— Eu juro, Linda! — Courtois uniu as duas mãos em forma de prece, os olhos brilhando de emoção — Eu juro que não fiz isso. Por favor, Linda. Você me conhece, sabe que eu nunca faria uma coisa dessas.
Abri a boca para falar, mas não consegui dizer nada. Ele parecia estar sendo muito sincero, dava pra ver que estava sofrendo por saber que eu o acusava de uma coisa tão grave.
— Eu…
Ele segurou minhas mãos, praticamente suplicando. Mesmo que eu estivesse errada no futuro, eu acreditava na palavra dele.
— Por favor, Belinda! — Fiz que sim com a cabeça, mas ele estava tão desesperado que não viu — Acredite em mim…
— Tá bom, Courtois! — Berrei — Eu acredito!
Soltando o ar devagar pelo nariz, ele pareceu se acalmar conforme se dava conta de que eu realmente acreditava na palavra dele.
— Ei, solta ela agora!
Girei os calcanhares e lá estava Hazard nos alcançando. Courtois soltou a minha mão, mas não perdeu a compostura, encarando o meu namorado com as sobrancelhas unidas.
— Baixa a sua bola, Hazard — Courtois deu um passo à frente, os dois se encarando feito dois leões e eu revirei os olhos.
— Se você tocar na Belinda eu juro que te mato. — O ódio no olhar do meu namorado fez Courtois recuar, lotando a testa de vincos.
— Você acha que eu seria capaz de fazer uma coisa dessa com vocês? — O goleiro soltou um suspiro tristonho — Como pode pensar isso de mim, Eden, você é meu amigo!
Segundos depois o ódio que consumia os olhos lindos dele foi diminuindo. Soltando o ar pela boca, Eden enfiou o rosto entre as mãos e soltou um muxoxo mau humorado.
— Eu… Eu tô com tanto ódio… — A frase escapou sussurrada da boca dele e corri para abraçá-lo — Eu não consigo acreditar que fizeram isso com a gente. Não consigo confiar em ninguém depois disso...
Enlacei os braços ao redor de seu pescoço e o beijei nas bochechas e na boca enquanto murmurava que tudo ia ficar bem.
— Eu sinto muito pelo que vocês estão passando, gente — Hazard e eu olhamos para o goleiro — Se precisarem de ajuda pra achar quem está por trás disso…
Sorri em agradecimento, ainda segurando a mão de Eden.
— Espera, Courtois — Ele soltou a minha mão e avançou, fazendo o outro belga, que já estava indo embora girar os calcanhares — Onde você estava quando gravaram o vídeo? Mais ou menos dez da noite.
Visivelmente decepcionado com a desconfiança do amigo, Courtois mostrou o celular e na tela congelada havia a chamada de vídeo que ele tinha feito com o filho na mesma hora em que alguém tinha entrado no nosso quarto para instalar a câmera escondida.
— Quer que eu ligue para meu filho e para a mãe dele? Eles podem confirmar…
Eden fez que sim com a cabeça, mas o interrompi com uma cotovelada.
— Não precisa, Thibaut… — Falei com doçura — Obrigada.
Dando um passo à frente, ele abriu a boca para falar, mas desistiu. Apenas sorriu, os lábios trêmulos antes de lançar um olhar tristonho para Eden e desaparecer do estacionamento.
— Você foi muito duro com ele — Reclamei enquanto cobria os ombros dele com as mãos, envolvendo-o em um abraço. Ele grunhiu alguma reclamação, mas enterrou o rosto em meu ombro deixando escapar um soluço.
— Eu sei, amor. Mas… Eu não consigo acreditar em ninguém…
— Ei, olha pra mim — Segurei o rosto dele com as mãos — Seja lá quem estiver por trás dessa chantagem sórdida, não vai conseguir nos vencer, ok?
Ele balançou a cabeça sem muita certeza, forçando um sorriso torto a enfeitar seu rosto.
— Ele ou ela está tentando separar a gente, e tentando deixar nós dois pilhados. Quer saber de uma coisa? — Ele segurou minha cintura mais forte, sorrindo de verdade dessa vez — Não vamos dar esse gostinho à esse stalker.
— Você tem alguma coisa em mente?
— Não, mas vou pensar em alguma coisa.
Os outros jogadores nos cumprimentavam conforme deixavam o C.T, indo em direção aos seus carros, e Eden mal conseguia acenar de volta.
— Eu não vou me afastar de você, Linda. Não consigo, amor.
— Não vamos nos afastar. — Decretei, afagando as bochechas dele.
— Mas e se isso irritar o stalker?
Tentei pensar em uma resposta, mas não havia nada para dizer. Estávamos em um terreno perigoso, colocando nossas carreiras em risco. Mas não podíamos nos render, muito menos baixar a cabeça para a pessoa doente por trás desse plano maléfico de nos expor.
[...]
Alguns dias depois
— A senhora está linda, mamãe — Lucas, meu filho mais velho me examinou dos pés à cabeça e levantou os polegares em aprovação — Esse vestido é novo?
— Aaaaah! Obrigada meu anjinho — Puxei seu rosto para um beijo, mesmo contra a sua vontade — É novo sim, comprei em Paris dias atrás.
— Ele chegou!!! — Minha mãe berrou lá da sala — Se apressa, filha!
Troquei um olhar cúmplice com Lucas e trocamos um high five antes de eu trotar no meu salto até a sala.
Eden estava à minha espera, uma mão enfiada no bolso do terno cinza sob medida recortado para ressaltar o corpo de deus grego.
Não consegui deixar de sorrir ao ver que a mão que não estava no bolso trazia um enorme buquê de rosas vermelhas e fiquei aliviada ao vê-lo feliz.
Os últimos dias foram dolorosos sem nenhuma resposta do nosso stalker anônimo, e nós dois juntos decidimos que, contrariando as chantagens, seguiríamos a nossa vida. O policial amigo de Eden abriu um inquérito para investigar as mensagens, e um grupo de especialistas em crimes cibernéticos assumiu o nosso caso, prometendo absoluto sigilo.
— São pra mim? — Levei a mão ao peito dramaticamente arrancando risadas de todos na sala — São lindas, Eden!
— Você que é. — Ele disse sussurrando em meu ouvido ao me abraçar, e fechei os olhos com o beijo cálido que ele me deu. — Prometo trazer a mamãe de volta logo, crianças.
Os meninos acenaram quando fomos ao carro e pela primeira vez em muito tempo eu estava feliz. Sem culpa, sem me preocupar que alguém estivesse nos observando.
Fomos recebidos com entusiasmo dos nossos amigos no Heritage Madrid Hotel, espaço reservado pelo clube para uma festa beneficente. Pilar e Clarice, minhas melhores amigas estavam eufóricas em saber que Eden e eu assumimos nosso namoro publicamente. Elas ainda não sabiam sobre o stalker, e eu preferi guardar aquilo pra mim.
— Você está tão linda… — Eden me abraçou por trás, envolvendo os braços em minha cintura — Eu sei que já falei isso trezentos milhões de vezes hoje, mas não consigo evitar…
A voz grave em meu ouvido me fez arrepiar, e tentei disfarçar a excitação que isso causou em meu corpo.
— Obrigada, amorzinho… Você também não está nada mal nesse terno Versace, querido.
Ele deu uma risadinha soprando um ar quente em minha nuca.
— Não é bom poder ficar assim? Juntos, na frente de todo mundo e sem ter medo de se esconder?
Acenei com a cabeça e fechei os olhos quando ele beijou meu pescoço, ignorando Marcelo ao nosso lado dizendo: “arrumem um quartoooo”.
— Peço por gentileza a atenção de todos para o vídeo institucional sobre o instituto de caridade do Real Madrid.
Florentino falou no microfone, e um telão desceu atrás dele no palco. Todos ficaram em silêncio enquanto uma introdução com o hino Hala Madrid aparecia na tela, mas prendi a atenção no meu celular quando uma mensagem do meu filho chegou.
— O que é isso?
Ergui o rosto para o telão, minha testa lotada de vincos ao perceber que a transmissão do vídeo institucional foi interrompida e a tela estava congelada numa imagem preta.
— Não sei — Respondi, olhando ao redor — Deve ter dado algum erro, o pessoal do T.I já deve estar arrumando.
— Não tô gostando disso — Eden coçou o braço, grunhindo alguma coisa inaudível.
— Já devem estar…
Minha boca ficou aberta e minha expressão congelou quando a tela preta deu lugar à uma imagem desfocada, e pouco nítida de um quarto de hotel.
Meu coração foi à boca quando reconheci o lugar.
— Eden…
Uma porta se abriu e um casal entrou cambaleando, a mulher foi jogada na parede enquanto o homem passava a mão por todo o seu corpo. Logo, o casal que se beijava ardentemente, se livrava de qualquer jeito das suas roupas, em gestos urgentes e carregados de paixão.
Aquele casal era nós dois.
Um burburinho começou ao nosso redor e Eden começou a ficar branco ao meu lado.
— Ah meu Deus, Linda… Não pode ser.
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