurando Fred, seu estômago afundou.

- Acho que não sabe não. – Disse amarga, indicando a direção dele, fazendo os amigos olharem e ficarem boquiabertos. Fred beijava outra mulher. – Bom, não devia ser tão importante assim o que ele tinha para falar. – E foi andando em direção à saída. Ela devia saber, isso já acontecera antes, não era? Ela namorara Krum logo após sair de Hogwarts, por 8 meses, mas ele a traíra, agarrara outra mulher quando estava bêbado numa festa e ela vira. Krum passara meses pedindo perdão, mas Hermione era inflexível, o máximo que poderia lhe dar era sua amizade. Ela já passara por tudo aquilo, então, por que diabos aquilo conseguia doer ainda mais do que naquela vez?

- Mas que porra é essa?! – Ouviu o rugido de Fred, mas não olhou para trás. Quando chegou na saída, ele a deteve. – Pelo amor de Merlin, não vá.

- Acho que vou sim.

- Mas Hermione... – Ele começou, a garota, no entanto, o interrompeu.

- Olha Fred, não temos nada, não é como se algum dia tivéssemos tido alguma coisa, é só amizade colorida, você não é meu, mas... – Ela o fitou nos olhos, a expressão fria. Aquilo quebrou algo dentro dele.

- O que?

- O clima da noite não foi a única coisa que acabou. – Fred entrou em pânico. – Sabe, Fred, para quem não gostava do Krum, até que vocês são bem parecidos. – Sabia que aquilo o machucaria, mas não queria saber. Ela mesma já estava muito machucada.

- Me deixa explicar, não foi o que você está pensando. – Ao redor, as pessoas olhavam para eles, inclusive seus amigos.

- Me solta.

- Me escuta.

- Não vou falar de novo, me solta. – E puxou o braço com força. Ele ia atrás dela, mas George o impediu.

- Cara, olha a confusão. – O irmão disse ainda o segurando. Antes que pudesse pensar em mais alguma coisa, ela aparatou.

- Merda, merda, merda! – Gritou, olhando feio para o irmão. – Por que me parou? A culpa foi sua disso tudo!

- Porque você estava fazendo cena, além disso, tenho certeza que ela podia ficar com um roxo no braço amanhã se eu não tivesse te impedido. – O gêmeo o olhou cético. Ele empalideceu, nem percebera que podia tê-la machucado, ficara cego pelo momento. Ela precisava entender. – Ela está nervosa e você também está, conversem amanhã, senão só vai acabar de foder ainda mais a situação. – Ele encolheu os ombros. – Desculpe por isso, não imaginei que pudesse acontecer.

- Ela entendeu tudo errado. Deve estar pensando besteira! – Fred passou a mão nos cabelos, exasperado.

- Provavelmente. Se fosse o contrário, o que você pensaria?

- Puta que pariu! Eu preciso explicar para ela o que aconteceu! – George tocou seu ombro.

- Precisa sim, mas hoje não. Deixe-a se acalmar. Hermione pode ser uma força da natureza quando está com raiva.

- Eu ia falar para ela hoje. Tinha tudo planejado. -  Ele suspirou triste. – Eu finalmente ia contar pra ela...

- Ainda tem tempo, sabe. Não é como se tivesse acabado tudo definitivamente.

- Você escutou o que ela disse? - George o olhou demoradamente, pensando no que responder.

- Escutei. – Os outros se aproximaram deles. Gina parecia que queria matá-lo.

- O que foi aquilo? – Gritou com ele.

-  Pergunte pra ele. – Indicou o gêmeo com a cabeça. – Eu estou indo para casa. – E saiu sem dar explicações.  

CONTINUA...