Sayuki ~
Aoi e eu estávamos escondidos quando dois homens desceram para o calabouço. O lugar era muito mal iluminado e isso nos deu vantagem, e o fato do odor dos cadáveres ser insuportável também nos ajudou a esconder nossa presença por completo. Apenas uma coisa estava nos denunciando; os malditos lobisomens. Presos nas suas celas, eles rugiam e vez ou outra olhavam para nossa direção. Pareciam cães de guarda latindo para um ladrão, eu realmente tinha medo de ser descoberta. Eu fitei a granada em minhas mãos; tínhamos que dar um jeito de tacá-la e fugir antes que eles tirem esses lobisomens daqui. Um dos homens tinha um molho gigante de chaves enquanto o outro tinha correntes grossas em mãos; eles iram sem dúvida soltar os bichos.
Ainda não tinha idéia de como faria para sair dali quando Aoi sussurrou:
–Vou abrir o caminho, quando for à hora, sabe o que fazer
Antes que eu pudesse contestar o menor já havia saído do esconderijo. Tudo o que ele tinha era um punhal e longas presas a amostra. Num salto rápido ele atacou um dos homens – esse só sentiu a presença de Aoi quando o menor já havia o atacado. Com seu punhal ele desferiu um golpe certeiro na garganta do rapaz que já caiu no chão sem vida. O outro homem já havia colocado a chave no enorme cadeado:
–Pare senão irei solta-los! –gritou para Aoi. Seria uma atitude suicida, mas seria igualmente perigoso para nós.
Aoi recuou um pouco, mas subitamente o lobisomem colocou suas garras pra fora e puxou o rapaz para dentro da cela. O homem nem se quer teve tempo de se defender; o puxão fora tão violento que se podia ouvir o som dos ossos sendo quebrados e esmagados ao serem passados por entre as barras de ferro da cela. Depois disso só podia-se ver sangue e carne e em poucos minutos o que sobrou do rapaz era insuficiente pra reconhecê-lo.
Eu sai do esconderijo imediatamente e fui até o menor. Ele arregalou os olhos e pareceu assustado; num gesto mudo e simples ele ergueu seu dedo, apontando para trás de mim. Quando me virei fiquei igualmente assustada. A porta da cela se abriu e dela o primeiro lobisomem saia rugindo.
Não pensei, apenas agi! Tirei o pino da granada, jogando a mesma para cima do animal - que pouco se importou quanto ao objeto pequeno – depois disso, peguei Aoi pelo braço e sai rapidamente. O lobisomem tentou nos alcançar e senti suas garras passarem por minhas cortas. Eu seria pega se a granada não tivesse explodido segundos depois. Quando isso aconteceu, estávamos nos últimos degraus da escada e o impacto nos lançou para longe. Eu e Aoi caímos no chão. Sentia minhas costas arderem e o líquido rubro descer incessantemente, fora um golpe mais profundo do que pensei.
Homens armados vinham em nossa direção. Mal consegui me levantar, mas não fora preciso. Aoi, apesar de ser um garoto pequeno e gostar tanto de coisas fofas ao ponto de se vestir a caráter, sabia lutar muito bem. O menor logo tratou de se colocar na minha frente. Dentre os sangue puro da região, Aoi sem duvida é o mais rápido. Com o seu punhal em mãos ele passou a esquivar dos tiros e golpear os homens. Um a um os soldados iam caindo.
Ele sempre golpeava partes vitais, matando com um só golpe. Porem um dos homens caído ao chão estava vivo e pronto para atirar; como Aoi estava de costas pra ele, nem se quer percebeu que ele estava vivo. O menor seria atingido se não fosse por mim. Eu ainda estava ferida e estava de pé a muito custo, por sorte esse cara estava próximo a mim; antes que ele pudesse atirar, peguei uma das armas ao chão e atirei nele. Aoi olhou para trás, a sua volta o grupo de soldados agora não passava de cadáveres que tingiam o lugar de rubro. Suspirei aliviada me jogando ao chão logo em seguida.
O menor tinha o rosto e vestido sujos de sangue. Ele passou o olhar por sua vestimenta e formou-se uma expressão reprovadora em sua face:
–Francamente, eles mancharam meu vestido! – rezingou em alto e bom som enquanto passava a mão pela saia do vestido, tentando desamassar o mesmo.
Eu sorri: - Mesmo sujo de sangue, Aoi-kun ainda esta muito fofo.
Ele ficou levemente corado, apesar do menor ser elogiado o tempo todo, ele ainda fica sem jeito quando recebe elogios vindos de mim. Nesse momento, um subordinado meu chegou ao local.
–Sayuki-sama, quais são suas ordens? – disse ele.
–Podem invadir a casa e... Não deixe ninguém vivo.
Ele prontamente voltou ao seu posto e assim passaram a invadir a casa e vasculhar a área. Aos poucos, as feridas começavam a fechar, parece que já podemos ficar aliviados por enquanto. Aoi se agachou ao meu lado:
= Não deveríamos ajudá-los. – disse ele enquanto fitava nossos soldados invadiam o local.
–Não... No final das contas, o verdadeiro perigo era aqueles bastardos enormes – levei minha mão ao ombro, ele ainda doía um pouco – Com eles mortos, não há com o que se preocupar.
O menor sussurrou algo que não entendi e se sentou ao meu lado enquanto ainda tinha o olhar fixo a casa. Parece que por hora, as coisas estão sob controle aqui. Só espero que Gerard e Takumi consigam controlar as coisas por lá.
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Miyazono ~
Eu andava pela floresta sem saber o que fazer. Meus olhos corriam pelos corpos ao chão enquanto eu rezava para não ver nenhum rosto conhecido naqueles cadáveres. Amaldiçoava-me por dentro, um segundo de descuido meu e a Misaki simplesmente sumiu! É hoje que eu sou demitida. Alguns soldados ainda lutavam, eu estava andando pelas sombras, tentando não cruzar o caminho de ninguém; não planejo lutar. Enquanto andava meio distraída, senti o salto de o meu sapato prender em algo e eu quase cai. Maldita floresta, eu não queria estar aqui!
Andei por mais algum tempo e parei quando percebi que estava meio afastada do castelo. Meus olhos correram de um lado ao outro e não vi nada além de arvores.
–Ótimo, agora estou perdida! – exclamei para mim mesma. – Eu perdi a Misaki, mi perdi e vou acabar perdendo meu emprego! – eu quase berrava – Será que uma loira linda e maravilhosa como eu, não pode ter um dia de liberdade! – bati meu pé no chão e senti meu salto afundar na lama sob mim. Encarei o chão, na verdade aquilo não era lama... Era... MERDA DE LOBISOMEM!
Ah que ótimo, era só o que faltava, ter merda de lobisomem NO MEU SAPATO IMPORTADO.
–Será que eu já não sofri o suficiente! – gritei.
Eu iria berrar mais, porem senti um vento gélido sovar minhas costas. Virei meu rosto para fitar o que havia atrás de mim, mas não consegui ver nada, isso porque alguém que não reconheci, pegou-me no colo, me tirando dali imediatamente. Quando me dei por mim, já estava meio afastada do ponto em que eu me encontrava antes e, foi só ai que eu pude reconhecer que me tirará de lá; era Gerard!
Mantive um olhar confuso enquanto o fitava, ele me olhou da mesma forma.
– O que você esta fazendo aqui?! – indagamos no mesmo momento. – Você primeiro – insisti
–Bem – ele me colocou no chão – Eu tava lutando contra um lobisomem, mas e você? Não estava machucada?
–Eu? – passei a mão sobre minha nuca – Não estava TÃO machucada, mas...
Fui interrompida por um rugido amedrontador. Olhei para Gerard, ele mudou sua expressão, agora parecia preocupado:
–Ele esta vindo, você tem que fugir! – disse ele sério
–Eu vou te ajudar! – exclamei
O moreno iria contestar, se não fosse pelo lobisomem, que apareceu derrubando algumas arvores atrás de nós. Meio contrariado e sem muitas opções, Gerard pegou na minha mão e me puxou. Depois que tomamos certa distancia, indaguei:
–Você tem um plano?
–Não exatamente – ele respondeu sem jeito
–Tem ao menos uma arma? – estava inquieta, sentia a presença daquele monstro cada vez mais próxima.
–Tenho essa – ele tirou da cintura uma pistola – Eu tinha uma metralhadora mas deixei ela cair em algum lugar – respondeu mais sem jeito ainda.
O lobisomem apareceu. Ele tentou nos atacar, mas conseguimos esquivar sem muita dificuldade. Quando recuamos, vimos que havia uma corrente grossa jogada ao chão, o moreno olhou para a mesma e pareceu ter tido uma idéia
–Miyazono! Distraia-o, eu tive uma idéia – eu assenti.
Entrei na frente e passei a ficar no campo de visão dele. O animal tentava me atacar enquanto eu esquivava. Gerard pegou a corrente e se afastou um pouco, ficando a espera de uma brecha. Eu era mais ágil que ele, porem se algum golpe me acertar, será meu fim.
Um dos golpes dele me fez recuar, porem bati minhas costas no tronco de uma arvore e minha saia ficou presa no mesmo. Fora um segundo de distração e eu já via suas garras virem em minha direção, mas Gerard foi mas rápido. Antes que a besta me atacasse, Gerard jogou a corrente no pescoço do animal, laçando-o e o puxando em seguida, fazendo ele recuar. O moreno então passou a puxar o animal e com certa dificuldade, conseguiu trazê-lo para trás.
O animal de debatia e isso dificultava um pouco o trabalho de Gerard. Havia uma enorme arvore próxima do moreno, ela tinha um tronco grosso e seus galhos pareciam bem fortes, nesse momento eu percebi o plano dele. Com um salto ele subiu até um dos galhos enormes, passou a corrente sobre ele e em seguida desceu puxando a mesma. Aquilo serviu de forca para o animal que fora levantado levemente do chão. Mesmo com o galho sendo forte, dava sinais de iria ceder, porem ao mesmo passo o animal já dava seus últimos sinais de vida. Se o galho cedesse primeiro, o lobisomem não iria morrer.
Por um momento eu achei que o galho iria realmente ceder, mas o animal morreu primeiro e, quando o galho veio ao chão, a besta já não passava de um cadáver. Gerard veio até mim, eu estava suja e minha roupa estava rasgada, mas estava bem.
–Quantos desse vieram? – indaguei
–Três... – Gerard arregalou os olhos –Oh shit! Eu me esqueci do Takumi – ele saiu correndo.
Eu fui logo atrás dele, também tinha acabado de lembrar que... Eu havia perdido a Misaki!
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