Izo estava feliz, vendo todos seus irmãos reunidos e felizes. Como poderia não estar?
Ele pensou que tinha dominado esse sentimento, mas por algum motivo ver Marco e Ace se estabelecendo e sendo felizes trouxe esse ciúme egoísta, seguido imediatamente da culpa. Neste momento a ceia de natal tinha acabado. Ele estava sentado numa poltrona perto da lareira na casa do Pops, aproveitando o momento e observando a interação da sua família.
A maioria deles estavam espalhados pela grande sala, alguns sentados nos sofás que foram afastados para os cantos, outros nas cadeiras da mesa de jantar ainda, outros dançavam pela pista de dança improvisada no meio do cômodo. Ace e Marco dançaram pela última meia hora, e era encantador observa-los em seu próprio mundo.
Marco geralmente tão quieto, mesmo com a família, mergulhava e era mergulhado durante a dança em um arco próximo ao chão, sempre retornando com gargalhadas dos dois parceiros. Apenas se divertindo abertamente com Ace, enquanto ele interagia com todos como se sempre tivesse pertencido a família.
Claro a animação da festa também teve a ajuda de Sabo e Luffy, que juntos com o irmão faziam tamanha confusão que impressionava. Um dos pontos altos da noite foi ver Ace extremamente protetor e preocupado ao ouvir sobre o recente namoro do irmão mais novo, Luffy apenas contou que estava namorando no meio da noite, como se não fosse nada demais. Koala tentou apaziguá-los enquanto Sabo ficava vermelho de vergonha. Claro, junto com muitas brincadeiras de todos os seus irmãos.
Izo viu quando Marco abraçou Ace em um canto conversando baixinho, consciente de que apesar das brincadeiras a preocupação de Ace era real, e vinha de experiências profundas. Izo não pôde deixar de se sentir orgulhoso e ciumento.
Ele definitivamente era uma pessoa terrível, ele devia estar apenas feliz pela alegria de dois de seus melhores amigos. Ao invés disso ele ansiava por algo que nunca teria.
- Posso ter a próxima dança – perguntou uma voz ao lado dele. Se virou para ver Ace sorrindo, retribuiu com um próprio segurando sua mão e se permitindo ser arrastado para a “pista” de dança.
Uma verificação rápida foi o suficiente para encontrar Marco na cozinha conversando com Thatch. E como sempre sentiu o coração doer um pouco, daquela forma que estava acostumado à tanto tempo.
- Obrigado Izo – começou Ace – por tudo que fez por mim nas últimas semanas.
- Eu não fiz nada de mais – respondeu sorrindo carinhoso para Ace.
- Você sabe que fez, eu sei que foi pela sua indicação que consegui essas campanhas e a chance de estudar fotografia novamente. Obrigado. – disse ao mesmo tempo que girou os dois na dança, fazendo Izo rir.
Ele não ajudou muito Ace, no máximo enviou seu portifólio para algumas pessoas que conhecia. O mérito ainda era todo de Ace. Do seu talento e do desejo de estudar e melhorar sua técnica. Ace decidiu se dedicar a fotografia, já tinha conseguido alguns trabalhos pequenos e Izo não tinha dúvidas que apenas aumentariam na medida que o portifólio de Ace fosse atualizado.
- Ver você feliz já é agradecimento suficiente Ace. – respondeu sincero, olhando novamente para os dois irmãos que conversavam na cozinha, agora acompanhados de Pops.
- Eu me lembro de uma conversa que tivemos alguns anos atás – começou Ace e Izo o observou com curiosidade, enquanto a musica ficava lenta e Ace colocava as duas mãos em sua cintura, enquanto Izo abraçava seu pescoço. – Lembro que conversamos sobre um dia sermos felizes no amor. – disse olhando em seus olhos e Izo sentiu o coração acelerar de medo, porque se lembrava dessa conversa, ele nunca esqueceria. Foi a única vez que ele chegou perto de admitir seus sentimentos, foi o mais sincero que ele foi com seu segredo.
- Se me lembro bem você disse que o amor não era pra você, e que você nunca confiaria em alguém – Disse com um sorriso triste, mas um pouco brincalhão, tentando ignorar o tópico que Ace definitivamente abordaria.
- É engraçado imaginar que ele estava tão perto – disse Ace, olhando amorosamente para Marco – mesmo assim à anos de distância.
Izo abraçou o amigo mais carinhosamente, confortando a dor que viu no fundo daqueles olhos. Ace soltou um suspiro e olhou para ele com uma nova determinação.
- Nos tornamos grandes amigos em dias – continuou Ace – eu te contei tudo sobre Akainu, minha família e meus medos... – Izo se lembrava, ele contou muito de si mesmo também.
- E eu te contei os meus. – Respondeu, tentando ser corajoso.
- Você me disse que conhecia o amor, mas que nunca viveria isso – Ele não conseguiu evitar, o olhar se desviando novamente para os irmãos enquanto seu coração acelerava muito.
Seu olhar se encontrou com o de Thatch, que franzia o cenho e o observava com intensidade. Izo se sentiu assustado, vulnerável. Nu, apesar das três camadas do seu quimono azul. Ele não percebeu quando a dança parou. Apenas voltou o olhar para Ace, que olhava para ele amigável e carinhoso.
- Que seus sentimentos nunca poderiam ser correspondidos e mesmo que fossem eles nunca seriam aceitos – continuou. Quando Izo contou tudo isso para Ace, ele nunca imaginou que o mais jovem ficaria tão próximo de sua família, que ele ligaria os pontos e descobriria tudo. Marco sabia também?
– Izo, olhe pra mim – pediu, e Izo encontrou seus olhos – Aqui, de onde eu estou, eu não concordo com você. Vocês se amam, vocês estão sofrendo.
- Você não entende Ace – uma lagrima derramou de seus olhos, e ele viu os olhos do outro se encherem de lagrimas também – Nós não podemos, eu não posso perder tudo o que mais amo. Eu nunca poderia decepcionar Pops dessa forma. Nós somos irmãos. – Oh... como doía dizer isso em voz alta.
Ace os levou para fora da sala, no escritório do Vista, segurou os dois lados do seu rosto, o aterrando e acalmando seu desejo de apenas fugir. Os olhos de Ace também transbordaram, silenciosos.
- Você não vai perder nada, eu prometo Izo. – ele sussurrou. Seus olhos eram tão intensos, Izo queria tanto acreditar nele – Vocês não se amam apenas como irmãos, não tem nada demais nisso. Sua família não vai te julgar. Marco e eu já apoiamos vocês, seus outros irmãos também o farão. Pops nunca os afastaria da felicidade.
- Eu o amo Ace – sussurrou – Eu amo Thatch. – Ele disse pela primeira vez em tantos anos. – Estou com muito medo.
- Eu sei Izo, eu sei – Disse o abraçando – me desculpe fazer isso com você, mas eu vejo você sofrendo, eu precisava tentar fazer algo. Ele te ama, vocês dois merecem a chance de viver isso.
Na maioria dos dias Izo acreditava que seus sentimentos eram recíprocos, mas em muitos outros a dúvida e o medo eram mais fortes. Se ele se declarasse e fosse rejeitado não suportaria ver um olhar de nojo ou desprezo do seu irm... do homem que ele amava. Izo poderia admitir, Thatch era o homem que ele amava, talvez desde o primeiro ano que viveram juntos depois que Pops o tirou do orfanato.
- Eu sei que você está com medo. Talvez vocês se sintam melhor se conversarem. – O celular de Ace vibrou, e ele leu a mensagem – É sua escolha Izo, se você estiver disposto a tentar, Marco trará Thatch aqui e vocês conversarão. Caso contrário eu não vou insistir ou mencionar isso novamente.
- Marco está conversando sobre isso com ele? – perguntou receoso.
- Está, Thatch também te ama, e assim como você está sofrendo. – Nós também queremos que ele seja feliz. Acho que vocês deveriam conversar. Mas a escolha é sua, eu vou te apoiar e te ajudar com o que você decidir.
Izo olhou para o amigo, tão pronto para ser seu apoio. Forte e determinado. Os últimos meses fizeram bem pra ele.
- Ok, você pode chama-lo depois que eu arrumar minha maquiagem – disse rindo enquanto a sua garganta apertava de medo. Ele seria forte, por si mesmo e por Thatch. Ele seria forte como Ace.
Ace sorriu e limpou as lagrimas na bochecha de Izo, sabendo que a maquiagem não importava tanto quanto a distração e os minutos para se acalmar. Ele se arrependia pela dor que causou, e rezava que fosse por um bom motivo no final.
- Você está deslumbrante Izo. – Ele lhe retribuiu com um sorriso, assustado e pequeno enquanto se arrumava.
Cinco minutos depois ele deixava seu amigo no sofá, dando um último aperto em sua mão e sussurrando um “me chame se precisar”.
Ele se sentiu um pouco mais seguro quando abriu a porta para um Thatch de olhos vermelhos e visivelmente tremendo. Tudo que Ace queria era que eles fossem felizes.
Ele foi para os braços do Marco e teve um vislumbre de Thatch se ajoelhando em frente a Izo antes que a porta se fechasse.
Eles se seguraram enquanto se acalmavam. Ace esperava ter feito a coisa certa.
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