Camila.
Chegamos ao auditório.
Uau.
Era imenso. Tudo muito lindo. As carteiras lado a lado, de estofado vermelho escuro. O palco que poderia caber umas cinquenta pessoas ou mais. Quando ainda estava na escola, havia um auditório, mas nada comparado a isso.
- Camz, imagina você brilhando lá em cima. – Lauren murmurou ao meu lado.
Fitei seus olhos rapidamente. Ela me olhava com doçura. Com suas palavras, imaginei-me rapidamente lá em cima. Aqueles assentos ocupados por pessoas que me olhavam com fascínio.
Eu sabia que música não era muito a praia de Lauren, mas ela se dedicava. Tinha a voz linda, mas mesmo assim. Eu achava que ela estava ali só para estar ao meu lado. Isso me confortava, mas eu queria de verdade que ela seguisse seu sonho, que vulgo eu ainda desconhecia.
- É tudo muito lindo.
Ela abriu um sorriso concordando comigo.
- Venham todos! – Chamou a professora, que eu não lembrava o nome.
Seguimos a professora até o palco.
- Quem se arrisca cantar? – Perguntou a professora.
Os alunos dispararam em murmúrios, uns queriam cantar, outros não.
- Tenta a sorte. – Falei pra Lauren, vendo as quatro meninas que conhecemos a poucos minutos discutirem com a professora querendo cantar.
- Como é? – Perguntou como se não tivesse entendido.
- Isso mesmo que você ouviu. – Comecei a empurra-la, que protestou. – Boa sorte. – Praticamente a joguei na professora.
- Uh... Lauren, o que acha, vai tentar? – Pergunta a professora loira.
- S-sim. – Respondeu nervosa.
- Ok. Gostei de você. Aqui. – Entregou a ela um microfone. – Cante o trecho de uma música. – Lauren tremia com o microfone na mão.
- Ãn... Licença. – Pedi pra professora se aproximando de Lauren.
- Ok. Tenha o tempo que precisar, Lauren – A professora nós deu espaço.
- Canta com o coração Lauren. Imagina que só esta nós, como naquele dia que cantou pra mim no quarto, quando estive doente. Que cuidou de mim o dia inteiro. Imagina. – Pedi sussurrando enquanto me afastava.
Lauren me olhou e assentiu. Sorri me juntando aos outros.
You're the light, you're the night
You're the color of my blood
Você é a luz, você é a noite
Você é a cor do meu sangue
Assim que escutei senti vontade de me emocionar. Ela estava cantando Ellie Goulding – Love Me Like You Do, a mesma musica que cantou quando estive doente.
You're the cure, you're the pain
You're the only thing I wanna touch
Never knew that it could mean so much, so much
Você é cura, você é a dor
Você é a única coisa que quero tocar
Eu nunca soube que poderia significar tanto, tanto
Lauren estava travada, mas sua voz saia. Olhei em volta. Todos a olhavam, enquanto a mesma cantava com sua voz, doce e ao mesmo tempo rouca. Era... Perfeito.
You're the fear, I don't care
'Cause I've never been so high
Follow me to the dark
Você é o medo, eu não ligo
Porque nunca estive tão fora de mim
Me siga até a escuridão
Let me take you past our satellites
You can see the world you brought to life, to life
Me deixe te levar além dos nossos satélites
Você pode ver o mundo que trouxe à vida, à vida
O refrão se aproximava. Era a parte que ela mais sabia usar sua voz.
So love me like you do, lo-lo-love me like you do
Love me like you do, lo-lo-love me like you do
Então me ame como você ama, me ame como você ama
Me ame como você ama, me ame como você ama
Touch me like you do, to-to-touch me like you do
What are you waiting for?
Me toque como você toca, me toque como você me toca
O que está esperando?
Limpei o canto dos olhos, assim que Lauren finalizou, cantando somente a primeira parte da música. Todos bateram palma. Lauren parecia que cantava com sentimentos. Era isso que eu achava magnifico nela.
- Uau. – A professora loira falou, chamando a atenção de todos. – Olha que não sou cigana, nem muito menos feiticeira, mas prevejo que você será uma ótima aluna.
Lauren sorriu com o elogiou. Agradeceu e devolveu o microfone. O tumulto se formou novamente de alunos querendo demostrar o que sabia fazer. Procurei Lauren com os olhos, mas não encontrei.
- Viu Lauren? – Perguntei pra Ally, a baixinha que conversava com um garoto.
- Não. – Respondeu negando com a cabeça.
Agradeci.
- Dinah, você viu Lauren? – Pergunto a Dinah.
- Ela disse que ia ao banheiro. – Respondeu e agradeci.
Rodei o auditório atrás do banheiro. Só me toquei que ficava na saída, quando passei por lá.
- Lauren? – Chamei abrindo a porta.
- Sim? – Sua voz me respondeu.
Avistei-a sentada no mármore do balcão da pia.
- O que foi? – Questionei, sentando-me ao seu lado.
- Nada... Só que cantar para aquelas pessoas me fez pensar bastante. – Respondeu de cabeça baixa.
Eu sabia se Lauren estivesse andando chorando, pois sua voz estaria embargada, mas não. Ela não estava mentindo.
- O que pensou? – Passei meu braço pelos seus ombros.
- Em tudo, e em pouco. – Suspirou levantando seu olhar.
Suas orbitas verdes me fitaram e um sorriso brincou em seus lábios.
- Ok. Se não quer falar... – Murmurei abraçando seu corpo.
Ela suspirou afundando sua cabeça na curva do meu pescoço. Arrepiei-me sentindo os pelinhos da minha nuca se eriçarem com sua respiração quente no meu pescoço. Estranho.
- Não é isso... – Ela murmurou de volta.
Eu ia falar, mas alguém bateu na porta.
- Estamos saindo do auditório. Não demorem! – Era a voz de um garoto. Deveria ser um dos alunos.
- Vamos. – Chamei dando impulso para descermos do balcão. – Tudo bem? – Perguntei enquanto já andávamos em direção ao pessoal.
- Tudo perfeito.
......
Eu e Lauren tivemos mais uma aula. Foi meio exaustiva, com um professor de cara lavada que nós deu aula.
Enquanto eu guardava minhas coisas, Lauren avisou que iria na frente, e que me esperaria na saída. Assenti terminando de guardar minhas coisas. Guardei meus matérias na mochila e saí da sala de aula, com a mesma num braço.
Passei pelos corredores já quase vazios em direção a saída. Assim que atingi meu objetivo, um frio malévolo me pegou desprevenida. Desde quando Miami fazia tanto frio as... Onze e meia da manhã? Tempestade viria aí.
O vento gélido bagunçou meus cabelos, e tentei segurar meu aba reta, só que o mesmo fez questão de sair voando.
Corri atrás do meu querido boné rindo, e quando consegui segura-lo, já dentro da construção da universidade, onde já não ventava mais. Me ergui novamente do chão e enquanto ajeitava meu aba novamente na cabeça, vi algo que me tirou a paz rapidamente.
O que Lauren fazia, escorada naquela parede, segurando a mão de um rapaz alto e forte, e escrevendo com a mesma caneta que lhe emprestei, na mão do rapaz?
Travei o maxilar, para não perder o controle. Senti todo meu sangue subir pra cabeça. O que estava acontecendo comigo? Eu tinha que urgentemente me acalmar!
Rodei-me nos calcanhares, para em seguida sair dali. Esqueci-me, que Lauren voltaria comigo. Esqueci de pegar o troco do meu lanche, mas cedo, esqueci-me do mundo, e saí pisando duro, pra fora dali.
- CAMZ! – Ignorei. Já sabia quem era. – Camila! – Ela gritou novamente.
Apressei o passo, agindo de uma forma que eu desconhecia.
Ela me alcançou, mas que Diabos!
- Pode me deixar respirar? – Perguntou me puxando pelo braço.
Continuei olhando pra frente, esperando-a.
- Vamos. – Me soltou e voltamos a andar. – O que foi? Você disse que me esperaria. – Quis saber.
- Você, disse que me esperaria! – Corrigi dando ênfase no “você”. – Invés de fazer o que prometeu ficou dando seu numero pra um imbecil logo no primeiro dia de aula! – Rosnei, deixando transparecer toda minha raiva.
- Camz..
- Sem, Camz, ok? – Pedi apressando o passo novamente. Lauren lutou para me alcançar.
- Olha, Camila, dá pra diminuir isso ai? – Perguntou ofegante.
Fechei os olhos com força e depois os abri, diminuindo o passo.
- Obrigada. – Suspirou. – Olha, você está com ciúmes? – Foi direta.
Parei rapidamente. Ciúmes?
- E se eu estiver? – Perguntei voltando a andar.
Lauren bufou voltando a me seguir.
- Isso é normal, Camz. Sei que somos amigas, mas também tenho que dar um pouco de mim para um relacionamento. – Revirei os olhos. – Não revira os olhos, odeio isso! – Rosnou ela. – Olha, não pense que não te deixarei, Camz... Isso nunca.
- Você tem razão. – Admiti mais para mim mesma.
- Eu sei.
- Me desculpe... – Pedi me julgando em pensamento por agir de tal forma.
- Tá tudo bem. – Ela me abraçou.
Não. Não estava.
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