Yixing acordou se sentindo muito melhor, o que sinalizava que seu cio havia acabado, e viu que Junmyeon já estava acordado, o observando dormir. Sorriu ao sentir a mão do alfa acariciar seu rosto e aproximou-se dele, se aninhando ao seu lado, sentindo-o acariciar suas costas nuas.
Não se arrependia em nada de ter se entregue a Junmyeon. Haviam combinado, após o primeiro dia de cio, que iriam fazer sexo uma vez, no máximo duas, por dia durante o período para não cansá-lo e machucá-lo. O alfa cuidara tão bem de si, havia sido gentil, compreensivo, cuidadoso e amoroso, e Yixing simplesmente se sentia amado e sortudo por tê-lo como seu parceiro.
— Seu cheiro amenizou, Yi. Se sente melhor?
— Sim. Só me sinto um pouco cansado.
Junmyeon deu um riso compreensivo e jogou os cabelos do ômega para trás, fazendo-o, automaticamente, olhar para si, e beijou sua testa.
— Quer voltar para a mansão hoje?
— Que dia é hoje?
— Primeiro de novembro.
Yixing deu um resmungo irritado.
— Tenho até dia quatro de folga.
Junmyeon riu divertido ao sentir o braço do ômega rodear sua cintura.
— Essa semana foi cansativa, acho melhor você aproveitar esses três dias para descansar. E hoje eu tenho que ir dar aula, a professora que estava me substituindo não poderá ir.
— Se você me levar na mansão agora, vai se atrasar.
— Estava pensando em te levar comigo para o trabalho. Você pode ficar na sala comigo ou na sala da reitora. São apenas duas aulas que irei dar, vai ser rápido.
— Eu? Ficar na sala com os seus alunos? Nem morto!
— Você pode ficar com a reitora, então.
— Sozinho?
— Não se preocupe, ela é beta. Além de que ninguém é doido de contrariar ela.
— Que nem o Soo?
— Que nem o Soo... só que pior. — respirou fundo, tomando coragem para se levantar. — Vamos? Temos que tomar banho ainda. Você pode ir na frente.
— Vem comigo.
— Adoraria, mas vou arrumar o café da manhã para não nos atrasarmos.
Yixing fez um bico emburrado e sentou-se no colo do alfa para dar-lhe um beijo de bom-dia e, com o mesmo bico emburrado, dirigiu-se ao banheiro sem se importar com sua nudez, já que não havia mais motivos para se envergonhar.
Junmyeon mandou mensagem para a reitora avisando que iria dar aula e pedindo para que arranjasse um cartão de visitante para Yixing. Levantou-se da cama e catou as camisinhas e o frasco de lubrificante utilizado no dia anterior, e foi ao banheiro para jogá-los fora. Por um breve momento, admirou Yixing no banho e focou-se em colocar uma cueca antes de ir arrumar o café da manhã.
Por mais que tivessem se apressado para não atrasarem, acabaram chegando em cima da hora na faculdade e Junmyeon teve que deixar Yixing em frente da sala onde daria aula para correr para bater o ponto. Yixing ficou encostado na parede, perto da porta, para não atrapalhar a entrada dos alunos e reparou que alguns sorriam para si. Ao ver que Junmyeon voltava, desencostou-se da parede e um dos alunos esbarrou em si.
— Sai da frente, ômega idiota! — disse raivoso.
Yixing assustou-se e pretendia fazer reverência ao alfa para se desculpar, mas foi impedido por uma mão em seu peito, o segurando. Viu Junmyeon olhar bravo para o aluno que, ao ver que havia cometido um grande erro, fez uma reverência respeitosa ao ômega.
— Me desculpe, eu... — Vendo que o professor não relaxaria, sentiu-se coagido e se afugentou dentro da sala.
— Você está bem? — perguntou carinhoso, passando a mão no rosto de Yixing.
— Não foi nada, Jun.
— Eu ouvi o que ele disse. Desculpe por isso ter acontecido, alguns alunos alfas ainda acham que devem ser rudes com os outros.
— Não se preocupe. — levou a mão ao rosto do alfa. — Sei bem como é. — sorriu, como se dissesse que se lembrava de como ele era quando mais novo. — É melhor você entrar, o sinal já tocou.
Junmyeon resmungou e beijou a mão que estava em seu rosto.
— Não vou conseguir te levar na sala da reitora, mas é só você ir no terceiro andar daquele prédio. — apontou para o segundo prédio que aparecia em seu campo de visão.
Yixing sorriu para ele e tratou de ir encontrar a sala da reitora.
Mesmo que Junmyeon tivesse apontado qual era o prédio e o andar, acabou se perdendo ao sair do elevador, já que ele havia esquecido de dizer para qual direção deveria ir ao chegar no andar indicado. Andou pelos corredores vazios, indo de um lado ao outro, até, finalmente, encontrar alguém.
— Com licença! Bom dia! Onde posso encontrar a sala da reitora?
A moça, que fazia uma pausa para beber café, se apressou em atendê-lo.
— Bom dia! Podemos dizer que você já encontrou. — apontou para a porta ao lado dele. — Qual é o seu nome? Tem hora marcada?
— Sou Zhang Yixing e não sei se tenho hora marcada. Junmyeon ficou encarregado disso.
— Junmyeon? Você é o namorado dele?
— Hum... Sim.
— Finalmente estou conhecendo o famoso Yixing! — riu ao ver o garoto arregalar os olhos. — Ele fala muito de você e do irmãozinho.
— Ah... — abaixou a cabeça, envergonhado. — Espero que fale bem.
— Nunca vi falar mal, viu? Olha, você já pode... — calou-se ao ver a porta da sala se abrir.
— Lee, o Junmyeon ainda não chegou? — viu a secretária apontar para alguém. — Oh! Você é o Yixing? — o viu concordar com a cabeça. — Vem! Entre, entre!
Yixing ficou confuso, mas a obedeceu e entrou na grande sala. Ouviu que poderia se sentar onde quisesse e, como não era bobo, sentou-se em uma poltrona, que julgou ser mais confortável, encostada na parede, e ouviu a mulher dar um riso por causa de sua escolha.
— Esse é o seu lugar?
— Não, não. Estou rindo porquê o Junmyeon sempre escolhe esse lugar quando vem aqui.
— Ah...
— Que falta de educação a minha! Meu nome é Lee Go-eun e aquela lá fora é minha filha.
— Prazer em conhecê-la.
— Junmyeon pediu para eu deixá-lo ficar aqui, mas não se preocupe. Irei continuar a trabalhar, mas vamos conversando, ok?
— Uhum. Se eu atrapalhar, pode me falar.
— Já estou acostumada a trabalhar com gente por perto, não se preocupe. Faz tempo que você está namorando o Junmyeon?
Yixing foi pego de surpresa e viu que ela havia perguntado como se fosse algo normal, já que nem desviou a atenção da tela do computador.
— Acho que nem um mês.
— Sério? Tenho certeza de que faz mais tempo do que isso que ele fala de você. — Yixing ficou boquiaberto e sorriu, feliz em saber daquilo. — Ele ficava me enchendo a paciência sobre gostar de um ômega e de não saber o que fazer. Nem parece que é um professor e que vive dando conselhos aos alunos, mas que bom que agora vocês estão juntos. — desviou a atenção da tela e olhou para o garoto. — Nem preciso perguntar se você gosta dele, consigo ver estampado no seu rosto.
Yixing suspeitou que seu rosto havia tomado um tom avermelhado ao ouvi-la.
— Eu gosto dele.
Lee sorriu e voltou a atenção à tela.
— Você estuda? Trabalha?
— Eu trabalho em um cybercafé.
— Ah, verdade. Junmyeon falou alguma coisa sobre isso, mas não está estudando?
— Não.
— Não tem vontade?
— Eu não sei o que fazer, na verdade.
Lee ficou surpresa com a resposta e decidiu fazer uma pausa no trabalho. Saiu de seu lugar e sentou-se na cadeira perto da poltrona.
— Do que você gosta?
— Como assim?
— O que você gosta de fazer?
— Bem... no meu tempo livre, eu gosto de ler, mas também gosto do meu trabalho.
— Você já pensou em ter um negócio próprio?
— Tenho uma ideia em mente, mas acho que é idiota.
— Por que acha isso? — viu o garoto suspirar. — Pode me contar. — esticou o dedo mindinho na direção dele. — Prometo não contar para o Jun.
Yixing aceitou o segredo e se ajeitou na poltrona.
— Eu tenho vontade de abrir tipo uma padaria, mas que seja um lugar agradável para quem queira fazer trabalho, estudar ou fazer um clube de leitura, sabe? Eu disse, é idiota.
— Não é idiota, Yixing. Achei interessante e não temos muitos lugares assim. Mas, nesse caso, você sabe fazer os produtos que quer vender?
— Não... Sei que, para abrir um estabelecimento assim, terei de estudar ou terceirizar o serviço, o que para mim não seria ruim, já que não levo jeito para cozinhar. Eu poderia fazer o café, por exemplo, já que eu já faço isso onde trabalho. O problema mesmo seria ter dinheiro para terceirizar a produção dos alimentos.
— E quanto aos funcionários?
— Eu não me importo de trabalhar também, gosto desse contato com os clientes, mas eu poderia contratar funcionários para me ajudarem. Tem um amigo que trabalha no cybercafé, ele seria um que eu convidaria para trabalhar comigo.
— Esse amigo gosta desse tipo de trabalho?
— Sim. Chanyeol é gentil e sabe tratar bem os fregueses, e agora está procurando melhorar profissionalmente.
— Já pensou em conversar com ele sobre isso?
— Com o Chany? — viu a mulher concordar. — Confesso que não.
— Hum... Supondo que você realmente queira abrir esse estabelecimento e que você se dê muito bem com esse Chanyeol, não acha que seria legal vocês montarem uma irmandade e, juntos, investirem nisso? Claro que você teria de conversar com ele sobre isso e tudo mais.
— É uma ótima ideia, eu realmente não tinha pensado nisso. — viu a mulher sorrir. — Espera. Você está...
— Só estou te ajudando a se encontrar. Você é igual aos alunos daqui, Yixing, tem várias ideias, mas não sabe o que fazer com elas. Você sabe o que quer fazer, mas talvez não saiba como começar, apesar de que eu suspeito que tenha algo a mais te impedindo de dar o primeiro passo. — viu o garoto abaixar a cabeça. — Estou certa? O que é?
— Você não vai contar ao Junmyeon, não é?
— Eu te fiz uma promessa.
— Hum. Eu vejo os rapazes na mansão tomando o rumo deles e sinto que estou ficando para trás, que a minha ideia não é boa comparado a deles. Um está estudando medicina, dois são modelos, um é modelo e policial, o Jun é professor, um é chefe ou sei lá o quê em uma empresa, e eu?
— E você, Yixing?
— Só trabalho em um cybercafé e tenho esse sonho idiota.
— Não é idiota. Nenhum sonho é idiota. Você tem medo do quê? Deles julgá-lo?
— Acho que sim. Também tenho medo do...
— Do quê?
— Do Jun não gostar.
— Por que ele não gostaria?
— Acho que ele espera mais de mim. Ele mesmo tem um título alto, talvez espere o mesmo de mim, e tenho medo dele não me querer mais ao saber o que eu quero.
— Yixing, eu conheço o Junmyeon há alguns anos, aguento ele falando de você e do irmão todos os dias e, se você ao menos soubesse o orgulho que ele já sente de vocês, tenho certeza de que não pensaria isso. Pelo o que eu conheço dele, tenho certeza de que ele irá apoiá-lo independente da sua decisão. O que importa para ele é a sua felicidade, não o que você é ou deixa de ser.
— Você acha?
— Eu não acho, tenho certeza. — sorriu para tranquilizá-lo. — Você parece cansado, vou deixar você sossegado agora. Pode ficar à vontade para tirar um cochilo enquanto a aula não termina. Mas saiba que você tem um parceiro que se orgulha de você, ele só não fala.
— Obrigado.
Yixing observou a mulher voltar ao trabalho e não demorou muito para que cochilasse na poltrona.
Quando a aula terminou, Junmyeon tirou as dúvidas de alguns alunos, bateu o ponto e foi para a sala da reitora, onde encontrou Yixing dormindo, e ficou conversando com sua superior enquanto ele não acordava.
Assim que Yixing acordou, foram embora ao se despedirem da reitora. Junmyeon percebeu que, durante o trajeto, o garoto estava mais calado do que o normal e estranhou. Imaginou que tivesse feito ou dito algo que tivesse o chateado, e aproveitou o semáforo fechado para questionar.
— Eu disse ou fiz algo que te chateou?
— Hum? Não. Por quê?
— Está calado.
— Só estou pensando.
Junmyeon acariciou o cabelo alheio antes de voltar a dirigir.
— Posso saber?
Yixing ficou quieto por quase cinco minutos, tempo suficiente para Junmyeon desistir de saber.
— Hyung, você fica chateado de eu não estar em uma faculdade?
— Hum... Como professor, eu gostaria de ver todo mundo estudando, mas... como Junmyeon, não. Há várias pessoas que conseguem construir uma vida sem ter pisado em uma faculdade. Por quê?
Yixing contou a conversa que teve com a Lee, contou sobre sua ideia de abrir um estabelecimento e, para sua surpresa, o alfa ficou animado e o repreendeu por pensar que iria achar ruim de sua decisão.
Quando todos estavam presentes na mansão, no final da tarde, Sehun e Yifan reuniram todos na sala, exceto Jongin, para uma reunião. Explicaram sobre o teste que Jongin havia participado, que ele precisava de ajuda para ficar entre os selecionados, ou seja, precisava do voto de todos, e mostraram como poderiam fazer para ajudar. E, por livre espontânea vontade, e com um pouco de pressão, os garotos votaram e disseram que iriam pedir para seus conhecidos também ajudarem.
Yifan percebeu que Zitao passou a reunião toda de cara fechada desde o momento em que vira as fotos. Imaginou que fosse apenas um mau-humor comum, mas, ao chegar em seu quarto após a reunião ser encerrada, viu o garoto entrar sem pedir licença.
— Por que não me contou que tirou aquelas fotos? — perguntou irritado.
— Porque não havia motivos para isso.
— Como não, Yifan? Acha mesmo que eu não precisava saber que você iria tirar fotos daquele jeito com um ômega?
Yifan finalmente compreendeu o motivo dele estar irritado.
— Ah... Zitao, está com ciúme? — viu o garoto recuar. — San também estava nas fotos.
— Ele não é um ômega!
— Jongin já namora o Sehun, esqueceu disso?
— Mas não é marcado!
— Quer mesmo entrar nesse assunto? — começou a perder a paciência. — Por que eu iria querer me envolver com ele, hum? Eu gosto de você, Tao, não dele. Jongin é amigo e colega de profissão, entendeu?
— Se você gosta de mim, por que não me ajuda?
— Do que está falando?
— É só o Jongin fazer esse maldito teste que todo mundo corre para ajudar ele, e eu? Eu pedi para trocar de escola faz quase um mês e até agora nada!
— Eu conversei com o senhor Kim sobre o seu caso, ele não aceitou. Ele disse que a escola é ótima, que todos formamos lá, e que não será diferente para você. Se você tem algum problema, deve resolver.
— O meu problema é a escola inteira!
— Tao, suas notas estão melhorando, se você se esforçar irá formar final do ano. Aguente até lá.
— Está dizendo isso porque não é você quem está com problemas! Se você e o Chin-Hwa não fossem alfas, entenderiam!
— Tao...
— Quer saber? Larga mão! Se fosse o Jongin pedindo isso, teriam mudado ele de escola no mesmo instante!
Yifan aproximou-se para tentar acalmá-lo, mas foi empurrado.
— Tao...
— Vá você e o Chin-Hwa para a merda!
O garoto mal terminou de falar e sentiu seu rosto arder.
— Não fale desse modo da pessoa que te acolheu! — sua voz saiu alterada de raiva.
Zitao o olhou magoado, com a mão no rosto onde havia levado o tapa, e recuou assustado com o tom de voz.
Junmyeon estava passando pelo corredor quando viu Yifan bravo, com a mão ainda levantada, e entrou correndo no quarto, empurrando o alfa para longe de Zitao.
— Não sei o que houve e não quero saber! Zitao, melhor você sair. — viu o garoto sair correndo e olhou para Yifan. — E, você, o que pensa que está fazendo?
— Ele estava sendo desrespeitoso!
— Não interessa! Estou decepcionado com você, Yifan! — viu o alfa respirar fundo, se acalmando. — Vou chamar o Kyungsoo. Eu te passei a liderança, então estou tomando de volta.
— O quê?
— Hora de passar a liderança para outro.
— Mas eu sou o mais velho.
— Você quebrou uma regra, cara.
Yifan ficou calado e observou o mais velho sair do quarto.
Junmyeon foi até o quintal, onde Kyungsoo estava brincando com o filho, e o explicou o que havia visto e que queria passar a liderança para Baekhyun.
— O Baek está em casa. Vou mandar mensagem para ele vir aqui e explico o que houve.
— Obrigado. Você viu o Tao?
— Acho que foi ele quem saiu.
— Saiu?
— É. Vi alguém passando pela sala, deve ter sido ele.
Junmyeon foi até a sala e soube, por Jongdae, que realmente era Zitao quem havia saído.
Em menos de cinco minutos, Baekhyun chegou na mansão e escutou o que Junmyeon tinha para contar e, antes de saber se aceitava ou não a liderança, subiu para conversar com Yifan, que confirmou o que Junmyeon havia dito e explicou o que havia acontecido. Decidiu, então, chamar os alfas e Kyungsoo para uma reunião e se reuniram na sala de jantar.
— Junmyeon não pode mais ter a liderança porque, em teoria, já não mora mais aqui, e Yifan acabou de perder a liderança por quebrar uma regra. — Baekhyun resumiu o que estava acontecendo. — Portanto, resta a mim e ao Sehun para liderarmos. Eu até aceitaria a liderança, mas já sou responsável por uma família, mal tenho tempo livre por causa do trabalho, além de que, em menos de dois anos, terei de passar a liderança para outro. Então, acho que está na hora de termos uma liderança mais jovem.
Sehun percebeu que ele estava falando de si e, ao ver todos olhando para si, deu um riso nervoso.
— Eu? Estão doidos, né?
— Por quê? Você é o único alfa que resta e é o que tem mais tempo livre. Não acha que está na hora de pegar a liderança?
— E o Soo? Ele praticamente já cuida da gente. Por que não pode ser ele?
— Eu não sou alfa, Sehun.
— Mas... eu sempre fiquei em último nas coisas. E se algo acontecer?
— Tenho certeza de que você dará conta. — Yifan disse.
— Além de que, pegando a liderança agora, com o tempo você irá pegar o jeito. — Baekhyun argumentou. — Desde que siga as regras, que já conhece, você se dará bem.
— Você será um bom líder, Sehun. — Kyungsoo disse para confortá-lo. — E não iremos te deixar sozinho, vamos te ajudar.
Sehun pensou sobre o assunto e, vendo que não teria muita escapatória, aceitou a liderança ao confirmar que os alfas não ficariam irritados por estar pegando o cargo.
— Como líder, você precisa me dar um castigo. — Yifan avisou.
Sehun abaixou a cabeça ao vê-los ainda o olhando, esperando uma resposta, até sentir uma mão em seu queixo, fazendo-o erguer a cabeça.
— Não abaixe a cabeça para nós mesmo que fique assustado ou em consideração por sermos mais velhos. Você é o líder agora. — Junmyeon alertou. — Mas não deixe o título confundi-lo, ainda há momentos em que você deve prestar respeito pelos mais velhos. Entendeu?
— Sim. — respirou fundo e olhou para Yifan, que ainda esperava pelo castigo, e levantou-se. — O seu castigo será refletir sobre o que você fez e se desculpar com o Zitao. — olhou para todos. — Reunião encerrada.
Assim que Sehun saiu da sala, todos se olharam espantados por ele ter encerrado a reunião de maneira tão séria e riram baixinho.
— Ele leva jeito. — Baekhyun disse e deu tapinhas no ombro de Yifan. — Boa sorte com o seu castigo.
Yifan resmungou, sabendo que teria problemas em conseguir se desculpar com Zitao.
Jongin saiu do banheiro com dificuldade, já que não queria que a filhote saísse, mas ela foi mais esperta e conseguiu passar por um vão que surgiu entre a batente e sua perna. Desesperado por ela estar molhada, correu atrás dela com medo de que molhasse alguma coisa e a viu entrar em seu quarto. Correu para o cômodo e deparou-se com Sehun sentado na cama, tentando conter a filhote que queria pular em si.
— Não deixe ela pular na cama! Segura ela!
Sehun se assustou com a ordem e tentou segurá-la.
— Por que ela está molhada?
— Estou dando banho nela, mas esqueci de pegar o secador. — explicou enquanto procurava pelo secador de cabelo.
— Por que não usou a toalha?
— Só com a toalha vai demorar e o sol já está se pondo. — ao virar-se para onde eles estavam, após encontrar o secador, viu a filhote em cima da cama. — Eu não falei para não deixar ela subir?
— Que culpa eu tenho se ela não para um segundo?
Jongin aproximou-se bravo e pegou a filhote no colo.
— Vou ter que trocar a roupa de cama, sorte que não molhou muito.
Sehun viu o namorado sair com a filhote no colo e o seguiu para o banheiro, ficando quieto enquanto o observava secá-la. Assim que ele liberou Medeia, assustou-se ao vê-lo tirar a camiseta, ainda de costas para si.
— Eu vou te esperar aqui fora. — disse, já saindo do banheiro.
Jongin não havia percebido que ele estava lá até ouvi-lo e, com um sorriso sapeca, aproximou-se, puxando-o pelo cós da calça, e prendeu sua cintura com os braços.
— Não me importo de tomar banho com você. É bom que poupa água.
— Nem vem, Jongin.
— Por quê? — o roubou um selinho. — É só trancar a porta que não teremos problemas com o Yifan nos castigando.
Sehun suspirou, desanimado.
— Yifan não é mais o líder.
— O quê? — perguntou surpreso, desmanchando a cara pervertida e desistindo de seu plano de apertar as nádegas do alfa. — Como assim? Quem é agora? — soube a resposta ao vê-lo desviar o olhar. — Você? — o viu assentir e o abraçou decentemente. — E por que está com essa cara? Achei que era algo importante e que todos quisessem.
— Eu não sei se darei conta.
— Hã? Você consegue, Hunnie. — jogou a franja do alfa para trás. — Eu sei que consegue. — Sehun bufou e apoiou a testa no ombro de Jongin, abraçando sua cintura. — Tem certeza de que não quer tomar banho comigo? Podemos fazer várias coisinhas.
Sehun rapidamente o soltou e respondeu um "não", que Jongin achou engraçado, enquanto saia e fechava a porta.
Na segunda-feira, Jongin acordou agitado e não deixou ninguém em paz enquanto não saísse o resultado do teste que havia feito e, para o azar de todos, o resultado acabou atrasando, o que significava que teriam de aguentá-lo ansioso por mais tempo. Quando o resultado saiu, no início da noite, o garoto encarou a tela do notebook de Sehun, que esperava o resultado consigo, e ficou calado.
— Não ligue para o resultado, você terá outras chances. — Sehun tentou confortá-lo, acariciando sua cabeça.
Jongin respondeu com um "hum" e saiu do quarto do alfa, alegando que iria ligar para Hongjoong para dar os parabéns para San, que havia conquistado o primeiro lugar.
Mesmo suspeitando que estava mentindo, Sehun não foi atrás dele, sabia que estava chateado e que era melhor ficar um tempo sozinho. Olhou novamente para o resultado da votação, encontrando San em primeiro lugar e Jongin em quinto, sendo este desclassificado por haver apenas três vagas.
Sehun não teve grandes problemas para resolver nos primeiros dias de liderança, mas, assim que soube do que estava acontecendo com Zitao na escola, principalmente com seu colega de turma, decidiu que deveria tomar uma providência. Apesar de Yifan tê-lo dito que Chin-Hwa não mudaria Zitao de escola, marcou um horário com o alfa e o encontrou em seu escritório na agência, antes de ir trabalhar.
Chin-Hwa escutou atentamente o que havia acontecido para Yifan ter perdido a liderança, os motivos de Baekhyun ter recusado o cargo e a ideia que Sehun tinha para, pelo menos, amenizar o problema de Zitao. Sehun argumentou que, mesmo que sua ideia não solucionasse o problema geral, mudando Zitao de sala poderia, pelo menos, mantê-lo longe do alfa que era o problema central, já que as salas dos terceiros anos ficavam em lados opostos do corredor. Chin-Hwa ficou surpreso por Yifan nunca ter pensado na ideia apresenta e a aceitou.
Zitao ficou feliz com a notícia, mesmo que não solucionasse seu problema, e o agradeceu por ajudá-lo. Porém, ainda estava irritado e chateado com Yifan, ao ponto evitá-lo mesmo vendo suas tentativas de se desculpar.
De acordo com que os dias iam passando, os rapazes perceberam que Jongdae se irritava com pequenas coisas e que até mesmo seu programa favorito de mágica o aborrecia. Junmyeon tentou conversar com ele para tentar saber o que estava acontecendo, mas o garoto sempre respondia que não havia acontecido nada e que não sabia porquê estava irritadiço.
— Pode ser o cio dele. — Kyungsoo lembrou quando o alfa foi atrás de si em busca de ajuda. — Ele já está na idade.
— Mas não sinto cheiro nenhum.
— Logo deve aparecer, às vezes demora. Lembra que o do Zitao também demorou? — viu o alfa começar a andar de um lado ao outro em seu jardim e segurou seus ombros. — Daqui a pouco você vai abrir uma cratera aqui. Sei que está preocupado com ele, mas você tem que manter a calma para não deixá-lo assustado. Lembre-se de que vai ser a primeira vez que ele terá o cio. Se ele for alfa, precisará da sua ajuda, se ele for ômega, tenho certeza de que os rapazes irão ajudá-lo.
— Tenho medo de que ele seja ômega. — confessou.
— Por quê?
— Chegará um dia que não poderei mais protegê-lo.
Kyungsoo sorriu compreensivo.
— Tenho certeza que o Dae tem ótimos exemplos de ômegas na vida dele.
— Um revoltado, um pervertido e um maluco não são bons exemplos. Só sobra o Yixing. — ganhou um tapa na cabeça. — Ai!
— Você está esquecendo que, mesmo que eles sejam tudo isso que falou, o que não posso negar, eles são independentes e sabem se virar.
Junmyeon resmungou e foi despachado do jardim por um Kyungsoo bravo por estar pisando em sua cenouras.
No final da noite, quando todos já estavam dormindo, Junmyeon levou Yixing para a biblioteca, com a desculpa de que estava com saudade, e sentou-se na poltrona com ele em seu colo. Enquanto aproveitavam a companhia um do outro, com beijos e carícias, não ouviram passos arrastados se aproximando pelo corredor.
Jongdae procurou pelo irmão no quarto e, não o encontrando e sabendo que ele não estava nos andares inferiores, o procurou na sala de treino e foi conferir na biblioteca, entrando ao perceber que havia alguém lá.
— Jun... está doen...
Tanto Junmyeon quanto Yixing tiveram a mesma reação de parar o que faziam e olhar em direção da entrada ao ouvirem a voz do garoto.
— Dae! O que está fazendo aqui? Deveria estar dormindo.
Yixing percebeu que Jongdae abraçava a própria barriga e, preocupado, foi em sua direção, agachando em sua frente.
— Dae, por que está assim? — perguntou calmo e levou a mão na testa do garoto para ver se estava com febre.
Junmyeon levantou-se rapidamente ao ver o namorado cair para trás ao ser empurrado e olhou bravo para o irmão, que, igualmente, o olhou bravo antes de sair correndo.
— Jongdae! — gritou, indo em direção da porta, mas parou ao sentir Yixing segurar a barra de sua calça. — Você está bem? Ele te machucou?
Yixing levantou-se com a ajuda do alfa e sorriu minimamente.
— Estou bem. Jun, o Soo estava certo. Antes do Dae me empurrar, consegui sentir a testa dele, ele está com febre.
— O quê?
— O cio dele está começando.
— O cio do Jongdae? O... O que eu faço?
— Diante da irritação que ele está, melhor nós dois não fazermos nada.
— O que aconteceu? — Sehun perguntou ao chegar na biblioteca. — Ouvi alguém gritar. — Junmyeon explicou para ele o que havia acontecido. — Já dá para saber o que ele é?
— Eu não reparei se ele tinha algum cheiro. — Junmyeon confessou.
— Ele é ômega. — Yixing respondeu como se fosse óbvio.
— Quê? Como sabe?
— Jun, ele estava abraçando a própria barriga, estava com os olhos marejados, provavelmente está com dor, além de que ele está com febre.
— Mas... não faz sentido! Ele estava tão irritado esses dias. Que eu saiba são alfas que ficam irritados.
— Pode ter acontecido alguma coisa que não saibamos. — Sehun deduziu. — Tem certeza que o Dae é ômega, Yixing?
— Tenho.
Sehun respirou fundo.
— Já sabe o que isso significa, certo? — perguntou para Junmyeon, mas não esperou por resposta. — Sendo o primeiro cio, o cheiro será mais forte. Acorde o Yifan e fale que iremos sair da mansão agora. Vou chamar o Baekhyun.
Sehun deixou os dois para trás e correu para a casa de Kyungsoo, se arrependendo de não ter se agasalhado antes de sair, e bateu na porta.
— O cio do Dae está começando. — informou afoito assim que o beta abriu a porta. — É melhor todos os alfas saírem.
Kyungsoo estava sonolento por ter acabado de pegar no sono quando Sehun o acordou.
— Vou... O quê? — despertou ao perceber o que ele havia dito. — Cio do Jongdae? Como ele está? Vou chamar o Baek. Sai do frio!
Sehun entrou para não ficar no frio enquanto os esperava e logo viu Baekhyun sair do quarto.
— Já chamou os outros?
— Junmyeon ficou de chamar o Yifan.
— Vá arrumar suas coisas. Já que eu vou.
Sehun assentiu e voltou correndo para a mansão. Arrumou uma mala com roupas limpas e alguns pertences, e desceu para o quarto de Jongin. Entrou devagar para não assustá-lo e nem a filhote, e o acordou.
— In, estou indo para o meu apartamento.
— O quê? — procurou o celular debaixo do travesseiro e olhou as horas. — Por quê? Acabamos de deitar.
Sehun explicou o que estava acontecendo, fazendo Jongin também despertar.
— Não sei quem vai cuidar do Jongdae, mas provavelmente o Kyungsoo está vindo. Posso contar com você para ajudá-lo na minha ausência?
— Eu? Mas o Jongdae é só uma criança!
— Adolescente.
— Você me entendeu! Eu não sei o que fazer, Sehun!
— Tenho certeza de que você saberá o que fazer. — deu-lhe um selinho. — Posso contar com você?
Jongin suspirou, vencido.
— Irei tentar.
— Obrigado.
Sehun o deu um beijo de despedida e, ao se certificar de que todos os alfas já haviam saído, foi embora para seu apartamento.
Jongin saiu de seu quarto e andou em silêncio até a porta do quarto de Jongdae e, ao ouvir sons de choro, abriu a porta devagar.
— Dae... É o Jongin. Posso entrar? — assustou-se ao ver o garoto avançar bravo e conseguiu recuar antes da porta bater.
Kyungsoo chegou a tempo de ver o que havia acontecido e tranquilizou Jongin dizendo que não era culpa dele. Avisou que estaria dormindo com Lu Han na sala e que, qualquer coisa que ouvisse, era para chamá-lo.
Mesmo com toda a calma do beta diante a situação, Jongin ficou sem saber o que deveria fazer. Sentia que errado deixar Jongdae sozinho e simplesmente ir dormir, mas também não sabia se deveria insistir, o que poderia deixar o garoto mais irritado. Sentou-se no corredor, esperando que algo acontecesse, e, após uma hora de espera, adormeceu.
Acordou de manhã com lambidas de Medeia no rosto e ficou surpreso por estar protegido com uma coberta, e ficou mais surpreso ao notar que Jongdae estava dormindo abraçado ao seu corpo. Um pouco perdido sem saber o que fazer, conseguiu levantar-se sem acordá-lo, o pegou no colo, e o levou para o quarto. Colocou-o na cama, o cobriu, e sentou-se na cadeira da escrivaninha para o vigiar.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.