“E mesmo quando o meu coração sangra, ainda consigo ver a beleza do vermelho!”
— Yoongi, eu acho que não ‘tô preparado… — Jungkook murmurou, engolindo a seco ao encarar o caminho que o carro fazia pelas ruas, tão conhecido por si.
— Para de frescura, você sabe que com o que você escolheu, uma hora ou outra teria que encarar seus pais. — A calma como que seu melhor amigo via a situação fazia com que o desespero do outro alfa fosse ainda maior, apesar de concordar com tudo que o outro lhe dizia.
Ele sabia que uma hora teria que ir até a sua casa buscar suas coisas, e que, de praxe, teria que conversar com seus pais. Ele estava firme na decisão que tinha tomado, sabia o que queria, mas ainda assim era impossível não conter o nervosismo e a ansiedade que lhe cresciam no peito. Jeon sabia que era maior de idade, que não era obrigado a obedecer mais tudo o que sua mãe e seu pai lhe impunham, mas dentro de si ele ainda remoía o desejo de que tudo fosse mais fácil, de que com um passe de mágica seus pais passassem a lhe aceitar como ele era, amando ou não um homem.
Todavia, a vida estava bem longe de ser um conto de fadas, onde no final tudo termina bem. Estava longe de ser um desenho animado em que, apesar de todas as brigas, o amor sempre prevalece.
— Chegamos, Kookie-ah… — Yoongi mordeu seus lábios, estacionando o carro e colocando sua mão no ombro do amigo, querendo passar conforto. Fingir que estava calmo era a melhor forma que ele achava ter para passar confiança a Jungkook, quando na verdade, ele mesmo estava aflito por já saber o que aconteceria naquela casa.
Tomando ar uma ou duas vezes, o alfa mais novo tirou seu cinto, abrindo a porta do carro.
— Você pode entrar pela porta dos fundos e ir pegando minhas coisas no quarto? Não vai ser bom se minha mãe ver você… — sussurrou, e assim que o outro assentiu, saiu do automóvel negro, dirigindo-se até a porta grande de madeira e abrindo-a.
O sentimento que tomava conta de si era o de estranhamento. Olhando as paredes brancas, os móveis acinzentados e todas as plantas que ornavam a sala de estar, Jungkook via aquilo como uma despedida.
— Achei que não voltaria para casa… Foi ver aquela ‘bixinha? — A voz fina e gelada da sua mãe se fez presente no topo da escadaria, soando gradativamente mais alta à medida que a mulher descia degrau por degrau.
De repente, toda a raiva que sentiu por todo o mês que tinha passado em confinamento voltou, e parecia dez vezes maior. Olhando com uma visão exterior, aquela era a última forma que uma mãe poderia receber seu filho, mas que na realidade de Jeon Jungkook, aquilo já era esperado.
— Primeiro, ele se chama Park Jimin. — Tomou fôlego, pedindo a Deus a paciência que já começava a lhe faltar. — Segundo, eu fui sim ver ele. E terceiro, eu vim somente avisar que vou pegar minhas coisas e ir embora, já que não faz sentido ficar em um lugar onde eu não sou desejado. — Por mais calma e suave que as palavras saíram pelos lábios finos, por dentro do alfa um caos se formava à medida que sua mãe lhe encarava, chegando cada vez mais perto.
A aura da mulher era quase vermelha, mas não de um tom vivo, era um vermelho escuro. Um vermelho sangue do tipo que nos lembra a agressividade e o ódio.
Era assim que sua mãe, quem lhe pôs no mundo, lhe encarava. Com nojo, decepção, raiva.
E cada um desses sentimentos fazia com que uma pequena parte de Jungkook se quebrasse ali mesmo, no chão da sala em que cresceu.
Naquele momento soube porque tantas pessoas deixavam de acreditar em Deus, o motivo de tantas pessoas condenarem a religião e a julgarem como o ópio da humanidade. Os olhos castanhos da tão inalcançável senhora Jeon lhe olhavam com desprezo por não julgá-lo digno de permanecer naquela família, o julgavam sujo por amar outro homem. As irises encaravam Jungkook como profanador de Deus e destruidor daquela reação caótica que se chamava família.
O alfa não sabia dizer ao certo se o problema era crer em Deus, ou se eram os próprios seres humanos que distorciam a imagem divina através de religiões que iam completamente contra a tudo aquilo que o Criador havia “ensinado”. Preferia acreditar que a culpa era da própria humanidade, porque a destruição era a única coisa que os humanos traziam para o mundo.
— É uma pena que tenha feito essa escolha, Jungkook. — Tomou seu lugar na poltrona acolchoada da sala, pousando as mãos finas sobre o colo. — Mas se é a sua vontade virar um perdido nesse mundo, eu não vou te proibir. — O alfa se perguntava como a mulher conseguia se manter tão fria, como conseguia lhe tratar daquela forma sem sentir ou demonstrar nenhuma tristeza. — Pegue suas coisas e suma dessa casa, suma da nossa família. Você não merece nada disso. — Se ergueu, ajeitando a saia risca giz e rumando até o próprio escritório, deixando o homem que um dia ela se orgulhou de chamar de filho.
A garganta do alfa, mais uma vez, ardeu quando o moreno sufocou o choro que parecia gritar para sair, querendo inundar toda aquela casa e afogar a cobra que havia o parido. No entanto, mais uma vez resistindo a qualquer emoção que quisesse transbordar, o alfa subiu as escadas e andou até seu quarto, passando a ajudar Yoongi a enfiar tudo dentro das malas.
O quarto era tomado por um silêncio perturbador em que nenhum dos dois tinha sequer coragem de quebrar. Jungkook parecia perdido demais em sua própria cabeça e o Min sabia que deveria deixá-lo quieto por um tempo, afinal, nem toda dor precisava ser compartilhada. Às vezes a gente só quer permanecer sozinho dentro nos nossos próprios refúgios mentais, chorar e sentir todo o sofrimento que nos era destinado.
Jeon se preocupou em pegar tudo, até mesmo as caixas com seus brinquedos de infância. Não queria deixar nada para trás, e isso não se devia por ser materialista e apegado, mas sim porque não queria deixar nada que pudesse lembrar seus pais dele. Se trazia tanto desgostos assim para ambos, era melhor que ele sumisse, como se nunca tivesse existido.
O caminho de volta ao apartamento de Yoongi também foi silencioso, um pouco menos devido ao fato da música pop que tornava o clima um pouco menos pesado.
Pensamentos e mais pensamentos impediam que Jungkook sequer olhasse para as mensagens de Jimin que chegavam sem parar no aparelho celular. Ao mesmo tempo que o seu lobo implorava pelo do outro, por braços quentes e o consolo que só Jimin poderia lhe dar, Jeon não queria ver ninguém.
O que seria dele dali para frente? Não podia ficar na casa de Yoongi para sempre e viver sob suas custas. Duvidava que seu pai continuaria pagando sua faculdade, duvidava também que fosse conseguir um emprego tão rápido, não tinha nenhuma experiência sequer.
Arrumar seu quarto foi uma maneira de ajudá-lo a relaxar um pouco, mesmo que continuasse tenso como nunca. Precisava checar sua conta bancária, ir conversar com o reitor da universidade para saber sobre o seu curso, montar um currículo para distribuir. Eram tantas coisas que nunca tinha pensando em fazer, aparecendo do jeito mais turbulento possível.
Obviamente não coube todas as suas coisas no guarda roupa médio e na cômoda pequena do quarto de hóspedes. O restante ficou organizado nas caixas ao canto do quarto e o alfa foi tirar o suor com um banho.
O relógio marcava o fim da tarde quando Jungkook ouviu vozes na sala e um cheiro bastante conhecido lhe atingir as narinas.
Morango com menta.
Vestindo uma bermuda de moletom, sem se preocupar com quaisquer roupa íntima, Jungkook se sentou sobre o colchão aguardando ansiosamente sua criaturinha entrar pela porta.
E não deu para contar nem dez segundos para que a porta fosse aberta – ou melhor, escancarada – pelo omega de madeixas acinzentadas.
— Jeon Jungkook, eu quero um ótimo motivo para você ter sumido o dia todo sem nem mesmo me dar qualquer explicação. — Andou em passos pesados até Jungkook, parando em sua frente.
Mas ao contrário da explicação que desejava, somente foi envolvido por braços fortes e um suspiro cansado depositado na curvatura de seu pescoço. Não precisava de palavras, ou olhares, Jimin já sabia que tudo o que Jungkook precisava era de carinho.
Ele precisava de si.
Se sentiu um pouco culpado por cobrar, chegar no quarto dele naquela forma, mas não pode conter dentro de si a ansiedade por vê-lo. O alfa tinha sumido o dia inteiro, não havia respondido suas mensagens e nem tinha atendido suas ligações. Todo o tipo de coisa se passava pela cabeça de Jimin, tinha medo de Jeon ter mudado de ideia e ter decidido continuar com seus pais, tinha medo dele querer esquecer Jimin de uma vez e de novamente ter o seu coração quebrado.
Não tinha o número de Yoongi, mas sabia o seu endereço e sem nem pensar em mais nada foi até a casa do mais velho, por sorte foi bem recebido e já teve o quarto de Jungkook indicado para si.
As mãos pequenas do omega subiram pelos ombros desnudos do alfa com uma carícia gostosa, subindo para as madeixas com um cafuné carinhoso. Seu coração estava calmo, assim como seu lobo por estar ali com Jungkook depois de um dia inteiro apreensivo. Ele não disse nada, mesmo que quisesse perguntar sobre tudo, e deixaria que Jungkook falasse se quisesse e quando quisesse.
E depois de longos minutos, Jungkook lhe puxou para se deitar ao seu lado, ambos de lado e um de frente para o outro.
— Sabe, eu não pensei que seria tão difícil. — O moreno sussurrou, preferindo deixar os olhos fechados, somente sentindo os dedos gordinhos de Jimin lhe acariciarem as maçãs do rosto. — Ela me olhou de um jeito tão ruim… Com nojo, raiva… Era como se eu fosse um verme, e não o filho dela. — Suspirou, deixando que as lembranças da fatídica manhã escorrerem por sua mente. — Como ela consegue, Jimin? Ela parecia não sentir nenhum pesar, nenhuma tristeza… Era como se eu realmente não fosse fazer falta. — O coração voltou a se apertar e mais uma vez os olhos salgaram pelas lágrimas, e diferente de quando as segurou pela manhã e tarde inteira, dessa vez o alfa deixou que as gotinhas de água traçarem um caminho pelo seu rosto.
Era doloroso para Jimin ver aquilo. Doía para si saber que Jungkook estava passando tudo aquilo por simplesmente amá-lo, mas também compreendia que se não fosse com ele, mais cedo ou mais tarde Jeon se interessaria por outro garoto e iria ter de passar por isso.
— Ela pode não transparecer, Jungkookie, mas eu tenho a absoluta certeza de que ela está mal agora. O problema é que a ignorância e o preconceito a impedem de deixá-la fraquejar. — Passou a ponta do dedão pelas lágrimas, limpando-as e acariciando as bochechas vermelhas. — O que importa é que você não tá' sozinho, meu bem. Você tem a mim, você tem aos nossos amigos e nós não vamos te deixar. — Beijou cada uma das lágrimas de Jungkook, acabando por também selar os lábios, roçando os narizes em um beijinho de esquimó.
— Minha cabeça tá tão cheia… Não tenho mais casa, carro, nem sei se vou poder continuar na faculdade… Você quer mesmo continuar ficando com um pé rapado'? — A pergunta leviana arrancou uma gargalhada doce de Jimin, que não resistiu em juntar mais ainda os corpos com um abraço apertado e deixar vários beijos pelo rosto de Jungkook.
— Eu ficaria contigo até debaixo da ponte', o que importa é que eu te amo. — Tão natural quanto o vento que soprava as árvores do lado de fora, Jimin confessou que o amava. Não era como se fosse a primeira vez, mas o coração de Jungkook disparou tanto quanto antes.
Abrindo os olhos e encarando Park Jimin, sorrindo com seus olhos espremidos pelas bochechas gordinhas, ele sentiu seu peito se aquecer expulsando toda a dor que antes habitava o coração. Seu sorriso nasceu de maneira espontânea.
Jimin também parecia ser vermelho, mas não do mesmo tom que a sua mãe. Ele era um vermelho vivo e alegre, forte, apaixonante, encantador. Jungkook realmente não gostava do vermelho que era o da senhora Jeon, mas amava o vermelho que brilhava em Jimin.
— Eu também te amo. — Segurou o queixo do menor, beijando-lhe como se nada mais importasse.
Era lento, com saudade, paixão e gosto de entrega. O alfa deixou de lado todos os pensamentos que antes lhe ocupavam a cabeça para se concentrar unicamente nos lábios doces de Jimin e no seu cheiro de morango que tomava todo o quarto.
Seu lobo estava naquele momento abanando o rabinho e saltitando, louco para ter cada vez mais e mais do ômega.
— Sabe… Não sei se já confessei, mas eu tinha um crush do caralho' em você na faculdade. — Jimin sussurrou, roçando os lábios aos do alfa a cada palavra por estarem tão colados.
— Isso explica o tanto que você me olhava. — Sorriu, entreabrindo os olhos para poder encarar Jimin, sua mão contornou toda a lateral do corpo do menor até que chegasse em seu rosto, acariciando sua bochecha naturalmente rosada.
— Você também me olhava, okay? Como se eu fosse um bolinho enorme e comível! Sua pose de hétero nunca me enganou. — Empinou o nariz de botão, se afastando com as sobrancelhas unidas em defesa.
Jungkook sabia que Jimin estava mudando de assunto somente para fazê-lo esquecer de todo o tumulto que estava sua cabeça e vida, e sinceramente, aquilo só aquecia mais ainda o coração do alfa. Porque ele tinha demorado tanto para ceder e admitir que amava aquela criatura?
— Você realmente é um bolinho enorme. — Sorriu de canto, adorando o jeito que o biquinho tão característico nasceu nos lábios bem desenhados.
— Eu não sou! Que merda, eu sou um ômega forte e sexy, não um bolinho fofo. — Resmungou, se virando de costas para Jungkook. Era só uma pirracinha boba que o alfa sabia exatamente como cuidar.
Se aproximou do homem, colando seu peitoral nu nas costas do outro. Sua mão esquerda passou por baixo do corpo do outro, espalmando em seu abdômen, enquanto a direita passeou pelo quadril, agarrando a barra da camiseta e a puxando até a cintura, passando a dedilhar a pele amostra.
— Um bolinho enorme e bastante comível... — O músculo quente de sua boca envolveu o lóbulo da orelha pequenina, chupando-o. Jimin se arrepiou por inteiro, empurrando seu corpo para trás, pedindo mais do atrito gostoso e da carícia que as mãos quentes faziam em si.
— E você quer me comer, alfa? — Ofegou, deitando a cabeça para o lado, deixando que a língua de Jungkook explorasse todo o seu pescoço, mordendo, chupando, deixando beijos castos que ferviam todo seu corpo.
Sentia tanta falta daquilo, do ardor das peles juntas, das provocações, dos beijos quentes e molhados. Já se sentia completamente excitado, envolvido pelo cheiro forte que Jeon exalava.
O cheiro de alfa, másculo e forte, que embebia e deixava o ômega de cabelos acinzentados subindo pelas paredes.
— É o que eu mais quero, ômega… Te provar por inteiro — a voz de Jungkook soava alguns oitavos mais baixa, a rouquidão a deixava arrastada, anunciando que o alfa tinha pouco controle lhe restando.
— E porque não faz? — Jimin escondeu o rosto contra o travesseiro, arrebitando mais o traseiro, esfregando-o contra Jungkook.
— Por que o Yoongi hyung está no quarto ao lado… E ele pode nos ouvir. — Mordeu os lábios sentindo sua garganta secar. Era quase uma traição consigo mesmo negar o que ele próprio queria, e ainda mais, não satisfazer as vontades do seu omega que estava literalmente se esfregando em si. Contudo ele não podia fazer aquelas coisas quando seu hyung estava em casa, por vergonha e também porque não achava aquilo muito ético julgando que estava morando de favor ali.
Mas Jimin, ah… Jimin não estava nem aí para aquilo.
Virou seu tronco, levando sua mão até o rosto do alfa e o puxando para perto, deixando um selar no canto dos lábios finos.
— É só a gente não fazer barulho… — Murmurou, entreabrindo os olhos.
— Prefiro não arriscar, hyung — Respirou fundo tentando recobrar a sanidade, se afastando de Jimin. Mas só se afastar não era o suficiente, não quando tinha um omega tão carente e cheio de tesão ao lado.
— Você prefere me foder nessa cama, ou me arrastar até o estacionamento e fazer isso no meu carro? — O omega se virou na cama de uma vez, não perdendo tempo em passar a perna pelo corpo do moreno, sentando em seu colo com as mãos espalmadas em seu peitoral. Jeon até poderia ter achado fofa expressão mandona do namorado, se não fosse pelo alto teor promíscuo da ordem. — Não vai me responder, alfa? — Franziu o cenho, arrastando as unhas pelo peitoral do alfa.
As narinas do alfa se dilataram, assim como os olhos brilharam em prateado. Jungkook se sentia extasiado com aquele Jimin… Aquele omega tão imperativo que lhe comandava, que o deixava a sua mercê. Para muitos alfas, ser subjugado por um omega poderia ser o fim do mundo, poderia baixar a sua masculinidade, mas para Jeon… Porra, ele sentia que o seu pau poderia rasgar a bermuda de tão duro que estava.
— E-eu… — A voz do moreno pareceu ter sumido tamanho era o poder que Jimin esbanjava, e percebendo isso o ômega de fios acinzentados sorriu de canto, levando as mãos até a barra de sua camiseta, a arrancado do próprio corpo e jogando em um canto qualquer.
— Saque o que eu andei pensando, Jeon? — Um sorriso completamente pervertido brincava nos lábios de Jimin, ornando perfeitamente com o brilho dos olhos quentes. — Você merecia um castigo por deixar seu omega tão carente… Tão necessitado… — Lambeu a boca carnuda, se erguendo do colo do outro e saindo da cama, andando até as coisas de Jungkook, tirando de lá duas meias finas das quais Jeon usava com seus sapatos sociais. O alfa se sentia preso naquela cama, somente conseguindo seguir seu omega com os olhos, ansiando prever seus próximos movimentos. — Coloque os braços para cima.
Não era um pedido, era uma ordem, essa que Jungkook prontamente concedeu. Se aproximando primeiro do lado direito Jimin se inclinou com uma das meias, enlaçando o pulso de Jungkook com um nó que o ligava com a cabeceira da cama. Jeon deixou que ele fizesse, afinal, duvidou que Jimin faria um nó forte o suficiente que não pudesse ser desatado depois com um pouco de força. Era excitante e divertido deixar que Jimin comandasse as coisas.
— Não vai me deixar te tocar? — perguntou em um fio de voz quando o ômega amarrou seu outro pulso, deixando-o preso na cama e sem possibilidade de mover ambos os braços. Parecia ser um castigo leve visto de fora, mas ambos sabiam que era perfeito.
Perfeito porque Jungkook amava tocar Jimin, cada centímetro, curva e imperfeição de seu corpo.
— Não até que eu julgue que você mereça… — Mordeu o canto da boca, sentindo-a salivar ao ter seus olhos desnudando cada milímetro do corpo de Jeon, desde o rosto desejoso até sua dureza que marcava muito bem na bermuda de material leve.
— Ou que você não aguente mais ficar sem minhas mãos em seu corpo. — O alfa riu, sentindo-se arrepiado com o olhar tão intenso do omega.
Até amarrado é abusado… Jimin sorriu, desatando o zíper de sua calça e retirando-a com calma, andando até a cama novamente, sentando sobre a virilha do alfa.
— Eu sou mais forte que pensa, Jungkookie… Quando o assunto é te enlouquecer e fazer você implorar por mim. — Se inclinou, tocando as bocas superficialmente, aproveitando para morder o lábio inferior e puxa-lo. Suas mãos foram até os pulsos amarrados, massageando-os e descendo pela extensão dos braços, assim como seu corpo escorregava pela cama e sua boca trilhava beijos molhados pelo pescoço e peitoral, aproveitando para mordiscar a pontinha do mamilo esquerdo, esfregando a língua ali.
E pronto, a cama deu sua primeira rangida quando Jungkook puxou os pulsos por reflexo, desejando agarrar os cabelos do omega.
— Jimin… — Bufou, sentindo um arrepio se alastrar por seu corpo à medida que o ômega passou a brincar com seus mamilos usando a ponta dos dedos, descendo a boca por seu abdômen, deixando pequeno chupões. Queria tanto agarrar os cabelos do omega e fazer ele descer mais, parar com aquela tortura.
— Mas já? Achei que fosse demorar mais um pouquinho. — O ômega riu baixinho, descendo ao ponto de estar com o peitoral entre as pernas do namorado e com as mãos brincando com a barra do short. Estava adorando ver cada reação do alfa, como seu corpo forte se arrepiava com os mínimos toques, como seu rosto se contorcia em prazer com tão pouco estímulo. — Imagina quando eu te chupar bem devagar e você não poder puxar meus cabelos, foder a minha boca como você gosta… — O brilho nos olhos era quase sádico ao proferir silaba por silaba com o timbre baixo e provocante.
— F-foi um reflexo, eu sei me controlar. — Jungkook ofegou, forçando a voz a sair firme, não queria se mostrar tão entregue por mais que estivesse, de fato, completamente submisso ao seu ômega.
— Oh… Eu vou adorar ver isso. — O de madeixas cinzas umedeceu os lábios, terminando de descer a única peça de roupa que ainda cobria o alfa julgando a falta de peça íntima. Jogou o tecido para o lado, se preocupando em admirar o membro completamente duro que quase encostava em seu rosto. Era tão gostoso. Jimin fácilmente diria que era um pau digno de revista, de colocar na lockscreen do celular, daquele tipo que você olha que não sabe se quer sentar de uma vez ou chupar antes.
Segurou pela base, subindo e descendo sua mão duas ou três vezes, suspirando ao sentir o calor contra a palma depois de tanto tempo.
O omega não era o único descontrolado ali, o alfa em questão apertava com força as grades da cabeceira, arfando com a visão pecaminosa que era seu ômega tão sedento por seu caralho, o masturbando com a mão pequena. Havia uma pequena ponta de orgulho que lhe impedia de implorar para ser chupado.
E essa parte quase sumiu quando o ômega colocou a língua para fora, passando por sua grande rosada, envolvendo a cabeça com os lábios carnudos, chupando-a como um pirulito enquanto subia e descia a mão pela extensão.
— Jiminnie… — Sentiu a garganta arder ao conter um gemido alto, prensando os olhos com força e apertando na cabeceira até os nós dos dedos ficarem esbranquiçados.
— Sim, Jungkookie? — Deixou o membro com um "ploc", aproveitando a falta de resposta para descer a língua pela extensão, suspirando ao sentir o calor em sua língua, ao sentir o caralho duro pulsando forte. Porque era tão gostoso? Porque ele sentia tanta necessidade de preencher sua boca e deixar que Jungkook a fodesse?
— Por favor… — Mandou seu orgulho para um lugar bem distante ao novamente puxar os punhos com força, se xingando mentalmente por ter duvidado da capacidade do namorado em fazer um bom nó.
— Por favor o que, Jeon? Não estou entendendo. — O ômega arqueou as sobrancelhas com cinismo, esfregando a palma sobre a extensão quente enquanto abaixava a boca, chupando suas bolas, sugando uma por uma.
— Me solta, Jiminnie… — Gemeu de maneira sôfrega, empurrando o quadril para cima. Ah… era tão prazeroso para Jimin ouvir o alfa implorando por si… Era tão bom que ele queria ouvir mais, queria assistir mais a carinha tão excitante que era a de Jungkook quando o mesmo estava tão perdido em desejo.
— Não estou convencido ainda. — Mordeu os lábios com um sorriso safado. — Mas eu vou fazer o que você tanto quer. — Deixou beijos por todo seu comprimento, circundando a glande com a língua antes de enfiar todo o caralho quente em sua boca, ou até onde conseguia pelo menos, o sugando, descendo e subindo com a boca.
Fechou os olhos, segurando o membro pela base e se concentrando em chupa-lo, em lembrar o quão gostoso era ter aquele caralho quente e duro preenchendo sua boca. Sua boxer molhou pelo slick que escorria de sua entradinha, deixando-o completamente molhado.
Não era comum acontecer fora do cio, só quando o ômega estava muito excitado e necessitado, e bom, era exatamente assim que Jimin se encontrava. Perdendo a sanidade só de imaginar como seria quando Jungkook lhe fodesse.
Contudo, não iria jogar tudo para o alto, não quando queria arrancar toda a sanidade e controle de Jungkook.
Abandonando o membro do alfa mais uma vez, girou o corpo, ficando de costas para Jungkook. Retirou a boxer suja pelo lubrificante natural, não poupando as reboladas propositais ao desnudar a parte traseira.
Apoiou os joelhos na cama, lado a lado das coxas do alfa, se inclinando para frente e olhando Jungkook sobre os ombros.
O alfa não conseguia controlar os pulsos que se moviam por reflexo, fazendo de tudo para se livrarem do pano que os prendiam. Seus olhos brilhavam em prata, mostrando o quão seu alfa queria tomar controle, o quanto ele queria ter Jimin, tocá-lo, sentir seu corpo por inteiro.
— Quer, alfa? Você quer me comer agora? — Mordeu os lábios, rebolando lentamente. O slick voltava a escorrer, descendo pelas coxas roliças, tomando o quarto com o cheiro afrodisíaco. Levou uma das mãos até o meio das bandas, esfregando a ponta do indicador na entrada, penetrando-o lentamente.
Jeon poderia gozar só com aquela visão do ômega se penetrando, se perdeu nas expressões regadas do prazer doce, se sentia pulsar ao ouvir os gemidos baixinhos que imploravam por algo maior que os dedos pequenos e gordinhos.
Jimin só não previu que iria atiçar tanto seu alfa ao ponto de Jungkook rasgar o tecido das meias, se sentando na cama e abraçando a cintura de Jimin, fazendo o ômega assustado cair em seu colo, com as costas nuas e geladas contra o peitoral quente do alfa.
Mesmo não sabendo como o outro tinha se soltado Jimin não perguntou, estava sedento demais, desesperado para que Jungkook o fodesse de uma vez. Não negou quando Jungkook o jogou de bruços contra a cama, muito menos quando puxou seu quadril para cima obrigando-o a se empinar após deixar um tapa ardido na nádega esquerda.
Não reclamou quando o alfa esfregou seu caralho entre suas bandas, muito menos quando, aos poucos, seu membro passou a penetrá-lo lentamente e com certa facilidade graças ao slick que escorria aos montes.
— J-Jeon… J-jungkookie… — Apertou os olhos com força, revirando-o sob as pálpebras a medida que sentia seu alfa o fodendo tão bem, com tanta força. Os corpos se chocavam com um barulho alto, Jungkook mordia os lábios ao tentar não gemer alto e Jimin mordia o lençol, apertando até perder a força nas mãos.
Era tão gostoso, tão bom sentir mais uma vez aquele pau entrando com força em si, lhe preenchendo e lhe completando.
As mãos grandes de Jeon lhe apertavam a cintura com força, tanta que Jimin tinha certeza que deixariam marcas.
Mas não ligava, aliás, ele adorava cada uma que o alfa deixava.
— V-você é tão gostoso… Como consegue me enlouquecer tanto? — Jungkook sussurrou com as voz áspera, se afastando somente para virar Jimin e voltar a lhe penetrar, ondulando o quadril quando passou a fode-lo com estocadas curtas e brutas.
Jimin sentia lágrimas molharem o canto dos olhos devido ao prazer, Jungkook não lhe deixava nem raciocinar ao fodê-lo com tanta gana. Adorava sim dominar, mas era perfeito quando Jungkook deixava seu alfa lhe tomar.
O menor passou suas mãos pelo pescoço do alfa e o puxou para si, cruzando as pernas ao redor do quadril do outro. Sua boca ocupou-se no pescoço do alfa, descontando os gemidos em mordidas juntos aos arranhões que marcavam os ombros e braços do outro, que por sua vez apertava as coxas do mais velho, e de um jeito artículoso os virou mais uma vez na cama, deixando Jimin por cima.
E como a primeira vez que transaram, o ômega rebolou em seu colo, cavalgou e ondulou o quadril com todo o tesão acumulado por tanto tempo sem ter o corpo do mais novo, sem sentir seus toques, seus beijos, seu calor, seu lobo.
Se inclinou para frente por instinto quando enfim gozou, mordendo o travesseiro de Jungkook para abafar o grito de prazer. O alfa escondeu o rosto do pescoço do omega, segurando suas coxas até enfim atar o seu nó.
Sentiu sua gengiva coçar e seu peito arder, louco para morder o pescoço de Jimin que estava tão próximo, tão cheiroso.
Mas não, não ainda.
Abraçou a cintura do ômega e tirou sua cabeça de lá, beijando seu rosto cuidadosamente, acariciando suas costas com ternura a medida que recobrava o fôlego.
Porra, aquela tinha sido a transa mais desesperada da sua vida e podia culpar unicamente a saudade que tinha de Jimin.
— Acho que esqueci como se respira. — Ouviu Jimin dizer baixinho com os olhos fechados, com as maçãs do rosto coradas e o peito ofegante.
— Na hora de me provocar você sabia muito bem. — O alfa riu, apertando ainda mais o ômega nos braços e beijando seus lábios.
— Eu não sabia que você ia dar a louca e se soltar, okay? Não sei se dou graças a deus ou me preocupo em conseguir andar. — Abriu os olhinhos que logo sumiram graças ao sorriso que se abriu.
Esse sorriso que deixava o coração do alfa disparado.
— Por agora você só precisa se preocupar em me beijar, acho que 'tô com saudade ainda. — E não deu outra para que ambos estivessem aos amassos na cama de solteiro, trocando mais beijos que o fôlego lhes permitia.
Jungkook tinha a certeza que Jimin era o vermelho mais bonito que já tinha visto.
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