O primeiro gole de whisky desceu seco enquanto os olhos azuis fitavam o bar do outro lado. Garçons aproximavam e afastavam servindo avidamente aos convidados daquele evento beneficente. Era sempre assim, era estranho, mas não havia anfitrião como Orochimaru Nagini.
Com um meio sorriso, ele lembrou-se da primeira vez em sua vida que pisou em uma festa do andrógino, foi a maior loucura de sua vida e ironicamente quem o arrastara a primeira vez fora justamente o Uchiha. Não que não conhecesse Orochimaru, afinal, ele era muito conhecido no mundo social, mas entre conhecer a figura pública e pessoal, eram outros quinhentos...
Surpreenderia muita gente a vida particular do moreno.
Naruto ajeitou o punho esquerdo do smoking de cor bordo e preto que usava, e no mesmo instante fitou algumas garotas bem bonitas, até interessantes. Herdeiras de pessoas que talvez ele nem fazia ideia, mas ironicamente nenhuma delas tinha aquela espécie de imã que o fazia se conectar sem qualquer motivo ou razão, ou em qualquer circunstância. Nenhuma delas parecia despertar em si a vontade de saltar, mesmo sabendo que não haveria paraquedas...
Nenhuma…
E era estranho pensar que fora essa mesma sensação que o tomou na noite que conheceu Hinata. Só precisou do primeiro contato com os olhos dela para se sentir aprisionado completamente.
Próximo a ele, outro par de olhos igualmente azuis fitavam com atenção o filho e o seu redor; vislumbrava, por exemplo, Koyuki Kazahana que era filha de Sōsetsu Kazahana dono de uma das mais importantes emissoras de televisão de Konoha, isso e outros investimentos do homem. A garota de cabelos negros encarava com tamanho interesse seu filho a distância, que, achava ser impossível ele não notar, Naruto não poderia ser tão tapado assim, fora que um relacionamento com a garota seria bom financeiramente falando para os negócios.
Minato percebia que ela não era a única, mas era a mais segura ao ponto de caminhar até Naruto juntando-se a ele no balcão puxando assunto, com a sutileza de um grande advogado que era, o Namikaze aproximou-se a fim de poder “cuidar” de algo que, de certo modo, o interessava.
Naruto havia, sim, notado a herdeira que se atirava para si, apenas optou por ignorá-la, como todas. No entanto, a garota quebrou distância e ao colocar-se ao lado dele, não poderia mais ignora-la. Com toda a audácia que tinha, ela estendeu a mão em direção ao loiro que arqueou a sobrancelha.
— Acho que não fomos oficialmente apresentados, sou Koyuki – a falta de espanto dele ou de total interesse a desconcertou por um instante e ela pigarreou e enfatizou – Koyuki Kazahan – e sorriu.
Como um bom garoto, Naruto desenhou um belo e sexy sorriu estendendo a mão a cumprimentando.
— Naruto Uzumaki.
Ele sabia que ela era uma garota bonita, era óbvio, se tinham interesses em comum? Não importava muito.
— Bem, Naruto, acho que... Poderia me oferecer uma bebida. O que acha?
Ele sorriu ainda mais, a garota tinha mais arrogância, ego e confiança que ele e o Uchiha juntos, tinha que lhe dar mérito por isso, fora que, passar um tempo longe, bem longe do seu pai, era ainda melhor.
— Adoraria te oferecer companhia – disse e com um gesto fez o pedido de dois drinks para ambos.
Não precisou de muita conversa com a garota para logo ver um pouco a distância um sorriso matreiro de Minato Namikaze e aquilo o fez cerrar os dentes em descontentamento.
Era sempre assim. Quando ele ia aprender que não havia espaço para paternidade em sua vida?
Da mesma forma simpática que se aproximou da garota, afastou-se com uma desculpa pronta e bem na cara quanto a falta de interesse nela. Com o copo cheio, agora de gin com tônica, o Uzumaki fora até a varanda do lugar tomar um ar, mas logo sua calma fora quebrada pela presença paterna ali.
— O que foi aquilo? Ela praticamente tava se jogando em você.
Com um riso irritado e ainda de costas para o pai, Naruto negou e repousou o copo no parapeito, virando-se encarando o genitor.
— Aquilo? Um fora. Um... Você é gata, mas não vai rolar... Ou talvez devesse ser para você, Minato, tipo um: me deixa em paz.
Os lábios de Minato crisparam-se, estremeceu em um misto de raiva, frustração e culpa por aquela relação de merda. Ainda assim, decidiu ignorar a última parte da fala do filho. Colocou uma das mãos no bolso e aproximou-se, ficando lado a lado de Naruto.
— Sabe... Deveria entender como isso pode te favorecer. Pode ir além. Pense nos negócios, nos extras atrelado as relações. Para de pensar com a maldita cabeça de baixo e use a merda de cérebro que tem.
Um riso nasalado e irônico escapou dos lábios de Naruto.
— Deixa eu pensar... Ser como você? Um pouco hipócrita dizer para mim não pensar com a cabeça errada… – ele se aproximou do pai, ficando frente a frente, em uma das mãos o copo de bebida, a outra subiu até lapela do terno impecável do genitor, e deslizando a ponta dos dedos ali como se limpasse, completou. – Quando fodeu nossa família justamente com ela – disse com um ar que, ao mesmo tempo, mesclava o perverso, o malicioso e o rancoroso.
Os olhos azuis não deixavam de se encarar com uma perceptível tensão entre eles, e então o sorriso do mais novo suavizou-se, mas ficou tão falso que era notório. Era provocante e Naruto bebeu um bom gole da bebida.
— Naruto...
— Não se meta na minha vida, e eu não causo problemas na sua, lembra? O nosso trato. – Dito isso, ele simplesmente deu as costas para o pai voltando para dentro, mas antes, ainda de costas, disse com o bom humor que tinha sempre. – Aproveite a festa velhote, quem sabe leva alguma dessas meninas para cama... De novo.
Do lado de dentro, Sasuke havia chegado a pouco e percebera como estava cheio. Buscou com os olhos duas presenças apenas que o importava o bastante naquela noite: uma era o Uzumaki e a outra, era um certa herdeira complicada. Não viu nenhum dos dois, e logo tomou o caminho mais fácil para suportar uma noite com leilões: bebida!
Virou uma dose rápida de vodka pura e pediu um drink. Viu seu pai e sua madrasta cumprimento pessoas velhas ou chatas, ou os dois.
— Tsc... Cadê você idiota? – resmungou ao virar-se ao balcão do bar novamente sem se dar conta que um par de olhos azuis-violeta clarinhos o encaravam a distância de forma intensa, porem disfarçada.
Olhos exóticos de brilhos lilases que babavam no porte físico e boa aparência do Uchiha caçula.
Sasuke estava digitando uma mensagem bem malcriada para o melhor amigo, quando sentiu um perfume irritantemente doce demais da qual ele conhecia bem, e logo em seguida o toque da mão em seu ombro. Fechou os olhos com força pedindo a deus para não terminar a noite com um olho roxo ou na delegacia.
Sem qualquer paciência e rude como era, virou-se vendo Shion, sua madrasta, com um sorrisinho ladino juntando-se a si no balcão. Fitou ao longe seu pai entretido em uma conversa animada com um grupo de velhos. Aliás, se ele tivesse noção de que era de fato um velho, não teria largado sua mãe para começo de história, e agora não estaria no terceiro ou quarto casamento, e ainda por cima, com uma garota que era dois anos mais nova que o seu filho caçula.
— O que quer? – perguntou seco e ríspido.
— Ora, não seja rude com sua mamãe – ela o provocou, pediu um drink de champanhe, groselha e cereja. Mexeu-o provocante com a ponta do dedo, o levando os lábios extremamente vermelhos, os chupando lascivamente diante do olhar de Sasuke que arqueou uma das sobrancelhas.
De novo não!
Shion era uma mulher linda, estonteante. Era uma ex-miss de belos cabelos loiros. Curvas que enlouqueceriam qualquer homem, mas dona de uma personalidade insuportável, uma moral dúbia e um sorriso traiçoeiro. Ali mesmo, estava vestida tão exagerada e chamativa que era impossível não ganhar nenhuma atenção masculina, e o Uchiha tinha certeza que a garota não era nada além de um troféu que o pai exibia e vangloriava-se sempre.
Um riso apático e irritado brotou nos lábios do moreno, que bebeu um gole antes de falar.
— Mamãe? Que o mundo nos livre de seu sangue sendo difundido.
— Porque é tão rude, Sasukinho? Deveria me tratar melhor... Sabe – a ponta do dedo dela deslizou para a mão do enteado com suavidade – a gente poderia se divertir para valer juntos... Algum programa mais... Íntimo, de mãe e filho.
Mesmo inexpressivo, se Sasuke não tivesse total controle, ele sabia que a boca teria ido ao chão. Como aquela garota conseguia ser tão inoportuna e vulgar? Seu pai estava apenas a alguns metros, e ela nem assim o respeitava, aliás, a investida tornara-se direta mesmo, no início eram pequenas sutilezas que ele cortava, mais aquilo?
— Olha Shion...
— Não vai se arrepender, adoro segredos, aliás, se não contar, eu não conto – disse ela sem dar vazão pela negativa dele, piscou e levantou-se com o copo - tem meu número, é só ligar, não importa a ocasião – se afastou voltando para os braços de seu pai com uma puta cara de pau o deixando com os olhos ainda arregalados.
— Ei, maldito?! Viu fantasma? – a voz irritante de um loiro o trouxe de volta daquele pesadelo.
— Tsc... Onde estava, seu idiota? – rosnou ao voltar-se ao amigo, havia uma sensação de alívio, que ele jamais diria a Naruto, com a presença dele ali.
— Tomando ar e mandando o velhote a merda. E você, chegou agora?
— Quase... – ele deu uma pausa vendo o amigo tomando um gole restante da bebida que ainda estava em seu copo – Shion praticamente me chamou pra trepar.
O líquido que o Uzumaki ingeria, praticamente voltou pela garganta quando ele expeliu engasgando-se.
— Puta que pariu, Sasuke! E você fala isso assim? – limpou os lábios com o guardanapo e encarou o Uchiha que apenas deu de ombros.
— Bom, não é como se eu fosse aceitar o convite, mas não deixo de imaginar a cara do meu velho estúpido.
Naruto gargalhou. Uma pitada ácida de Sasuke, mas ainda assim ele era incapaz de expressar abertamente com um sorriso o quão engraçado realmente seria.
— Eu pagaria pra ver.
— Você é o rei dos idiotas, não conta.
Notando finalmente o smoking escolhido pelo Uzumaki, Sasuke negou com a cabeça e estalou a língua.
— Que é? – perguntou Naruto pedindo uma nova bebida.
— Você conseguiu ser ainda mais espalhafatoso!
Naruto gargalhou gostosamente, ficou bem ereto com um porte altivo e ajeitou mais a vestimenta escolhida.
— Admita, eu tenho um bom gosto incrível, em uma variável no meu guarda-roupa, já você...
— Gosto de preto!
— Nem notei – provocou o loiro, mas ciente de que escolhera aquela sua roupa a dedo por uma óbvia razão, e claro, tivera uma ajudinha naquilo, mas jamais contaria ao Uchiha. – Mas, como pode ver, eu sou gostoso de muitas maneiras.
Sasuke negou com a cabeça enquanto o mínimo sorriso formou de lado em seus lábios.
— Humm. Ei, sabe da Hina? - Pediu o loiro, já agoniado com a falta de contato da herdeira Hyuuga.
Antes que Sasuke sequer pudesse abrir a boca para o responder, os olhos azuis contemplaram a dona de sua razão entrando no salão principal finalmente, e não poderia estar mais linda.
Ela levou um tempo a mais para chegar ali, teve alguns contratempos na empresa, mas nada que tirasse seu pique para curtir um evento oferecido por Orochimaru. Ela saltou de seu carro frente ao lugar que contava com vários paparazzis que cobriam o evento que tinha fins beneficentes, nada além de uma rotina bem conhecida pela Hyuuga.
A mão firme fora cedida pelo jovem manobrista que não deixou de lançar lhe um olhar um tanto analítico e deslumbrado, mas que portou-se protocolar, também pudera, Hinata vinha com um vestido longo estilo sereia na cor vermelho bordô de paetês cujo o decote frente única valorizava o colo e o farto busto que tinha. O modelo apertava-se desenhando perfeitamente cada curva de seu corpo até as coxas, onde abria-se fluido. Em posse de sua clutch de mesma cor, ela entregou ao homem as chaves de seu carro e começou a caminhar em direção a entrada do evento, sendo logo bombardeada por inúmeros flashs de todos os lados.
Sorriu...
Os lábios em um tom rosado nude transmitiam suavidade e doçura, mas os olhos destacados pela maquiagem incrivelmente marcada, mostravam um outro lado da jovem Hyuuga, um lado que combinado com o traje escolhido poderia ser definido como femele fatal.
Belos olhos lunares que eram agora todo o seu destaque.
Ela deu mais alguns passos quando viu alguém que a reconfortava de alguma forma: Temari.
A loira usava um vestido transpassado longo de mangas também longas, também de paetês, só que na cor verde-escuro, o que iluminava seus olhos. A Hyuuga fora de encontro a amiga e juntas ainda pousaram para algumas fotos a pedidos, e logo sumiram na entrada do lugar.
— Você tá lindíssima, algo especial? – falou Temari de forma direta à medida que entravam na pré-mostra e pegavam ambas taças de champanhe.
— Vim pronta para gastar. – disse Hinata dando um sorriso ladino o que provocou uma gargalhada em Temari. Claro, essas festas foram feitas com o objetivo de ostentação e nada além.
Continuaram a conversar à medida que avançavam até estarem diante da entrada principal do lugar, e quando ela atravessou, notou estar bem cheio, mas como se houvesse um verdadeiro imã, seus olhos foram capturados pelo par safira... Novamente.
Parecia impressionante, não importava a ocasião, os olhos de Naruto pareciam um farol luminoso de vida, e quando ela vira o sorriso dele formar-se nos lábios, mesmo que a grande distância, ela sentiu um pesinho no estômago, como burburinho da qual ela sempre sentia, como um nervoso que ela julgava ser a mais pura ansiedade.
Sorriu de volta, e ainda assim continuou a caminhar ali como se seguisse seu próprio roteiro calculado com cuidado, mas o fazia ciente que tinha um par de olhos azuis intensos a seguindo a distância em cada movimento, e logo também teria um par de olhos negros fazendo o mesmo.
Sim, ela era egoísta, e não abria mão disso. Não havia discussão ou meio-termo. Talvez mais possessiva que julgara de fato ser. Afinal, ali estavam, em tese, seus dois relacionamentos.
Ela cumprimentou algumas pessoas e olhou de esgueira vendo o loiro solvendo sua bebida ainda a encarando.
Ele deveria ser mais discreto, mas aquele jeito dele a afogueava de uma forma única.
O assunto de Temari voltou com tudo quando ela tentava aliviar a tensão de suas relações conturbadas, mal sabendo ela que a Hyuuga ostentava a mais conturbada de todas.
— Não vou dar aquele imbecil, exclusividade, quem ele pensa que é? Aliás, ele sabe quem eu sou? – dizia a loira ao falar de Shikamaru Nara. – Eu sou uma, No’Sabaku, sabe? O que acha que meu pai diria ao saber que... Não mesmo!
— Humm – murmurou Hinata e acenou com a cabeça para outro convidado – homens tem essa necessidade de serem... Únicos – ela murmurou e sorriu negando com a cabeça, em seguida, sentiu-se tão hipócrita.
— Bom, talvez eu passe na casa dele hoje, depois que eu sair.
Claro que passaria, mesmo dizendo ao Nara que era uma mulher livre, moderna e independente que atuava agora junto a diretoria da empresa da família numa posição de prestígio, que ele era uma diversão, a verdade é que a alguns bons-dias a No Sabaku não se encontrava com nenhum dos seus crushs ou flertes, além dele.
Virando seu último gole de bebida, Hinata virou-se para a amiga e com certa malícia disse baixinho:
— é como dizem, uma foda bem dada sempre vale repetir. – Piscou e Temari sentiu um empurrão ofertado pela herdeira Hyuuga e sorriu.
Quando Sasuke notou uma certa quietude do loiro, estranhou, virou-se e o viu concentrado ao longe e logo seus olhos alcançaram o que tanto era atrativo ao amigo cabeça oca e lá estava sua perdição e... De bordô? Franziu o cenho e fechou uma certa carranca fazendo Naruto sorrir ladino.
O Uchiha pigarreou o chamado a atenção, vendo que Hinata também se vidrava no loiro. Naruto ergueu os ombros e os soltou ao deixar o copo vazio de bebida sobre o balcão, levou às duas mãos a gravata ajeitando-a e exibiu um belo sorriso branco e perfeito.
— Desculpa, Uchiha, tá na cara que eu sou o mais irresistível!
— E nada modesto.
Fora o tempo o bastante para que ela se aproximar sorrateira sem levantar qualquer questionamento, colocando-se próxima ao bar e próxima aos dois companheiros. Adiantando a situação, o loiro pediu dois Whisky e ao recebê-lo, entregou um copo para Hinata.
— A festa finalmente ficou interessante – disse Naruto com seu sorriso exposto.
Ela bebeu um pequeno gole analisando a vestimenta do Uzumaki, e se dera conta que mesmo como uma coincidência, ficaram bonitos juntos no mesmo tom.
— Tsc... – exclamou o moreno a encarando sedento. Aquele perfume dela era convidativo e ela deixando as partes certas do seu corpo expostas, ou em destaque, parecia uma puta provocação.
— Você tá... Muito gata, Hina. – Adiantou-se Naruto, e fora assim que Hinata aproximou-se suavemente ao ouvido dele, e falou de forma que Sasuke também poderia ouvi-la.
— E você bem sexy, Naru... – aqueles olhos dela ainda seria sua ruína, a proximidade e o calor dela o deixaram sentir aquela onda quente como o inferno por todo o seu corpo.
Sua mente processou a seguinte sequência de imediato: ele, aquele vestido, um canto qualquer, dentes e muita força. Necessariamente naquela ordem.
Sorriu concentrado, precisava fazer seu sangue parar de correr para onde não deveria, tudo que menos precisava era de uma ereção naquele momento e no meio de uma festa.
Descontraiu-se
— Ouviu só? Ela me achou sexy, já você Sasuke, tá no máximo boa pinta!
Hinata gargalhou.
— Menos, idiota! – rosnou irritado.
— Os dois estão sexys – disse a herdeira piscando, o que fez o Uchiha desviar o olhar, e Naruto fechar um pouco a cara, o sorriso dela aumentou um pouco mais.
Aquela dinâmica estendeu-se, à medida que Temari aproximou-se deles e a conversa alternava-se entre as futilidades das herdeiras e daqueles eventos, e em trabalho. Não precisou de longos minutos para que uma figura chamativa e imponente surgisse e se aproxima-se daquele pequeno grupo, uma vez que já os fitava a distância com curiosidade.
Orochimaru usava um terno de alfaiataria justo e marcante na cor preto e chumbo feito em camurça, um tanto chamativo, como ele era. Os cabelos estavam presos em um coque masculino e a pele pálida dava um ar perverso e obscuro ao homem que se aproximou sorrateiramente como uma cobra deslizando sobre à terra.
— Uma nova geração inteira me dando prestigio essa noite – a voz macia silabou baixa e firme atraindo olhares dos quatro.
— Boa noite, senhor Nagini – Naruto fora o primeiro a tomar a frente, ganhando um olhar do homem e um sorriso que ele não sabia se assustava ou se orgulhava. Era indecifrável.
— Tsc... Como se esse lugar fosse realmente seu palco – resmungou o Uchiha o que fizera Orochimaru quase gargalhar.
— Sempre a alma da festa, não é Sasuke? – provocou o moreno e então virou-se acenando para Temari e segurou a mão de Hinata depositando um beijo de forma tão cavalheiresca. – Senhorita Hyuuga...
— Conseguiu fazer algo bem exagerado dessa vez. – comentou Hinata de forma divertida com seu mentor.
— Gosto da publicidade, como eu disse...
— é pelo bem das criancinhas. – riu Hinata.
— Exatamente! Agora, se me permite, gostaria de lhe apresentar alguém. – disse oferendo o braço a herdeira Hyuuga que o aceitou sem qualquer hesitação.
— Bom, eu vou falar com alguns conhecidos. – disse Temari se afastando também, deixando apenas Uzumaki e Uchiha lado a lado olhando para onde saia a Hyuuga de braço dado com um cara que eles julgavam bizarro, muito embora gostassem de parte de toda aquela excentricidade. Afinal, fizeram muito parte dela.
Só foi difícil mascarar a face de incômodo que logo em seguida os dois fizeram. Naruto desistiu de beber mais e colocou ambas as mãos nos bolsos, concentrado no olhar ao que ele julgava interessante e pertinente.
Sasuke mantinha uma mão no bolso e a outra segurava a taça de espumante. E fora diante de alguns instantes de silêncio, que Naruto começou a falar:
— Ela tá muito gata.
— Tá sim – respondeu inexpressivo como quase sempre.
— Então... Sei que passaram um tempo juntos... Andaram se acertando, isso é bom.
Não havia segredos absolutos, apenas algumas vantagens de um para com o outro.
— é sim.
— Ela parece bem.
— A gente teve uma DR.
Naruto abriu os olhos em completo choque, virou o tronco em direção ao amigo completamente embasbacado.
— Não sei se é mais estranho vindo dela ou de você.
— De algum modo... Tenho que concordar
O Uzumaki pigarreou, sutilmente incomodado. DR envolvia sentimentos em relações e eram às duas coisas que Hinata negava miseravelmente. Inevitavelmente sentiu-se enciumado. A expressão ficou ainda marcada no rosto e Sasuke notou-o aborrecido.
— Tsc... Não fica com essa cara, idiota.
— Não to com cara nenhuma – disse o loiro dando de ombros e fingindo-se indiferente. - Então... Uma DR e... Estavam juntos até a pouco...
— Hm...
— Sabe... Talvez eu passe mais tempo com ela. Não se importa, não é? – disse olhando de esgueira ao amigo de cabelos negros.
Sasuke apenas moveu os ombros sem ligar muito, embora tal informação o tenha pego em cheio. Ok, ele também tinha uma carta na manga.
— Não sendo o próximo fim de semana... – soltou.
Naruto o olhou boquiaberto novamente.
— Seu safado! Eu aqui todo...
Levando a bebida aos lábios, o Uchiha deu um belo sorriso sacana a Naruto que o ergueu o dedo do meio com um sorriso estampado nos lábios de forma meio ofensiva, mas não brigavam exatamente.
Eram assim, afinal.
A distância, a herdeira Hyuuga estava em um pequeno grupo seleto conversando e rindo. Por um mero instante houve uma troca de olhar. Os olhos perolados encontraram-se com as safiras e era como se houvesse algumas fagulhas no ar, ela sentia o calor subir por todo seu corpo. Aquele olhar maldito e sacana dele parecia lhe despir completamente e a devorava sem qualquer compaixão.
Quando ele mordeu o lábio?
Ela, sem perceber, arfou suavemente e recebeu um comentário próximo ao ouvido.
— Vai se derreter no meio do salão?
Hinata deu um risinho para com Orochimaru.
— Nada passa batido.
— Nada... Aliás. Ter os dois juntinhos aqui é como um gatilho safado da minha parte.
— Me provocando.
— Oh... Não é nada mal olhar rapazes jovens e tão... Você me entende.
Hinata gargalhou.
— Você não presta!
— Bom... Há quem discorde – ele piscou – sabe, na área b tem um corredor de acesso a uma área mais reservada de varanda e após ela tem... Salas... Se é que me entende.
— Não vou fazer isso – ela corou um pouco, mesmo que sentia aquela adrenalina fervilhando seu corpo naquele instante.
Provocando-a, Orochimaru sorriu faceiro.
— Eu não disse para usa-la. Eu... Como um bom anfitrião que sou, apenas estou apresentando para pessoa que eu aprecio, lugares para elas... Espairecerem, claro, caso precisem de ar.
— Ar? – ela arqueou a sobrancelha muito bem delineada.
— Bom... Alguns gostam de se afogar também, Hyuuga. A escolha é apenas individual. Não sou o demônio, eu apenas dou os caminhos, quem escolhe o trajeto...
Ela tornou a olhar para o Uzumaki.
Ao lado do amigo espalhafatoso, o Uchiha percebera aquela troca de olhares, mais do que isso, percebeu o olhar pra lá de pervertido vindo do Uzumaki.
— Conheço esse olhar... – murmurou.
— Ainda bem que conhece. – disse Naruto e tornou a encarar o amigo, o brilho selvagem nos olhos dele já dizia tudo.
Os três não precisavam falar, os olhos e os gestos corporais falavam por si, e fora assim que o Uzumaki viu a Hyuuga afastar-se sem dar nenhuma bandeira, e do mesmo modo ao lado de Sasuke eles trilharam aquele mesmo caminho.
Todos os olhos estavam voltados para o salão e as pessoas ali presente, mas nem todos os olhos de fato estavam.
Chegando ao lugar recomendando por Orochimaru, Sasuke tomara a dianteira ao escolher a porta da vez, a abrindo dando passagem para Naruto e Hinata, e entrando logo atrás. Antes de fechar a mesma, olhou para os lados tendo total certeza que realmente ninguém viu.
Um encontro um tanto indiscreto e perigoso regrado a álcool, adrenalina e excitação.
Os três vinham de braços dados, Hinata ocupava o meio entre os dois homens e era notável como estavam íntimos, as gargalhadas e as provocações..., mas tudo parou quando chegaram ao final corredor que dava a varanda reservada onde duas figuras estavam paradas e os encaravam. O choque e o susto vieram primeiro, e a ação mais rápida viera de Hinata que puxou os braços a recompôs-se rapidamente, as bochechas rosadas na mistura de bebida, fulgor e claro, um certo constrangimento de ser pega daquela forma. Do mesmo que ela se sentiu desconfortável, os homens que a encaravam também estavam, mas não era apenas desconforto...
Ela, ainda séria, via olhos azuis fulminantes sobre si e olhos negros inquisidores, mas não se intimidou diante de nenhum dos dois. Mesmo tentando fingir que nada de mais aconteceu e que havia altivez, a garota os encarou de igual. Mal percebendo ela que eles vasculhavam com aqueles olhos, absolutamente tudo, dos lábios inchados e mais vermelhos não apenas dela, mas dos companheiros, das gravatas fora de lugar, camisa puxada, da marca de chupão, mesmo que muito discreta próximo ao vale dos seios as Hyuuga...
Sinais que não mentiam, pelo contrário, contavam uma história.
E apenas querendo fugir de tal situação, Hinata os cumprimentou:
— Senhor Uchiha, Senhor Namikaze... — acenou suavemente, porém firme e sem esperar nenhuma resposta, virou-se dando as costas largando para trás pais e filhos com seus problemas.
Porque problemas, ela já tinha demais...
Era bem simples de se entender as motivações...
Fugako as tinha de sobra, trabalhando no ramo que trabalhava, com os contatos que tinha? Ele sabia muito bem quem era aquela garota Hyuuga. Ela vinha acompanhada de uma enorme seta de perigo. Simples assim. Uma vida cercada de escândalos, e de situações avassaladoras das quais a família arcou caro para ocultar a maior parte daquilo na mídia. Desde internações por abusos a drogas, dentre outras, a tentativa de suicídio.
Hinata Hyuuga era uma garota problema, e para o Uchiha mais velho, não importava os anos.
— Satisfeitos? – fora a pergunta debochada do Uzumaki que abriu aquele precedente. Conhecia aquele maldito olhar do seu pai. E fora assim, negando com raiva e o tratando como se fosse um menino com mau comportamento, que o Namikaze o puxou pelo braço, abrindo a primeira porta que havia ali o jogando para dentro.
Era hora de conversar.
Os Uchihas se encaravam com seriedade e Sasuke levou as mãos aos bolsos sem se deixar intimidar pelo pai.
— Não vai falar nada desse teu comportamento decadente?
— Tsc... Não vi absolutamente nada de errado, você viu? – ele provocou mesmo sabendo dos riscos que corria ao fazer aquele tipo de jogo com o pai. Havia um pequeno sorriso provocador nos cantos dos seus lábios.
Fugako negou com a cabeça enquanto fitou o chão.
— Simplesmente inacreditável! Na sua idade eu já cuidava de tudo o que temos, eu já tinha controle, eu...
— Entrava para o terceiro casamento…– rosnou Sasuke entredentes mostrando raiva e ouviu o bufar irritado de Fugako.
— Age como um maldito adolescente. É um homem Sasuke, comporte-se como um. Essa garota, sabe quem ela é? Sabe de algumas coisas, e ainda assim... Você simplesmente não faz ideia do quanto a família dela gastou para ocultar a garota escrota que ela é. Posso garantir que o dinheiro é incontável e até vulgar. Ela é rica, é de uma família bem tradicional e prestigiada, mas não é o que a mídia pinta e nem quero alguém como ela misturado a minha família.
— Tem razão! Ela é bem melhor, e não existe só a sua família...
— Sasuke... Isso é sério! Não deixei aquela carinha dela de anjo te enganar. O que ela pode fazer com uma imagem em questão de minutos é terrível, se tem ambição mesmo de chegar ao topo em algum momento, de carregar o nome Uchiha, deveria se relacionar melhor.
— melhor que um Hyuuga?
Fugako levou os dedos aos olhos massageando-os cansado daquela discussão sem fundamento.
— Tenha amigos, fodas e diversão, essas coisas tem lugar. Mas principalmente, escolha bem seus passos.
— como você e a mamãe?
— Sasuke...
— Fim de conversa... Pai – disse dando as costas para o Homem e voltando a festa.
Se por um lado as coisas foram diretas para os Uchihas, para os Namikaze não fora bem assim.
A discussão entre pai e filho tornou-se rapidamente avida pelo simples fato de não haver qualquer eixo de proximidade paternal e afetiva entre eles, não que Minato não o tentasse. Naruto simplesmente explodiu o que sentir entalado ao ser jugado e pressionado.
— Você não passa de um pirralho hipócrita, Naruto! – cuspiu Minato com indignação – vem me julgando por todos esses anos e agora tem esse tipo de envolvimento sujo e... Amoral!
A gargalhada de ódio explodira do loiro mais novo.
— Relação amoral... – repetiu com desprezo vendo parte do nojo nos olhos do pai – claro que a moral e os bons costume permite apenas trepar com uma qualquer, mesmo sendo casado, tudo bem pra você né, velho?
— Até quando isso vai se perpetuar? Tudo é o mesmo maldito caso, tudo! Você nunca...
— NUNCA! – urrou o Uzumaki – nunca. Faça um favor por nós dois e me deixa. O que eu faço da minha vida sentimental ou sexual, não é problema seu, mas não se preocupe, sua... Perfeita reputação tá intacta, afinal, tô pouco me fodendo pro teu sobrenome.
Ele virou-se para sair, mas Minato segurou com força o braço do filho. Houve alguns segundos de silêncio com Naruto de costas para ele e a mão na maçaneta. Então ele puxou seu braço com força e saiu deixando o pai para trás.
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