Mudar de escola nunca foi uma tarefa fácil. E Giovanna, como qualquer outra adolescente na sua idade, odiava isso. Enquanto se arrumava para o Colégio, sua mãe tagarelava em seu ouvidos o quanto seria maravilhoso pra ela estudar em uma escola particular, conhecer novas pessoas, entre outras coisas.
Assim que terminou de se arrumar, tomou o café da manhã rapidamente e resolveu ir pra escola caminhando. Não era muito longe dali, e ela precisava andar pra tentar desestressar. Estava estressada pois a uma semana atrás sua mãe deu a notícia de que elas se mudariam pra zona Sul do Rio de Janeiro. Não que isso fosse ruim, mas desapegar da vida, dos amigos, e do antigo Colégio, definitivamente era muito ruim.
Giovanna chegou na escola e começou a andar pela secretária afim de saber sua turma e seus horários. Perdeu-se na imensidão de corredores, e começou a ficar desesperada. Chegar na sala de aula atrasada não estava em seus planos.
- Oi, você é nova, não é? - uma loira magra se aproximou de Giovanna com um sorriso sacana nos lábios.
- Sou! - Giovanna disse e a loira a comprimentou com dois beijos na bochecha. Giovanna se assustou um pouco, mas sorriu de forma amigável.
- Meu nome é Amora, tá perdida?
- O meu é Giovanna. Tô sim, você pode me ajudar a chegar na secretaria? - perguntou tímida e Amora a puxou pelo braço andando pelos corredores. Chegando na secretaria, Giovanna descobriu a sua turma e pegou os horários.
- Você caiu na 3003? A mesma turma que a minha! - Amora sorriu.
- Sério? Que bom, então vamos pra sala?
- Não vai dar.
- Por que? - Giovanna perguntou confusa.
- Tô suspensa da aula de filosofia, tudo isso porque eu fiquei mastigando lápis na hora da prova. - Giovanna arregalou os olhos fazendo Amora gargalhar. - Você nunca foi suspensa na sua vida, né? Mas relaxa, amor. Eu tô acostumada. Todos os professores adoram implicar comigo. Eles dizem que eu sou indisciplinada.
- Você é maluca. - Giovanna a olhava perplexa.
- Sou uma maluca do amor. Agora vai pra aula de filosofia logo, antes que o senhor todo gostosão diga que além de ser a sementinha do mal do Colégio, agora eu tô levando novatas para o mal caminho.
- Senhor todo gostosão? - Giovanna perguntou confusa.
- O professor de filosofia.
- Por que esse nome?
- Você vai saber. - Amora a olhou de uma forma maliciosa deixando a sem entender. Giovanna seguiu as instruções do caminho para a sala de aula, e se surpreendeu quando chegou e viu que todos os alunos já estavam na sala. Todos a encararam de cima a baixo a deixando nervosa.
- A senhorita está atrasada! - uma voz grossa quase fez o coração de Giovanna sair pela boca. Ela virou os olhos e encarou o homem encostado no quadro a olhando com um olhar indecifrável. Ele a analisava de cima a baixo fazendo com que Giovanna ficasse corada. Ela colocou o cabelo atrás da orelha em sinal de nervosismo e disse:
- D-desculpe-me! Eu fiquei perdida na escola e...- ele não deixou Giovanna terminar de falar e disse da forma mais séria do mundo:
- Não pedi pra você dar explicações. Sente-se logo, já atrapalhou bastante a aula.
Giovanna quis morrer ali mesmo. A sala inteira a olhava e ela não sabia onde enfiar a cara. E pra completar, o único lugar vago ficava na primeira fileira de frente para o professor. Sentou-se de cabeça baixa sentindo suas bochechas queimarem. Abriu o caderno e começou a copiar as lições que o professor passara no quadro.
Uma vez ou outra ousava o encarar e tinha a impressão de que ele sempre estava a encarando. Pode perceber que ele era um homem muito bonito, e mesmo com aquela expressão séria que a causava arrepios.
Do outro lado da sala, o professor não conseguia tirar os olhos da aluna nova. Observou cada centímetro do seu corpo. Pensava se era possível aquela menina ser menor de idade com aquele corpo. Seu uniforme colado no corpo marcava perfeitamente suas curvas fazendo o professor ter pensamentos anti-éticos. O professor percebeu que em alguns momentos ela desviava seu olhar do caderno e encontrava com o olhar dele. Seu olhar inocente naquele corpo de mulher o deixava intrigado. Era normal várias alunas menores de idade ter o corpo que não a pertenciam, mas de alguma forma a aluna nova era diferente. O professor não sabia se era porque diferente das outras, ela tinha um ar inocente no rosto. E visualmente, ficava desconcertada quando perecebia que ele a encarava.
O professor puxou uma folha em branco, e começou a fazer uns rabiscos. Desenhar era um dos seus passatempos preferidos, mas já havia um tempo que ele não fazia isso. Sem que ele percebesse, os rabiscos formaram os olhos e boca da aluna nova. O professor se surpreendou com que havia feito e se reprendeu mentalmente. Como uma aluna tinha mexido com os seus neurônios em tão pouco tempo? Amassou a folha com força fazendo bagulho e trazendo a atenção da sala inteira para ele. Mas ele só tinha atenção para uma certa novata que estava na sua frente.
- A sala inteira tá liberada. - sua voz soou forte. Os alunos se surpreenderam, mas resolveram não protestar. Foram saindo, e para o azar ou prazer do professor, Giovanna ficou por último.
- Senhorita Antonelli, certo? - Giovanna deixou o caderno cair ao ouvir aquela vez pronunciar o seu nome. O professor se segurou para não rir do nervosismo da garota.
- Sim. - ela disse com a voz fraca e tentava não o encarar.
- Pelo o que eu vi no seu histórico, você tem notas excelentes. Espero que continue assim, não vou gostar de ter que te reprovar.
- Vai continuar. Professor...? - Giovanna se virou o encarou no fundo de seus olhos.
- Alexandre Nero.
- Certo. - Giovanna deu um meio sorriso sem graça terminando de arrumar seu material e saiu da sala rapidamente. Seu coração estava acelerado e ela não sabia explicar o porquê. Alexandre havia mexido com ela. Tá certo na adolescência é normal ter uma queda por algum professor, mas Giovanna jurava que nunca teve. Até agora.
Encontrou Amora no corredor com algumas meninas, e se aproximou. Amora percebeu a expressão de assustada de Giovanna, e a puxou pelo braço para um canto para que ficassem sozinhas.
- E aí?
- Ele é...- Giovanna não conseguia pensar em adjetivos para definir o professor.
- Gostoso? Lindo? Maravilhoso?
- E rígido.
- Eu sei. Mas fala sério, aquela voz dele...Meu Deus, que tesão! Agora imagina ele te jogando na cama e te beijando bem gostoso. Aí que calor! - Amora se abanava com as mãos, e Giovanna ficou ainda mais envergonhada por pensar no que a loira tinha acabado de falar.
- Você não presta!
- Eu deixaria ele tirar a minha virgindade, se eu tivesse uma. - Amora gargalhou.
- Ele é nosso professor.
- E daí? Continua sendo homem. E um homem gostoso, não é novidade pra ninguém que todas as garotas do Colégio são louquinhas pra dar pra ele.
- Meu Deus! - Giovanna estava perplexa.
- Ah, para vai. Não faz a linha sonsa! Eu sei que você também achou ele super gostoso, tô mentindo?
- Não! - Giovanna se permitiu sorrir.
- Sabia! Somos todas Giovanna, amor.
Agora vamos, você vai pagar o meu salgado, tô morta de fome. - Amora abraçou Giovanna rindo e seguiram para a cantina do Colégio. Giovanna recebia olhares curiosos por onde passava, o que a deixava ainda mais sem graça. Ela odiava ser o centro da atenções. Pra falar a verdade, a única atenção que ela queria era do seu professor de filosofia, vulgo Alexandre Nero.
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