“Agora enxergamos direito
e podemos nos ver por detrás do rancor
Agora, eu te digo de onde venho
e dos caminhos que a paixão tomou”
Não me compares – Alejandro Sanz/Ivete Sangalo
- Robin? – Regina não conseguia acreditar no que seus olhos viam. Parecia até um sonho. Seu ex namorado e pai de sua filha estava parado no corredor, com Louise em seus braços e um olhar que lhe tirou o fôlego. Aquilo queria dizer alguma coisa? Fora impossível não soprar um sorriso descrente. Seria muita audácia imaginar que se ele estava ali àquela hora e sem avisar previamente, era por ela? A mera ideia fez o sorriso expandir-se ainda mais pelos lábios bem desenhados – O que… – a deliciosa sensação da surpresa e a intensidade do olhar dele fixo no seu era tamanha que a fizeram esquecer o que diria por alguns breves segundos – O que vocês estão fazendo aqui? – pediu assim que se recompôs esperançosa.
O loiro nem mesmo tinha respondido, todavia a advogada estava tão feliz só pela ideia do que significava ter Robin ali, naquelas condições, que seu cérebro ignorou totalmente o fato de seus pais ainda estarem parados ao seu lado assistindo a interação entre eles. Mills até mesmo acreditava que nem Locksley se dera conta, pois desde que aparecera em seu ângulo de visão ele não havia tirado os olhos dela.
Ainda parados no mesmo lugar, ela em frente a porta de seu apartamento e ele na curva do corredor, fitando um ao outro, presos em uma espécie de feitiço estático, foram despertados do momento pela filha, que assim que detectara quem estava diante dela exclamou cheia de entusiasmo, interrompendo qualquer resposta de seu pai:
- Vovô, vovó! – saltando já totalmente acordada dos braços de seu pai, correu primeiro até seu avô, que instantaneamente se abaixou para pegá-la em seu colo – eu senti muuuuuita saudade de vocês!
- Girafinha do vovô, também senti muitas saudades suas! – Henry beijou suas bochechas, enquanto Cora se aproximou acariciando os cabelos da neta.
- Vovozinha – Louise, sem sair do colo do avô, se esticou envolvendo os braços ao redor do pescoço de Cora, abraçando-a.
- Você cresceu muito desde a última vez em que a vimos Lou Lou, o que sua mãe tem te dado para comer? Fermento? – brincou fazendo cócegas em sua barriguinha.
Louise encarou sua mãe sorrindo e subitamente se lembrou de algo, ou melhor, de alguém. Buscando seu pai, ela o encontrou parado, escorado contra a parede do corredor, sem saber o que fazer.
- Papai, vem, vem conhecer meus avós – Robin enrijeceu, enquanto alternava o olhar de Regina para seus pais. A morena, sentindo toda a tensão existente entre todos ali, achou que talvez fosse melhor se pronunciar e fazer com que eles entrassem.
- Lou Lou, vamos entrar? Será melhor se fizermos as apresentações na sala, você não acha? – batendo a mãozinha contra a testa, como se tivesse cometido um deslize, respondeu:
- é verdade mamãe, vamos todos lá pra dentro – descendo do colo de Henry, ela foi até seu pai e com um sorriso de encorajamento, pegou sua mão e uniu a sua, puxando-o pelo corredor até a porta, onde Regina esperava que todos entrassem.
Quando Robin passou ao seu lado, Regina não deixou de perceber que como por reflexo ele parou, encarando-a uma outra vez, seus lábios abriram e fecharam, hesitantes, foi então que ela lhe ofereceu um sorriso apologético e um olhar cheio de perguntas, onde uma acabara escapando:
- Como vocês vieram parar aqui na França? – sussurrou só para Robin ouvir. Estava curiosa demais para não perguntar. Ele, que havia baixado os olhos, fitando-a por inteiro, voltou a mirar suas orbes castanhas.
Locksley se demorou no contato, ela havia feito uma pergunta, mas a resposta estava tão clara, tão límpida e brilhante quanto o azul de seus olhos. Ele tinha ido ali por ela, por eles, pela família deles e a idealização daquilo ali fez com que seu coração se enchesse de um tipo de sentimento que Mills nem poderia descrever, mas era bom, muito bom e ela não conseguia parar de sorrir.
- Vamos papai – Louise interrompera o momento, puxando mais uma vez seu pai e começando a levá-lo aonde seus avós estavam – vamos sentar lá no sofá.
- Desculpa... – foi tudo o que o loiro pode dizer antes de ser encaminhado para a sala do apartamento, encurralado pela filha, que inocente não percebera, ou melhor, não sabia, as queixas existentes entre aquele pequeno grupo de pessoas.
* * *
Farmingham, 6 anos antes.
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Quando Henry chegou em casa aquele fim de tarde, não esperava encontrar sua filha sentada no sofá. O campus da universidade dela não ficava a mais de uma hora de carro de distância, porém, Regina não costumava vir durante a semana, então ele estranhou. Entretanto, seguiu tirando o casaco e pendurando-o, enquanto a cumprimentava:
- Hey Maçãzinha – disse ainda sem vê-la, movendo-se do pequeno hall de entrada até a sala – Você por aqui em uma quarta-feira? Aconteceu algo? – Regina virou-se e seus olhos estavam vermelhos, ele não precisou de mais para saber que sim, algo tinha acontecido. Seu rosto se contorceu em preocupação, mas antes que ela pudesse responder, a porta fora destravada por Cora que discutia com alguém no telefone.
Fazendo o mesmo ritual de Henry, ela habilidosamente tirou o casaco e o pendurou enquanto mantinha o telefone equilibrado com o ombro, se movendo até eles e terminando a ligação.
- Olá para vocês dois – quando ela finalmente olhou para sua filha se apressou até se ajoelhar diante dela – Regina o que aconteceu?
A morena não conseguia falar, olhando de um para o outro ela fez o que vinha fazendo nos últimos dias: chorou e chorou. Henry encarava sua esposa sem saber o que fazer. Então, sentou-se ao lado de Regina no sofá e abraçou-a apertado, enquanto Cora acariciava suas mãos.
- Nós estamos aqui com você filha, está tudo bem – encorajou sua mãe.
Quando ela finalmente se acalmou depois de uns longos minutos, falou:
- Robin, meu namorado, me deixou – Henry pode sentir seu sangue fervendo. Ele sabia, sabia que aquele rapaz partiria o coração de Regina mais cedo ou mais tarde – e estou grávida – por alguns segundos o homem robusto pensou que o mundo ao redor dele tinha entrado em uma espécie de letargia estranha, pode sentir o inexplicável gosto de amargo tomar sua boca mesmo não tendo comido nada desde o almoço.
Regina o fitava com aqueles grandes olhos castanhos que naquele momento estavam tão assustados, como se ela tivesse 5 anos outra vez, implorando para dormir na cama deles porque estava com medo do escuro. Queria repreendê-la, gritar com ela por não ter sido atenta mesmo ele a Cora tendo falado tantas vezes com ela sobre sexo e suas consequências. Todavia, ele simplesmente não podia. Como o faria se ela parecia que iria desabar se ele se movesse? Sua mulher buscava por uma resposta nele (como se ele estivesse preparado para lidar com uma situação daquelas?!), porque o encarava desesperada.
- Aquele filho da puta! Eu sabia, sabia! – rosnou, Regina se encolheu fechando os olhos, mais lágrimas escorrendo o que o levou a puxar uma respiração profunda, buscando uma calma interior que não sabia ser capaz de ter –Regina, como te deixou? Ele não pode simplesmente te engravidar e fingir que nada aconteceu!
- Robin não responde minhas mensagens papai e mandou recado através da mãe dele que tem outras preocupações no momento, que eu deveria cuidar de resolver o problema sozinha.
- Como assim? – Cora pediu chocada.
- Ele engravidou outra mamãe! – soltou com um nó na garganta quase a impedindo de falar – a noiva prometida desde a infância lá na Inglaterra, a neta da rainha – soltou um suspiro dolorido, era difícil dizer aquelas palavras, perceber que não valia a renúncia que ele sempre prometera que faria – Ele me contou que dormiram juntos. Sua mãe me disse que eles estão preparando tudo para o casamento, que eu fui só uma brincadeira para ele – ela já estava chorando outra vez, seu coração contraindo a cada sentença proferida, a constatação de tudo machucando-a como um impiedoso carrasco.
- Bastardo! Eu vou, eu – Henry se levantara, fechando os punhos para conter sua raiva – Eu nunca gostei daquele rapaz por isso Regina! Sua fama de “pegador” o precedia – ela sabia disso, quantas vezes escutara seu pai dizer aquelas mesmas palavras, vindas de todos os amigos professores do campus, todos os avisos sobre o espirituoso e mulherengo Robin de Locksley. Mas como acreditar nos boatos se quando eles estavam juntos ele não era nada além de perfeito? Ele a tinha pedido em casamento! – Sempre te julguei tão esperta, eu deveria saber que quando nos apaixonamos não vemos essas coisas vindo. Jesus! – gemera em um misto de frustração e raiva.
- Ele nem teve a coragem de olhar na minha cara – fungou, enquanto sua mãe a acalentava em seus braços – de ter uma conversa decente comigo... simplesmente me ignorou como se tudo o que nós vivemos tivesse sido uma mentira – ainda se recusava a acreditar. Depois de tudo o que eles tinham vivido, como poderia?
- O que você quer fazer Regina? Quer manter essa gravidez, essa criança? – pediu o único homem na sala.
- Eu não... não pensei a respeito ainda, sei que estraguei tudo, mas não quero fazer um aborto.
- Tudo bem... – Cora segurou suas mãos, buscando por Henry, eles sabiam o que tinham que fazer enquanto pais. Seu marido apenas concordou com a cabeça – nós vamos te apoiar no que decidir fazer, você não precisa daquela família, tem a sua, tudo vai se resolver.
- Obrigada mamãe – Regina se lançou em seus braços, chorando de alivio e gratidão por todo apoio que estava recebendo. Metade do peso que carrega fora tirado de suas costas.
Henry se aproximou, se ajoelhando na altura das duas mulheres de sua vida, estava muito chateado com toda a situação, todavia, nunca deixaria sua filha desamparada:
- Venha aqui Maçãzinha – assim que abriu os braços, Regina se aconchegou no abraço de seu pai, sussurrando:
- Eu sinto muito papai, não queria decepcioná-lo, eu o amava e realmente achei que ele me amava também. Eu só queria ser feliz – sua filha dissera as palavras chorando, naquele momento a única coisa que ele queria era pegar a dor visível em cada belo traço seu e arrancar de dentro dela. Henry foi sentindo sua raiva e desapontamento se esvaindo...
- Hey, está tudo bem filha, tudo bem. Nós vamos consertar tudo, seu coração incluído – sorriu, limpando o rosto dela.
- Eu nunca vou amar outra vez, é a pior dor que eu já senti na vida.
- Também será o maior amor que você vai conhecer nela Regina – Cora gentilmente se intrometera na conversa dos dois, indicando sua barriga.
A jovem Mills sorrira fracamente, tocando sua barriga. Henry se afastara, se levantando e pegando seu celular da mesa de centro.
- Eu tive uma ideia, preciso fazer uma ligação. Me deem alguns minutos.
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Uma hora depois, quando voltara para a sala, Henry fizera a Regina a proposta de mudar-se para Paris, para recomeçar em uma universidade onde tinha um amigo professor. Com uma única condição imposta: cortar qualquer tipo de contato com Robin e os Locksley.
* * *
Robin ainda estava processando o fato de que estava na sala de estar de Regina, com sua filha e os avós dela. Sentado no sofá, justamente ao lado do homem que o havia impedido de falar com Regina aquela manhã seis anos atrás e mudado o curso de sua vida, de todos os três na verdade.
Regina vinha se aproximando, e deveria dizer, ela estava deslumbrante com aquele vestido prateado e os olhos bem contornados com um esfumaçado que ressaltava ainda mais os tons de chocolate, tinha certeza de ter agido como um perfeito pateta desde que colocara o olhar sobre ela naquele corredor. Quando ela o perguntara o porquê deles estarem ali, alguns minutos atrás, ele quase dissera:
“Nós queríamos estar com você” – na verdade, era o que tinha intenção dizer se não tivesse ficado abobalhado olhando-a dos pés à cabeça, enfeitiçado com a beleza daquela mulher, e claro, se não tivesse sido interrompido e puxado para dentro do apartamento por Louise outra vez.
Não tinha certeza de como seria, de como fariam funcionar com toda a distância e com tudo mais, mas caramba, ele queria aquilo, queria ser uma família com ela e Louise mais que tudo na vida.
- Papai esse aqui é o vovô Henry – sua filha, que estava sentada no colo do referido homem, iniciou sua apresentação – o papai da mamãe.
- Vovô esse aqui é o Robin, meu papai – Louise continuava a intermediação e Robin entendera pela primeira vez na vida o que as pessoas queriam dizer com as penitências que você é capaz de suportar por um filho.
- Nós nos conhecemos há alguns anos Lou Lou – começou o homem mais velho – e eu não fui muito gentil com seu pai – Louise o encarava surpresa e atenta a sua história – eu estava com muita raiva e só agora percebo que cometi um erro – Henry o procurou com o olhar, mas Robin, que lhe estava dando um ombro frio até então, acabou cedendo, atraído pela sua narrativa.
- Quando a gente comete um erro vovô, o certo é a gente pedir desculpas, fazer as pazes – explicou a garotinha.
- Eu sei girafinha, é o que eu vim fazer aqui hoje. Pedir desculpas a sua mãe – Regina, que estava sentada ao lado de Cora, no outro sofá, fitara seu pai – e uma vez que seu pai está aqui, a ele também. Você me deixaria conversar com eles um momento?
Louise fez um biquinho fofo, considerando. Era a primeira vez que tinha toda sua família reunida, ela não queria acabar com aquela “festa” tão cedo.
- Ok, mas vovó, você vem comigo né? – Cora sorriu já se levantando e pegando na mão da neta – A gente pode ver um filme na tv do seu quarto mamãe? – Louise pediu fazendo charme e ele riu. Sua filha era realmente um refresco bem-vindo no meio de todo aquela confusão.
- Claro bebê – a morena deu um beijo na bochecha de Lou Lou e depois virou-se para Cora – mamãe fique à vontade, a casa é sua – beijando a testa da filha, a senhora Mills saiu deixando-os “finalmente” a sós.
- Regina eu sei que você não me queria aqui hoje, mas eu vim porque depois da forma que terminamos nossa última conversa alguns meses atrás eu não poderia deixar as coisas como estavam. Você é minha filha, eu a amo com todo meu coração, sinto tanto por ter omitido a ida do Robin a nossa casa naquele dia, o fiz acreditando ser o melhor para você, para vocês duas na verdade. Você já estava sofrendo tanto, achei que ele só iria brincar mais com seus sentimentos.
Robin riu sem humor e cheio de mágoa.
- Você deveria ter me dado a chance de decidir isso pai – reafirmou Regina.
- E dado a mim o benefício da dúvida – se pronunciou o loiro – Porque eu deveria perdoá-lo agora? O que mudou? O senhor continua sem me conhecer.
- Realmente não o conheço meu rapaz, mas vi como minha neta parece a criança mais feliz desse planeta nos últimos meses, o quanto ela é completa tendo você na vida dela, isso me fez ter a certeza da decisão errada que tomei lá atrás.
- Ela poderia ter sido a criança mais feliz desde que nasceu, o senhor só me julgou ao invés de me dar uma chance de mostrar que eu era mais do que falavam de mim.
- Como eu poderia? Você nunca veio até minha casa, namorava minha filha, mas nunca se deu o trabalho de me perguntar se estava tudo bem para mim. Você é um pai agora, como se sentiria se tivesse acontecido com Louise? Eu vi minha filha chorar nos meus braços desesperada, de coração partido porque o namorado a tinha deixado grávida e sozinha – Henry explanava sua dor e indignação de tantos anos – como você esperava que eu te recebesse quando alguns dias depois você apareceu na minha porta pedindo para vê-la? Com biscoitos e café? Eu sinto muito por tudo o que minha decisão de não deixá-lo entrar aquele dia causou, porém – virou-se para Regina – eu só fiz o que fiz porque queria protegê-la Regina, a você e a minha neta, que naquela época era apenas um bebê, nada além disso. Você, vocês dois, poderiam me perdoar?
Robin considerou o lado de Henry. O pior em toda essa merda de situação que tinha acontecido com eles e que ele também tinha razão. Seu ex sogro tinha um ponto. Se tivesse acontecido com Louise, possivelmente teria ficado muito furioso, mas, de uma coisa ele tinha certeza:
- O senhor tem razão, se tivesse acontecido com minha filha eu teria ficado com muita raiva, entretanto, eu sempre teria dado a ela a chance de decidir, eu não me sentiria no direito de não ter ouvido o outro lado da história. E por causa disso, por não ter existido uma chance de explicação, eu perdi os primeiros anos da vida da minha filha – Locksley o encarava com os olhos embargados – o senhor conhece a sensação de ter ouvido o primeiro choro, não é? De ter visto o primeiro sorriso desdentado ou os primeiros passos? De deixá-la na escola no primeiro dia de aula? Eu não tive isso senhor Mills, e eu não posso descrever o quanto machuca também.
- Me desculpe – pediu sincero e pesaroso Henry – Eu estou erguendo uma bandeira branca aqui, porque nós machucamos um ao outro e no final machucamos pessoas que amamos. Só posso dizer que sinto muito, não tenho como voltar no passado, estou somente tentando mudar nosso futuro. Pelo bem da nossa Louise. Podemos recomeçar? – estendeu a mão esperando que Robin a apertasse em sinal consentimento.
Ponderou. Valia a pena guardar ressentimento? Nos últimos meses vinha descobrindo que não. De natureza nunca fora o tipo de pessoa que retém coisas ruins, sempre fora do tipo pacifista. Era difícil abrir mão da raiva, rancor e decidir perdoar, mas também era libertador. Experimentara isso primeiro com si próprio, depois com Regina e faria o mesmo com Henry agora.
- Podemos – alcançando a mão do homem mais velho, ele a apertou – Em nada me acrescentou viver agarrado ao passado. Quero que Louise tenha uma família que vive em harmonia e no que depender de mim, assim será.
- Obrigado meu rapaz – Henry lhe ofereceu um sorriso agradecido – E você Maçãzinha, pode achar um modo de perdoar seu pai? – pediu virando-se para sua filha e tomando suas mãos delicadas nas dele já ligeiramente enrugadas.
- Eu preciso de tempo pai, me desculpe, mas ainda não estou pronta. Fiquei tão magoada quando descobri que Robin tinha ido me procurar aquele dia e você não o deixou falar comigo, pois passei todos esses anos me culpando por amar um homem que acreditei ter me deixado por dinheiro e status, todavia não foi assim. Me dê um pouco mais de tempo, ok? – Henry concordou, triste, porém, parecia compreender a necessidade da filha. Levantando-se, deixou um beijo na testa dela e Regina lhe deu um sorriso contido em troca.
- Bem, eu já vou indo, vou me despedir de Louise. Espero não ter atrapalhado os planos de vocês.
- Para onde o você vai? – Pediu Regina meio alarmada – Fez reserva em algum hotel?
- Não, eu tomei a decisão de vir com sua mãe de última hora. Mas com certeza eu acho alguma coisa naquele aplicativo que você me mostrou.
- Pai, estamos falando de Paris, no réveillon, você acha mesmo que vai encontrar um quarto livre que não custe um rim?! Você pode ficar com a mamãe no sofá cama. Não estamos nos melhores termos, porém, nunca te expulsaria da minha casa. Eu ia encontrar com Emma e Kilian na torre, mas vou desmarcar. Vem, vou preparar tudo para vocês – ela se levantou, virando-se para ele e pedindo – eu sei que nós precisamos conversar – mordeu o lábio inferior, contendo o sorriso – você poderia me dar alguns minutos?
- Claro. Posso ir até Louise? – ela olhou para ele, dessa vez abrindo um sorriso que brilhou mais que as luzes da árvore de natal ainda piscando na mesinha no canto da sala.
- Você está em casa – o modo como ela dissera aquelas palavras, poderia até ser coisa da sua cabeça, todavia seu corpo inteiro se arrepiou ao sentir a profundidade daquela pequena frase – fique à vontade.
* * *
Regina o tinha guiado até seu quarto, onde uma Louise já meio adormecida, lutava com todas as forças para manter os olhos abertos enquanto a tv exibia algum dos filmes de: Como treinar seu dragão. Ao ver seu pai, a menina chamou por ele e Cora se levantara para dar espaço ao ex genro e poder ir ao banheiro.
A morena pegou algumas trocas de roupa de cama e com a ajuda do pai começou a ajeitar tudo no sofá para eles. Em seguida ligou para Emma que não podia acreditar que tinha perdido todo o capitulo inédito do seu novo “reality show preferido”, Regina riu, mas não sem antes mandá-la para um lugar que ela geralmente não repetia em voz alta pelo bem da inocência de sua filha.
Elas se despediram com a promessa de encontrarem-se no dia seguinte e depois de conferir se seus pais estavam bem e acomodados, voltou ao seu quarto encontrando uma cena que ela não se importaria que se tornasse cotidiana: Robin estava deitado em sua cama, de costas para a porta, com Louise já no mundo dos sonhos toda aconchegada contra ele, ele acariciava os cabelos escuros da filha, com a mente tão longe que não percebera sua presença até que ela se sentou ao seu lado na cama, acariciando suas costas.
- Hey, desculpa se estou invadindo seu espaço – o loiro disse, propondo se levantar, entretanto, ela o parou, empurrando seu peito para baixo delicadamente.
- Tudo bem Robin – Mills sorriu – essa é uma visão com a qual eu poderia me acostumar.
- Você sabe que nós viemos por você, não é? – ele falou com aquelas duas safiras vidradas nela, aprisionando-a como que por magia na doçura do olhar dele.
- Quem quis vir para mim Robin? – pediu subindo a mão que tinha ficado parada no peito dele até o queixo, crescendo o carinho pela bochecha e restante do rosto – você ou Louise? Você veio como o pai da minha filha ou como o homem a quem eu pedi uma segunda chance? – Locksley engoliu a seco com a determinação de suas palavras, todavia, ela não tinha porque se conter. Ele já sabia qual eram suas intenções, as havia deixado claras na varanda da casa de Jhon seis dias antes. Agora precisava saber quais eram as dele.
- EU – enfatizou – quis vir até você Regina – Robin tentou se ajeitar de uma maneira que pudesse ter mais acesso a Regina, mas com Lou Lou toda enrolada contra ele era difícil, então ele se manteve na melhor posição que conseguiu –Enquanto estava vindo aqui, me lembrei das palavras que disse a um amigo certa vez... O amor sempre será o maior risco que corremos e quando achamos um amor pelo qual vale a pena arriscar, não se pensa duas vezes. Foi por isso que eu sai da Inglaterra na véspera de ano novo e me aventurei com uma criança em Paris a essa hora, por isso eu perdoei seu pai e agora estou aqui deitado na sua cama. Porque você vale absolutamente TUDO! Cada batalha que eu enfrentei para estar aqui, cada dor, você valeu cada uma delas.
Ela nem precisava dizer que estava com os olhos embargados depois disso, não é mesmo? Seu coração batia tão alto naquele momento, que quase abafaram o som dos fogos estourando lá fora, anunciando que um novo ano se iniciava. Regina e Robin desviaram o olhar um do outro por milésimos de segundos para apreciarem as cores iluminando os céus e a torre, que eram avistadas da janela do quarto da morena. Quando voltaram a se encararem, Mills lhe oferecera um sorriso brilhante, repleto de felicidade e amor. Robin lhe entregara a sua própria versão de sorriso incandescente, enquanto ela se inclinara, sussurrando sobre seus lábios em seguida:
- Feliz ano novo, bem-vindo ao melhor ano de nossas vidas! – e então, ela finalmente se deixou ser levada pela sempre existente força da atração que os puxava um para o outro, beijando-o com toda devoção de sua alma, corpo e coração, e claro, com toda a mobilidade que era permitida tendo uma criança entre eles, pronta para viver o que o destino tinha escrito para eles naquele novo ano.
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