— É... Acho que o Taehyung tem razão, você deve ser esquizofrênico mesmo, pra falar uma coisa absurda dessa como se fosse real – Jimin afirmou, com desprezo em seu olhar.
Jungkook estava em choque, não sabia o que fazer ou dizer para que o outro acreditasse nele.
— Vá embora daqui Jungkook!
— Não hyung, por favor, eu ainda não te contei tudo, é perigoso!
— Já chega! Eu não quero mais ouvir nada de você, não quero mais te ver. Vá procurar um médico, seu doente! Desapareça da minha vida – o mais velho não conseguiu mais segurar o choro. – Eu quero fingir que nunca te conheci... VAI! – gritou, apontando o caminho da rua.
— Jimin – o Jeon ainda tentou segurar a mão alheia, mas Jimin repeliu o toque, se afastando.
— SAI DA MINHA CASA!
— Algum problema aí? – Hoseok surgiu no topo da escada, preocupado com os gritos que começaram a ouvir.
— Nenhum, o Jungkook já está de saída né? – Jimin encarou o garoto.
— Sim – ele desistiu de tentar convencer Jimin naquele momento, precisava pensar em como faria isso. – Só por favor, não fale nada pra eles, isso poderia prejudicá-los – o Jeon cochichou, antes de ir embora.
No elevador, tentou organizar seus pensamentos, que estavam deveras bagunçados. Precisava achar uma maneira de fazer Jimin acreditar em si e também de protege-lo. O sentimento de culpa por causar tudo isso à pessoa que ele amava era esmagador. Chegando no hall, Jungkook sentiu que suas pernas estavam ficando fracas e sua visão escurecida, nem se dando conta quando seu corpo caiu com força, desmaiado no piso de mármore. O porteiro e um morador do prédio que estavam por ali, acabaram vendo a cena e correram para socorrer o rapaz.
— Ele é amigo do senhor Park – o funcionário reconheceu.
— Então chame ele, eu fico aqui – o vizinho disse.
Ao ser interfonado Jimin desceu o mais rápido possível, levando Taehyung consigo. Os dois encontraram Jungkook no chão, porém, ele já começava a recuperar a consciência.
— Jungkook! – Jimin ajoelhou ao lado do rapaz. – O que houve? Vamos te levar pro hospital.
— Não precisa hyung, eu estou bem. – a última coisa que Jungkook precisava era ser examinado por um médioc. – Vou embora, não quero mais te pertubar.
— Para com isso! Nem se você fosse meu pior inimigo eu não te deixaria ir embora passando mal.
— Não preciso de médico. Já vai passar – Jungkook insistiu.
— Você consegue se levantar? Vamos subir. Quando estiver se sentindo bem eu chamo um táxi pra você então.
— Tá bom, hyung.
Tae e Jimin o ajudaram a se levantar, dando os ombros para que ele pudesse sustentar melhor seu peso, e assim voltaram ao apartamento.
Lá Jimin lhe ofereceu água e perguntou se ele não estava com fome, pensando que talvez tivesse desmaiado de fraqueza, após ficar horas sentado na rua o esperando chamar para conversar. Depois que o Jeon disse que não, Jimin o fez se deitar no sofá.
Tae e Hobi permaneceram em um canto da sala, de cara fechada, nenhum deles concordou que o menor ajudasse Jungkook, não achavam que ele merecia nenhuma consideração.
— Tem certeza que não quer comer nada? O que está sentindo? – Jimin perguntou, preocupado.
— Já estou melhor.
— Você quer ficar descansando mais um pouco, ou acha que já consegue ir? – Jimin afastou alguns fios de cabelo da testa do mais novo. O olhar de um para o outro era intenso e até mesmo os amigos do chef podiam reparar que existia muita paixão entre os dois.
Algumas lágrimas escorreram dos olhos de Jungkook ao sentir o toque do seu hyung, pois era doloroso demais pensar que nunca mais poderia sentir aquela proximidade.
— Eu já estou melhor – ele se levantou para sair.
— Ok. Se cuida então – Jimin abaixou a cabeça, não conseguindo olhar para Jungkook ao se despedir.
O Jeon finalmente saiu daquela casa, deixando para trás Jimin com um vazio no peito, e muitas dúvidas na cabeça.
[...]
Jungkook nunca teria imaginado que pudesse sentir tanta tristeza, O nó em sua garganta era constante e ele sentia vontade de gritar, para ver se aquele embrulho no estômago passava. Além disso, seu bem estar físico também estava comprometido e ele tinha que pensar rápido em uma maneira de convencer Jimin de que ele falava a verdade.
Chegando em seu quarto de hotel, viu que tinha notificações em seu computador, e com certeza não seria nada bom.
"Tenente Jeon, percebemos mais um atraso em sua missão. Precisamos que se apresse. Caso contrário enviaremos reforços. Você tem mais sete dias.
Marechal Choi Seunghyun"
Jungkook tinha certeza de que se mandassem seus generais para finalizar o trabalho, Jimin não teria chances. Ele não tinha muitas opções, então, resolveu reportar algumas das coisas pelas quais estava passando, no intuito de convencê-los de que o Park não seria necessário.
"Durante os meses que vivi nessa época, percebi que os sentimentos são praticamente uma construção social. A convivência dos seres humanos uns com os outros é que faz com que eles aflorem. Tenho diversos arquivos a respeito das mais variadas sensações que presenciei. Mas o que mais impressiona é que eu realmente comecei a senti-las. Park Jimin me ensinou a ver tudo isso e, apenas vivendo aqui, eu mudei completamente. Tenho plena convicção que não precisamos proceder da maneira planejada, Eu posso levar o que aprendi e repassar. Espero um parecer favorável para que eu retorne o mais rápido possível.
Tenente Jeon Jungkook "
Apenas alguns minutos depois ele recebeu a resposta.
"Não é seguro mudar o plano, não temos comprovações que essa sua ideia possa funcionar. Você poderá repassar sim o que aprendeu, mas ainda assim precisaremos da pessoa escolhida. Se apresse
Marechal Choi Seunghyun"
Depois de ler a resposta, o rapaz apenas conseguiu apoiar a cabeça em suas mãos e chorar ainda mais. Seu desespero era quase palpável. Conseguira arranjar tantos problemas para si em tão pouco tempo, que já não sabia por onde começar para dar um jeito em toda aquela situação.
Calma Jungkook, raciocine, não deixe esses sentimentos te devorarem, pense como o Tenente Jeon faria, seja frio como você era antes. Para conseguir deixar Jimin a salvo, eu preciso que ele acredite e confie em mim, preciso tirar ele da cidade para que não o encontrem tão rápido.
Ele suspirou consternado, olhando novamente para seu computador.
É lógico, como eu sou idiota, a resposta está aqui na minha frente.
[...]
Depois de toda aquela confusão, tudo que Jimin queria era tomar um banho demorado, tentando limpar sua mente de tudo aquilo. O olhar triste de Jungkook indo embora assombrava seus pensamentos, e ele também estava preocupado com aquele desmaio repentino. Por mais que quisesse evitar, não conseguia deixar de pensar nele. Depois de se arrumar, desceu e encontrou seus amigos na sala.
— Bom gente, querem que eu deixe vocês em casa? Eu vou trabalhar.
— Será que não é arriscado? – Hoseok questionou. – E se ele for atrás de você?
— Por mais que as atitudes do Jungkook sejam bizarras, eu não acho que ele seja perigoso. Eu não tenho medo. O pior que ele poderia ter me feito, já fez.
— Ah Jimin. – Tae lhe abraçou, tentando consolá-lo. – Vai ficar tudo bem, pode contar com a gente tá?
— Eu sei, vocês são os melhores. – O chef chamou Hoseok para participar do abraço também. Ele realmente precisaria de carinho para recuperar seu coração partido.
Depois de deixar seus amigos em casa, ele foi para o restaurante. O trabalho, naquele momento, era a única forma que o Park encontrou de se distrair, fazendo o que ele amava. E funcionava, pois enquanto estava ali, focado em sua cozinha, Jimin era capaz de esquecer por algumas horas, de todos os seus problemas. O estabelecimento abriu, e ele observava a satisfação de seus clientes através do vidro.
Todavia, seu sorriso de satisfação em fazer as pessoas felizes morreu assim que seus olhos perceberam os cabelos escuros e as costas largas de Jungkook, sentado na mesa 13, seu lugar de sempre. Não era comum que ele se sentasse de costas, mas Jimin o reconheceria mesmo de longe.
— A mesa 13 já pediu? – perguntou para um de seus cozinheiros.
— Sim, o mesmo de sempre.
— E ele não disse nada? Não pediu para falar comigo?
— Não, chef.
Apesar da ansiedade em saber o que o outro fazia ali, Jimin voltou o foco para seu trabalho, evitando olhar naquela direção. Será que seus amigos tinham razão, e o garoto iria persegui-lo ou lhe fazer algum mal? Os questionamentos eram muitos. Depois de meia hora um garçom lhe trouxe um bilhete, o qual abriu rapidamente.
"Hyung, eu preciso muito falar em particular com você. Tenho algo que pode provar que estou falando a verdade."
Não era possível que aquele menino ainda insistisse naquela história ridícula, Jimin não sabia mais o que fazer com ele. Mas não custava lhe dar uma chance, então, pediu para o garçom levar o mais novo até a adega de vinhos, onde poderiam conversar mais tranquilamente e com privacidade.
— Espero que não tenha vindo aqui só pra me fazer perder tempo quando estou trabalhando! – o Park já chegou tentando pressionar o mais novo.
— Eu só queria te dizer e mostrar umas coisas, para que repense se eu realmente sou louco e estou mentindo pra você.
— Certo, pode começar, sou todo ouvidos – Jimin usou um tom irônico.
— A primeira coisa... Você lembra que uma vez estranhou que eu não tenho cheiro?
— Lembro.
— Isso é um dos fatos. No meu tempo, ninguém tem. Nós nos desenvolvemos de forma que não suamos mais. Você também pode ter reparado nisso. Então eu não uso esses tais desodorantes e perfumes que você usa, já que não produzo suor e odores.
— Sim, eu percebi, mas isso não quer dizer nada...
— Eu sei, isso é só uma das coisas. Vamos para o fato número dois. Eu tenho muitas diferenças evolutivas em meu corpo, que posso te contar depois, mas uma delas posso te mostrar. Eu enxergo no escuro. Dá pra deixar aqui bem escuro?
— Sim, estamos numa espécie de porão, se eu apagar a luz vai ficar um breu.
— Então apague, e sei lá, faça expressões com o rosto, ou números nos dedos, qualquer coisa que não tivesse como eu enxergar sem claridade.
Jimin revirou os olhos, mas fez o que ele pediu. Seus próprios olhos levaram alguns segundos para se adaptar a escuridão, mas mesmo assim, ele não conseguia ver praticamente nada, apenas algumas sombras.
— Tá, isso é ridículo – Jimin se sentia constrangido por se submeter àquilo, mas fez uma careta de dor. – O que estou fazendo?
— Está com cara de dor – Jungkook conseguia ver perfeitamente. As cores eram diferentes para seu olhar quando estava escuro, mas ainda assim era fácil enxergar.
— E agora?
— Está mostrando a língua... revirando os olhos... fazendo sinal de ok com as mãos... Hyung! Não faça sinal feio pra mim! – ele disse, quando o mais velho levantou o dedo do meio.
— Vai acender lá a luz porque eu não to enxergando nada. – Jimin lhe pediu, e ele foi tranquila e rapidamente, sem bater em nada. – Tá, isso foi impressionante, mas ainda não é o suficiente.
— Tô sabendo. Vamos para o número três. Eu tenho um chip que guarda todas as informações que eu quiser. E até mesmo as memórias do que eu vivo. Ele fica aqui próximo da minha nuca, por baixo do cabelo – Jungkook se virou e localizou o dispositivo, mostrando-o para o menor. – Bem aqui, olha.
Jimin observou o pequeno e brilhante metal, com apenas alguns milímetros, passando o dedo para sentir se era mesmo real. Aquilo realmente o impressionou, no entanto, ainda não queria dar o braço a torcer.
— Tá, já acabou Jungkook?
— Não, como eu te disse, esse chip guarda até minhas memórias. No meu olho, tem uma espécie de lente, na qual tem uma câmera, e é ela que guarda essas memórias. Eu posso acessá-las quando bem entender. Se você quiser, posso até passar elas na tela do meu notebook, que está aqui comigo.
Jimin olhou para ele incrédulo, já que o mais novo não estava segurando nem carregando nada.
— E está aonde? Enfiado no seu cu biônico geneticamente evoluído?
Jungkook riu daquela reação.
— Está aqui no meu bolso. Fato número quatro – o Jeon retirou vários pequenos aparelhos pretos com formato hexagonal, colocando-os em cima de um balcão que encontrou na adega.
— O que é isso? – Jimin estava de fato curioso.
— São nanorobôs, hyung. Eles são uma tecnologia muito interessante. Podem se moldar em qualquer coisa que eu quiser. Eu os trouxe porque não poderia andar por aí com os aparelhos do meu tempo. Portanto, a solução foi usar essas belezinhas aqui para que assumissem a forma dos aparelhos dessa época. Porém, sua tecnologia é bem superior, por isso eu consigo falar com o quartel general através dele.
Jimin viu os pequenos objetos se moverem e, em questão de segundos, se tornarem um notebook, o mesmo que ele viu no hotel de Jungkook no dia anterior. Assim que o aparelho foi ligado, começou a passar imagens dele mesmo sorrindo e conversando, correndo durante a brincadeira de esconde esconde com suas sobrinhas, tudo como se fosse através dos olhos de Jungkook. Aquilo lhe deixou em choque, sem palavras.
— Acredita em mim agora?
— Ah... eu... – seus pequenos olhos estavam arregalados, tamanho o choque. – Isso é...
— Tudo bem, eu sei que é muita coisa para processar. Mas você não me deu escolha. Agora, preciso que confie em mim. Nós temos que sair da cidade o quanto antes.
— Oi? Como assim?
— Ainda tem muita coisa que preciso te contar, mas com calma. Antes disso, precisamos ir. Meus superiores disseram que virão para esse tempo se eu não cumprir logo minha missão. Se eles vierem, você corre perigo.
— Mas eu não posso sair assim...
— Se você ainda tem medo de mim, pode chamar seus amigos ou quem você quiser para ir conosco. Só que precisamos ir logo. Para algum lugar longe e que ninguém mais saiba. Onde não possam nos encontrar facilmente!
— Eu vou falar com o Tae e com o meu irmão. Depois te aviso.
— Saímos amanhã, sem falta, tudo bem?
— Tá – a mente de Jimin ainda estava extremamente confusa, mas sua intuição lhe dizia que devia fazer o que o mais novo estava pedindo.
Ele não teria porque dizer que ele estava em perigo se não fosse verdade. E toda aquela história de viajante do tempo parecia ser verdade depois de tudo que ele viu.
— Passo pegar você e quem mais for às 13 horas. Estejam prontos.
[...]
Era um alívio para Jungkook ter conseguido convencer o mais velho. Agora, precisariam se esconder até achar um jeito de deixá-lo a salvo. O tenente sabia que dessa forma, quem estaria assumindo todos os riscos seria ele mesmo, mas jamais permitiria que algo acontecesse com Jimin. Se precisasse se sacrificar por ele, faria isso sem pensar duas vezes.
Rapidamente, ele subiu para seu quarto, afim de arrumar suas malas e deixar tudo pronto para fazer o chekout do hotel no dia seguinte. Todavia, quando abriu a porta de seu quarto, todo o sangue pareceu fugir de seu corpo, lhe deixando totalmente pálido pela supresa. Sentado na cama, estava um jovem um pouco mais velho que ele mesmo, de pele branca e cabelos negros, magro, alto e totalmente inexpressivo, mais do que o próprio Jungkook era antes de conhecer Jimin.
— Sehun!
— Olá, Jungkook.
— O que faz aqui, senhor?
— Você foi avisado que alguém viria te ajudar.
— Mas o marechal disse que eu teria sete dias — seu coração estava disparado pelo medo da presença de seu general ali.
— Isso foi antes daquela mensagem. Ficamos preocupados com você, sua saúde pode estar sendo comprometida, atrapalhando no desenvolvimento da missão. Você já pode ir embora, eu e Yoongi cuidaremos disso.
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