História Vanilla - Capítulo 17

 ~~~~~~~~Lemonade~~~~~~~~

Ilhoon arruma seu cabelo usando seu reflexo na janela à sua frente.

Ele puxa alguns fios para a direita e sacode a cabeça pra frente e pra trás algumas vezes para que não fique completamente reto. Ele leva meio minuto para deixar o óculos de sol encaixado perfeitamente no topo de sua cabeça de um modo que pareça elegante, mas sem esforço.

Ele está usando um jeans skinny negro e se vira para verificar se seu traseiro fica bonito nele. Meio idiotice, na verdade. Sempre fica.

"Okay, Ilhoohie," ele diz, suavemente, para seu reflexo. "A quinta vez é a da sorte. Não se apegue demais, só torça para que tenha um bom pau e o faça comprar uma casa de férias no interior e pelo menos três peças separadas da coleção de outono da Givenchy." Ele suspira. "E, por favor, que ele seja legal."

Seu reflexo o encara quase conscientemente, mas não é difícil de botar tudo no lugar, de fazer à si mesmo parecer durão e difícil de olhar. Ele sempre fica nervoso antes desses encontros, sempre com medo do que pode dar errado. Ele se sente estúpido por pensar nisso, mas ele só espera que algo dê certo.

A porta do hotel é fácil de abrir, o metal morno sob as pontas de seus dedos e tudo o que ele quer é conhecer um cara legal.

Só dessa vez.

~~~~~~Vanilla~~~~~~

 E mesmo que saiba que Ilhoon provavelmente queira tudo de volta não é até achar o pequeno caderninho preto que ele se recorda vagamente de Ilhoon o usando para lembrar de datas e endereços que ele percebe que não tem escolhe a não ser levar tudo para o apartamento de Ilhoon para devolver.

Ele folheia o calendário ociosamente e vê que o aniversário de Minhyuk foi final de semana passado e que foi comemorado com alguém chamado Eunkwang. Ele hesita depois disso e então vira as páginas até março e encontra o dia 7 marcado com um coração e um HS escrito no meio.

"Porra." Ele joga o livrinho pro lado para alcançar seu telefone. Já se passaram mais de duas semanas e ele não tem nenhuma mensagem ou chamada perdida.

Ele manda um mensagem que diz, vou levar sua coisas ai em meia hora.

Ele não espera por uma resposta antes de sair.

✧

 "Obrigado," Ilhoon diz, remexendo na caixa onde Hyunsik pôs tudo, tocando alguns itens antes de puxar o caderninho e soltar um suspiro de alívio. "Eu estava procurando por isso."

"É, eu imaginei, eu sei que você o usa muito," Hyunsik responde, se abaixando para acariciar Michael atrás das orelhas. Ele sentiu falta do cachorro quase tanto quanto sentiu falta de Ilhoon e é mais fácil olhar para a pequena bolinha de pelos do que olhar para Ilhoon, encarar o sol.

"Hm, você quer algo para beber?" Ilhoon pergunta, colocando o caderno dentro da caixa e olhando de volta para Hyunsik.

"Não, estou bem." Hyunsik deixa Michael lamber sua mão uma, duas vezes antes de se afastar e se levantar. "Eu preciso ir, vou fazer hora extra amanhã."

"Em um sábado?"

"Sim, eu preciso me levantar às seis."

"Ah."

É dolorosamente difícil de manter uma conversa e nem um pouco como Hyunsik esperava que fosse. Honestamente ele almeja que as coisas fossem desconfortáveis da maneira que foram nas primeiras semanas juntos, Até as insinuações sexuais incessáveis de Ilhoon e suas próprias respostas assustadas seriam melhor do que isso.

"Okay, bem," Hyunsik alisa a frente de sua camisa para se impedir de tocar Ilhoon, pois parece algo que ele deveria fazer, "Estou indo pra casa, então."

"Deixa que eu—" Ilhoon se mexe para, presumivelmente,  abrir a porta, mas Hyunsik o impede, o ultrapassando sem olhar para trás.

"Eu sei onde fica a porta," ele diz, não sem um pouco de amargura.

Ainda assim, Ilhoon o segue e ele se vira já fora do apartamento para encará-lo novamente. Ilhoon está fantástico mesmo que esteja pior do que Hyunsik já o tenha visto. Seus olhos estão cansados e vermelhos e seu cabelo parece que não tem sido lavado por dias. Ele apoia a cabeça no batente da porta quando o diz, o, "me desculpe."

Hyunsik acena com a cabeça e morde o interior de sua boca para se impedir de falar algo que não deve, pois ele sabe que não deve dizer nada.

"Que horas você sai do trabalho amanhã?" Ilhoon pergunta, baixinho.

"Provavelmente por volta de meio-dia, uma hora no máximo." Hyunsik dá de ombros e observa Michael espiar por entre os calcanhares cruxados de Ilhoon. "Por que?"

"Podemos—não, quero dizer, posso te levar para almoçar?" Ilhoon mantém o olhar sobre suas próprias mãos inquietas. "Eu pago por tudo."

"É, com o meu dinheiro," Hyunsik zomba, olhando para o chão para nada em particular, tentando mostrar a quantidade certa de desinteresse e desconsideração. Ele começa a achar que não deveria nem ter vindo, deveria apenas ter enviado tudo pelo correio e seguido em frente.

"Não, eu tenho um emprego agora!" As palavras são cuspidas pra fora da boca de Ilhoon animadamente, a primeira coisa feliz entre eles nesse tempo todo. Hyunsik o olho de volta bem a tempo de ver seu sorriso se formar. "Não é nada especial, eu não estou ganhando toneladas de dinheiro nem nada, mas eu posso pagar por um almoço, eu juro."

Ele está ansioso demais, entusiasmado demais para Hyunsik dizer qualquer coisa além de, "Tá," mesmo que o tenha dito com um suspiro. "Eu te ligo quando sair amanhã, então, esteja pronto quando eu chegar pois não quero perder mais tempo do que preciso."

O sorriso de Ilhoon se desfaz assim que ele diz isso e ele quase se sente mal, mas Ilhoon apenas acena com a cabeça e diz, "Estarei pronto, eu prometo."

Hyunsik pega o elevador e a cada andar ele sente seu coração mais perto da garganta. Ele dejesa que fosse fácil ir embora, dizer não, mas a verdade é que ele ainda quer Ilhoon, muito. Ele quer voltar e não sentir raiva. Ele quer o que eles tinham juntos mesmo que isso signifique não deixar Ilhoon o guiar para além dos limites que ele mesmo criou.

É idiotice ter esperança, mas ele nunca foi muito inteligente.

✧

Ilhoon desliza para o banco do passageiro no carro de Hyunsik como faca na manteiga, arrumado e equilibrado e completamente diferente do que estava na dia anterior. Tem uma tensão em seus músculos que geralmente não está lá, mas se Hyunsik não o conhecesse do jeito que conhece ele com certeza nem teria notado.

"Eu fiz o cabelo," ele diz, se inclinando e apontando para o topo da cabeça, "sem mais raízes pretas. Você gostou?"

"Ta a mesma coisa," Hyunsik diz a ele, alcançando o sinto de Ilhoon e o prendendo ele mesmo, já que Ilhoon está se movendo devagar demais para seu gosto. "Aonde vamos?"

"Hm, eu pensei que a gente podia ir onde eu tô trabalhando," Ilhoon responde, se encolhendo em seu assento e parecendo ainda mais novo do que o normal quando o faz. "Eu posso te mostrar como chegar lá daqui."

"Okay, é comer e ir embora," Hyunsik liga o carro, "vamos."

Ele está acostumado a dirigir com Ilhoon sendo espaçoso e rindo alto de piadas idiotas, mas dessa vez ficam em silêncio exceto por algumas direções baixinhas e pelo som da jaqueta de couro de Ilhoon contra o banco quando ele se inclina sobre o painel do carro.

Hyunsik pensa em corações desenhados em calendários e mãos meladas com sorvete derretido e se pergunta se vai valer a pena.