O céu estava bonito naquele dia, deixando claro que a primavera estava mais próxima do que nunca. Era a última semana de fevereiro, era a última semana que podia chegar do trabalho e ficar deitado na neve sem se preocupar em sujar a roupa com a terra, mas estava bem com isso, até porque a primavera era a sua época favorita do ano. Era como um novo começo, era a época onde as plantas, flores e árvores voltariam a ficar coloridas, assim como era a época que os pássaros voltavam do sul para os seus lares. Gostava da primavera, pois, os dias não eram tão gelados como no inverno, mas também não eram tão quentes como no verão, era a época em que o clima era posto sobre uma balança e ficava equilibrado. Recomeço, foi isso que Sakura e ele planejaram para aquela primavera.
Estavam bem depois de alguns desentendimentos e falta de diálogo de ambas as partes. Ela finalmente tinha sido sincera por completo com ele. Não foi nada fácil começar a falar sobre o passado, por isso a apoiou e garantiu que o que quer tenha acontecido dois anos atrás, nunca iria interferir nos sentimentos que tinha por ela. Não importava o que fosse, Sakura Haruno sempre seria Sakura Haruno, a garota misteriosa, depois a garota sem esperanças, a garota com medos e traumas, depois a garota falante, divertida e a garota que conseguiu conquistar o seu coração sem muito esforço. Repetiu várias e várias vezes o quanto a amava, sem pôr, nem tirar. Não iria se cansar de repetir a ela, esperava que tivesse muito tempo e muitas oportunidades para dizer, até mesmo quando ela já tivesse a certeza absoluta dos seus sentimentos.
Sasuke tinha acesso ao passado dela, entendia — agora mais do que nunca — o motivo de ela ser traumatizada em relação a confiar nas pessoas, em ser gentil com as pessoas, pois um dia foi gentil com o "amigo" do seu irmão e ainda assim, ele a fez muito mal, tirando dela a oportunidade de ter uma adolescência como a das amigas da época. Ela não deu muitos detalhes sobre o sequestro, porém explicou como pôde, se forçando ao máximo para não fraquejar em suas palavras, mesmo tendo fraquejado várias vezes enquanto contava. Como ele já sabia, ela acompanhou aquele homem até a casa dele, acreditando que era algo relacionado ao seu irmão. Hidan, a enganou dizendo que Shin tinha passado a noite em sua casa, estava bêbado e pediu para ela ir buscá-lo, como iria levar alguém para a sua casa, não seria conveniente que Shin estivesse presente.
Ela foi sem pensar duas vezes, ambos estavam brigados, mas não queria que o seu irmão continuasse agindo feito uma criança e incomodando os outros por conta de uma briga entre eles. A verdade era que Shin sequer passou alguma das noites em que ficou fora de casa, na casa do "seu amigo" e naquele dia quando chegou na casa daquele homem, descobriu que ela mesma era a tal pessoa a qual Hidan comentou no caminho.
— O que você está fazendo aí? — Sua mãe perguntou quando entrou no quarto e o encontrou embaixo da cama. — Sasuke?
— Procurando o meu relógio, eu deixei em cima da cama, mas quando fui arrumar, voou em algum lugar assim que eu sacudir o cobertor. — Focou com a lanterna do celular por todos os lados, vendo que não tinha nada. — Eu vi caindo por aqui, mas não está e não é pequeno.
— Procure outra hora, agora está na hora do jantar. — Suspirou alto, saindo sem muita dificuldade debaixo da cama. — Você tem outros relógios, por que faz tanta questão desse?
— A senhora sabe que a sua unha vai crescer de novo, então por que faz tanto drama quando uma quebra?
— Você me respeita, garoto. — Sorriu, indo até a sua mãe para abraçá-la, enquanto a mesma continuava com aquela expressão brava. — Tá, tá, vamos logo descer.
— Aquele relógio é importante 'pra mim. — Respondeu a pergunta da sua mãe, saindo do quarto ao seu lado. — Foi o único que eu comprei com o meu próprio dinheiro.
— É por isso?
— É, todos os outros eu meio que obriguei as pessoas a comprar 'pra mim. — Sua mãe o olhou desacreditada, ele gargalhou alto e olhou para ela com uma sobrancelha levantada. — A senhora e o Ino que lutem comigo!
— Agora que eu já sei, a Ino que lute com você, porque eu nunca mais vou comprar nada 'pra você. — Deve ter feito uma expressão engraçada, já que ela soltou uma risada e passou na frente, indo em direção a escada. — Não fique parado aí, Sasuke, ainda temos que jantar!
Após sentar-se na mesa, não demorou muito para começarem a se servir e naquela noite o seu pai estava muito falante, fazia muito tempo que não o via assim. Talvez a nova amizade com os vizinhos estivesse lhe fazendo bem ou era pelo fato de não estar trabalhando naquele inverno. Não tinha certeza, mas ele estava andando com um humor extremamente agradável. No dia anterior até mesmo removeram a neve acumulada da calha da casa juntos, já que poderia cair a qualquer momento por conta do peso, enquanto faziam o serviço, conversaram mais do que conversavam durante o ano inteiro e foi divertido, não se sentiu inseguro ou com medo de dizer alguma coisa que talvez o seu pai não gostasse.
Agora ali, naquela noite, o mesmo estava animado e falante, falando sobre os seus projetos de reformar a casa, até então ele estava calado, porém do nada o genitor perguntou sobre os seus planos para aquele ano e perguntou quando ele pretendia começar a faculdade. Tinha alguns planos para aquele ano, mesmo que não gostasse de criar tantas expectativas, já que a qualquer momento poderia sair como ele não planejou. Ainda assim, comentou sobre a prova que faria no final de março, disse que estava confiante e que estava se esforçando para quando este dia chegasse, se saísse bem, então quando Maio chegasse, iria começar a faculdade. Seu pai lhe desejou sorte, em seguida perguntou sobre o seu emprego.
Deixaria de trabalhar quando começasse a fazer faculdade, mas iria conseguir um outro emprego de meio período na parte da tarde, já que pretendia ir à universidade durante a manhã. Seu pai concordou, dizendo que ele poderia dar um tempo do trabalho e se dedicar somente aos estudos, pois não tinha problema nenhum em estudar, mas não era isso que Sasuke queria, apesar de ainda depender muito dos genitores, gostava de ter o seu próprio dinheiro. Diante a última pergunta, foi pego de surpresa, afinal o genitor perguntou se ele tinha algum plano em relação ao seu namoro e ele não se sentiu confortável em falar sobre isso. Era completamente difícil falar com seu pai sobre aquele assunto, com a sua mãe era muito, muito mais fácil, pois ela sempre foi muito aberta em ouvi-lo.
Comentou sobre alguns planos com a Sakura, alguns objetivos para ajudá-la a se relacionar com a sociedade e preferiu não comentar sobre isso com o ele, pois ele ia perguntar o que levou Sakura a ter certo receio em sair por aí como uma jovem normal. Não queria perder a confiança dela, já que lutou para chegar e fazê-la contar sobre o que aconteceu quando estava no cativeiro e nas mãos daquele monstro. Ainda era muito difícil imaginar, ele sequer tentou, não tinha como imaginar aquelas coisas horríveis que ela sofreu, principalmente quando se tratava de estupro. Ela era alguém muito, muito forte, sentia orgulho dela, afinal mesmo depois de tudo que passou, dos dias em que foi tocada sem seu consentimento e agredida, ainda tinha esperanças de algum dia conseguir se envolver com alguém de corpo e de alma.
Juntos decidiram que a primavera seria um novo começo, iriam fechar algumas portas do passado e abrir novas portas para o futuro, ao lado um do outro, incentivando e servindo de apoio quando as coisas ficassem difíceis. Estavam cientes de que não seria tão fácil e iam se preparar aos poucos para enfrentar problemas futuros. Era admirável o que sentia, o tamanho do amor e do orgulho por ela ainda se manter de pé, não tinha explicação. Entendia o que a levava a ter aquelas crises e recaídas, ela passou vários dias sendo torturada fisicamente e psicologicamente por aquele monstro. Passou vários dias sem se alimentar ou beber, pois a única coisa que recebia era agressões.
Confessou que a todo momento pensou em desistir, desejou morrer para colocar um ponto final em tudo aquilo, era inverno, fazia muito frio e estava sem nenhuma peça de roupa ou alguma coisa para se aquecer. Nunca entendeu o motivo de não ter morrido de hipotermia ao constatar pelo o seu estado. Era tão grave, que foi considerado um milagre ter sobrevivido todos aqueles dias. Disse que por muitas vezes sentiu raiva dos seus pais, já que aquele ser desprezível mexeu tanto com o seu psicológico, alegando que ninguém estava se importando com o seu sumiço, que quando ela foi resgatada, mal conseguia olhar no rosto dos pais, pois ainda sentia receio e ainda acreditava que era verdade, mesmo vendo o quanto eles estavam felizes em vê-la novamente. Por incrível que pareça, nunca conseguiu culpar ou sentir qualquer raiva do seu irmão com relação ao sequestro.
Seu rancor por ele surgiu depois das atitudes escrotas quando já estava em casa. Aquilo agora era passado, tinha perdoado e pedido perdão a Shin. Ambos se davam bem novamente, não tinha mais aquela tensão de antes e vez ou outra até ia para o quarto dele assistir filmes juntos. Ela queria mesmo recomeçar, principalmente porque tinha parado para pensar e na sua vida, desde que se mudou para aquele bairro, teve mais motivos para sorrir do que para chorar, então não era justo ignorar esse ponto tão importante. Merecia uma nova chance, ela queria uma nova chance, a vida estava lhe dando, o seu dever agora era agarrá-la e ser feliz.
— Eu falei 'pra você sobre as perguntas do meu pai? — Perguntou de repente, quando o assunto anterior tinha morrido e eles ficaram em silêncio. — Não lembro se contei, mas acho que não.
— A última coisa que você falou sobre o seu pai, é que talvez ele volte a trabalhar na segunda semana de Março. — Virou o rosto e encarou a sua namorada, esta que estava roendo os cantinhos das unhas. — E não tem nenhuma pergunta aí.
— Na quinta-feira ele me perguntou sobre os meus planos para esse ano. Faculdade, trabalho e… Sobre o nosso namoro. — Sakura perdeu o interesse em suas unhas e olhou para ele com curiosidade. — Fiquei muito surpreso com a última pergunta.
— O que você respondeu? — Encostou a cabeça no ombro dele, sentindo o calor de seus corpos se misturar e era agradável. — Sobre todas essas questões.
— Bom, sobre a faculdade, eu falei sobre a prova que eu vou fazer e ele me desejou sorte. Sobre o trabalho, falei a verdade, que eu vou sair porque vai ficar muito puxado 'pra mim. — Estalou a língua com um pouco de frustração, apesar disso, gostava muito de trabalhar no Shopping. — Ele disse que se eu quisesse, poderia me dedicar somente aos estudos, mas eu gosto de trabalhar e ter o meu próprio dinheiro.
— Sasuke, você vive pedindo 'pra Ino te comprar as coisas, então o que diabos você faz com o seu dinheiro? — Perguntou desacreditada, ele soltou uma risada e colocou uma expressão misteriosa em seu rosto. — Okay, talvez eu tenha medo de saber.
— Não seja boba. Na verdade, o meu salário é bem gentil, aí eu faço planos 'pra ele o mês inteiro. — Confessou, virando seu corpo de lado, mas sem tirar a cabeça dela do seu braço. — Eu dou a metade 'pra minha mãe usar no que precisa em casa e a outra metade eu fico. Uso uma parte 'pra manter o burguês que vive dentro do meu cachorro e outra metade, sei lá o que acontece.
— Por que você não confessa que usa 'pra sustentar o burguês que vive dentro de você também? — Sasuke gargalhou e negou com a cabeça várias vezes. — Ah, já sei! A outra metade você gasta comprando lanche no shopping!
— Bem… isso eu não vou discordar. Temari e eu sempre vamos na praça de alimentação comer. — Ela sorriu, ele a olhou e beijou o topo da sua cabeça. — Eu gostaria de te levar 'pra passear comigo qualquer dia.
— Hum… Um encontro? — O olhou com os olhos brincalhões, vendo as bochechas dele ficarem coradinhas. — Por que ficou vermelhinho?
— Você faz isso comigo de propósito. — Soltou uma risada envergonhada, ela gargalhou e deixou um beijo sobre o seu peito. — Mas eu não me importo de ter um encontro com você.
— Tá bom, qualquer dia podemos ter um encontro. — Sorriu, ele ficou ainda mais vermelho e concordou com um aceno. — Ah, você nem disse qual a resposta que deu ao seu pai sobre o nosso namoro.
— A é, acabei esquecendo e mudando de assunto. — Revirou os olhos diante a própria distração. — Eu disse que tínhamos planejado algumas coisas juntos, mas que eu não queria entrar em detalhes até termos certeza.
— Amor, se você tiver respondido isso ao seu pai, ele vai pensar que estamos pretendendo nos casar e morar juntos. — Disse com certa ironia, ao mesmo tempo mantinha um tom divertido. — Espero que ele não tenha pensado isso.
— Acho que ele não pensou nisso. Meu pai sabe que eu não quis falar porque não me senti bem em ter esse tipo de conversa com ele.
— O que é muito ruim, espero agora do fundo do meu coração que ele tenha pensado que vamos nos casar e morar juntos. — Seu tom saiu com um pouco de tristeza, ele apenas sorriu e ficou feliz por ter uma namorada tão maravilhosa e empática. — Queria muito que a sua relação com ele mudasse e que fossem como meu pai e eu. Ainda torço por esse dia.
— Obrigado, um dia a gente chega lá. — Segurou o queixo dela com a mão do seu braço livre, levantando o seu rosto para cima na intenção de beijar seus lábios. — Você é maravilhosa, sabia?
— Aprendo com o meu namorado todos os dias. — Não tinha como não amá-la. Sasuke sorriu e deixou um selinho em sua boca. — Te amo.
— Tenho certeza que ama, e saiba que é recíproco.
O resto daquele dia, ficaram deitados na cama, jogando conversa fora e falando sobre o início de tudo. Sakura estava animada, contando sobre como se sentiu quando se viram pela primeira vez. Voltando ao passado, a primeira vez em que se viram foi quando ele estava ajudando a senhora Haruno a montar o guarda-roupa, Sakura entrou no quarto desesperada, pois estava tendo uma alucinação e até mesmo chegou a gritar de susto quando viu que tinha mais alguém no quarto além da sua mãe. Lembrava perfeitamente de que quando ela ficou mais calma, parou para prestar atenção à sua volta e seu olhar parou brevemente nele, em seguida ela saiu às pressas do quarto, voltando para o seu próprio quarto completamente envergonhada. Ele lembrou que a senhora Haruno e ele ficaram muito confusos com a reação dela, depois de quase um ano, finalmente descobriu o que realmente aconteceu e o que a levou a correr do quarto daquele jeito.
Naquele dia, foi a primeira vez desde muito tempo que ela não recebeu um olhar de pena ou de lamentação sobre si, mas sim um olhar questionável e preocupado de um garoto extremamente lindo. Gargalhou alto e um tanto envergonhado quando ela falou sobre a primeira vez em que ele entrou em seu quarto a pedido da sua mãe. Disse que ficou surpresa com o desespero dele, ao ponto de se questionar o que tanto ele temia quando se tratava dela. Quando ele saiu do quarto após deixar a bandeja de comida na cadeira, ela começou a rir sozinha assim que ele fechou a porta, o mais engraçado foram as palavras emboladas e os pedidos de desculpas, quando não estava fazendo nada de errado. Bom, tecnicamente ele estava morrendo de medo dela começar a gritar e a senhora Haruno pensar que ele estava fazendo alguma coisa contra a sua filha.
Confessou que realmente sentia um pouquinho de medo, afinal ela era sempre muito séria e era muito difícil de saber o que ela estava pensando ou o que ela desejava. Por exemplo, no dia em que ele levou Shiro pela primeira vez à sua casa, a senhora Haruno precisou entrar no quarto para dizer que ela gostaria que ele ficasse. Parando para pensar, ela meio que foi a primeira a tomar iniciativa e os levou aquele relacionamento. Sobre Shiro, como ele sempre imaginou, ela esperava vê-los todas as noites da janela de seu quarto, confessando que era a melhor parte do seu dia/noite. Gostava de observar duas coisas fofas no quintal, altas horas da noite e ele sequer chegou a vê-la alguma vez, mas disse que sempre olhava para a janela e era engraçado, pois ele sentia que ela estava ali. Aquela cortina sempre fechava no exato momento em que seus olhos iam em direção a janela da casa dos vizinhos.
Era muito hilário falar de tudo aquilo, foram momentos vividos por eles, que pareciam ter acontecido no dia anterior, quando na verdade faria um ano em Abril. Seus planos era se tornar amigo da filha antissocial da senhora Haruno, no entanto ele conquistou muito mais do que isso. Além da amizade da garota, conquistou sua confiança e o seu amor. Se o Sasuke de agora, falasse para o Sasuke de um ano atrás que ele teria uma namorada e que não seria a Karin, ele com certeza ia duvidar. Até porque naquele tempo, sua mente insistia em querer alguém que estava cagando para a sua existência e naquela época, não parava para ouvir o seu coração. Tudo bem, tudo aconteceu como tinha que acontecer e o tempo se dispôs a colocar no lugar as pessoas nos lugares certos.
O seu lugar era ao lado de Sakura Haruno, a vizinha que de alguma forma, deu força e coragem ao seu coração, até ele ser ouvido. Tinha uma namorada e tinha finalmente conhecido o amor verdadeiro de um casal. Karin pode até ter sido o amor da sua adolescência, mas Sakura era/é o amor da sua vida e disso ele tinha certeza.
(...)
— A Tenten falou sobre o aniversário dela… — Era primeiro de março, o dia em que eles tinham combinado de começar uma nova fase das suas vidas. — Ela falou com você?
— Sim, na verdade, a Ino me falou há alguns dias e hoje a própria Tenten comentou comigo. — Deixou de rabiscar na folha de caderno, olhando para ela, vendo que ela estava bem pensativa e ele sabia o motivo. — Sei que combinamos sobre recomeçar, mas se você não quiser ir, não tem problema.
— Eu quero ir, tipo, quero ir muito mesmo! Mas eu só vou se você for também. — Ela deixou claro a sua condição e ele ficou confuso, afinal o que a levou a acreditar que ele não iria? — Vai ser em uma sexta-feira de noite e rolar até na manhã do sábado…
— Oh, eu trabalho… — Coçou a nuca, entendendo agora a incerteza da sua namorada. — Podemos ir, mas a gente volta antes das 3h. Aí eu durmo um pouquinho antes de ir trabalhar na manhã do sábado.
— Tem certeza? Não vai ficar muito puxado 'pra você? — Negou com um movimento de cabeça e voltou a rabiscar a folha de papel com o giz de cera. — Certo, então você confirma com ela.
— Uhum, mais tarde, porque agora eu estou muito ocupado. — Respondeu sem desviar os olhos do que estava fazendo, Sakura sorriu e se aproximou curiosa. — Se você vir me zoar, eu vou ficar muito triste.
— Mas eu não faço essas coisas, meu amor. — Teve o prazer de desviar sua atenção do desenho, somente para observar aquela expressão cínica da mais nova. — Você é talentoso... do seu próprio jeito e é isso que importa.
— Sinto que isso foi uma piadinha, Sakura. — Sakura gargalhou, negando com a cabeça, ele fez um biquinho e voltou a olhar para o desenho. — Só queria desenhar algo legal 'pra você.
— Ôh, meu amor, mas você está desenhando algo legal 'pra mim. Sabe de uma coisa? — Parou de desenhar quando ela tocou em sua mão e ganhou a sua atenção totalmente. — Não importa se é bonito ou não, tudo que vem de você é incrível e eu sempre vou gostar.
— Você é tão melosa. — Soltou uma risada, ela sorriu e o abraçou mesmo que estivessem sentados no chão. — Mas eu gosto, gosto muito.
— Não mais do que eu. — Beijou o pescoço dele e respirou o seu cheirinho gostoso. — É incrível ter você na minha vida, sabia?
— Obrigado. — Se afastou do pescoço dele, em seguida alcançou os seus lábios, dando início a um beijo calmo e cheio de afeto, enquanto deixavam as preocupações de lado.
Não seria legal iniciar aquela linda estação do ano com incertezas e preocupações, era uma nova oportunidade para começar uma vida diferente. Sakura desejava sair mais, voltar a passear pelos os lugares sem sentir medo e queria muito conhecer os lugares legais que Konoha tinha a oferecer. Fazia quase um ano que tinha se mudado, no entanto, as únicas vezes que saiu de casa, foi para ir a casa de Sasuke, esta que ficava ao lado da sua e a maior distância que chegou a ir, foi na vez em que deixou Ino e Tenten na estação de trem junto com ele, porém sequer chegou a descer do carro, assim como não demorou nem meia hora longe de casa. Todo aquele cenário iria mudar, estava disposta a se tornar alguém melhor e alguém que fosse do seu agrado, pois não gostava muito daquela Sakura medrosa.
Sorriu no meio do beijo quando lembrou do desenho dele. Estava engraçado, mas fazer o que, o amava e sempre o amaria. Aquilo era amor, agora entendia o porquê do ditado se referir ao amor como se ele fosse cego. Não, para ser sincera, o amor é cego aos olhos comuns, todavia, nos olhos da alma, do coração e da mente, o amor enxerga com nitidez, com clareza e de uma forma que os olhos comuns jamais poderão ver. Não era mentira quando dizia que ele era talentoso do seu próprio jeito, apesar de não ser como os desenhos que ela costumava fazer, os desenhos dele eram engraçados e fofos, isso o tornava único. Zoava com ele vez ou outra, porém sabia que ele gostava disso, já que nunca desistiu de fazer os seus desenhos e sempre os entregava, perguntando qual seria a zoação da vez.
Eles estavam conectados, estavam sempre tentando chamar a atenção um do outro, mesmo que sempre estivessem recebendo. Era um tanto confuso, o que significava que se tratava mesmo do amor!
Não entendendo o motivo da risada repentina dela em meio ao beijo, ele ficou olhando com atenção, esperando ter alguma resposta, porém Sakura estava muito ocupada sorrindo, enquanto tinha a testa apoiada em seu ombro direito. A verdade era que não era a primeira vez que ela fazia algo assim, algumas vezes até chegou a se questionar sobre isso, talvez fosse uma maneira dela não deixar o beijo chegar em um estado mais avançado e acabar acontecendo algo sério como aconteceu daquela vez. Se fosse isso, era uma maneira peculiar, no entanto, uma maneira que não chegava a ser constrangedora. Quer dizer, não para ele, claro. Ela ficava envergonhada quando parava de rir, pedia desculpas várias vezes, dizia que ambos poderiam voltar a se beijar, e sempre era atendida por um "Sasuke boiolinha" sem pensar duas vezes.
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