Os primeiros raios de sol atravessavam as montanhas, banhando o castelo de Sesshoumaru com uma luz dourada. Rin despertou cedo, ainda sentindo o cansaço da luta do dia anterior. Cada músculo de seu corpo parecia reclamar, mas ela se recusava a ceder. A vitória contra o soldado havia sido apenas o início de algo maior, e ela sabia que o verdadeiro desafio estava por vir.
Depois de uma breve refeição, Rin foi chamada ao campo de treinamento. Sesshoumaru já a aguardava, sua postura imponente e a expressão fria como de costume. Contudo, havia algo diferente em seu olhar. Um misto de curiosidade e expectativa que Rin não conseguia decifrar por completo.
— Hoje começaremos seu treinamento — anunciou Sesshoumaru, sem rodeios.
Rin assentiu, a determinação fervendo em seu peito. Ela sabia que cada passo agora seria crucial, tanto para provar seu valor quanto para entender os segredos que a cercavam. Sesshoumaru, por outro lado, parecia mais distante e calculista do que nunca.
— Suas habilidades físicas são aceitáveis, mas não o bastante — ele continuou, avaliando-a com olhos críticos. — Você possui um potencial adormecido, algo além do que qualquer humano comum poderia alcançar. Eu pretendo despertá-lo.
Rin franziu o cenho, confusa. Potencial adormecido? Ela sempre soube que sua força vinha do esforço e da determinação, não de algum poder oculto. No entanto, a maneira como Sesshoumaru falava despertava algo dentro dela – uma dúvida e, ao mesmo tempo, uma expectativa que ela não podia ignorar.
— O que você quer dizer com isso? — perguntou Rin, finalmente, sua voz ecoando no silêncio entre eles.
Sesshoumaru não respondeu imediatamente. Em vez disso, ele se virou e caminhou para a área aberta do campo, acenando para que Rin o seguisse. Quando chegaram ao centro do campo de treinamento, ele se voltou para ela, os olhos dourados cintilando à luz do sol.
— Há algo que você precisa compreender — disse ele, com uma calma cortante. — Você não é uma simples humana. Há um poder dentro de você, herdado de uma linhagem antiga e poderosa, uma que nem você, nem qualquer um ao seu redor jamais suspeitou.
As palavras de Sesshoumaru ressoaram como um trovão no coração de Rin. Ela sempre se considerou uma garota simples, uma sobrevivente de tempos difíceis, comprada por Sesshoumaru a pouco tempo. Nunca imaginou que houvesse algo especial em si, além da vontade de viver e lutar. Mas agora, tudo que ela conhecia parecia ser colocado em dúvida.
— Como isso é possível? — Rin mal conseguia disfarçar o choque em sua voz.
Sesshoumaru cruzou os braços, mantendo sua compostura fria.
— Não é algo que você possa entender plenamente agora. Mas à medida que seu treinamento avança, você começará a sentir o despertar desse poder. Hoje, começaremos com o básico — ele disse, retirando uma espada de treinamento de um dos suportes próximos. — Vamos ver até onde sua força humana pode te levar antes que o seu verdadeiro potencial se revele.
Rin pegou a espada, sentindo o peso do aço em suas mãos. Não era tão pesada quanto imaginava, mas segurá-la fazia com que a realidade da situação pesasse em seus ombros. Ela não estava apenas lutando por respeito ou liberdade; estava começando uma jornada para descobrir algo mais profundo sobre si mesma.
O treinamento começou intenso e implacável. Sesshoumaru não era um instrutor gentil. A cada movimento errado, a cada hesitação, ele apontava suas falhas sem piedade. Rin foi empurrada ao limite físico e mental. As horas passavam, e o sol já estava alto no céu quando Sesshoumaru finalmente deu uma pausa.
Rin, ofegante e suada, ajoelhou-se no chão, seus braços e pernas trêmulos de cansaço. Ela nunca havia experimentado um treinamento tão brutal. Contudo, dentro dela, algo começava a se agitar, uma sensação estranha que ela não sabia nomear. Era como se um fogo estivesse sendo aceso lentamente, crescendo dentro de seu peito.
— Levante-se — ordenou Sesshoumaru, sem oferecer uma mão para ajudá-la. — Isso ainda está longe de acabar.
Com esforço, Rin se levantou, os músculos protestando, mas sua mente mais determinada do que nunca. Ela pegou a espada novamente, pronta para continuar, quando Sesshoumaru fez um movimento rápido com sua própria espada, indo direto em sua direção. Instintivamente, Rin ergueu a lâmina para se defender, e no momento do impacto, algo inesperado aconteceu.
Um brilho leve e azulado envolveu a espada de Rin, e o choque de forças entre as lâminas ecoou como um trovão no campo. Os olhos de Sesshoumaru estreitaram-se, e ele deu um passo para trás, observando a reação de Rin.
Ela, por sua vez, olhava para a espada em suas mãos, perplexa. O que acabara de acontecer? A energia que sentiu era algo além de qualquer coisa que já experimentara. Era como se uma parte dela, há muito adormecida, estivesse começando a acordar.
— Esse é o primeiro sinal — disse Sesshoumaru, sua voz quase um sussurro, mas carregada de significado. — O poder que eu sabia que estava aí. Agora, cabe a você controlá-lo.
___________________________
O tempo passou, e o treinamento de Rin tornou-se ainda mais intenso. Cada dia era uma batalha para controlar essa nova força que começava a emergir. Sesshoumaru a pressionava, impiedoso, mas Rin sabia que ele estava tentando trazer à tona algo maior. E com cada passo que dava, ela sentia que estava chegando mais perto de descobrir a verdade sobre sua origem.
Entre sessões de treinamento, Rin se via perdida em pensamentos. Quem eram seus verdadeiros ancestrais? E por que Sesshoumaru parecia saber tanto sobre ela? O silêncio dele sobre o assunto só aumentava suas dúvidas. Ainda assim, Rin confiava no processo. Sabia que Sesshoumaru não a conduziria por esse caminho sem um propósito maior.
Em uma tarde, enquanto Rin descansava à sombra de uma árvore após mais uma exaustiva sessão de treinamento, ela foi surpreendida pela chegada de Kaede. A velha sacerdotisa, sempre com um olhar sábio e sereno, aproximou-se calmamente, carregando um pequeno pote de ervas.
— Tome, Rin. Isso vai ajudar a aliviar as dores — disse Kaede, entregando-lhe o remédio.
Rin aceitou com gratidão e deu um pequeno sorriso, embora sua mente ainda estivesse ocupada com o que havia acontecido mais cedo no campo de treinamento.
— Kaede-sama, você já ouviu falar de algo chamado... poder adormecido? — perguntou Rin, hesitante, mas ansiosa por respostas.
Kaede ergueu uma sobrancelha, intrigada pela pergunta. Ela se sentou ao lado de Rin, suspirando profundamente antes de responder.
— Rin, há muitas coisas no mundo que não entendemos completamente. Mas se Sesshoumaru-sama está te guiando nesse caminho, há uma razão. Ele não é do tipo que faz algo sem um propósito claro. Quanto a esse poder que mencionou... pode ser que você esteja prestes a descobrir mais sobre sua própria linhagem do que jamais imaginou.
As palavras de Kaede trouxeram algum conforto a Rin, mas também novas perguntas. Sesshoumaru sabia algo que ela não sabia, e esse segredo parecia ser a chave para tudo.
***
Os dias seguintes trouxeram mais batalhas internas e externas. Rin continuava a treinar sob a tutela implacável de Sesshoumaru, e a cada dia, sua força crescia. Mas o que crescia ainda mais era o sentimento de que algo grandioso estava prestes a acontecer – algo que mudaria não apenas o destino de Rin, mas o de todos ao seu redor.
Enquanto o sol se punha sobre o horizonte, o castelo de Sesshoumaru parecia respirar junto com o vento, como se aguardasse ansiosamente o despertar do poder que dormia em Rin. E, embora ela ainda não soubesse, o caminho que trilhava a levaria a enfrentar desafios que testariam não só sua força, mas também seu coração.
O verdadeiro confronto, tanto interno quanto externo, estava se aproximando. E quando chegasse, Rin teria que decidir que tipo de guerreira – e que tipo de pessoa – ela realmente queria ser.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.