Maysa abriu as cortinas das janelas de sua casa para olhar como estava o dia lá fora. Havia acabado de acordar, seria seu dia de folga, então se permitiu ultrapassar seus horários e acordar mais tarde do que o normal.
Se passava das 11:30AM e ela não estava disposta a ir a cozinha preparar um almoço só para ela, e è justamente nesses momentos que o desejo de ter filhos crescia em Maysa, a vontade de cozinhar não só para ela, mas para uma família. Talvez alguns anos a frente ela focaria menos na carreira e se dedicaria a uma família.
Maysa naquele momento só estava disposta a almoçar em um restaurante ou comer qualquer besteira em uma lanchonete. Vencendo sua preguiça matinal, ela andou até o banheiro para fazer sua higiene. Depois de banho tomado e dentes escovados, ela foi até o guarda-roupa e a dúvida do que usaria ficou em sua mente, depois de cinco minutos optou por vestir uma calça jeans escura, uma blusa cinza de mangas até os cotovelos e nos pés calçou uma sapatilha preta, seu cabelo castanho foi preso em um rabo de cavalo alto. Enfim pronta.
Maysa dirigia o carro sem um rumo certo a tomar, ainda pensava em que lugar almoçaria. Sua barriga fazia barulhos e ela já sentia o corpo amolecido pela falta de alimento por mais de quinze horas. Maysa estacionou o carro na frente do primeiro restaurante que encontrou, possuía uma aparência rústica e tinha um grande letreiro com o nome do estabelecimento. Ela sentou-se na mesa mais reservada do restaurante, nunca havia estado no local e se sentia intimidada com alguns olhares.
— Olá, seja bem-vinda ao nosso estabelecimento. — A garçonete comprimentou-a. — Irei deixar o cardápio com você e quando decidir apenas acene e eu virei até você. — Maysa sorriu e observou a mulher ir atender outros clientes. A morena passou os olhos sobre o cardápio e ficou indecisa com o que comeria, do mesmo modo que ficou indecisa com o que vestiria.
— Indecisa com o cardápio ? — Maysa ouviu uma voz conhecida e sorriu de imediato.
— É, eu não sou uma pessoa de tomar decisões rápidas. — Maysa sorriu para o rapaz e o olhou, ele também esboçava um sorriso, ah e que sorriso!
— Talvez possa lhe ajudar, já almoçei aqui algumas vezes, eu sou louco por risoto, e o risoto de cogumelo daqui é um dos melhores que já comir, desafio-lhe a provar.
— Eu acho que vou prova-lo. — Maysa fechou o cardápio. — Sente-se comigo, Matheus. — Maysa sorriu e percebeu que Matheus não estava sozinho.
— Obrigado. — Matheus disse baixo e se sentou na cadeira a frente de Maysa.
— Não sabia que tinha uma filha. — Maysa olhou a menina que sentou-se ao seu lado.
— Ah, ela é minha irmã, não tenho nem namorada imagina uma filha. — Matheus disse rindo baixo.
— Elá se parece muito com você. — Maysa sorriu e a menina fez careta.
— Eu não me pareço com ele, eu sou muito mais bonita. — A voz doce da menina soou pela primeira vez para Maysa, ela não pode evitar um sorriso bobo causado pela fofura da garotinha.
— O quê ? Quem te disse isso estava muito enganado, eu sou muito mais bonito sua pestinha. — Matheus disse apertando a bochecha da menina.
— Só você acha isso. — A menina cruzou os braços.
— A Maysa acha isso também. — Matheus olhou a moça com um sorriso travesso.
— Não me envolva nisso. — Maysa riu.
— 'Tá vendo ela não te acha mais bonito. — Monaliza deu língua pra Matheus.
— Eu acho melhor fazer o pedido. — Maysa disse rindo e acenou para garçonete que logo foi até a mesa deles e anotou os pedidos.
— Ela é sua namorada ? — Monaliza indagou com inocência. Maysa se espantou com tal pergunta.
— Por enquanto não. — Matheus olhou Maysa com um olhar persuasivo, ela corou de imediato.
[...]
Maysa sorria enquanto observava Monaliza brincando no playground, Matheus também sorria mais observava outro alguém; Maysa.
— Ela estar se divertindo. — Maysa comentou com o olhar na garotinha.
— Acho que sim. — Matheus olhou a irmã. — Ela quer ser médica.
— Sério ? — Maysa o olhou empolgada.
— Ela quer isso por causa da Melanie, ela sabe que ela está no hospital. — Matheus olhou Maysa.
— Ela não é a primeira a ser influenciada pela Melanie nessa profissão, me tornei médica com a idéia de salva-la do câncer. — Maysa passou a observar o sol se pondo. Matheus nada falou. — E você ?
— Eu o quê ?
— No que trabalha e por influência de quem ? — Maysa quis saber.
— Sou arquiteto, e foi influência do meu pai, ele era um ótimo arquiteto. — Matheus focou os olhos onde os de Maysa se encontrava.
— Era ? — Maysa desviou o olhar para Matheus.
— Ele e minha mãe morreram em um acidente de carro, Monaliza também estava no carro, mas como estava atrás se salvou. — Matheus suspirou.
— Eu sinto muito pelos seus pais. — Maysa tocou as mãos de Matheus.
— Sabe o quê é pior do que perder os pais ? — Matheus a olhou nos olhos. — Saber que você os decepcionou antes deles morrerem. Eu não quis viajar com eles, havíamos discutido pouco tempo antes de pegar estrada para a casa dos meus avós, e dói tanto isso, dói pensar que eles morreram achando que eu não os amava. — Matheus tinha os olhos lacrimejados, seu peito ardia em agonia por estar se relembrando do ocorrido. Maysa não sabia o que dizer para conforta-lo, então apenas o abraçou. — Não permita que alguém que ama se vá sem saber do amor que sente por ela.
O momento foi interferido pelo celular de Maysa tocando freneticamente no bolço da jovem.
— Eu vou chamar a Mona, enquanto fala no celular. — Matheus disse e andou até a garotinha deixando Maysa sozinha. — Hey Monaliza, vamos. — Matheus disse alto ainda não muito próximo da garotinha.
— Ah, eu não quero ir agora. — Monaliza disse correndo até Matheus.
— Vamos, vai escurecer, o sol já está indo embora. — Matheus disse pegando a mão da irmã e a puxando em direção a Maysa.
— Você é muito chato. — Monaliza fez bercinho.
— Sem birra. — Matheus disse dando ordem a menininha que segurou o choro.
— Voltamos! — Matheus disse sorrindo quando se reaproximavam de Maysa.
— Precisamos ir ao hospital, agora.
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