Se me perguntassem o que estava acontecendo comigo nos últimos tempos, nem eu mesmo saberia responder. Minha vida continuava uma bagunça. Eu ainda era o desgosto dos meus pais e a vergonha da minha família. Ainda me sentia preso numa situação indesejada. A coisa que eu mais odiava no mundo era ser obrigado a fazer qualquer coisa. Me sentia manipulado e menos livre do que eu sempre desejei ser. Porém, em meio a desastres e pensamentos perdidos Julia estava sempre lá, forçando sua entrada em minha cabeça sem nem se dar conta de que fazia isso.
Nós não começamos a viver felizes para sempre por causa daquele beijo. Não éramos um casal de verdade depois daquilo. Dava pra sacar que a Julia estava sendo bem cautelosa comigo agora, sempre com um pé atrás. Eu não podia culpá-la. E nem queria mesmo que ela sonhasse que nossa vida de casados ia finalmente começar, por que não ia. Nós não ficamos mais juntos daquele jeito de novo durante mais um mês, mas agora conversávamos. Quando eu via, estava me sentindo confortável o bastante para verbalizar alguns pensamentos idiotas e pessoais. Eu não sabia o que aquela menininha estava fazendo... mas era bom. Ela sempre me ouvia com a maior atenção do mundo, como se eu estivesse prestes a explicar o sentido da vida e o segredo do universo. Quando ela me olhava com essa atenção, vidrada nos meus lábios se movendo as coisas pareciam ficar em câmera lenta. Julia me dava a perigosa sensação de que eu era especial. Alguém que valesse muito a pena. Aquilo não poderia ser bom.
Enquanto eu mexia em algumas letras de música no meu notebook, me distraía mais uma vez com aquele assunto. Era melhor manter o foco. Apago algumas sílabas e substituo algumas palavras, mas no meio do processo a luz do meu quarto se apaga e um trovão alto quase estremece a casa. Droga! Era só o que faltava.
Levanto da cama, deixando o notebook de lado ainda funcionando. Com a pouca luz vinda do monitor eu visto a calça do pijama, pego meu celular e saio do quarto. A casa inteira estava um breu e a chuva do lado de fora só aumentava. Ligo a lanterna do celular e vou diretamente até o quarto dela. A porta estava fechada, então bato uma vez.
- Julia? – chamo baixinho – ta acordada?
Não ouço resposta, era melhor ter certeza de que estava tudo bem. Devagar giro a maçaneta e abro a porta. Pelo menos não estava trancada.
- Julia? – chamo mais uma vez.
Ela estava deitada de lado, agarrada naquele urso gigante ao lado da cama. Naquela posição o bicho de pelúcia ficava no chão e ainda assim tomava boa parte do colchão com aquela cabeça enorme. Mesmo com a pouca luz e seu rosto escondido dava pra ver que ela estava acordada porque tremia bastante. Julia e seu medo do escuro. Essa menininha!
- Não adianta fingir... – encosto a porta e dou a volta na cama pra me sentar no espaço vazio do colchão – Eu fico aqui com você.
- Não precisa, pode ir dormir Yoongi – fala abafado, com a cara ainda enterrada no braço do ursão.
- Eu não estava dormindo.
Me deito na cama e deixo o celular sobre o criado mudo. Passo um braço sob a minha cabeça e fico encarando o teto escuro. Vez ou outra um relâmpago iluminava uma fresta da janela que não estava coberta pela cortina do quarto. O colchão balançava levemente. Julia tentava ficar imóvel, mas estava tremendo muito. Espero pacientemente um minuto inteiro, pra ver se ela melhora.
Mas pelo jeito não...
- Isso tudo é frio ou você está mesmo com medo?
Não tenho resposta. Rolo os olhos e bufo. Em seguida me estico na cama, puxando-a um tanto quanto bruscamente, admito. Julia solta o urso e se aninha rapidamente contra meu peito, encolhida junto ao meu corpo.
- É idiota, eu sei – fala baixinho.
- É sim – concordo – agora dorme.
Volto a ajeitar meu braço livre sob minha cabeça enquanto o outro braço repousava ao redor dela. Eu não estava com a mínima vontade de dormir, mas era capaz de cair no sono confortavelmente naquela posição. Julia era uma pena apoiada contra mim. Uma pena que começou a parar de tremer aos poucos, mas não parecia relaxada. Vez ou outra ela se mexia mesmo contra a vontade, com certeza não queria me incomodar. Legal Yoongi! Traumatizou a menina, agora ela se policiava e se segurava toda vez que ficava perto de mim. Só que ela tava piorando tudo naquela situação, quando tentava se ajeitar devagar daquele jeito seu corpo roçava no meu tronco e eu não estava usando camisa. Com aquele contato dava pra notar que ela também não usava sutiã pra dormir.
Ta, eu precisava de foco de novo. Eu não era um garotinho de 17 anos que não conseguia se segurar. Então por que era exatamente assim que eu estava me sentindo naquele momento? Sério que meu coração resolveu acelerar? Que idiota!
Julia estava usando um pijama de alcinhas, era uma camiseta larga de alcinha de algodão e um short curto. O tecido era macio e ela estava arrepiada por algum motivo. Não estava frio, pelo menos não pra mim. Dava pra sentir seus seios rijos roçando meu peito. Droga! Porra! Cacete! Agora eu é que me mexo desconfortável e isso só faz ela espalmar a mão gelada no meu abdômen. Respiro fundo arrepiado. Dois arrepiados e estranhos.
Deslizo minha mão pelas costas dela até alcançar sua cintura, apertando-a levemente. Isso não é uma boa ideia Min Yoongi. Julia acaricia meu abdômen timidamente com as pontas dos dedos. Não é uma boa ideia menininha. Meus dedos adentram sua camiseta de algodão. Definitivamente não era uma boa ir por esse caminho. Ela desliza seu pé pela minha perna, quase passando a perna sobre a minha. Quase. Ah, foda-se! Talvez mais um beijo não fizesse nenhum mal...
Com a mão livre seguro seu queixo, fazendo-a levantar a cabeça enquanto abaixo a minha. Não me preocupo em ser delicado naquele beijo, meus pensamentos não eram nada delicados. Julia agora encaixa sua perna entre as minhas, subindo parcialmente sobre meu corpo. Ela não tinha noção do que era capaz de fazer comigo. Bom, nem eu tinha essa noção até perceber que estava ficando muito quente. O beijo dela ainda fazia aqueles barulhinhos gostosos, uns estalidos baixinhos que me instigavam bastante. Quando ela se mexe sobre mim, buscando mais contato, sua coxa roça meu membro e eu não consigo evitar um ofego contra seus lábios.
Eu não era muito afim daquela posição, não dava pra aproveitar tudo muito bem. As coisas melhoram um pouco quando ela ajeita uma perna de cada lado do meu corpo, então aos poucos vou erguendo nossos troncos até ficarmos sentados na cama. O beijo tinha ficado um pouco mais difícil durante o processo, mas nunca interrompido. Eu não queria parar de beijá-la. As mãos pequenas da Julia passam a acariciar meus ombros e os meus braços só se preocupam em apertá-la ainda mais. Queria ela grudada em mim. Seus seios espremidos contra meu tórax. Aquela camiseta era mesmo muito fina. Tenho que partir o beijo só pra ofegar mais uma vez e retomar minha consciência.
- É melhor pararmos por aqui... – murmuro e minha voz sai mais rouca do que o normal.
- Eu não quero parar tigrão – sussurra e beija a ponta do meu nariz.
Logo em seguida ela começa a distribuir beijos tímidos pelo meu rosto e eu tento ao máximo evitar um sorriso.
- Da onde saiu essa confiança Julia?
- Do escuro... – entrelaça os dedos no meu cabelo.
- Achei que tivesse medo do escuro – minhas mãos sobem pelas suas costas.
- Com você eu não tenho medo – sua boca chega até meu ouvido e ela mordisca devagarzinho minha orelha – Com você é gostoso.
Suspiro, soltando o ar aos poucos.
- Eu to te esperando por tanto tempo – ela mexe o quadril de um lado pro outro no meu colo. Não tinha segundas intenções naquele movimento, as segundas intenções eram minhas – Você tem que ser meu primeiro...
- Por quê? – inclino a cabeça um pouco pro lado.
- Por que você é especial – pressiona os lábios no meu pescoço exposto.
- Você é maluca garota...
Rapidamente a faço deitar no colchão, só que agora nos pés da cama. Fico de quatro no colchão sobre seu corpo e volto a beijá-la. Tento fazer tudo com mais calma agora, eu nunca tirei a virgindade de ninguém. Tinha que ser cuidadoso e paciente, mas definitivamente eu não saberia ser romântico. O bom é que Julia sabia disso, ela me conhecia. Talvez fosse a hora de conhecê-la melhor também. Com essa ideia deslizo as pontas dos dedos por entre seus seios.
- A gente tem que descobrir do que você gosta menininha – sussurro rente aos seus lábios.
Era um pouco frustrante não poder vê-la direito, então teria que ser tudo na base do tato. Quando começo a subir sua camiseta, a respiração dela começa a ficar mais acelerada, mas mesmo assim ela ergue os braços pra que eu possa tirar a peça. Dedilho sua barriga até chegar em seu seio e cobri-lo com a minha mão.
- Gosta quando eu toco aqui? – pergunto massageando-a devagar.
- Uhum... – sua voz sai fraca e como meus lábios ainda estavam perto dos meus, deu pra sentir quando ela mordeu a própria boca.
Distribuo beijos pelo seu pescoço, clavícula, peito, até chegar entre seus seios.
- E se eu te beijar aqui? – deslizo a língua pela sua pele até encontrar o bico do seu seio.
- Tigrão ... – ela geme tímida.
Julia não me tocava. O que era uma pena por que eu queria sentir seus toques também, mas só de deixá-la daquele jeito eu já estava bem mais excitado do que já havia ficado com outras garotas. Meu ego masculino estava muito inflado naquele momento e minha ereção crescente demonstrava isso.
- E se eu te tocar lá enquanto te beijo aqui?
Pego ela de surpresa quando meus dedos adentram rapidamente sua calcinha e eu começo a acariciar sua intimidade. Automaticamente ela se retrai e tenta fechar as pernas, mas eu estava bem no meio delas. Dessa vez seu gemido é mais alto e um tanto sôfrego. Eu não sabia o quanto de preliminar eu ainda ia aguentar, mesmo que Julia não estivesse me fazendo agrado nenhum.
- Relaxa menininha – sussurro antes de voltar a cobrir seu seio com os lábios – Você tem que ficar mais molhada pra mim...
Começo a acariciá-la um pouco mais rápido e seu corpo se contorce levemente. Sua respiração é ofegante e seus gemidos baixinhos e gostosos. Fico de joelhos no colchão apenas pra me livrar de vez daquelas peças de roupas que ainda faltavam. Seu short, sua calcinha, minha calça de pijama e minha cueca. Ao me inclinar novamente sobre ela, dessa vez colo inteiramente nossos corpos. Eu queria ser cuidadoso, então tudo que eu faço a partir dali é muito lentamente. Levo uma mão ao seu rosto e acaricio sua bochecha devagar, tentando passar certa confiança assim que começo a penetrá-la. Julia prende a respiração. Não consigo ver seu rosto, suas expressões e saber se estava doendo ou não. O foda é que estava muito bom pra mim... o que só tornava ainda mais difícil de me segurar.
Não dava pra saber como aquilo rolava pra ela. Eu planejava começar a me movimentar assim que ela soltasse a respiração, mas parecia que tava demorando tanto...
- Menininha? – sussurro.
- Começa tigrão – a voz estava tremula, mas ainda assim saiu doce.
Finalmente ela me abraça e eu fico mais aliviado sentindo seus dedos nas minhas costas. Com uma mão em sua cintura começo os movimentos igualmente calmos. Eu queria ir mais rápido e com um pouco mais de força. Queria senti-la melhor, vê-la, apertá-la. Mas admito que só de ouvir seus gemidos aumentando meu membro já pulsava de excitação. Talvez se eu voltasse a acariciá-la, aquilo não machucasse tanto. Levo minha mão de sua cintura até seu clitóris, movimentando meu indicador um pouco mais rápido do que antes. Julia me arranha com vontade e eu arqueio levemente as costas. Apoio a testa no seu ombro, concentrado e ofegante.
Acho que no final das costas nós dois não sabíamos o que fazer. Com todas as outras era tudo rápido, sem preocupação ou envolvimentos de ambas as partes. Nem na minha primeira vez eu tinha ficado tão preocupado quanto agora. Nem com a minha ex namorada era tudo tão importante assim. Era a Julia ali. A menininha meiga e doce que vivia querendo chamar minha atenção. E ela tinha ficado tão linda. Eu não podia estragar aquilo pra ela.
- Tigrão... – me chama com a boca no meu ouvido – rápido.
Eu tava me segurando tanto que minha virilha dá uma fisgada só com a sua voz daquele jeito.
Aos poucos aumento os movimentos do quadril e dos meus dedos, mas ainda assim nada frenético. Dava pra sentir Julia um pouco mais molhada, os movimentos mais fáceis. Era bom demorar na primeira vez? Precisava demorar? Incomodava? Doía mais? Porque nenhuma mulher falava sobre aquilo? Argh! Aperto os olhos com força e deixo um gemido rouco escapar entre meus lábios quando sinto Julia me apertando ainda mais. Só tenho tempo de me retirar por inteiro dela e acabo gozando sobre o colchão.
Imediatamente jogo meu corpo pro lado, me esparramando na cama.
- Tá... tudo... bem? – pergunto pausadamente.
Por alguns segundos o quarto fica em completo silêncio.
- Está sim...
Preocupante. Essa geralmente não é a reação que eu tenho depois de uma transa.
- Você conseguiu ter orgasmo?
- Como eu posso saber isso?
Eu quase rio da sua inocência.
- Se você não sabe é por que não teve.
Não vou negar... era um pouco frustrante saber aquilo. Nenhuma garota saia da minha cama insatisfeita. Ou eram todas atrizes muito boas.
- Acho que preciso usar o banheiro.
Logo em seguida ouço seus passos apressados pelo quarto. Tenho a certeza que ela tinha pegado meu celular sobre o criado mudo por que quando ela entra no banheiro da suíte ela fecha a porta e da pra ver um feixe de luz da lanterna pela fresta. Eu mesmo me levanto e visto minha calça do pijama naquele breu todo. Depois puxo o lençol sujo da cama e jogo no chão em algum canto do quarto. Quando me deito de novo eu estava ansioso pra que ela voltasse, de novo como um garotinho de 17 anos.
Julia volta do banheiro um tempo depois vestida com um roupão cor de rosa. Ela ainda usava a lanterna, então dava pra ver que olhava pra baixo, evitando meu olhar, toda envergonhada. Da a volta na cama e se deita ao meu lado, meio distante. É, ela tinha odiado.
- Eu te machuquei?
- Não. Ta tudo bem, eu juro. To só... me sentindo... diferente...
- Vem cá – seguro sua mão, mas não a puxo, só espero que ela se arraste até mim.
Ela deita mais perto, porém não se apóia no meu braço e nem deita sobre o meu peito.
- Se você não gostou...
- Não, tigrão – se apressa em me interromper – Eu gostei. Só tava com medo de que não tivesse sido bom pra você... e um pouco de vergonha... não sei... desculpa.
- A gente não precisa mais...
- Não! – me interrompe de novo – Não se afasta de mim de novo.
Aperta minha mão com força e esconde o rosto no meu braço. Eu tinha mesmo que ter estragado tudo mais uma vez. Julia não podia se apegar assim. Yesung estava certo, eu não podia estragar a vida dela também.
- Foi especial?
- Foi inesperado – me olha de lado com um sorriso – e especial por isso. Foi tudo que eu esperei de você.
Beijo o topo da sua cabeça e mudamos de assunto pra dissipar com aquela tensão que eu deixei que se instalasse entre nós dois. Eu teria que ser um idiota de novo, mas naquela noite ia deixar que tudo continuasse especial pra nós dois.
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