"ㅡ Mas eu pensei que o gato… ㅡ Jimin não concluiu a fala, pois de súbito Jungkook saltou para o lado, pálido. ㅡ Dongsaeng, o que foi?!
ㅡ Uma… uma aranha ㅡ respondeu num sussurro, encarando uma aranha no meio-fio.
Jimin percebeu o animal e então analisou o dongsaeng. As mãos dele tremiam e ele parecia tão assustado. Jimin o pegou pela palma direita e o puxou para longe, para um banco perto da quadra.
ㅡ Vem, dongsaeng, ela está longe agora ㅡ falou ao sentar ao lado dele.
Jungkook nada disse. Se antes não tinha cor, agora ardia em vermelho. Jimin pegou sua mão novamente.
ㅡ Já passou, dongsaeng. Você tem aracnofobia? ㅡ Jungkook assentiu com um gesto de cabeça. ㅡ Eu lamento, deve ser muito chato.
ㅡ Pelo menos não me mijei desta vez ㅡ disse baixinho, encostando as costas no banco e deixando a cabeça pender para trás.
ㅡ Você já fez xixi na calça por causa de uma aranha?
ㅡ Ela estava no banheiro ㅡ contou, constrangido e de olhos fechados, porém sem receios de se abrir a um amigo tão amável como Jimin ㅡ e eu não vi… Estava escovando os dentes e ela subiu na minha mão do nada, do nada! Foi… foi… Eu nem consegui gritar. Nem me mexi. Ela saiu de cima de mim sozinha e voltou para debaixo da pia, de onde minha mãe tirou mais tarde, depois de reclamar do meu desespero. ㅡ Abriu os olhos. Encarou o céu nublado. Sentiu o calor da palma do amigo. ㅡ Quando ela foi e eu consegui chorar e cuspir a pasta de dente, depois que enxaguei a boca, eu pisei pro lado… Era uma poça e eu nem senti.
ㅡ Dongsaeng… eu… nossa, eu sinto muito, deve ter sido muito assustador. Quando estiver comigo, sempre vou tirar as aranhas pra você, tá bom? E se um dia você estiver sozinho e não puder pedir ajuda, pode me ligar! Eu juro que vou de bicicleta até você e te ajudo.
ㅡ Não… não é pra tanto, hyung. Já me sinto bem humilhado por ter contado, não preciso que faça algo assim por mim ㅡ pediu, sem poder manter contato visual. O calor que sentia no rosto era violento e o bom vindo da mão de Jimin, por melhor que contrastasse, piorava tudo.
ㅡ Não é nada demais se você fica tão assustado assim! Você conhece o sistema límbico, dongsaeng? É responsável pelas emoções e tem ligação com a bexiga e a uretra. Então é importante sim a sua fobia, e eu vou aparecer. Me ligue.
Jungkook viu uma segurança e carinho em Jimin que jamais chegou perto de ver em alguém. Naquele dia, ele só concordou, ainda sem graça.
Semanas depois, quando uma aranha invadiu seu quarto e ele só queria relaxar com uma ligação, Jimin desligou na sua cara e apareceu na janela, suado de tanto pedalar.
E ele prometeu tirar todas as próximas aranhas que viessem."
ㅡ Não tem mesmo mais nenhum pedacinho de torta, tio? ㅡ Jongdae perguntou enquanto tomava seu chá de laranja na garrafinha com desenhos da Barbie na praia.
ㅡ Não, Jongdae, você e os meninos comeram tudo ontem à noite ㅡ Jimin respondeu, servindo mais uma xícara de café forte e doce a Mike.
ㅡ Ah, poxa ㅡ Jongdae lamentou e mordeu um pedaço de sua manga.
ㅡ Eu teria guardado um pedaço se você tivesse me dito, Jongdae ㅡ Bonnie falou, tomando seu achocolatado.
ㅡ Guardar é coisa de gente chata ㅡ Jongdae murmurou, emburradinho.
ㅡ E responsável ㅡ Mike provocou; estendeu a xícara para Jimin, pedindo mais café.
ㅡ Mimimi ㅡ Jongdae zombou e mostrou a língua. ㅡ Como se você fosse muito responsável, né, Nicholas?
ㅡ Você cuide dessa sua língua, Jongdae, ou eu acabo com você ㅡ Mike ameaçou e comeu com raiva seu sanduíche.
ㅡ Meninos, não precisamos brigar no café da manhã, não é? ㅡ Jungkook indagou, apaziguando a situação.
ㅡ Mas, tio Jungkook! Olha ele! ㅡ Mike exclamou, mexendo os pés e apontando, como se Jongdae não estivesse… ao seu lado. Do seu lado esquerdo estava Bonhwa, seguido de Jungkook e Jimin, ao lado de Jongdae.
ㅡ Jongdae, o Mike não gosta do segundo nome dele, então você tem que respeitar isso ㅡ Jimin falou. Jongdae cruzou os braços e voltou a comer sua manga.
ㅡ Por que você não gosta, Mike? ㅡ Bonhwa questionou, limpando o cantinho da boca suja de achocolatado. Jungkook prontamente o ajudou com um guardanapo, dizendo "Vira pra cá, meu anjo". ㅡ Eu acho bonito. Eu não sei falar, mas é bonito. Tá limpo já, pai! Para!
ㅡ Mas eu não acho que tá! ㅡ Jungkook respondeu, brincando, e encheu o filho de beijos. ㅡ Pra mim, tá sujo ainda e eu tenho que limpar com beijinhos.
ㅡ Não, não! ㅡ Bonhwa pedia, rindo muito.
ㅡ Mamãe me chama de porquinho quando eu fico sujo ㅡ Jongdae falou.
ㅡ O meu pai joga um pano na minha cara e diz que não me criou pra ser uma criança imunda ㅡ Mike contou. Jimin e Jungkook olharam para ele, com muita vontade de rir. ㅡ Mas como você fala o meu nome, hyung? Eu nunca te ouvi dizer.
ㅡ Eu que não digo! Meu inglês é ruim ㅡ Bonnie respondeu, enchendo a boca de sanduíche.
ㅡ Se for parecido com o do seu pai, então ele é ótimo.
Jungkook nem sabia se Mike estava falando dele e ficou sem graça.
ㅡ Qual pai?
ㅡ O Jungkook.
E agora ele estava muito sem graça, rosinha e fingindo que não se animou, comendo sua maçã.
ㅡ Ah, eu não sei se falo como ele. Não o seu nome. Ainda não consigo dizer A… A… Ai… não sei. Eu ainda falo Aliana.
ㅡ Ah, a Ariana? ㅡ Mike questionou no seu inglês nativo que Bonhwa jamais entenderia como era possível de ser aprendido.
ㅡ Isso.
ㅡ Mas Nicholas é mais fácil. Tenta.
ㅡ Nicôlas ㅡ disse, inseguro. Mike sorriu como ninguém naquela mesa havia visto antes.
ㅡ Sim! É bem assim, hyung! Diz de novo.
ㅡ Nicôlas ㅡ repetiu mais animado.
ㅡ Isso! Você pode falar o meu nome, hyung, mas só você. A outra pessoa nessa mesa, que não vou dizer o nome mas sabe que é ela, essa gorda pessoa, não pode.
ㅡ Nossa, quem será? ㅡ Jongdae debochou.
ㅡ Cala a boca!
ㅡ Sem brigas na mesa ㅡ Jungkook alertou, em tom de quem não vai repetir. Mike e Jongdae se encararam, ambos culpando um ao outro.
ㅡ Desculpa, tio Jungkook ㅡ Mike pediu, de braços cruzados para o amigo e tom de voz baixinho.
ㅡ Desculpa, tio Kook, mesmo que eu não tenha feito nada ㅡ Jongdae disse. Jungkook ergueu as sobrancelhas para ele. Ele sorriu e bateu palmas. ㅡ Eu não vou provocar ele, desculpa.
ㅡ Como vocês conseguem viver discutindo assim? ㅡ Jimin perguntou e serviu mais café a Mike. Já era a terceira xícara.
ㅡ É que ele sempre me provoca, tio Jimin ㅡ Mike disse.
ㅡ Ele que começa ㅡ Jongdae se defendeu.
ㅡ Então parem os dois, tá bom? Nem imagino como Bonnie se sente sempre no meio dessas brigas.
ㅡ Ele ri ㅡ Mike e Jongdae responderam juntos e Bonnie riu.
ㅡ Eu acho engraçado, pai. E é fofo quando eles pedem desculpas.
ㅡ Hyung, não conta! ㅡ pediu Nicholas, incomodado com a ideia de seus tios descobrirem o seu lado não-maneiro (como se não tivessem visto no dia anterior quando ele chorou e gritou até o pai pegá-lo no colo).
ㅡ Você é muito fofoqueiro, Bonnie ㅡ Jongdae falou, negando com a cabeça.
ㅡ Então eles pedem desculpas? ㅡ Jimin botou lenha na fogueira.
ㅡ Sim ㅡ Bonhwa respondeu. ㅡ O Mike pede primeiro e aí o Jongdae pede depois e eles ficam se cutucando.
ㅡ O lado bom de ele ser cheio de carne é que tem o que cutucar ㅡ Mike murmurou. Jongdae levou aquilo como elogio e concordou com a cabeça.
ㅡ Você é do tipo que não gosta de ficar brigado, Mike? ㅡ Jimin questionou e o menino mexeu os ombros, um pouco constrangido. ㅡ Jungkook também é assim. Sempre que a gente discute, ele fica dois minutos longe e vem me abraçar, dizendo que sente minha falta.
ㅡ Eu não estou acreditando nisso ㅡ Jungkook falou, em tom de reprovação, morrendo de vergonha. ㅡ Como você me expõe assim na frente das crianças?
ㅡ O Bonnie sempre conta quando vocês brigam ㅡ Jongdae contou ㅡ e fazem as pazes, então a gente sabe.
Jimin e Jungkook encararam o filho com a mesma expressão de: Você tá ferrado.
ㅡ Mas não é nada de ruim! ㅡ Bonhwa se apressou em explicar. ㅡ Eu só acho bonitinho e não tenho assunto. Eu nunca digo nada ruim, papais, eu juro! Eu nem tenho o que dizer de ruim.
ㅡ É, ele só fala que vocês discutiram sobre quem vai pagar uma conta, que vocês ficam falando com voz de bebê um com o outro ㅡ isso fez tanta vergonha circular pelo corpo de Jungkook que ele apoiou o rosto nas mãos; Jimin estava sorrindo, mas era de nervoso ㅡ, que vocês ficam sempre abraçados e que às vezes fazem umas coisas estranhas, tipo aparecer sem roupa.
ㅡ É, bem estranho ㅡ Mike falou ironicamente, tomando seu café. Olhou para o casal de olhos arregalados e piscou.
ㅡ Nada ruim! ㅡ Bonhwa repetiu, com medo de ter feito algo errado.
ㅡ A gente sabe, amor, mas… tome cuidado com o que você diz, tá bom? Não pelos seus amigos, mas porque gente estranha pode ouvir e entender errado. Então seja cauteloso, ok? ㅡ Jimin pediu. Bonhwa concordou, gravando aquilo na sua pasta mental do que não fazer em público, logo atrás de não poder perguntar na fila do mercado o porquê de Jungkook viver com a mão na bunda de Jimin.
ㅡ O hyung só fala quando não tem ninguém perto, a gente guarda segredo ㅡ Mike avisou e comeu mais de seu sanduíche. ㅡ Só a gente sabe que vocês aparecem sem camisa de repente.
ㅡ Mike, não... Apenas não ㅡ implorou Jungkook. O filho do Sr. Jones achou graça.
ㅡ Mas eu não vou contar, tio Jungkook! Eu sei que o hyung não pode saber dessas coisas ainda.
Todo o ódio que Jungkook tinha por Jongdae subitamente foi jogado em Mike Nicholas Jones.
ㅡ O que eu não posso saber? ㅡ Bonnie perguntou.
ㅡ Eu não entendi ㅡ Jongdae falou.
Jimin e Jungkook encararam Mike, que continuou rindo e dizendo aos amigos que não era nada. E assim foi o café da manhã.
Talvez pior que isso tenha sido somente quando, no carro, já no caminho da escola, Bonnie pediu para ouvir o álbum Positions e a primeira música que tocou foi 34 35. Jimin no banco do motorista, Jungkook ao lado, Bonhwa, Mike e Jongdae atrás, nessa ordem. Inicialmente, os adultos apenas perguntaram muito sutilmente se Bonhwa não queria pular aquela e ele disse:
ㅡ Papai, é feio pular as músicas da Ali, você sabe. Todas têm que ser ouvidas.
Jongdae não entendia um pingo de inglês e estava quase dormindo no banco, portanto não era um problema nem uma ajuda em potencial. Bonhwa estava ouvindo com todo o seu amor e atenção a música de sua cantora favorita. Mike estava cantarolando enquanto mexia no curativo no braço, que ganhou após a queda na tarde anterior.
Tudo bem. Apenas um casal se olhando, com medo. Saber que Mike havia entendido o que Bonhwa nunca assimilou ㅡ graças a Deus! ㅡ foi de mais para os dois. Não que esperassem total ignorância por parte das crianças, só não esperavam serem expostos assim, tão de repente, e ainda pelo amigo do filho deles. Torceram para que Mike soubesse só superficialmente o que era sexo e tivesse imaginado algo muito simples, que nem fosse mexer com suas noções de íntimo.
E tudo estava realmente bem até que Mike cantarolou o:
Can you stay up all night?
Fuck me 'til the daylight
Ele franziu a testa e perguntou:
ㅡ Vocês escutam a versão com censura? Ela disse "love me" e não "fuck me".
Jimin olhou para Mike com decepção e Jungkook só suspirou. O garoto não entendeu o que perguntou de errado.
ㅡ É que eu gosto mais da com o "fuck" ㅡ Mike explicou, não entendendo a reação de seus tios.
ㅡ Papai Jungkook diz que nem tudo que a Ali canta, eu posso cantar ㅡ Bonhwa elucidou. A lâmpada de Mike acendeu.
ㅡ Aaaaaaaah, tá certo, foi mal aí, tio Jimin. Sem "fuck", só "love".
ㅡ Alguém quer biscoito?! ㅡ Jungkook ofereceu em total desespero. Jongade acordou na hora e respondeu com sono e afobação:
ㅡ Eu roque! Quer dizer, quore! Quero! Eu quero!
As outras crianças gargalharam da confusão e aceitaram os doces. Continuaram cantarolando, ainda que Jongdae não conhecesse muito do trabalho da Ariana. Ele era mais fã da Katy Perry e sempre tomava banho ouvindo Roar. Mike costumava fazer playlists com Imagine Dragons e Yungblud, um gosto derivado de seu pai, que ouviria Nirvana e Jay-Z o dia inteiro se pudesse. Mas todos sabiam um pouco de Ariana por influência de Bonhwa.
Por isso estavam os três cantando juntos, sendo Mike o único que conseguia cantar e entender e Jongdae o que só fazia sons de vogais no ritmo, porque não sabia dizer uma frase. Ele sabia falar "all night" e essa era a única parte que pronunciava. Bonhwa cantava tudo de seu jeitinho errado e seus pais achavam a coisa mais linda do mundo.
Mike ficava um pouco "???" quando escutava Bonhwa, porque jamais entenderia o que ele estava dizendo se não conhecesse a música. Do mesmo jeito, ele gostava da animação de seu hyung e a música o agradava, mesmo não sendo a sua vibe, então ele só deixou pra lá aproveitou o momento.
Ele estava cantando:
And I've been eating healthy (and I've been eating healthy)
Know I keep it squeaky, yeah
E seus olhos encontraram os de Jungkook, que estava entregando a garrafinha de suco ao filho, enquanto ele cantava. Pediu para Jungkook cantar, porque o inglês dele era bonito. O adulto, para não ter que iniciar outra conversa estranha, cantarolou o refrão. Mas ele não teve paz quando Mike cantou o:
Baby, you might need a seatbelt when I ride it
I'ma leave it open like a door, come inside it
Even though I'm wifey, you can hit it like a side chick
Don't need no side dick, no
Primeiro porque Mike estava olhando diretamente em seus olhos, segundo porque ele sabia que Mike entendia tanto o sentido conotativo quanto o denotativo e terceiro porque a versão que tocava no carro não tinha "dick" e Mike não lembrou a tempo, ocasionando em Bonnie confuso com a palavra inserida de repente.
ㅡ Essa é uma parte que não tem, pai? ㅡ perguntou.
ㅡ Sim, amor. Não diga isso.
ㅡ Eu esqueci, tio Jungkook, desculpa, desculpa. Sem "dick".
O que Jungkook poderia fazer além de se deitar no banco e concordar?
Means I wanna 69 wit' ya', no
Math class, never was good
{...}
Depois de deixar o marido no trabalho, Jimin voltou para o apartamento e começou a fazer uma faxina necessária após uma noite com três crianças comendo, bebendo, correndo, rolando no chão e derrubando farelos por todo canto. Achou uma fatia de bolo atrás de uma almofada e não fazia ideia de como chegou lá.
Limpou e organizou tudo que estava fora de ordem: cozinha com muitos pratos, sala com sofá sujo e mantas espalhadas, cama com brinquedos… Jongdae esqueceu seu medalhão. Ele usava um medalhão com um olho grego para afastar a inveja e o azar, mas disse que devia ser mentira que funcionava porque se o medalhão cuidasse dele não teria deixado ele ser amigo de Mike. Esse depoimento foi o que desencadeou uma das dezenas de discussões entre os dois.
Jimin decidiu trazer Joohyun para jantar na noite seguinte, pois ele e Jungkook mereciam descanso após tudo que passaram. Lembrar da mulher o fez, mais por uma sombria necessidade de atualização que por curiosidade, saber como andava seu sucesso.
Ficou um pouco apreensivo quando descobriu que estava chamando mais atenção do que queria, porém não se alarmou, até porque não adiantava. Pensou no dinheiro. Ele havia lucrado bem menos do que quem esteve por trás de tudo. Era normal na indústria, ele só ficava enfezado quando lembrava que se submeteu a tanto por dinheiro, em um momento de desespero, e nem ganharia uma quantia decente do dinheiro arrecadado às suas custas e de outras pessoas. Era assim que funcionava, não é?
Às vezes ele não acreditava que havia acontecido mesmo. O pânico, no entanto, aquele amargor de ver os meses passando sem trabalho e o… constante pensamento de que "nem seria tão difícil assim" lhe atormentaram tanto. E pensou que pegaria o dinheiro e nunca mais daria as caras (o que fez, tecnicamente), que seria assistido por um grupo seleto e pequeno de pessoas e que não teria maiores problemas porque não seria uma estrela, e assim sua vida cotidiana seria a mesma de sempre.
Ninguém saberia, seria como um erro juvenil, uma atitude mal pensada. E só ele teria que lembrar e conviver com isso.
Mas Jungkook estava lá, ele virou amigo de Joohyun, protetor de Yeonjun. Ganhou seu dinheiro e nem foi tudo que merecia. Teria para sempre (Jungkook) ou por muito tempo (Yeonjun, Joohyun) essas pessoas em sua vida como uma eterna lembrança do que fez, como se as imagens não bastassem.
Não havia como se desvencilhar de suas escolhas sem, por consequência, perder também essas pessoas agora tão queridas. Jamais poderia "ignorar" a pornografia de novo.
Percebeu que isso era parte dele também. Ele era Park Jimin, um breve e amador ator pornô que perdeu o gosto por atuar antes de adquiri-lo. Isso não podia mudar.
E esquecer esses pedaços de nós não é parte da pornografia? De dizer que não assiste, que não tem dependência, que não apoia um esquema horrível. Esquecer o lado sombrio antes de resolvê-lo é promover o crescimento silencioso do sofrimento. Jimin não era assim e decidiu não mais ignorar isso.
Só aceitou. Foi… e passou. E ele tinha que continuar agora. Ainda pôde se sentir grato por ter conhecido boas pessoas e ter ganhado o dinheiro que almejou.
Consequentemente, se aproximou de Jungkook. De uma péssima maneira, porém se aproximou. Ajudou a agilizar o reatar que tanto queriam e, talvez, demorassem muito mais para ter.
Pois iam voltar.
Um dia.
Sempre.
A pergunta era quando.
Jungkook teria mais orgulho ainda de seu marido mais tarde quando soubesse que até de uma das piores experiências de sua vida ele tirou coisas boas.
Só seu Jimin para ser tão bom quando tudo estava tão ruim.
{...}
Jungkook teve a infeliz surpresa de receber uma ligação de seu pai no trabalho. Atendeu só porque estava com tempo e porque (por conta de seu lado tão doutrinado) pensou que podia ser sério. Era decadente notar que suas mãos tremeram antes de pegar o celular.
ㅡ Alô.
ㅡ Não foi assim que eu te ensinei a me cumprimentar.
Jungkook queria tanto poder mandar ele se foder. Ainda não conseguia. Não como resposta àquela voz grave que sempre era ríspida.
ㅡ Bom dia, pai. Como o senhor está?
ㅡ Melhor agora que você lembrou que me deve respeito.
ㅡ Me desculpe. Você quer dizer algo importante? Eu estou trabalhando agora e não posso falar muito com o senhor.
ㅡ E você ainda está casado?
ㅡ Sim, senhor.
ㅡ Claro que está, não sei por que ainda tenho esperanças. E a criança?
A criança. Eles nunca foram capazes de dizer o nome de Bonhwa. Tudo dentro de Jungkook crepitou e tremeu. Mas ele não pôde demonstrar.
ㅡ Bonhwa está bem, senhor. Ele é saudável e inteligente. Como sempre.
ㅡ E ele?
Nunca mais foram capazes de dizer o nome Jimin depois que souberam o que ele era para Jungkook. Ele quis gritar, mas não gritou.
ㅡ Jimin es…
ㅡ Não diga o nome dele ㅡ ralhou em tom sério e ameaçador. A boca de Jungkook secou.
ㅡ Perdão, senhor. Ele está bem como sempre também.
ㅡ Eu ainda não acredito que vocês tiveram a coragem de levar uma criança para viver com vocês como se fossem uma família.
ㅡ Nós só somos uma família diferente, pai.
ㅡ Não quero saber, não estou nada interessado no tipo de coisa que estão ensinando a ele. Eu te ensinei tudo que eu sabia e ainda assim você virou essa coisa, Jungkook, que esperança posso ter em relação a essa criança? Nem imagino o que vai se tornar, estando sob a influência dele e seus outros amigos.
Jungkook não respondeu. Não sabia como.
ㅡ Eu queria vê-lo.
ㅡ Não ㅡ respondeu involuntariamente.
ㅡ Ele não é "seu filho"? Então, infelizmente, ele é "meu neto".
Infelizmente. Infelizmente. Bonhwa. Jungkook estava suando, entretanto não podia deixar aquilo passar.
ㅡ Não fale assim do meu filho ㅡ alertou, sem erguer a voz, transparecendo ainda assim sua reprovação. ㅡ Sabe que pode fazer e falar o que quiser de mim, mas não de Bonhwa. Se disser mais algo negativo sobre ele, eu desligo.
Teve silêncio por alguns segundos. O coração de Jungkook batia como o de um cavalo.
ㅡ Dá pra ver que você é um ótimo pai ㅡ ironizou.
ㅡ Eu tento.
ㅡ Eu também tentei. Que idade ele tem?
ㅡ Fará sete em breve.
ㅡ Hm. E me diga por que não posso vê-lo.
ㅡ Porque eu sei que você vai tentar fazer com ele o que fez comigo e não vou deixar, nunca vou deixar, que você o machuque.
ㅡ Eu te machuquei?
Nada.
ㅡ Eu te machuquei, Jungkook? Lembre que sou seu pai. Me responda sempre que eu falar com você.
ㅡ Você sabe que me machucou.
ㅡ Eu não vejo assim. Eu eduquei você.
ㅡ Você me machucou.
ㅡ Eu corrigi você.
ㅡ Eu sei, mas…
Como assim "eu sei"? Estava, mais uma vez, aceitando a premissa de que seu pai tinha razão? Estava de novo se rendendo? Jimin não gostaria daquilo. Jimin era o único digno de tê-lo de joelhos.
ㅡ Eu não precisava de correção.
ㅡ Todo menino precisa de correção para não se perder.
ㅡ Eu não. E Bonhwa também não. Ele é ótimo. Ele é perfeito, não tem nada no mundo que me faça mais feliz que ele. Ele é meu filho, senhor. Ele é a minha vida.
ㅡ Está tentando dizer que eu não fui tão bom quanto você?! ㅡ indagou com raiva, rindo. ㅡ Você nasceu errado, Jungkook, e eu ainda gastei tempo com você. Te suportei correndo de todas as aranhas, sendo a coisa mais ridícula que já vi.
ㅡ Ninguém escolhe ter aracnofobia.
ㅡ E ainda não acredito que existem outros nomes para covardia. Enfim, não liguei para falar de tudo que deu errado, podemos fazer isso em qualquer outro dia. Liguei para saber da criança porque eu e sua mãe nos preocupamos com ela. Ele é um menino muito pequeno e pode receber uma boa educação ainda. Nós vamos…
Jungkook explodiu. Foi sorrateiro e em tons pastéis, todavia ainda uma explosão; a que lhe foi viável.
ㅡ Não cheguem perto do meu filho, eu não respondo por mim. Respirem perto de Bonhwa pra ver.
E desligou. Deixou o celular de lado, limpou o suor do rosto e saiu para beber um copo d'água. Quando voltou, havia uma chamada perdida de Jimin. Ele retornou, pois podia perder mais dois minutinhos e porque precisava ouvir a voz dele.
ㅡ Oi, amor. Eu estava longe do celular, desculpa. O que foi?
ㅡ Só liguei para avisar que eu encomendei o bolo e a moça fez até um desenho de como vai ficar! Amor, eu fiquei tão animado! Acho que Bonnie vai amar, só estou pensando na carinha dele quando vir a Fenda Do Bikini e os coelhos de chocolate! Eu vou te mandar a foto, olha. Olha, amor!
Lágrimas doces e ternas escorreram pelo rosto de Jungkook ao ouvir a voz tão linda que tanto amava tão feliz, comemorando algo que simbolizava sua família. Sua família de verdade. Abriu a foto do desenho e sorriu; todo canto seu florescendo, perdendo espinhos e tornando o sangue água fresca para tantas flores bonitas.
ㅡ Que lindo, hyung… Acho que ele vai amar sim!
Hyung. Algo estava errado.
ㅡ O que houve, dongsaeng?
Dongsaeng. Jimin sempre sabia.
ㅡ Meu pai me ligou de repente, encheu o meu saco, me fez sentir uma bosta. Mas eu desliguei na cara dele.
ㅡ Não acredito. O que ele queria?
ㅡ Reclamar da educação que damos ao Bonnie. Acho que eles querem tomar conta de Bonhwa. Eu quase mandei ele pro inferno, hyung, eu juro! Desliguei antes.
ㅡ Devia ter mandado. Eles não vão chegar perto do Bonnie.
ㅡ Eu sei, foi o que eu disse.
ㅡ Eu sinto muito por isso, dongsaeng. Olha, quando você chegar, eu encho a banheira pra você e faço uma comida bem gostosa, tá bom? Pra você relaxar.
ㅡ Tá, obrigado, hyung. Eu tenho que voltar a trabalhar agora, mas o bolo vai ser incrível e o resto também. Me mande mais fotos do que decidir.
ㅡ Eu vou. Beijo, amor.
ㅡ Beijo.
ㅡ Jungkook.
ㅡ Hm?
ㅡ Eu te amo e você é o melhor pai e marido que existe. Tenha um bom dia no trabalho, querido.
E nada curaria mais sua alma.
ㅡ Obrigado, hyung. Eu te amo.
{...}
Jungkook saiu o mais cedo que pôde porque queria ver o filho com urgência. Queria tocá-lo e sentir suas mãozinhas quentes, queria ouvir sua risada e sua narração do seu dia na escola, queria vê-lo e ter a certeza de que estava bem. Intacto.
Não conseguiu sair a tempo de pegá-lo na escola, porém ainda foi mais cedo e Bonhwa não sabia, motivo que o fez surpreso quando, de repente, foi tirado do chão e recebeu muitos beijos.
Não foi pelo toque nem pelo carinho que reconheceu Jungkook, e sim pelo cheiro. O perfume impregnado na pele e nas roupas de seu pai era mais doce que o de seu outro pai. Ao sentir aquela "brisa de flor", como apelidou, arregalou os olhos, pois entendeu quem era.
ㅡ Papai! Você veio cedo hoje! ㅡ falou animado, abraçando Jungkook. Ele não parava de beijar suas bochechas. ㅡ O que foi, pai? Sentiu tanta saudade assim?
ㅡ Senti, senti demais, meu anjo! O papai só quer te abraçar e te encher de beijo, mais nada. Me aperta, meu amor, eu preciso abraçar você.
Bonhwa, confuso porém não surpreso, abraçou o pai com força e deixou ele beijar sua orelha o quanto achasse necessário para matar a saudade.
ㅡ Agora é a sua vez ㅡ Jungkook falou.
Bonnie concordou e deixou muitos beijinhos na testa, queixo, bochechas e nariz de Jungkook; coisa que era difícil às vezes com Jimin, que fazia a barba com menos frequência e rigidez. Nunca teve uma grande barba, um cavanhaque ou sequer um pelinho notável, todavia Bonnie sentia quando espetava seu rosto e não gostava. Jungkook tinha a pele mais lisinha do mundo e por isso ganhava mais beijos.
ㅡ Você tá bem, meu anjo? Diz pra mim como foi o seu dia. Você já comeu?
ㅡ Deixe ele respirar, Jungkook ㅡ Jimin pediu, rindo soprado, enquanto cozinhava macarrão. ㅡ E o meu beijo, hein? Você tem só filho agora, é?
ㅡ Sim ㅡ respondeu sem pensar, apertando Bonnie e mordendo o ombro dele, porque fazia cócegas e assim a melhor risada existente soava.
ㅡ Pois então eu vou desligar o fogo e parar de cozinhar, já que não tenho marido ㅡ Jimin replicou, revirando os olhos.
Jungkook deixou Bonnie no chão com um beijo na bochecha e correu até Jimin, o abraçando por trás e deixando beijos em seu pescoço enquanto dizia que o amava.
ㅡ Eu já enchi a banheira, vai lá e aproveita seu banho. Eu já vou desligar o fogão e ir ao mercado, tenho que comprar algumas coisas que esqueci. Mas serei seu quando voltar, tá?
ㅡ De todos os jeitos? ㅡ indagou com segundas intenções. Jimin se contentou em sorrir e dizer:
ㅡ Can you stay up all night? ㅡ Riu ao ver Jungkook abrir um grande sorriso. ㅡ Me deixe ir ao mercado, na volta, depois que Bonnie dormir, é claro, podemos fazer um 34 35.
ㅡ Abençoado seja o Nicholas!
ㅡ O que tem o Mike? ㅡ Bonhwa perguntou da sala, muito concentrado em seu Bob Esponja, ao pensar ter ouvido o nome do amigo.
ㅡ Nada, amor ㅡ Jimin respondeu. Desligou o fogão. ㅡ Eu vou ao mercado e seu pai vai tomar banho, então você vai ficar um pouco sozinho na sala, ok? Seu pai vai sair do banheiro antes de mim, mas tenha cuidado mesmo assim. Não mexa em nada, lembra?
ㅡ Tenho que ficar no chão e longe de coisas afiadas e quentes ㅡ repetiu o mantra que Jungkook lhe ensinou.
ㅡ Isso aí.
Jimin logo saiu e Jungkook foi para a banheira depois de amassar o filho um pouco mais e lhe dar um pirulito que comprou no caminho. Tudo correu bem por dois minutos.
Jungkook estava relaxando quando avistou uma aranha na parede de frente para a banheira, perto do chão.
Seu impulso foi chamar Jimin, mas ele não estava. Pensou que devia ignorar e continuar o banho, no entanto saber da presença do animal era o bastante para deixar cada músculo seu tenso. Não conseguia mais ficar no ambiente. Não conseguiria, sabia que não, tirar aquele bicho dali. Tinha que sair do banheiro. Contudo, para sair, para cruzar a porta do box, mais especificamente, teria que passar ao lado do aracnídeo. Não podia fazer isso também. Se obrigou a ficar parado na banheira, em pânico.
Talvez Jimin tivesse voltado.
ㅡ Jimin ㅡ chamou alto, sem demonstrar alarde. Tudo que veio em resposta foi Bonhwa dizendo "O que é, pai?". Suspirou alto. ㅡ Bonnie, seu pai já voltou?
ㅡ Não, pai ㅡ respondeu, agora do lado de fora do banheiro, perto da porta. ㅡ Por quê? Você quer alguma coisa?
Talvez se seu pai não tivesse ligado, ele pudesse ter contado com mais naturalidade, já que Bonhwa sabia sobre sua aracnofobia. A lembrança da conversa trouxe as lembranças dos momentos de pânico e noites mal dormidas por conta de aranhas que ele não conseguiu afastar. Subitamente, aquela mesma sensação de degradação tomou conta dele, como se houvesse nascido para ser um opróbrio.
ㅡ Pai? ㅡ Bonhwa chamou. Sabia que algo estava errado e ficou nervoso. ㅡ Você se machucou com alguma coisa? Tá com dor?
ㅡ Não, não é nada disso, Bonnie ㅡ respondeu, passando as mãos no rosto. Como se odiava.
ㅡ Então… o que é?
ㅡ Nada, pode ir. Pode voltar a ver seu desenho.
O que poderia ter lá que Jungkook não queria que ele soubesse? Não importava, ele chamou porque queria ajuda, então Bonhwa ajudaria se Jimin não estava.
ㅡ Pai, se for uma coisa que eu não posso ver, eu entro de olho fechado. Eu posso fazer o que o papai ia fazer.
Ele não queria preocupar Bonnie e soube que só o deixaria pior se não fosse sincero. E ele foi, ainda que inflamasse em seus próprios julgamentos.
ㅡ Tem… uma aranha, filho, e ela está muito perto da porta do box, eu queria que seu pai tirasse pra mim.
ㅡ Eu posso tirar!
ㅡ A porta tá trancada, Bonhwa, e eu… eu não posso abrir ㅡ falou com pesar a última parte.
ㅡ Então como o papai ia entrar?
ㅡ Ele tem… Bonnie, você consegue achar a chave reserva? Na terceira gaveta da cozinha. Se você achar, pode abrir.
ㅡ Tá! ㅡ Correu para a cozinha. Correu de volta para o corredor. ㅡ E como é essa chave?
ㅡ Vermelha.
ㅡ Tá!
Agora correu sem desistência. Abriu a gaveta e vasculhou (com cuidado para não bagunçar) até achar a chave vermelha. Correu até o banheiro e quase escorregou no chão liso. Abriu a porta, deixou a chave na pia e acenou para Jungkook.
ㅡ Oi, pai. Cadê ela?
ㅡ Ali. ㅡ Apontou para a parede. Estava sentado na banheira.
ㅡ Eu vou… pegar um pote e uma folha, espera aí!
E lá se foi Bonhwa. Retornou com um potinho branco redondo e uma folha grossa de papel azul como o pijama que vestia. Se lembrava de como Jimin fazia e o que dizia e tentou fazer igual.
ㅡ Já tô tirando, pai, tá tudo bem.
O sorriso de Jungkook foi de gratidão com constrangimento. Bonhwa era seu herói.
ㅡ Peguei, pronto, ó ㅡ avisou, levantando o pote fechado com a folha que pressionava com a palma da mão. ㅡ E agora?
ㅡ Agora… espera do lado de fora, eu vou me enrolar na toalha. Não deixa ela te picar, Bonhwa, pelo amor de Deus.
ㅡ Tá seguro, eu juro. Vou esperar.
O pai se enrolou na toalha azul enquanto a criança esperou no corredor, mantendo o pote longe de seu corpo para evitar acidentes. Jungkook saiu e sugeriu que jogassem ela pela janela. Bonhwa concordou por falta de argumento e os dois foram para a janela da sala.
ㅡ Afasta a folha com cuidado pra ela não cair em você ㅡ Jungkook alertou, mais nervoso que o menino.
ㅡ Tá.
Bonhwa afastou a folha e sacudiu. Jungkook quase desmaiou. Bonhwa olhou para a folha.
ㅡ Ué…
Olhou para dentro do pote e lá estava ela. Jungkook gritou e, no susto, Bonhwa jogou o pote pela janela.
Os dois olharam para baixo e viram o pote cair ao lado de um cachorro. Não puderam ver a aranha tão de longe. Se olharam.
ㅡ Você gostava daquele pote, pai?
ㅡ Eu nem ia usar ele de novo. Obrigado, meu anjo, pela ajuda. Não precisava.
ㅡ Precisava sim, para de ser chato. Vai lá tomar seu… Ah, não! O papai sempre revista antes! Eu vou lá ver se tem mais aranhas e aí te chamo!
Ele correu para o banheiro antes de Jungkook poder pensar e, desta vez, escorregou e caiu. Mas ficou em pé e gritou que estava bem!
Jungkook sorriu, ainda tocando o próprio peito pelo susto. Seu coração estava mais calmo e era por Bonhwa.
Bonnie revirou cada cantinho do banheiro e garantiu que a barra estava limpa, mas que Jungkook poderia chamar caso visse algo. Após agradecer de novo, Jungkook terminou o banho. Enquanto se vestia, Jimin chegou. Ouviu Bonhwa explicar o acontecido e fazer cobranças.
"Ele te chamou e eu fui, mas ele não disse nada, mas eu falei que ia ajudar porque você não tava, aí ele falou que tinha uma aranha. Aí eu peguei a chave na gaveta e abri e vi ela e falei pra ele que tava tudo bem, igual você faz, e coloquei ela num pote. Aí ele saiu e a gente jogou ela pela janela e o pote caiu, mas o papai disse que não ia mais usar o pote. Aí eu revistei o banheiro igual você faz depois de cair, mas eu tô bem. E ele tá tomando banho agora e eu falei que ele podia me chamar. Você trouxe meus biscoitos de avelã em forma de patinho, pai? Você não esqueceu, né? Você foi lá pra isso. Ah, você comprou cerveja! Cadê meu suco? Você não pode trazer bebida pra você e não trazer pra mim!"
O falatório não parou mais e Jungkook se deliciou com ele ao sair do banheiro e chegar à cozinha, onde Jimin confirmava que tinha comprado tudo que prometeu comprar. Deu um beijinho no marido e pegou um dos biscoitos do filho.
ㅡ Você está bem, amor?
ㅡ Sim, o Bonnie foi o meu herói, não é, bebê? ㅡ Puxou o menino guloso por biscoitos para o seu colo.
ㅡ É, eu sou ㅡ respondeu de boca cheia. ㅡ O herói do papai.
ㅡ Vocês dois são as coisinhas mais lindas desse mundo, como pode? ㅡ Jimin exclamou, beijando ambos. ㅡ Vou fazer uma salada e aí podemos jantar. Larga esses biscoitos, Bonhwa. Você é um herói, não um menino imune à dor de dente.
{...}
Após o jantar, vendo Bonhwa assistir seus desenhos quase dormindo, Jungkook não pensou em algo que não fosse os primeiros dias com ele, em que ele ainda não estava acostumado a dizer "pai" e, sem querer, dizia "tio". Foi só na primeira semana, depois disso nada além de papai saiu dele.
Jungkook se lembrava tão bem de sua ansiedade para não fazer nada errado quando ele chegou e de como achava até estranho amá-lo tanto quanto amava. Tanto tempo de conversa e adaptação, tanta paciência para que ele ficasse menos tímido e conversasse com ele e Jimin. E então o dia em que puderam mostrar o quarto cheio de móveis e sem morador e dizer: É o seu quarto, Bonhwa. Os olhinhos de Bonnie arregalaram e ele caminhou pelo cômodo, tocando os móveis e brinquedos.
Ele riu de felicidade e correu para o colo de Jungkook. Correu pela primeira vez. Falou:
"Obigado, ti… pai! É glande só pa mim!"
Aquela foi a primeira de infinitas vezes em que Bonhwa o fez se sentir tão feliz que doeu. Observá-lo aprender novas palavras e pronúncias tão rápido foi tão maravilhoso quanto mostrar a ele como funcionava a descarga e poder acompanhá-lo ao banheiro, tanto quanto descobrir o quanto ele gostava de achocolatado e o quanto o choro dele era a coisa mais dolorosa que havia.
Se pegava pensando… se seu pai teria tratado Bonhwa da mesma forma que o tratou e pensar que sim o enchia de uma fúria sem tamanho. Ele só não acreditava que um dia foi assim, tão frágil e curioso, tão inocente, e que ainda assim passou pelo que passou. Era mais coerente pensar que mereceu.
Mas se houvesse merecido… Bonhwa o amaria tanto assim? Bonhwa seria tão maravilhoso se ele não fosse um bom pai? Seria tão feliz se ele não tentasse tanto fazê-lo feliz?
Não é isso que um pai faz?
Um pai não ama daquele jeito?
Um pai não devia ser como um herói?
ㅡ Acha que é correto… que Bonnie faça esse tipo de coisa por mim? ㅡ perguntou a Jimin, que prontamente disse:
ㅡ Acho que um cara tem que ser carismático e valente para ser o herói do filho, mas que tem que ser o dobro pra inspirar tanta coragem e confiança numa criança a ponto de ela se achar capaz de ser o herói. Bonhwa não se vê como incapaz, Jungkook, e é porque a gente nunca desencoraja nem faz vista grossa pra ele. Ele aprendeu que é pequeno e não pode fazer um grupo seleto de coisas, mas que é capaz de aprender todas. Confia em nós. Ter participado disso, ter feito ele se sentir tão seguro de si mesmo, já não é a sua redenção? Você fez tudo o que o seu pai não fez e fez melhor do que ele poderia sonhar. Pode duvidar de mim, mas duvida do Bonnie? Olhe pra ele, Jungkook. Ele é tão parecido com você… Amor, não acho que seja coincidência. Ele tinha que ser nosso. Tinha que ser seu. E por ser seu, é meu também. Não perca isso por causa de pessoas que pensam que você as pertence.
Os olhos castanhos e amorosos de Park Jimin estiveram em todos os momentos ruins que Jungkook teve após conhecê-lo. Jimin foi seu primeiro ato de rebeldia, sua primeira regra quebrada, sua liberdade.
Seu acerto. Era como costumava chamar.
E pensou tantas vezes que tudo acabaria de forma catastrófica…
Até que Jimin prometeu que seria para sempre e ele não pôde duvidar.
Estavam ali para provar e relembrar. Era bom, era maravilhoso e tudo que ele merecia! Merecia sim.
Ele era pai agora e podia dizer: não teve pais. Tentou muito preencher esse espaço com o casal que o criou, com os amigos e até com o marido. Surpreendentemente, era Bonhwa quem calava esse grito. Matava sua sede de paternidade porque o tornava tão completo que não havia lugar para um sofrimento assim.
Nada o fazia mais feliz que ser um bom pai para ele e o ver bem. Sua família antiga não tinha o direito de tocar nisso.
ㅡ Pai ㅡ Bonnie chamou, rouco de sono, andando até Jungkook na mesa da cozinha ㅡ, eu quero mais achocolatado…
ㅡ Já é muito tarde, meu anjo ㅡ respondeu, pegando as mãos do filho. Bonhwa fez uma expressão triste. ㅡ Você sabe que não pode, Bonnie.
ㅡ Mas eu quero tanto… e se eu tomar só um pouquinho?
ㅡ Eu posso dar, Bonhwa ㅡ Jimin, sentado ao lado do marido, disse ㅡ, mas você vai ter que deixar a gente cobrir o seu colchão com plástico.
ㅡ Aaa… é tão injusto! ㅡ reclamou, batendo os pés. Bocejou. ㅡ Sem achocolatado, então. Mas quero que alguém venha deitar comigo porque fiquei triste.
ㅡ Seu pai vai ㅡ Jimin falou. ㅡ Depois te colocamos na cama. Vai lá.
Bonhwa saiu puxando Jungkook pela mão até o sofá e deitou com ele, desabando de sono. O pai lhe fez cafuné e conversou baixinho sobre o episódio de Bob Esponja que passava. Jimin apareceu na sala com uma garrafinha cheia de achocolatado quentinho e Bonnie pensou que estava sonhando.
ㅡ Mas eu vou fazer xixi, pai…
ㅡ Não tem problema, pode tomar. Agora eu já esquentei e botei aqui! Você não tem escolha.
Bonhwa riu e pegou a garrafa, sugou sua bebida favorita enquanto, com suas últimas forças, viu o restante do episódio. Dormiu após alguns goles e Jimin o levou para a cama.
ㅡ Você ainda tá no clima ou dormir é tudo que você quer? ㅡ Jimin perguntou enquanto deixava a garrafinha na geladeira.
ㅡ Eu quero você, Jimin. Hoje eu quero mesmo. Não precisa ser um 69, mas vamos fazer alguma coisa, hm? ㅡ Abraçou o marido de lado. Jimin fez carinho em seu pescoço enquanto pensava.
ㅡ Você tem alguma sugestão?
ㅡ Senta em mim.
Jimin viu algo no olhar dele. Um anseio. E foi bom.
ㅡ Sento.
As luzes foram apagadas e eles trancaram a porta do quarto. Jimin se despiu enquanto Jungkook puxava os cobertores e deixava, no canto da cama, um lubrificante. Se despiu também e puxou Jimin pela cintura, beijando sua clavícula.
ㅡ Você parece mesmo com vontade ㅡ Jimin sussurrou ao tocar as costas dele.
ㅡ Muita. De você. Vem, deixa eu te chupar antes.
Jimin não tinha razões para retardar aquilo. Se deixou ser puxado pela mão até a cama e assistiu com olhos ensandecidos Jungkook deitar e fazer um gesto em direção ao próprio rosto. O Park só teve uma observação:
ㅡ Isso é trapaça.
ㅡ Hm? Por quê?
ㅡ Assim eu vou sentar duas vezes.
ㅡ E quem disse que eu queria só uma? Você disse que tinha a noite toda.
ㅡ Tenho. ㅡ Sentou-se sobre o peito do marido, jogando o peso no colchão através dos joelhos. ㅡ E você quer que eu sente em você até ser manhã?
ㅡ Sim. Vamos fazer pausas pra descansar e parar só quando a luz do sol entrar pela janela.
ㅡ Hm, eu gosto da ideia ㅡ cochichou, se abaixando para beijar Jungkook.
ㅡ Então senta na minha cara, amor. Vem, eu quero que você me deixe sem ar com essa sua bundona linda.
ㅡ Cala a boca! ㅡ pediu no tom mais baixo que pôde, para não acordar Bonhwa, e cobriu a boca com a mão para abafar a risada.
ㅡ Vem ㅡ Jungkook sussurrou, apalpando as nádegas em cima dele.
Jimin puxou e soltou ar para recuperar a calma e virou de costas, ergueu um pouco o corpo para poder se ajeitar, mas Jungkook estava sem paciência: pegou o quadril dele com força e puxou até que seus olhos só pudessem ver a bunda, o cóccix e uma linha na escuridão, um rabisco bem feito do que eram as costas dele.
ㅡ Se você me fizer acordar o Bonnie, eu juro que faço greve ㅡ Jimin avisou, preocupado com aquela sede repentina do marido. E percebeu que estava certo, já que Jungkook o lambeu com tanta vontade que Jimin perdeu um pouquinho do ar. ㅡ Não aperta a minha bunda, não… Jungkook, não… Tira a mão ㅡ pedia, afobado, porque não queria ficar tão animado.
Óbvio que Jungkook não podia estar se importando menos. Jimin tinha lábios lindos que podia morder para não gemer e, caso não bastasse, não era só morder um travesseiro? Jungkook deixou claras as suas intenções ao jogar o travesseiro que ficava ao seu lado nas pernas de Jimin.
ㅡ Eu não acredito que você vai… ㅡ E Jungkook deu um tapa forte em sua nádega direita antes dele poder terminar. O gritinho foi curto porque Jimin se controlou e agarrou o travesseiro, enfiando nele o rosto para se aliviar.
Ah, Jungkook gostou tanto daquilo. Amava bater em Jimin e ver o quanto ele ficava excitado. Tanto quanto gostava quando Jimin lhe batia no momento certo. Não queria pensar muito nisso, aquela era sua hora de satisfazer o parceiro.
Segurou a carne, tão macia e quente, e sentiu-se um rei. O único ㅡ desde sempre e para sempre ㅡ que podia sentir Jimin daquele jeito e fazê-lo ficar daquele jeito. Quando bateu de novo e Jimin arfou, apertando o travesseiro, Jungkook já sabia que estava tão duro que poderia gozar antes dele. Isso não o assustou, até porque sabia que Jimin adorava presenciar o orgasmo acontecendo; assim também tomava noção do quanto o enlouquecia.
Jimin implorou mesmo para que ele não beliscasse, todavia Jungkook beliscou. E Jimin se remexeu, sentindo sua pulsação numa crescente violenta.
Jungkook prosseguia lambendo, girando a língua e movendo os lábios, tornando o beijo embaixo tão bom quanto o em cima. Forçou a língua para dentro com força, ao mesmo tempo em que firmava suas unhas na pele vermelha, e a moveu como pôde lá.
ㅡ Amor ㅡ Jimin gemeu, mas mais pareceu um pedido. Talvez uma súplica para que ele pegasse leve. Uma súplica inútil que foi com gosto ignorada.
Ele beijou e beijou… e teve a coragem de bater de novo, com tanta força que a carne tremeu e inchou.
ㅡ Dongsaeng, não ㅡ exorou, derramando lágrimas; não aguentava mais segurar tanto tesão. ㅡ Não me bate, não…
E Jungkook bateu, sentindo o dever de o fazer.
Jimin afundou o rosto no seu objeto de socorro e gemeu com ardor. Sem ar, febril. Prestes a desmoronar.
ㅡ Não bate na minha bunda, dongsaeng, po-por favor… Eu vou mesmo gritar e a-acordar o Bonnie, para…
Era o limite e só por isso Jungkook parou. Entretanto, parou apenas para afastar um pouco seu rosto de Jimin e, com todo o seu fervor, enfiar dois dedos; sentindo sua saliva quente lhe cobrir, evidenciando o quando babou no marido.
ㅡ Você tá gostando? ㅡ questionou com deboche, movendo os dedos para frente e para trás.
ㅡ Eu vou… te matar…
ㅡ Só se for de tesão, hyung. E você não gozou? Que rapaz forte, hein? ㅡ Tapinha de leve seguido de uma apalpada forte. Jimin gemeu um agudo e rápido "Ai". ㅡ Olha que coisa linda… até inchou, hyung.
ㅡ Cala a droga dessa boca.
ㅡ Não, não. Se eu me calar, vou parar de meter. É o que você quer?
ㅡ Não ㅡ confessou, muitíssimo sôfrego.
ㅡ Então seja bonzinho e só gema pra mim, tá?
ㅡ Uhum…
ㅡ Hyung, meu Deus… que delícia ㅡ falou e enfim mordeu aquela bunda linda, deixando de foder por um segundinho.
ㅡ Não, não ㅡ Jimin clamou o mais baixinho que conseguia. ㅡ Não morde… eu… dongsaeng!
Sentir os dentes dele ali… fez Jimin lembrar de quando Jungkook mordia o próprio braço para não fazer barulho. A imagem tão vívida em sua mente foi seu estopim: ele gozou. Agarrou o travesseiro, forçou a face contra a fronha cinza e gemeu, pronunciando qualquer coisa ininteligível.
ㅡ Eu já gozei… ㅡ avisou.
ㅡ Hm? ㅡ Jungkook murmurou, parando sua tão alegre mordida. ㅡ Jura? ㅡ Jimin murmurou "aham". ㅡ Então vem cá, deita, deixa eu te animar de novo antes de você sentar.
Jimin fez. Não sentiu culpa ao estapear o peito de Jungkook com força e exprimir suas indignações.
ㅡ Em que merda você estava pensando, Park Jungkook? Você não tem juízo? Hm? Idiota! Idiota!
ㅡ Amor, desculpa ㅡ falava aos risos ㅡ, mas é que você é tão gostoso… Como eu não vou apertar essa bunda linda, hein? ㅡ Apalpou a nádega que foi menos violada, sorrindo tanto que sua bochecha doía.
ㅡ Tira a mão daí.
ㅡ Por nada nesse mundo!
ㅡ Tira essa porra dessa mão! ㅡ Pegou o pulso de Jungkook e afastou de si. ㅡ Você está proibido de encostar na minha bunda.
ㅡ E como que eu vou te ajudar a quicar, meu amor? Você acha que vai ser legal quicar no meu pau se eu não te bater um pouquinho?
Jimin fechou a cara. Era sua maneira de revelar que cedeu.
ㅡ Vai ser só uns tapinhas, tá? ㅡ Beijou o pescoço alheio, indo para o ombro. ㅡ Eu não vou piorar o que já machuquei… Só uma batidinha pra te deixar com tesão. Uma… apertadinha, assim. ㅡ Apalpou novamente e não foi repelido. Jimin estava abaixando os muros porque estava gostando. ㅡ Você gosta, não gosta? Vai ser bem gostoso, meu amor, do jeito que você gosta.
ㅡ Ai, cala a boca. ㅡ Foi tudo o que Jimin disse, logo ficou de joelhos e sentou sobre Jungkook, que também se ergueu, sentando na cama, unindo as costas à cabeceira. ㅡ Beija o meu pescoço de novo, eu vou rebolar.
ㅡ Com prazer.
Iniciou seus beijos molhados e quentes no pescoço tão quente e molhado quanto; o outro rebolou, círculos, esquerda, direita, frente, trás. Jungkook ficou duro feito pedra, tanto quanto Jimin, que se recuperava rápido do orgasmo anterior.
ㅡ Você tá tão duro, dongsaeng ㅡ Jimin ciciou no ouvido alheio. A réplica foi "E como mais eu podia estar?". ㅡ Me abre logo, amor. Entra em mim.
Jungkook ficou em silêncio enquanto sua alma explodia em milhares de pedaços. Soltou o ar com força. Melou os dedos de lubrificante e encaixou sem medo, enfiando tudo, até suas falanges sumirem no interior de Park Jimin. "Relaxa, amor, e rebola um pouco", Jungkook pediu, pois Jimin estava muito apertado e contraindo.
O pedido foi uma ordem e ele voltou a rebolar e receber beijos, assim relaxando os músculos e permitindo a Jungkook mover os dedos sem medo. Abrindo, de pouco em pouco.
ㅡ Você adora fazer isso, não é? ㅡ Jimin perguntou.
ㅡ Sim. Arrombar você é o meu dever na Terra.
ㅡ Para de ser ridículo e anda com isso.
O dongsaeng da questão riu. Iniciou um vaivém rápido e gostoso que fez Jimin chegar ao ponto máximo de sua ereção outra vez. Jungkook tinha aquele pau enorme em cima dele, raspando nele, e isso mexia com sua sanidade. Tanto que iniciou uma punheta só para deixar Jimin no ponto perfeito para botar mais um dedo. Entra, sai, entra, sai. Era tão molhadinho. Tão quente. Ele ia ter um enfarte.
ㅡ Porra, hyung… acho que vou gozar antes de você sentar ou que…
ㅡ Vai durar só dois minutos? ㅡ Jimin completou, zombando. ㅡ Não seria surpresa, não é…
ㅡ Não, hyung ㅡ implorou, mordendo o lábio. E Jimin agiu com a mesma empatia que ele mais cedo.
ㅡ Mas ㅡ sussurrou na orelha dele após morder de leve a hélice ㅡ não seria mesmo, afinal… não é você a minha putinha?
Jungkook grunhiu e mordeu o ombro de Jimin, prestes a desistir. Jimin aprovou.
ㅡ Hyung… não, sério, eu não quero gozar ainda. Senta, vai. Aí você fala o que você quiser.
ㅡ Então eu vou poder te mostrar o quão ridículo você é quando sentar em você? ㅡ Ergueu o quadril e segurou o pênis do marido. ㅡ Eu vou te colocar no seu lugar quando sentar?
ㅡ Si-sim…
ㅡ E onde é o seu lugar, dongsaeng?
Sentou. Pouco a pouco… tudo coube. Jungkook ficou afoito e sem ar, nem sabia o que fazer com as mãos suadas.
ㅡ Abaixo de você… esse é sempre o meu lugar.
ㅡ Muito bem. Me agarra, eu vou quicar. E você vai gostar, não vai?
ㅡ Vou, eu vou, hyung.
ㅡ Bom menino. Como você disse? ㅡ Quicou pela primeira e segunda vez. Sorria enquanto aquecia. ㅡ "Bunda linda", eu acho. É o que você pensa, dongsaeng? Pensa que a minha bunda é linda? ㅡ Quicou, quicou, quicou… A cama rangeu, rangeu, rangeu…
ㅡ Sim…
ㅡ E você gosta quando deixo você meter tudo dentro dela?
ㅡ Aham…
ㅡ E como ㅡ lufadas de ar ㅡ você disse naquele… dia? Minha bunda "enorme, bonita, macia e gorda"? Foi isso?
ㅡ Uhum… acho que foi… ㅡ Apenas os mamilos de Jimin subindo e descendo quando ele quicava. E mais nada.
ㅡ She says, boys like a little more booty to hold at night? ㅡ Jungkook murmurou "É". ㅡ Você diz isso desde que a gente se conhece.
ㅡ Que a… sua bunda é gorda?
ㅡ Não, que acha corpos gordos bonitos. Eu até tentei ㅡ puxa ar, solta ar, segura nos ombros do marido ㅡ ficar mais cheio pra você, mas isso é tudo que consegui… Uma barriga pequena e pernas roliças são tudo o que eu tenho a oferecer.
ㅡ E eu amo… é o bastante pra mim. Pra apertar, morder… bater.
ㅡ Então me bate. Vai, me bate. E sempre que doer eu puxo o seu cabelo. Vai ser mútuo, hm?
Não havia homem no mundo equiparável a Park Jimin.
Ele quicou e arfou quando apanhou de novo. Prendeu os lábios de Jungkook no seu beijo feroz e não soltou conforme subia e descia, fazendo seu cabelo balançar, e era tão bem agredido, imergindo em tesão.
O pau de Jungkook. Ah, era algo nele. Algo além. Algo que parecia agitar suas veias e dar choques em seus nervos. Era porque era dele, disso Jimin não duvidou. Era dele e isso bastava para que ele quisesse para sempre quicar.
Arranhou as omoplatas dele quando mais uma vez foi engolido pelos seus instintos e costumes. E estavam se segurando. Estavam mesmo.
Jungkook sentia um anseio tão grande de gritar para Jimin, por Jimin e sobre Jimin. Gritar porque estava tão gostoso, porque ia gozar tão logo e porque dormiria querendo mais e só se satisfaria quando tivessem condição de fazer caos no quarto. Gritar para Jimin o quão bem ele estava lhe apertando, engolindo, o quão bom era sentir o peso quando ele sentava. Gritar a plenos pulmões que ele podia, e só ele, comer o melhor homem do mundo
E Bonhwa estava dormindo, sonhando que Bob Esponja lhe servia bolo de maçã.
ㅡ Tá gostoso assim? Quanto eu te bato assim? ㅡ perguntou e quis soar como dominante, porém mais pareceu buscar aprovação.
ㅡ Tá, tá bem como eu quero… E você? Tá curtindo? Tá gostoso… quando eu quico assim, hm? Tá gostoso embaixo de mim?
ㅡ Mu-muito…
Jimin segurou o queixo de Jungkook apenas para ter a certeza de que ele o veria gemendo e jogando a cabeça pra trás. Foi demais para o cara debaixo, tão carinhosamente apelidado de putinha, vagabunda e seus derivados. Ele fechou os olhos, mordeu o pescoço de Jimin e choramingou, doido de tesão, enquanto derramava sua porra.
ㅡ Ai, merda ㅡ Jimin reclamou, achando aquilo lascivo demais. ㅡ Tá escorrendo na minha co-coxa…
Jungkook abriu os olhos, sem força alguma, apenas para tentar ver. E, com dificuldade, viu. O líquido branco descendo as coxas de Park Jimin. Se pudesse, teria gozado de novo.
ㅡ Eu… eu falei ㅡ disse, mais como reprovação do que como desculpa.
Jimin o beijou, pouco se fodendo (quando na realidade estava se fodendo muito, é notório) para quando foi. Ele estava quase lá e foi preciso apenas aquele beijo e um aperto forte em sua nádega esquerda para ele também vazar, se despedindo de suas forças. Foi no abdômen de Jungkook e foi bastante, tanto que o deixou encabulado.
ㅡ É sua culpa… me dá tanto tesão que eu até desperdiço esperma.
Jungkook, após observar bem a melança que descia até seu umbigo, só teve uma coisa a dizer.
ㅡ Quem me dera ter engolido tudo isso.
ㅡ Pelo amor de Deus! ㅡ Jimin exclamou, rindo à beça. ㅡ Por que você é assim, hein?
ㅡ Mas é verdade. Quem me dera.
ㅡ Cala a boca. Me beija, hm? Me beija, amor.
Se beijaram, se abraçaram, Jimin disse que devia um orgasmo a Jungkook e ele disse que só tinha uma atividade sexual que almejava praticar e que não a faria por razões de ter que trabalhar.
ㅡ Eu posso foder devagarinho ㅡ Jimin sugeriu.
ㅡ Eu não quero devagarinho, amor. Eu quero forte, eu quero que você seja bruto, você sabe. Eu não vou fazer isso só pra ter mais vontade ainda.
ㅡ Tá, tá. E o que podemos fazer pra nos deixar quites?
ㅡ Por mim, tá bom assim.
ㅡ Então não me quer mais? ㅡ perguntou, fingindo tristeza. Recebeu um tapa na nuca pelo atrevimento.
ㅡ Não fala bobagem! Eu quero tanto que não vou ter porque sei que quero mais do que podemos ter.
ㅡ Tá bom, tá bom. Olha, vamos falar com os rapazes amanhã, que tal? Se um deles puder ficar com Bonnie por umas duas horas, eu te dou tudo que você quiser.
ㅡ Tudo bem. ㅡ Abraçou Jimin com força. ㅡ Eu te amo tanto.
ㅡ Eu sei. Te amo também.
Se deitaram juntos, de frente um para o outro, e paulatinamente cederam ao sono. Jungkook, porém, não podia deixar de constatar um fato e explaná-lo.
ㅡ Sabe, hyung… Se Bonnie é inseguro sobre algumas coisas e muito seguro sobre outras por minha causa, ele é o meu herói por sua causa. Não se pode esperar menos do filho de Park Jimin. Você me salvou primeiro.
ㅡ E foi a decisão mais valiosa da minha vida.
{...}
Eles não enganaram nem a eles mesmos.
Dormiram por três horas, acordaram e transaram mais. Jimin deu ao marido o que era possível de agressividade sem estragar o silêncio do filho. Dormiram de novo e acordaram antes do sol nascer, como se estivessem ambos embutidos a um alarme.
Quando os raios de sol entraram pela janela, eles estavam consumando o 69. Terminaram três minutos antes do alarme tocar.
Podiam estar com olheiras, todavia não havia arrependimento.
ㅡ Meu anjo, é hora de acordar ㅡ chamou Jungkook, passando a mão no rosto de Bonhwa. Se assustou ao ver o filho acordar e sentar de supetão. ㅡ Por Deus, o que foi, meu bem?
ㅡ Ah, olha! ㅡ Fez um gesto em direção à cama. Não tinha nada nela.
ㅡ O quê?
ㅡ Nada!
ㅡ Bonhwa!
ㅡ Papai, nada! Eu não tomei achocolatado ontem? Tenho certeza de que pensei nisso… antes de dormir. Eu não fiz xixi.
ㅡ Eu vi, meu anjo. Foi porque você tomou só um pouco, não a garrafa toda, como sempre. Mas levante, tá? Seu café está sendo feito.
ㅡ Tá. Eu vou contar do meu sonho!
ㅡ Mal posso esperar para ouvir!
Bonhwa passou correndo pela cozinha até o banheiro, despertando a ansiedade paterna de Jungkook e uma amena repreensão de Jimin, que reparou que ele não vestia nada molhado.
ㅡ Ele não fez xixi? ㅡ indagou enquanto cortava uma goiaba.
ㅡ Não! ㅡ Bonhwa gritou do banheiro. Jimin riu.
ㅡ Que bom! ㅡ gritou de volta. ㅡ Hm, amor, eu pensei em trazer Joohyun noona pra comer aqui hoje à noite, o que acha?
ㅡ Acho que tudo bem, sei que ela tem apreço por você. Não é pra menos: não tenho dúvidas que você foi tão educado e gentil que ela viu uma auréola na sua cabeça e te considera um herói.
ㅡ Não é pra tanto, mas eu acho que ela nutre um afeto por mim. E eu sou só o seu herói, amor, nas horas vagas eu faço bicos de ajudante.
Jungkook riu e o abraçou enquanto ele findava a refeição de Bonhwa.
Seu herói.
Sim, nada era mais correto.
E nada era mais independente das atitudes de seus pais que isso.
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