“Foi raptada”; “Está morta”; “Deus lhe valha à pobrezinha se ela foi raptada”; “O meu sobrinho é servo no castelo e diz que embora haja sempre pessoas a entrar e sair do quarto real , a rainha já não é vista fora deste faz tempo”.
Estas eram as frases mais ouvidas por William, Jennifer e Emily de cada vez que iam à aldeia e Catelyn concordava com a última.
Nos últimos tempos ela recebia todas as noticias por via de William, Richard, Jennifer e Emily quando estes vinham ao seu quarto tratar de si. Mas isso seria normal dados os ferimentos de Catelyn e do seu grau de exaustão. Embora estivesse frágil, uma coisa não passou despercebida a Catelyn. Desde o casamento, e principalmente desde o ataque que Richard era gentil e um verdadeiro principe com ela. Ia verificar a cada quarto de sol como Catelyn estava, trazendo-lhe sempre o seu bolo preferido e tinha o costume de antes de se retirar para o seu quarto privado (Catelyn obrigara-o a mudar de quarto por não conseguir suportar estar muito tempo perto de pessoas devido ao ataque) lhe ir desejar bons sonhos. Naquela noite, algo fez Catelyn mudar opinião e achou que devido à gentileza de Richard nada teria a temer sobre este. Richard bateu à porta do quarto real de Catelyn recebendo um “Entre se vos aprouver” como resposta. Como sempre acontecia, Richard abeirou-se da cama tapando Catelyn com os cobertores e beijando-a na testa.
-Bons sonhos Catelyn -disse Richard. Catelyn já tinha préviamente dispensado as formalidades entre ambos. Afinal de contas estavam casados havia quase um mês. Richard virou-se e tomou rumo à porta.
-Richard… Sei que deveis estar muito feliz por teres um quarto privado mas quereríeis partilhar a cama comigo esta noite?
-Tendes a certeza? Mal conseguís suportar estar perto de pessoas por mais do que alguns minutos.
-Tentarei Richard. Em algum momento terei de ultrapassar esse mal-estar diante de pessoas e tu serias uma boa ajuda. Isso é, se vos aprouver.
-Apraz Catelyn, apraz. Irei buscar os meus pertences. Esperais por mim acordada?- e saiu sem obter resposta voltando momentos mais tarde envergando o seu robe real. Chegado perto da cama despiu-o enfiando-se dentro das cobertas, desejando outro “Bons sonhos” a Catelyn desta vez beijando-a ao de leve nos lábios. Catelyn sorriu. Passados uns 5 minutos Catelyn já estava desconfortável com a presença de Richard tão perto de si.
-Richard?
-Dizei-me Catelyn
-Poderias, por gentileza, moveres-te para o outro lado da cama?- pergunta Catelyn fazendo Richard sair do meio da cama e encostar-se somente a um dos lados- Obrigada.
-De nada
Catelyn fechou os olhos mais aliviada pelo afastamento de Richard e tentou dormir, em vão. Embora ainda de olhos fechados o sono fugia a Catelyn. Richard provavelmente achando que a sua esposa já dormia, sussurrou “Amo-vos Catelyn”
Catelyn totalmente apanhada de surpresa agradeceu mentalmente pelo quarto estar escurecido escondendo assim a sua cara corada e o seu sorriso, de Richard. Assim, Catelyn adormeceu além de ter preferido não o fazer. Pesadelos do que acontecera no dia do ataque atormentavam-na todas as noites e aquelas não era diferente. Catelyn acorda ofegante do pesadelo. Com todas as vezes, tinha conseguido acordar antes do homem a matar mas não antes de este lhe retirar o primogénito dos seus braços e o matar. Richard que está provavelmente a sonhar com Catelyn, abraça-a pela cintura fazendo-a saltar da cama entoando um grito com o susto e encolhendo-se ao canto do quarto a chorar. Richard acordou com o grito, e não foi o único. William levantou-se da sua cama entrando de rompante no quarto de Catelyn e admirando-se com a presença de Richard confortando Catelyn.
-Que fazeis majestade?- William pergunta não escondendo o seu tom de voz rude
-Descansai William, foi só um susto. Está tudo bem. Richard não me vez mal- diz Catelyn carinhosa como sempre
-Jamais me passaria isso pela cabeça Catelyn!- pronuncia-se Richard
-Então o que se passou aqui, se me permite perguntar vossa majestade?- pede William dirigindo-se unicamente a Catelyn e ela reparou no ciume que ele tinha ao vê-la abraçada a Richard
-Convidei Richard a passar a noite comigo e após acordar de um pesadelo ele abraçou-me a cintura e eu temporáriamente esquecida da sua presença, assustei-me. Apenas isso.
-Poderei então retirar-me, minha rainha? Estaís em boas mãos com o Rei- diz William dando ênfase em “com o rei”
-Não- diz Richard- Como ouviste o grito de Catelyn e como chegaste cá tão depressa?
-Depois de o nomear conselheiro real dei-lhe um quarto que fica à direita deste fazendo-o mudar-se da Ala dos servos para a Ala Real. Presumo que ele estando aqui no quarto ao lado ouviu o meu grito e foi-lhe fácil acorrer-me. Estou certa William?- Catelyn diz antes de deixar William explicar-se
-Estaís, como sempre- reconhece William
-Podeis retirar-te- diz Richard
-Boas noites, Majestades- diz William saindo.
Após o susto, Richard foi à cozinha buscar leite quente para Catelyn, enquanto esta tinha ficado à espera no quarto. Catelyn, já mais calma sentou-se na cama pensando nos ciumes que pensava ter visto nos olhos de William ao vê-la abraçada a Richard. Após beber o seu leite, Catelyn voltou a dormir, desta vez com sonhos tranquilos até amanhecer.
De manhã, ao ajudarem Catelyn a vestir-se, Emily e Jennifer estavam mais animadas que o costume.
-Correm boatos, pelos servos do castelo que Richard foi à noite buscar um leite quente para a sua rainha. Como ele sabia que ela precisava?- conta Jennifer depois de Catelyn explicar novamente o motivo das suas olheiras
-Bem, corre também o boato de que ele não dormiu no seu quarto privado e esta manhã a cama dele estava feita. Então vossa majestade, conte-nos… é verdade que ele dormiu junto a vós?- pergunta Emily expectante
-É sim, Emily- diz Catelyn soltando risadas- É sim…- conclui suspirando
-A nossa rainha finalmente se apaixonou pelo senhor seu esposo?- pergunta Emily sempre curiosa
-Talvez- diz Catelyn com um sorriso enigmático. Após alguns segundos de silêncio, Catelyn tornou a falar- Jennifer, Emily?
-Sim, vossa majestade?- perguntam fazendo um coro quase perfeito
-Que mais boatos andam a correr o castelo? E a aldeia?
-Bem, vossa alteza...Todos os servos do castelo sabem que vossa majestade se encontra bem e a recuperar daquele dia na floresta mas a população está convencida de que algo trágico aconteceu a vós.- responde Jennifer
-Algo trágico? Que quereis…?
-As pessoas pensam que a casa real pode estar a tentar ocultar a sua possivel morte naquele dia por uns tempos… -acaba Jennifer
-A população sente falta de vós e de vos ver. Deverieis fazer uma aparição publica, majestade - completa Emily
-Já sei! Tive uma ideia! Que mês estamos Emily?
-Julius, majestade!
-O Outono… A festa da rainha feijão costuma ser celebrada na chegada do Outono, certo Jennifer?
-Claro! Já não é celebrada no reino há 2 anos, desde que o seu pai adoeceu por ventura de que o seu estado de saúde não piorasse.
-Fá-la-emos este ano! Preparai tudo e avisai a população que daqui a 2 meses em September, a festa da Rainha Feijão será novamente celebrada!
-Com certeza majestade!- sorriem as aias também contentes com a noticia
2 Meses Depois:
-Princesa Annelise do reino de Elmancys acompanhada do Principe Donal, seu irmão!
-Princesa Roose do reino de Berke acompanhada pelo Rei Harry, seu pai!
-Duque Petyr do reino de Jamis!
-Duquesa Alyne do reino de Lexys acompanhado pelo Duque Eduard, seu marido!
-Duquesa Mary do reino de Kristón!
William ia apresentando os convidados à medida que estes entravam no salão e quando estavam todos presentes, apresentou os anfitriões:
-Rainha Catelyn e Rei Richard dos reinos de Scott&Lion e Maraquias do Sul!- Diz William enquanto Catelyn e Richard entram de braço dado e a sorrir descendo a escadaria do salão de baile. Richard vem com as vestes normais de um rei e com a sua coroa pousada no topo da sua cabeça enquanto Catelyn enverga um vestido simples verde azeitona e tráz um arco e flechas na mão livre. Catelyn pára no topo da escadaria para discursar.
-Bem-vindos a todos os nobres e cidadãos dos reinos de Scott&Lion, Maraquias do Sul ou de reinos vizinhos! Hoje celebramos uma festa muito única, especialmente para as aldeãs dos reinos presentes. Hoje têm a oportunidade de comer uma fatia de bolo e aquela a quem calhar o único feijão colocado na massa do bolo, poderá tornar-se rainha por um dia usando os meus aposentos, as minhas vestes, trono, acessórios e coroa, claro! Para os nobres organiza-se no dia de hoje uma festa de fantasias e eu tenho o prazer de anunciar que este ano, escolhi a fantasia de Diana a deusa grega da caça. Façam bom proveito da festa!- Catelyn diz e a música recomeça.
Catelyn observa as pessoas presentes no salão de baile e encontra pessoas que conhece dentre as quais a princesa Mya com o principe Arthur. Guiando Richard, Catelyn caminha até eles
-Mya!
-Catelyn!- diz ela quando visualiza a cunhada e abraçam-se
-Como vão as coisas?
-Vão bem obrigada Catelyn. E o meu irmão, tem-se portado bem?- diz sorrindo
-Ei! - contesta Richard também sorrindo- Maninha, concedes-me esta dança?
-Se Catelyn, não se importar...
-Se vos aprouver- diz Catelyn observando Richard e Mya encaminhando-se para o meio do salão. Catelyn procura com o olhar William pois tenciona dançar com ele mas não o encontra de imediato. Quando encontra, observa que ele conversa com uma dama. Pelas suas vestes, uma duquesa. Pede licença a Arthur e vai de encontro a William.
-Vossa alteza- diz a duquesa fazendo uma vénia. Os seus olhos são de um castanho esverdeado em formato amendoado, lábios carnudos mas não em demasia, pele clara, cabelos escuros encaracolados, tronco fino. Um ideal de beleza. E William estava a falar com ela.
- Duquesa Mary de Kristón, minha rainha - apressa-se William a apresentar
-Um prazer encontrá-la aqui, duquesa
-O prazer é todo meu, vossa senhoria- até a voz dela é fina e suave como se cantasse.
-Ia agora mesmo convidar a duquesa para uma dança, majestade
-Logo agora, William? Talvez devesse ser mais tarde, estava prestes a levar a duquesa para a mesa dos nobres para a apresentar- diz Catelyn
-Claro, vossa alteza- diz William
-Agradeço, vossa majestade- diz Mary quando Catelyn lhe passa o braço na cintura e a conduz para a direção devida deixando William deveras aborrecido para trás.
-Quem era aquele cavalheiro, vossa majestade?- pergunta Mary mal William deixa de poder ouvir
-É William, o meu conselheiro real. Porque perguntaís Duquesa?
-Estará ele solteiro?
-Acredito que não, Duquesa. Lamento. Procura alguém para desposar?
-Procuro sim, majestade.
-Encontrará muitos nobres interessantes, não se preocupe com William
-Agradeço, Vossa majestade
Catelyn leva Mary para a mesa de banquete dos nobres mas depressa chega a hora de distribuir o bolo e todos os nobres fazem uma roda à volta das aldeãs que comem o bolo esperando ver uma delas ganhar o feijão. Assim que recebem o bolo, as mulheres partem-no com os dedos em busca do feijão e algumas chateadas atiram o prato com o bolo para o chão quando não encontram o feijão.
-Que desperdicio de bolo- diz William ao ouvido de Catelyn fazendo-a assustar-se.
-Acredito que deva estar delicioso. É realmente uma pena.- responde-lhe Catelyn
-O que aconteceu?- continua William a conversa sussurrando
-Que quereis dizer?
-A duquesa Mary. Porque a levastes para longe? Detetei ciumes?
-Ela procura um nobre para desposar. Desculpai-me se vos retirei as esperanças. Não sois nenhum nobre William
-Mas eu tenho de vos dividir com Richard
-Porque é uma obrigação. Achas que não ficaria convosco se não pudesse?- diz Catelyn e a conversa acaba quando uma aldeã solta um grito “Eu tenho o feijão, eu tenho-o!”
Catelyn sai do circulo para a ir felicitar pessoalmente e tira a sua coroa da sua cabeça e põe-na na da aldeã.
-Qual o seu nome?- pergunta Catelyn
-Eldora, majestade
-Para todo o povo aqui presente, apresento-vos Eldora, a vossa Rainha do Feijão!
-Deus salve Eldora, a Rainha Feijão- pronunciam os presentes
Catelyn conduz Eldora até ao seu quarto real e mostra-lhe as suas vestes para que esta possa escolher uma digna de rainha para a vestir. Enquanto Eldora se veste, Catelyn pede licença e retira-se para também ela vestir algo mais confortável uma vez que o vestido lhe começava a apertar a barriga. Ao retirar o corpete repara que a barriga demonstra já alguma largura e que não a poderá esconder durante muito mais tempo. Assim sendo, volta a vestir ao corpete e pede ao guarda mais próximo que chame Richard com urgência ao seu quarto. Catelyn tinha pedido com urgência com medo que Richard se esquecesse dela no seu auge da bebedeira mas depois arrependeu-se pois Richard já não bebia. Não agora. Richard tinha mudado mesmo a sua atitude e Catelyn ponderava de verdade dar-lhe uma oportunidade. Assim, Richard chega esbaforido ao quarto achando que algo se passaria com Catelyn.
-Catelyn! Estaís bem?
-Sim Richard, desculpa ter-vos preocupado
-Que querieís Catelyn?- diz carinhoso
-Contar-vos algo… Eu…- começa Catelyn já incerta da sua decisão
-Vós…?
-Eu estou grávida. Do nosso filho Richard- diz meio incerta e com medo da reação
-Catelyn, isso é maravilhoso- diz ele explodindo de felicidade e indo abraçar Catelyn elevando-a do chão e andado à roda com ela ao colo
-Não sabia que ficarias tão feliz- diz Catelyn rindo
-Como não haveria? Vem, vamos anunciar a boa nova- diz Richard ficando à espera que Catelyn acabasse de se vestir
Ao chegarem ao salão, Richard que levava Catelyn pelo braço, chama a atenção de todos.
-Poderia ter a vossa atenção, por favor?- pede com a sua voz grossa e prossegue quando se faz silencio- Queríamos anunciar que esta bela criatura a meu lado e que é felizmente a minha esposa, se encontra grávida do nosso primeiro filho!
O salão irrompe em aplausos e Catelyn procura o olhar de William que lhe sorri e ela apercebe-se que fez a escolha certa. De seguida, as pessoas começam a vir felicitá-la e a primeira é Mya que corre para os braços do irmão exclamando “É o meu sobrinho, é o meu sobrinho!” fazendo todos cair na gargalhada. No meio de toda a confusão hà uma voz de criança que exclama “Catelyn, Catelyn!” e Catelyn quase que cai quando vê o seu interlocutor. Um pequeno rapaz de cabelos louros corre para si e ela pega-o ao colo.
-William! Que fazeis aqui?
-A minha mãe veio comer o bolo e eu aproveitei e queria dizer-lhe que gosto muito da minha nova escola.
-Fico feliz William, fico feliz…- diz já sussurrando a última parte. Porque é que sempre que pensava no seu bebé o destino lhe mandava algo para ela se lembrar de que ele seria parecido com William e que isso poderia ser um problema?
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