— ontem a noite —
As palavras ditas por Olivier hoje de tarde pairavam na mente de Milo, “a coisa mais legal dessa ilha” hm? O que aquilo queria dizer? Bom, talvez fosse só coisa da sua cabeça, e realmente não tinha nada de tão legal naquele lugar mesmo, mas será… será que Oli estava afim dele?
— Tá bão Milo já entendi! — sem paciência Bárbara gritava para Milo.
— É só que tipo… A coisa MAIS LEGAL da ilha! Entende a força nessa frase?? MAIS LEGAL, tipo, segundo ele eu sou incrível! Sem contar que ele é muito fofo, muito fofo mesmo, ele me olhou de forma tão fofa, ele… — Logo foi cortado.
— Tá tá, sim, com certeza Milo, agora dorme… — Milo era tão diferente de Miguel, basicamente o completo oposto dele, mas por que? Era difícil de entender isso… Ver Miguel dizendo que estava interessado em um menino, bem na sua frente… Não, não! Aquele era Milo, pessoas diferentes! Era melhor tentar dormir, amanhã teria o churrasco e Bárbara não podia esperar.
— Boa noite, Bárbara! Desculpa falar tanto sobre- — Milo foi interrompido por altos roncos vindos de sua amiga, ele riu e tentou dormir
— na praia —
Era hoje o tal churrasco que Milo e Bárbara falavam tanto, Olivier sinceramente não estava tão ansioso assim, ainda mais não sabendo de onde vieram as carnes e qualquer outro tipo de alimento ou bebida, já sua irmã Amelie parecia não se importar, ela só queria se divertir um pouco na praia, comer e beber muito depois disso.
Por volta de umas 17:30 Wanderley avisou as garotas que era melhor saírem da água já que estava ficando tarde e o churrasco logo iria começar, assim foi feito, os 6 contando com Angelina foram em direção ao vilarejo, ja estava escurecendo então Milo tomou frente e foi guiando todos. Olivier realmente admirava aquilo, ele era tão… incrível?
— no vilarejo—
— Milo meu amigoo! Vai lá com o Wanderley puxar aquela mesa pra gente sentarr! — dizia Amelie que aparentava estar bêbada, espera, como ela já tinha bebido se eles tinham acabado de chegar? bom talvez fosse só o jeitinho dela, pensou Milo.
— Ignora minha irmã Milo, pode deixar que eu vou lá — uma voz grossa veio de trás dele, era Oli, oh meu Deus, o garoto (um pouco) mais baixo sentiu arrepios, desde quando ele estava ali? Esses irmãos são estranhos…
— Nem pensar, não se preocupa não Oli… vier — será que estava tudo bem chamá-lo só pelo apelido? — Eu vou lá e já volto!
— Bom, então eu também vou! — de qualquer forma já não era mais preciso.
— Ugh, nossa tava pesado! Bom crianças, aqui tá joia?
— Valeu Wandebas, aqui tá ótimo, obrigado! — falou Oli sorrindo de forma posada.
— Ei Olivier, aqui tá muito perto, puxa mais pra cá!! — Amelie fazia birra.
— Pô Amelie tá bem lonjão já! Nois vai ficar muito afastado das comida… — Bárbara estava entediada.
— Sim, acho que tá okay aqui! — Milo sorriu, deixando um leve rubor nas bochechas de Oli.
— Aff, tá bom então, vamos pegar as comidas e voltar logo, quero fazer algo com vocês depois!!
Depois de pouco tempo todos ja estavam sentados, e sem avisos Amelie tirou 2 garrafas debaixo da mesa.
— Ta-daa! Bebidas pra todo mundo! É isso mesmo!! — Ela parecia muito animada.
— O-onde você conseguiu isso? — Milo pergunta cochichando.
— Ah, troquei umas coisas da mansão com o Barnabé por isso! — um sorriso orgulhoso apareceu no rosto da garota mais alta.
— E ocê sabia que tinha bebida lá como? — Bárbara perguntou genuinamente confusa.
Olivier levanta a mão chamando a atenção de todos.
— Eu e o Wanderley saímos pra comprar algumas coisas e eu acabei perguntando por curiosidade… — Aquilo chocou Milo, é claro que Olivier não era inocente, ele provavelmente ia pra muitas festas, mas ele parecia tão… tímido e puro para o garoto da Ilha.
— Enfimm! Vocês dois já brincaram de verdade ou desafio né? — Amelie perguntou.
— Ih, o quiqué isso Amelie? — Bárbara parecia curiosa.
Depois de explicar pacientemente as regras do jogo (acrescentando que a cada uma escolha de verdade você tinha que beber um copo da bebida) todos já estavam prontos.
Bárbara e Milo nunca tinham bebido, a garota parecia interessada em saber o gosto, mas seu amigo parecia apreensivo.
— Eu começo! — Milo iria evitar ao máximo beber, e começar girando a garrafa parecia uma boa opção.
— Amelie… Verdade ou Desafio?
— Hmmm, deixa eu pensar — Era óbvia sua resposta, ela só estava fazendo charme — Verdadee!
— Uhm, é… Qual é a coisa mais suspeita nessa ilha?
— Nossa Milo que merda de pergunta, até eu fazia uma mió… — Bárbara disparou.
— Ahm — Amelie bebeu — Adrian… E o Barnabé, sei lá parece que eles tem um caso — A garota ria cochichando — Muito suspeito, eles dois parecem pais da menininha e sempre, sempre tão juntos — ela não se aguentava de rir.
— Nossa Amelie você tem uma cabeça muito viajada mesmo viu — A garota de cachos dourados comentou.
— Eu nunca pensei por esse lado, será? — Milo estava genuinamente pensativo.
— É clar que não né Milo! Nada a vê esses dois junto — Bárbara dizia enquanto olhava pra trás, tentando achar os dois homens que estavam rindo e conversando sobre alguma coisa — Ihh, será?
Os três começaram a rir, Oli apenas observava sem dizer uma palavra.
— Ok, eu giro agora — o garoto de capuz pegou a garrafa e rodou ela — Milo, verdade ou desafio?
— Desafio! — Ele estava com medo, mas realmente não queria beber.
Pensamentos como “Desafio você a me beijar” vinham atrás de Oli, mas talvez estivesse cedo demais, e também sua irmã nem fazia ideia que ele também gostava de meninos.
— Toque… Toque alguma música no seu banjo… — foi a única coisa pura que veio em sua mente.
Assim foi feito, um som agradável saia de cada acorde formado pelos dedos de Milo, era terapêutico ouvi-lo tocar. Palmas foram ouvidas assim que ele terminou, não dos adultos, mas sim dos seus 2 novos amigos e sua amiga de infância, isso realmente o deixou feliz.
— Joia Milo, ocê toca muito bem! Mas agora é minha vez! — a garota gira a garrafa que por algum motivo cai virada para Olivier, era a chance dela juntar um casal, mas Milo… Sim, Milo, não Miguel, aquele a sua frente era seu amigo Milo, não seu antigo amor Miguel, isso iria fazer Milo feliz, não iria?
— Desafio… — Olivier não queria beber?
— Eu… Eu desafio ocê a beija a pessoa mai legal dessa ilha — mesmo com um pé atrás Bárbara achou que estaria tomando a decisão certa.
E agora? Amelie parecia confusa, Milo estava completamente vermelho e Bárbara encarava o chão pensativa. Olivier não sabia o que fazer, embora seus pais estivessem longe, se eles o vissem, o que pensariam?
E Amelie?? Sim ela já havia beijado algumas amigas, mas era normal pra garotas… certo? Além de que explicar pra ela… Bom, Olivier ja tinha ficado com algumas amigas de sua irmã então ela não deveria imaginar que ele tinha interesse por garotos também, já que nunca tinham conversado sobre isso…
Mas ele não podia fingir indiferença e beijar Bárbara por exemplo, eles não tinham se quer trocado um diálogo de 2 minutos. E espera, como Bárbara sabia do lance de “coisa mais legal dessa ilha”? ela tinha visto eles? ou pior, Milo contou pra ela? se foi isso, Milo tem sentimentos por ele? ai meu Deus, sua cabeça ardia.
Ele pegou a garrafa de bebida e tomou um gole bem longo pra criar coragem, limpou a boca em sua manga e olhou fundo nos olhos de Milo.
— Com licença — Sua mãos foram até as bochechas do moreno que parecia paralisado.
— Ahm, aham, toda… — um pouco tímido e sem jeito, por nunca ter beijado alguém na vida, Milo tentou se segurar nos ombros de Oli.
Um beijo foi iniciado, ele não tinha a menor intenção em ser “de língua”, mas por algum motivo fluiu, o boca de Castello logo foi infectada pelo álcool na boca de quem o beijava, e surpreendente não era um sabor tão ruim quanto o esperado, ou talvez fosse só o momento que estava bom demais pra perceber qualquer outra coisa.
Logo as mãos do Florence foram para o quadril de Milo que rapidamente sem nem perceber soltou um som agudo e abafado de sua garganta, puxando sua cabeça pra trás, em busca de recuperar o fôlego, influenciada principalmente pelo susto de sentir mãos grandes percorrendo sua cintura.
— De… Desculpa — Olivier estava tão empolgado que não lembrou que estava na frente de sua irmã que provavelmente não fazia ideia do que tava acontecendo ali — Melie eu… eu posso te explicar melhor depois… eu, desculpa é que — algumas lágrimas começaram a escorrer.
— O-Oli… tá tudo bem? — Milo secava o rosto do garoto sentado ao seu lado.
— Eu ia te contar *soluço* eu não queria que você ficasse sabendo assim, do nada… — Olivier realmente parecia preocupado com o que sua irmã iria pensar ou da forma que ela iria reagir a aquilo.
Bárbara se sentia culpada.
— Ei Oli… — Amelie se aproximou segurando suas mãos dando algumas risadas. — Deixa de ser bobo, eu meio que desconfiava, e olha eu não sou diferente de você, eu também gosto de todos os gêneros! — essa parte foi cochichada em seu ouvido — Para de chorar você é muito idiota! — ela o deu um abraço e depositou um beijo na sua testa assim como seu irmão costumava fazer — Milo, vai tomar um ar com o meu irmão, ah e leva essa garrafa com a baba dele, eu que não vou beber ela — fez uma cara de nojo e o irmão mais novo segurava sua raiva.
— Sim sim, oceis precisam conversa, desculpa se foi um desafio idiota viu!
— Tá tudo bem Bárbara, desculpa o drama, vamo botar a culpa nessa bebida! — Oli apontou para a garrafa na mão de Milo e todos riram.
Os dois garotos se afastaram.
— Beleza amiga, agora conta tudo o que você sabe! — Amelie servia os 2 copos com a garrafa restante.
— com os meninos —
Eles andavam em um silêncio desconfortável, quebrado algumas vezes pelas fungadas que Olivier soltava, obviamente por ter chorado recentemente.
— Oli… Me perdoa, eu não deveria ter dito coisas que influenciariam a Bárbara a tomar essa escolha, é só que eu fiquei tão surpreso… e feliz quando você disse aquilo… — disse Milo como uma tentativa de quebrar o silêncio.
— Ficou foi? — Oli falou com a voz rouca devido as lágrimas que foram derramadas, com uma pitada de sarcasmo. — O que mais falou pra ela uhm? — se aproximou do rosto do outro menino.
— Ahm, e-eu, não falei nada, nada demais, eu, eu… — Milo estava completamente constrangido e totalmente nervoso, tentou se afastar andando mais rápido.
— Hey Mi volta aqui — ele falava rindo e andando rápido na tentativa de alcançar o moreno — A-ha te peguei — falou abraçando Milo por trás e pegando a garrafa da mão dele.
Ele pulou com o susto, e xingou Olivier mentalmente.
— Quer um pouquinho? — o garoto maior segurou o queixo de Milo mostrando a garrafa — Não tem ninguém aqui além da gente — sua voz ainda era rouca, o que envergonhava ainda mais o Castello.
— Eu, eu não sei, quando você me beijou… o gosto não parecia tão ruim… mas acho que não tenho muita coragem… — encarava o chão com o rosto totalmente vermelho, será que Oli estava bêbado? mas ele só tinha tomado um gole!
— Eu vou te dar assim então — Olivier coloca o bico da garrafa em sua boca sorrindo de forma sedutora mas totalmente caricata, propositalmente.
— QUE? NÃO FOI ISSO QUE EU QUIS DIZER, EU SÓ, EU, AI MEU DEUS ESPERA, CALMA — ele estava literalmente surtando, enquanto Florence ria da situação. — Você… vai mesmo? — Seu rosto estava escondido entre suas mãos, deixando só um olho aparecer e encarar o rosto do menino mais alto.
— Bom, se você não se opor… — Olivier também estava tímido, mas era só ele e Milo, não tinha nada a se temer, então ele segurou uma das mãos do menino a sua frente — E-então? Eu posso?
Milo apenas acenou com a cabeça, Olivier tomou um gole de bebida, porém não engoliu, ao invés disso ele juntou os lábios com o garoto e sem saber direito o que fazer tentou introduzir a língua, o que não deu tão certo, ja que os dois acabaram engasgando com o álcool e cuspindo a maior parte no chão.
— Desculpa Oli, eu nunca nem beijei antes de hoje então… — Ele foi cortado por risadas, risadas contagiantes que o fizeram rir também.
— Eu também nunca fiz isso de… compartilhar bebida? — Eles estavam rindo, e não era pouco.
— Oli, eu acho que eu gosto de você… — sem nem pensar o menino de Tipora soltou um suspiro de alívio, o que foi dito foi dito e agora ele não precisava mais guardar isso para si mesmo — Eu realmente espero que você sinta o mesmo, mas tudo bem se-
— Eu gosto de você Milo, eu tenho certeza disso, por mais que eu nunca tenha namorado… Eu realmente gostaria de tentar, se fosse com você — ele solta a garrafa no chão e logo depois se levanta colocando as mãos na cintura de Milo e o abraçando, descansando seu rosto nos ombros do menino — Quer ir pra mansão?
Oli não podia dizer que estava totalmente sóbrio, mas ele sabia o que estava fazendo, eram escolhas dele, não do álcool.
— Tudo bem se eu for? — Milo retribuiu o abraço, se sentindo mais confortável.
— Claro…
— de madrugada —
— QUE PORRA É ESSA OLIVIER?! — Amelie estava totalmente apavorada com a cena que tinha acabado de ver, ela fechou a porta e saiu correndo pra casa de Bárbara — DEUS AMADO… — pra alguém que nunca tinha namorado alguém na vida, seu irmão estava bem adiantado.
No escuro do quarto os dois garotos constrangidos riam, sem saber como iriam encarar as duas meninas nessa manhã.
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