[Em minha defesa, toda essa situação não é responsabilidade minha.]
Oi. Quem fala é a Mina. Meus amigos são um caos. Peço desculpas por isso. Mas quem vai narrar tudo agora sou eu e acho que irá fazer mais sentido, torcemos.
Revendo. Ataque de esqueletos do mau. Iida tendo que bancar babá. Chegada desesperada no Meio-Sangue. Okay.
Então, tava todo mundo tentando manter a calma. Mas era uma falsa óbvia. Pobres coitados.
Eu estava quase tão confusa quanto eles, é claro. Por ser filha de Perséfone, eu sempre tive ligações bem materiais com a morte, era uma ótima guia no submundo, mas nunca havia visto algo como aquilo. Olhar pra aquele ser me deu uma sensação fria e estranha, ele tinha raiva nos olhos que nem tinha, como uma chama de ódio o consumindo até tirar a vida de seu inimigo.
Quando chegamos lá eu tive a impressão que poderia cair no chão e ficar ali, a sensação de segurança envolveu meu corpo e eu jurei a mim mesma que queria só ficar ali pra sempre.
-Então, agora nós levamos eles pra casa grande?- Midoriya perguntou, vi que ele torcia as mãos nervoso, como todo santo Sátiro quando se tratava de Dionísio.
Eu respirei e dei um sorriso fraco, o garoto já devia ter levado sustos suficientes por uma semana, em vez disso, fiz uma margarida crescer no chão e entreguei a ele.
- Dê a Ochaco. Avise que estamos aqui -Disse, lembrando da minha amiga ninfa que deveria estar em algum lugar alí. - Eu cuido das apresentações deles ao Sr.D.
Momo me encarou confusa e assustada, não muito diferente da cara dos outros.
-Quem...?- Ela perguntou.
-Ele é... o diretos de atividades do acampamento. Monitora as coisas aqui... - Falei, tentando procurar palavras legais pra descrever um cara não tão legal.
O fato é que eu não sabia como Dionísio iria reagiria a chegada deles, Midoriya insistia que o grupo emanava cheiro de três grandes.
Talvez ele acreditasse que valia mais a pena apenas os transformar em golfinhos e largar por aí. Daria menos trabalho.
Na chegada da casa grande, estava um homem em uma cadeira de rodas, jogando pinoche com um cara em camiseta roxa havaiana.
Conhecia eles desde meu primeiro dia de acampamento, o da cadeira era Quíron, um centauro que passava seu tempo livre sendo professor de arco-e-flecha e ajudando Percy Jackson com seus problemas intermináveis. Esse cara era uma lenda viva, falamos dele mais tarde.
O segundo era o Sr. D ( o qual eu realmente não gostava ). Ele costumava me chamar de Mona Alexandra e não ligava pra nada nem ninguém naquele acampamento. Um homem ressentido pela pena de 100 anos, liderando semideuses e sem beber por dar encima da ninfa favorita de Zeus.
Um cara muito legal, como podemos ver.
Meus amigos os olharam, confusos. Pareciam pedir informações com os olhos. Mas, Hey! Eu não tinha esse papel na história!
Pelo menos eu achava isso, depois eu virei o guia grego mesmo. História triste, eu sei.
Ao nos ver, Dionísio revirou os olhos. Não parecia disposto a ter essa discussão uma quinta vez essa semana.
Mas Quíron, como sempre. Colocou um sorriso doce no rosto e saiu de sua cadeira, revelando um corpo de centauro.
Kirishima deu um tapa na própria cabeça, acho que pra ter certeza que não estava alucinando, o que me fez rir, ele era fofo e engraçado às vezes. E quando ele puxava seu sotaque latino meu coração decidia que sabia dançar sapateado, era até um tanto irritante.
- Mina! - O centauro disse- E esses devem ser os amigos que Midoriya foi enviado pra trazer aqui, bem vindos ao acampamento Meio-Sangue!
- O que diabos?! - Esse foi o comentário inteligente de Bakugou, por sorte Quíron não se magoa fácil.
- Centauro, o termo correto é centauro- Ele disse. - Mas é claro que estão confusos. Venham... Tenho que explicar algumas coisas pra vocês.
[Vejamos, eu to tentando organizar muita coisa na minha cabeça, mil perdões se tá confuso.]
Nós entramos na sala da casa, com sua decoração esquisita e tigres pendurados na parede (não pergunte).
Era muito bom ter aquele tipo de ambiente como referência de casa, sinceramente. O mundo mortal da muito trabalho.
Eu e meus amigos nos sentamos no sofá, à frente de Quíron e sua cadeira de rodas e do rabugento Sr.D.
- Então... - Disse o Deus do vinho- É sempre a mesma babozeira, por que ninguém assiste o filme de orientação?
- Senhor, com todo respeito - eu disse. - Isso confunde mais os campistas do que ajuda.
- Você é um cavalo, cara. - Foi o comentário inteligente de Kaminari.
- Vamos terminar logo com isso... - Dionísio bufou. - Vocês são semideuses!
- Não me sinto nada deusa nesse momento.- disse Momo, olhando pro chão.
-É, mas seus pais se envolveram com Olimpianos, vocês são meio deuses e meio mortais! Parabéns! Agora sumam da minha frente antes que eu os transforme em videiras.
-Olimpianos não era aquele negócio dos jogos mundiais?- Perguntou Kirishima pra Bakugou, que deu de ombros.
Eu bufei, óbvio que ia sobrar pra mim educar essas crias.
- Tá... - Falei por fim. - Gente... venham... vou mostrar o acampamento a vocês...
Foi um tanto engraçado ver a cara de todos. Kaminari quase caiu pra trás tentando ver um pégasos voar sobre sua cabeça e Momo teve um mini infarto ao ouvir um latino da Srta. O’Leary
- Vocês tem um cachorro gigante! - Kendo murmurou, com os olhos arregalados.
- E você não viu nada - Falei, entre risos -Observando as driades atrás das árvores, rindo e acenando pra nós. Uma delas era a doce namorada de Midoriya, Ochaco.
-Por que elas são verdes?- Perguntou, Kaminari
-São os espíritos das árvores, a pigmentação da sua pele e das suas lágrimas tem clorofila - Eu expliquei. - Chamamos de driades.
-Desde quando árvores tem espíritos?-Bakugou perguntou.
-Olha aqui gente... vocês vão aprender muita coisa nesse acampamento, não podem zoar de todas...- Eu disse e levei a mão até o chão, fazendo crescer uma roseira enorme, depois tirei uma das flores e entreguei a Bakugou.
A cara confusa de todo mundo foi a melhor parte do meu dia.
- Primeira regra: plantas tem espírito.
Após o mini tour, eu decidi colocar eles pra dormir no chalé de Hermes por hora, o que seria a melhor opção, deviam estar cansados e precisando de conforto. Mas tive uma leve surpresa.
Na frente da porta, um cara com feições de motoqueiro do mau e óculos escuros estava nos observando de longe. Os cabelos pretos eram curtos de maneira militar e ele era coberto de cicatrizes.
-Tio Ares?- Perguntei.
Ele deu um leve sorriso, o que era bem raro.
-Oi garota, como está sua mãe? Aquele idiota do Hades já desistiu dela?
Eu neguei com a cabeça, e Kirishima olhou pra Ares, assustado.
-Você é mesmo o deus da guerra?
- Claro garoto! Você conhece outro deus chamado Ares por aí?!- Ele respondeu Kirishima, perdendo seu sorriso e em um tom que fez o garoto se encolher.
- Ei! Só eu falo assim com ele!- Bakugou disse, se colocando a frente de Kirishima.
-Eu falo com seu irmão da maneira que eu entender, criança- Ares falou, senti que iria acabar batendo em um dos dois.
-Tio Ares, melhor se acalmar. Não queremos problemas... os garotos são novatos...
Ele bufou e fechou a mão, realmente tive medo.
Então ele respirou fundo umas três vezes e voltou a abrir sua mão. O que não era legal. Ele ainda podia dar um tapa em alguém.
-Eu sei que são novatos... São meus filhos.
Muito divertido isso de ser reclamado pessoalmente, dar essa ideia pra minha mãe, ao invés de me transformar em uma roseira...
- Nada haver, eu não sou filho de um motoqueiro do mal. - Disse Kirishima.
-Você é... Agora vê se aprende a ter respeito - Disse Ares. E depois direcionou um olhar irritado pra Kendo. - Vejo que meus esqueletos não a mataram, garota...
Ela ficou branca igual a papel.
-Eu não fiz nada de errado, porque quer me matar?- Ela perguntou, inocentemente.
Logo notei que ela estava com trajes diferentes dos que chegava, um vestido branco de seda. Cabelos arrumados, maquiagem delicada. Eu realmente fiquei confusa sobre minha sexualidade olhando ela assim. Mas já havia visto essa magia antes. A reclamação de uma filha da deusa do amor.
Ares suspirou pesadamente.
-Não vê? Você faz parte da prole da minha namorada. Aquela idiota!
-Você brigou com... Afrodite... - Não queria admitir que a última parte foi quase uma ânsia de vômito. Mas foi.
Filhos de Perséfone odeiam Afrodite por conta da rixa dela com nossa mãe sobre a “guarda” de Adonis. Achava estranho que Ares tivesse brigado com ela.
Tantas perguntas e duvidas teriam de ser resolvidas. E eu mal sabia que o pior ainda estava por vir.
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