A situação atual não era das melhores. Kaiser permanece com os olhos vidrados em Nathaniel, como se fosse matá-lo mentalmente. Não estava bravo pelo asiático ter um namorado, e sim por namorar com um outro demônio!
Conheceria aqueles cabelos loiros em qualquer lugar. Nathaniel era um demônio desprezível que havia cometido muitos erros em seu passado. E para piorar: estava namorando seu cálice! Só podia ser algum tipo de piada.
— Kaiser..?! Kaiser! — Sentiu algo, ou melhor, alguém lhe puxando para a realidade novamente. Olhou para o lado e viu Joui o chamando. — Você ‘tá bem?
Percebeu que a porta principal já estava fechada, e olhou para Nathaniel que estava na roda também, ao lado de Joui.
— Estou bem.. Foi mal. E você, está bem? — Perguntou. Percebeu as mãos do asiático trêmulas, estava nervoso pela presença do loiro e Kaiser não entendia o porquê de tanto nervosismo.
Sabia que a reputação de Nathaniel no inferno não era das melhores, um demônio abominável que fazia coisas terríveis com seres que fossem inferiores das espécies deles, principalmente com humanos. Mas, já que Nathaniel dizia namorar com Joui, não esperava que fizesse algo de ruim com ele. Afinal, se descobrisse que por acaso o loiro já tivesse encostado um dedo em seu cálice, cortaria todos os membros de Nathaniel sem pensar duas vezes. Quer dizer, não que Kaiser estivesse gostando de Joui.. De forma alguma, haviam acabado de se conhecer.
Na verdade, é extremamente comum que Demônios e Cálices tenham esses sentimentos esquisitos um pelo outro. É comum que haja ciúmes e muito afeto, mesmo sendo uma relação curta. Em alguns casos, é possível que demônios sintam necessidade de proteger seu cálice, não importa se for uma relação de dias, uma relação amorosa ou apenas amizade. É como se isso já viesse em seus genes.
Mas, demônios são seres horrorosos. Orgulhos, rancorosos, egoístas e principalmente aproveitadores. Em casos comuns, demônios que eram cálices lutavam entre si para ver qual seria "o mais poderoso da relação", mesmo que para Kaiser isso não fizesse sentido algum. César era um dos casos raros de demônios que não apresentavam essas características, ficava só na dele e só se relacionava por pura pressão familiar, mesmo que não sentisse nenhuma atração romântica ou sexual por mulheres.
— Eu.. eu estou bem. Você está meio pálido, quer uma água?
— ‘Cê tá bem mesmo, meu querido? Parece que vai fazer um assassinato em massa — Thiago disse pegando um copo de água que esta a do seu lado e oferecendo ao Cohen.
— Quem se importa? Vamos só começar esse jogo. — Nathaniel se pronunciou, dando de ombros para a situação atual.
— É melhor você calar a merda da sua boca antes que- — Elizabeth ia retrucar, quando foi interrompida.
— Por favor, chega. Estamos aqui para nos divertir e enturmar o Kaiser no grupo, nada mais além disso. — Joui diz — Kaiser, você quer tomar um ar lá fora? Podemos ir embora também, já que você não parece muito bem..
— O quê?! Porque caralhos você iria embora por causa dele? É só ele ir embora sozinho, ele tem pernas. — Nathaniel rebateu revoltado, não aceitando "perder" seu namorado para aquele cara.
— Nath, por favor. Eu só vou levar ele até o apartamento e volto aqui pra jogar.
— Não precisa, Joui. Aprecio sua gentileza, mas eu estou bem. Vamos começar?
— Tem certeza..? Tudo bem então..
Todos ficaram em silêncio por alguns minutos, dava para notar certamente o desconforto no ar, mas Thiago resolveu amenizar a situação.
— Tudo bem família, eu começo então! — Ele pensa um pouco. — Hmm.. Eu nunca... Dei um mata-leão em uma velha.
O grupo se entre olha, a maioria se segurando para não rir. César observa tudo um pouco confuso, que tipo de pergunta era aquela?! Até que começa a ficar ainda mais confuso quando vê Joui e Thiago bebendo um gole do Whisky. Jamais imaginou que Joui fosse assim.
— A gente deveria contar essa história ‘pro Kaiser! — Arthur disse enquanto ria.
— Nem ouse! — Joui respondeu.
— Eu deveria ficar preocupado..?
— Sim! — Liz dá uma pequena risada. — O Joui já se meteu em cada coisa! Quando ele não estiver em casa, você vem aqui e a gente te conta escondido dele.
— Vocês estão conspirando contra mim! Nem pensem em expor minha vida ‘pra ele. — Cruzou os braços e virou o rosto. — Além do mais, o Thiago também bebeu! Porquê vocês não cobram ele também?!
— Por que todo mundo já espera isso do Thiagão! Já você é o santinho daqui.
— Ainda sim é uma injustiça. Eu já disse que foi sem querer, e a idosinha está bem agora.. Diferente do velhinho que o THIAGO deu um mata-leão! — Joui se defendeu, fazendo todos olharem para Thiago.
— Thiagão..?! ‘Cê tinha dito que o velho tinha ficado bem!
— Isso eu só respondo na presença do meu advogado, minha querida..
Então, após isso a brincadeira continuou.
— Minha vez, minha vez! — Erin disse. — Eu nunca.. Explodi um local público
Quando Kaiser achou que a mulher fosse beber, viu Joui virando um longo gole novamente enquanto fazia uma careta.
— Vocês me odeiam?! Porque eu aceitei brincar disso..?
— Posso perguntar como isso aconteceu..? — César se manifestou ainda mais confuso.
— De jeito nenhum! E Erin, porque você também não bebeu? Você também participou daquilo, se lembra? — Olhou para a ruiva, que imediatamente bebeu um gole do álcool. — Agora podemos continuar.
— ... Eu nunca.. Peguei uma casada. — Tristan disse enquanto ria.
— Vish.. Se foram duas eu tenho que beber duas vezes?
— E se foram três?
Joui e Kaiser se entreolharam enquanto essa conversa entre os outros amigos acontecia, todos obviamente já estavam bêbados.
[...]
Já era tarde, provavelmente cerca das 23:30 da noite. Alguns amigos já haviam ido embora e só restavam algumas pessoas na casa dos “Lizagos”.
— Acho que já terminamos de arrumar tudo. — Dante disse, estralando levemente suas costas, cansado.
— Vocês não precisavam ter ajudado, era só dar uma varrida e tirar as garrafas do chão! — Liz falou, se sentando em seu sofá.
— Que isso, Liz. A ideia foi nossa, o mínimo que podíamos fazer era ajudar você a limpar essa bagunça. — Arthur calçava as botas se arrumando para ir embora.
— Muito obrigada!
— Não precisa agradecer. Até amanhã, Liz! — Arthur se despediu, saindo de mãos dadas com Dante.
— Agora que já terminamos tudo, nós vamos embora também. Boa noite, Senhorita Liz. — Joui se despediu, dando um beijo na testa da mulher e saindo juntamente de Nathaniel e Kaiser que se matavam com o olhar.
Logo depois que se despediram e que Thiago fechou a porta, foi o momento ideal para que Nathaniel começasse seu show.
— Eu não aguentava mais ser gentil com os seus amigos. Eles são má influência para você. — Argumentou, como se Kaiser não estivesse ao seu lado. — Agora temos a noite toda para nós. — Deu um sorriso de canto, cercando a cintura de Joui.
— Nathaniel! Não estamos sozinhos aqui. E já está tarde, eu estou cansado, quero dormir.
— O que? Cansado? E dês de quando isso te impediu de fazer alguma coisa?! Porra, qual seu problema agora? — Esbravejou, se separando de Joui e olhando em seus olhos quando percebeu que já haviam chegado na porta do apartamento do japonês.
Kaiser sentiu vontade de se manifestar, mas sabia que se fosse começar a discutir com Nathaniel, apenas um deles dois sobraria. E não seria o loiro.
Sua vontade de impedir que o outro demônio continuasse com o show foi ainda maior ao ver Joui sinalizando para que entrasse e fosse dormir. Não sabia como, nem mesmo o porquê de seu corpo ter feito exatamente o que lhe foi mandado sem nem mesmo querer. Quando percebeu, estava dentro de casa apenas ouvindo tudo o que acontecia do lado de fora.
— Nathaniel, por favor. Não vamos brigar agora, está tarde demais para isso! Vamos conversar amanhã.
— Ah, agora você vem com essa? Você está me evitando desde que eu botei os pés aqui! Foi você que comprou essa briga, a culpa é totalmente sua! O que foi? Não quer dormir comigo porque você tem dormido com outro cara? Tem dormido com o Kaiser? Tem fodido com esse filho da puta?! RESPONDE, JOUI! — Gritou, fazendo de imediato Joui se encolher e fechar os olhos.
— Não! Claro que não! Como você pode falar uma coisa dessas?! Eu nunca sequer pensaria em te trair, você sabe disso!
— Eu sei mesmo? Você deve achar que eu sou um idiota, não? Eu notei perfeitamente o comportamento de vocês. Eu sei muito bem que você é o cálice dele, sei que você já sabe que ele é um demônio e que começou a morar com você do nada sem nem mesmo vocês se conhecerem direito! — Revelou, Joui olhou para ele de forma confusa e surpresa.
— O que..? Como você sabe disso...?
— Eu sou um Demônio, Joui. Achei que já tivesse percebido quando começou a dormir com ele. — Agora, Nathaniel involuntariamente mostrava sua face demoníaca, mas Joui em nenhum momento mostrou medo diante disso.
Jouki não sabia o porquê, mas aparentemente seu namorado não acreditava de forma alguma que nunca havia dormido com o seu colega de quarto! Mas certamente, lá beeem no fundo, talvez Joui quisesse dormir com ele.
— Já chega.
Uma voz familiar falou, Kaiser abriu a porta com força e puxou Joui para dentro. Agora, Kaiser estava de frente com Nathaniel e Joui estava caído no chão tonto pelo álcool e pelo tratamento brusco.
— Todas as contas pendentes que temos, serão pagas no nosso julgamento. Eu não quero matar você agora, seria uma perda de tempo. — O cabeludo falou, fazendo Nathaniel sorrir ladino.
— Os Cohen realmente são todos iguais. Vivem pela razão, nunca pela emoção. Talvez faça a carne de todos vocês ser tão deliciosa. — Foi o suficiente para César lhe dar um soco bem dado em seu rosto. Quando Nathaniel virou novamente o rosto para si, colocando a mão na parte que foi agredida, foi possível ver um filete de sangue saindo de sua boca.
— E é por isso que somos superiores a sua raça. — Disse por fim, fechando a porta na cara do loiro e observando uma cena até que engraçada de Joui desacordado no chão em uma posição que certamente lhe daria dor nas costas se continuasse assim por mais tempo.
Kaiser pegou Joui em seu colo e o levou até a cama, cobrindo o asiático e deitando no colchão no chão depois.
“Eu nunca d
eixaria ele fazer algo ruim a um anjo como você.” Pensou, antes de cair no sono.
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