Jimin permaneceu naquela posição por mais alguns instantes depois da fala da mulher. Sua cabeça aparentemente parou de funcionar, ele não conseguia pensar em nada para respondê-la, deixando-o mais nervoso por saber que poderia causar más impressões e sabe-se lá o que poderia acontecer. Seus olhos vagaram desde a expressão intrigada, até a xícara de chocolate quente, agarrando-a como se fosse um fruto importante para sua sobrevivência.
— Hum… Me diga, você consegue me entender? Você fala? Porque, sendo bem sincera, eu não sei falar em libras e…
Os cabelos escuros balançaram suavemente quando Jimin maneou com a cabeça negativamente.
— Eu consigo entender você. — respondeu simples, um pouco mais baixo do que o normal. Ainda estava inseguro.
— Oras, então saia daí garoto! Você quase me matou de susto. — ela não poupava esforços para se expressar, e se expressava de uma maneira engraçada. Ela era bem… desinibida. — Onde já se viu ficar embaixo da mesa desse jeito. Cuidado com essa xícara, ainda tem coisa aí dentro?
Jimin murmurou uma resposta, relutante em sair de onde estava. Reconhecia que agora que foi descoberto não existia mais sentido em ficar daquele jeito, porém as batidas incessantemente rápidas de seu coração funcionavam como uma espécie de alerta.
— O que você está fazendo agachada aí, Seulgi? — uma outra voz surgiu no ambiente, e era notável que eram mais do que uma pessoa ali. Mais uma vez desconhecidos. Park sacudiu a cabeça, como se implorasse para que ela não o dedurasse.
— Ah, foi o meu celular que… Espere. — no mesmo instante, o próprio começou a vibrar em suas mãos. Ela ergueu-se para atendê-lo, surpreendendo-se levemente por ter um pequeno sinal no meio daquela floresta toda. — Alô? Oh, oi Yoongi!
Yoongi?
— Hey bae. Chegou bem?
— Cheguei sim, estava tomando café antes de começar. Os outros rapazes também já estão por aqui.
— Oh, isso é bom! Espero que esse emprego não seja tão entediante como eu imagino ser.
— Yoongi! Isso é mais legal do que parece, ok? — ela comentava emburrada, observando os outros seres ali aprontando um lanchinho. Todos pareciam estar de bom humor e aquilo a motivava muito.
— Certo, certo, eu estou brincando. — ele ria do outro lado da linha. — Mas, então, minha ligação tem um motivo extra dessa vez. Já que vocês vão ficar horas nesse lugar, queria pedir… Caso você ou algum dos outros guardas virem algo, ou melhor, alguém… Alguém que normalmente não estaria aí, não fiquem assustados. Você pode apenas tentar me avisar, por favor?
— Caso eu veja alguém que normalmente não estaria na floresta…? — ela comprimiu os lábios e tomou um gole de café, ouvindo o outro assentir. — Ok! Pode deixar, eu aviso sim.
— Obrigado, bae. Se cuide, ok? Irei tomar um banho agora. Bom trabalho.
— Ok, obrigada. Bom descanso!
Ao desligar, a garota ficou um tempo parada, assimilando as coisas.
E Jimin estranhou tudo aquilo. Será que quem estava na linha era o mesmo Yoongi que conhecia? Existia outro Yoongi pelo mundo? Ele fechou os olhos por dois segundos, confuso, tentando encontrar algum sentido em outros momentos que esteve com o rosado, porém a confusão que ainda fazia morada em sua mente não lhe ajudava nenhum pouco.
— Estamos saindo, Seulgi, vamos pro observatório.
Jimin, ainda quietinho, ouvia a mulher respondê-los. Quando todos saíram, viu-a se agachar novamente, agora com um semblante mais relaxado.
— Eu não sei quem é você, mas Yoongi aparentemente te conhece. Não irei te forçar a nada, se quiser passar a noite por aqui por algo que aconteceu inclusive, tudo bem. — os olhos dele situavam-se bem focados nos dela. — O problema seria se mais alguém te visse, eu acho. Se alguém te ver e perguntar quem é você… — franzia o cenho, pensativa. — Diga que é o eletricista que eu pedi e veio arrumar uma luminária quebrada! Vai dar tudo certo, eu vejo isso funcionar nos filmes, por que falharia na vida real não é mesmo?
Eletricista… Luminária…
Não lembrava muito bem o que era tudo aquilo, mas…
— Você me entendeu? — Jimin concordou. — Ótimo! Olha, eu preciso ir. Tome cuidado por aí, aqui é cheio de animais. Hum… Veja, fique com isso. É um rádio comunicador, você pode usar para falar comigo no canal vinte e dois. É só apertar esse botão e falar.
Jimin olhou aquilo meio impassível, assimilando-o a um celular. Seulgi ainda falava e pensava em voz alta sobre os lugares que ela ficaria nas noites, conferindo se não estaria com qualquer outro guarda, caso contrário aquilo estragaria todo seu plano. E o moreno achou o jeito dela engraçado.
— Obrigado.
— O que?
— Eu disse obrigado. — riu soprado. — Pode ir, eu vou ficar bem. Gosto dos animais e entendi como funciona o rádio. Você foi muito gentil. Mas… sobre o Yoongi… Ele é o que tem um gatinho chamado Adoçante?
— Sim! Ele não é um fofo? — comentava com certa euforia. — Queria brincar e dizer que estava falando somente do gatinho, mas Yoongi é uma gracinha também. — suspirou. — Ele é meu namorado, sabia?
De repente, sentiu como se tudo se tivesse feito sentido, de alguma forma.
— Seulgi, você ainda está comendo, garota? — uma voz diferente das que ouviu antes soou alto do lado de fora. — Me traz uma lanterna, não tem mais aqui fora!
— Me deixa comer em paz, aish! Bom, até mais, mocinho. Canal vinte e dois, não se esqueça!
Com o silêncio de volta, Jimin respirou fundo. Por alguma razão, sentia-se um pouquinho mais calmo. Era bizarro ver que conheceu a namorada de seu amigo assim, naquelas circunstâncias, naquele lugar. Quais eram as chances?
Caindo os olhos no rádio, tentou e conseguiu prendê-lo em sua roupa, ficando escondido pela blusa, refletindo se realmente precisaria e se queria aquilo. Deixou pra lá, finalmente saindo debaixo da mesa.
Jimin sentia que precisava ficar por ali, até os resquícios de sua magia desaparecerem por completo. Sabia que não ficou muito em seu mundo real – e por um lado aquilo até era o esperado – contudo desejava manter vivo seu espírito protetor até o limite.
E fazia um pouco a cada dia que se passava.
O tempo sozinho na floresta passou devagar, mesmo que para Jimin tudo parecesse um borrão. Às vezes, sentia-se pleno por poder desfrutar daquele tempo ali, enquanto seus poderes escapam sem que pudesse fazer nada. Contudo, havia horas em que tudo o que Jimin sentia era desespero e medo, muito medo.
O que aconteceria dali para frente? Como as coisas seriam? Como Jimin viveria?
Nunca havia pensado em morar permanentemente como um humano, como… Seus amigos. A ideia de nunca mais ter a forma de uma raposa era tão absurda e assustadora que o Park rapidamente entrava em desespero.
Então, todas as vezes que voltava para o casarão, para dormir em segurança, Jimin chorava um pouquinho.
Chorava porque sentia-se indefeso, errado e sozinho. Não entendia porque aqueles sentimentos o rondavam, mas era o que sentia, o que achava certo sentir. E toda aquela melancolia caminhava consigo, pela floresta.
Os dias se passavam, mas as sensações vazias e dolorosas permaneciam. Apesar de tudo, Jimin deixava-se aproveitar daquele sentimento até então conhecido como ruim. Sabia que aprenderia algo com aquilo e, talvez por isso, deixava-se ali. Contudo, talvez fosse o único que quisesse vê-lo daquele jeito.
No início, Seulgi ficava sempre de olho no outro. Sempre que o avisava que estava de saída e que, consequentemente, os guardas diurnos estavam a caminho, ela percebia o modo como Jimin ficava silencioso e até mesmo triste. A garota procurava descobrir pequenas coisas sobre o antigo ruivo, como o que ele gostava de comer, o tamanho de suas roupas e o que o fazia feliz.
Seulgi tentava aproximar-se quando levava comidas e mudas de roupas para ele. E, de forma surpreendente, Jimin deixou-se levar pelo modo amoroso e cuidadoso que a namorada de seu amigo possuía. Em poucos dias eles estavam próximos e ele já não se sentia tão solitário assim. Porém, ela não era a única preocupada.
Isto é, mesmo que o agora moreno não soubesse, as criaturas do local onde morou por tanto tempo sabiam o que ele sentia e como estava. Berg-oh e os outros sabiam bem o que estava passando dentro de Jimin e, por isso, decidiram intervir. Porque, mesmo que agora fosse um humano, o rapaz não deixava de ser um deles.
Ele nunca deixaria, apesar de tudo.
— Temos que fazer algo sobre isso, Rinah. — o ser pequenino disse, fitando a amiga que poucas vezes aparecia. — Eu achei que após alguns dias ele aceitaria bem o destino, mas… Veja ele. Está sozinho na floresta desde o dia que descobriu.
— Eu tenho uma ideia. — ela respondeu, descendo seu olhar pela árvore até encontrar a figura de Jimin encostada na planta, brincando com os próprios dedos. — Traga todos aqui, sim? Eu irei conversar com ele.
Berg pensou em argumentar, contudo Rinah já havia sumido de sua vista. Garotas…
Logo, ela estava atrás de alguns arbustos, imaginando se Jimin estaria apto a conversar consigo.
Já havia algum tempo desde que os dois mantiveram algum contato direto e, talvez por isso, ela sentisse certo receio. Sabia que o coração de Park continuava bom como sempre, mas era diferente quando um acontecimento como aquele estava ocorrendo. Jimin estava perdendo seus prestígios, sua forma animal já não era mais alcançável e ela sabia como isso poderia doer. Bem, quase havia passado pelo mesmo e só a ideia de nunca mais voltar a sua forma original a assustava.
— Jiminie? — chamou baixinho, vendo os olhos pequenos começarem a procurar pela sua presença no local. Saiu lentamente de trás do arbusto, vendo os olhinhos dele se arregalarem um pouco. — Como você está?
— Tentando me acostumar… — sorriu fraco, fitando o chão. — Por enquanto eu prefiro ficar aqui, sabe, no meu lugar. Na minha casa.
O espírito então sorriu, aconchegando-se próximo de Jimin. Rinah o fitava com certo cuidado, como se fosse uma espécie de irmã mais velha dele que, ao vê-lo naquela situação, ficava preocupada. Então seus dedos alcançaram a terra próxima, começando a desenhar traços retos que, no fim, formaram o rabisco de uma casinha.
— Casa é onde nosso coração está. — ela disse baixo. — Onde você deixar um pouquinho de você, será sua casa. Então, não se preocupe. Nós sempre estaremos aqui, não importa onde você esteja e muito menos com quem.
O moreno fitou-a, feliz. Sentia uma plenitude crescer dentro do peito, algo gostoso e quente. Jimin conseguia sentir o modo como seus medos e inseguranças esvaíam aos poucos, conforme fitava Rinah. E, durante o tempo que fitou olhando-a, Park não viu as outras criaturas se aproximando aos poucos, com tantas saudades quanto ele mesmo. Berg estava em um dos galhos, observando os animais e espíritos se aproximando do humano até que este estivesse sorrindo verdadeiramente.
Pois, acima de tudo, Jimin só queria que tudo ficasse bem. Então, ao encontrar todos ali, cuidando dele da maneira como ele não pediu para ser cuidado, era maravilhoso. Algo bom, algo que fazia tudo pelo que estava passando não soar tão difícil quanto antes. Algo que lhe apontasse que com todos juntos, era possível.
Estar vivo já não era um peso, afinal.
— Todos nós amamos você, Jimin. — Rinah continuava. — E você sabe bem como é esse amor; puro, profundo, e o mais importante: infinito.
— Nós queremos emprestar um pouco da nossa força a você, Jiminie. — um dos espíritos presentes dizia com gentileza, e todos balançavam a cabeça e murmuravam em concordância. Jimin não sabia explicar, mas a energia vindo de todos ao seu redor era forte. No entanto, sabia que se ainda fosse uma ninfa completa, sentiria aquela atmosfera muito melhor.
— Nós sentimos que isso seja tão doloroso, mas existem lutas que precisamos de incentivos. — Berg-oh começava, com as mãos juntas em frente ao peito. — Esperamos que você nos use e faça dessa situação triste um trampolim, para que seja pleno novamente, com todos os seus amigos, senhor Park. Eles são especiais também. — sorriu curto.
— Pense com carinho em toda a felicidade que você viveu lá e aqui, junte tudo aí dentro e leve consigo. — a ninfa ao seu lado pôs a mão em seu coração. — Dando um passo de cada vez.
O carinho deles era tão palpável que lhe emocionou. Sentia-se importante e parte daquele todo ali, naquele instante. Percorreu os olhos por todos, avistando até mesmo seu amigo, seus pais, Shinji…
Ele se sentiu cheio.
Mas ainda não se sentia completo.
[...]
Após se despedir de todos, o agora moreno caminhava lentamente até o casarão quando ouviu vozes a beira da floresta. Escondeu-se atrás da primeira árvore que viu, só então constatando que eram Jungkook e Hoseok ali.
Jeon olhava intensamente na direção das árvores, mas seu olhar parecia perdido. Já o Jung encarava o amigo de forma preocupada; o moreno ao seu lado parecia tão confuso, tão perdido e tão… Culpado.
Não sabia mais o que fazer.
— Já acabou nosso turno… — Hoseok tocou o ombro dele sutilmente. — Ei…
Jeon, por sua vez, apenas continuou fitando a floresta. Esperava que, por algum motivo extraordinário, Jimin voltasse para ele. Voltasse para casa.
Contudo, sabia que um pouco da culpa havia sido sua e, por isso, sentia-se ainda pior.
Jeongguk havia dito que queria que Jimin estivesse consigo, que se ele estivesse consigo tudo daria certo… Como pode pensar tanto apenas em si mesmo?
Era um fato de que não conseguia imaginar seus dias sem o mais baixo, porém, e se o melhor para Park fosse estar afastado do guarda florestal?
Não tinha como saber.
— Eu fui tão egoísta… Droga. — respirou fundo, abaixando a cabeça. — Por que, Hoseok? Eu só queria fazer ele feliz.
Naquele instante, o rapaz entre as árvores sentiu vontade de gritar.
Quer dizer, Jungkook havia feito de tudo por ele e uma das coisas havia sido fazê-lo feliz. Não aceitava que o outro pegasse tão pesado consigo mesmo, apesar de que não faria nada sobre isso. Pelo menos não ainda.
— A culpa não é sua, Kook. — o outro guarda tentou confortá-lo. — Um dia ele volta, sim? Vai ficar tudo bem.
Jimin assentiu, silencioso. Mesmo que não tivesse certeza, ele desejava que Jungkook acreditasse cegamente de que sim, tudo ficaria bem.
Logo, os dois guardas se retiraram para dentro do casarão e, em alguns minutos, já estavam dentro do carro. O rapaz ficou fitando a cena, pensando em como não queria que Jeongguk estivesse triste. Isto é, estava arrasado com as coisas que aconteciam consigo, mas Jimin não achava justo que o outro sofresse por isso.
Pois Jungkook não era egoísta como pensava. Ele era bom, era alguém que ensinou a Jimin tudo o que ele deveria aprender, ensinou-o a sentir coisas das quais não se arrependia e jamais iria.
Pensou então nas palavras de Rinah e tudo o que estava acontecendo. No fato de que sentia-se extremamente sozinho e que, talvez, Jungkook estivesse sentindo-se assim também.
Então, antes que pudesse parar-se, já estava com o walkie-talkie em mãos, apertando o canal que fora lhe passado antes. Vinte e dois.
— Mocinho? — Seulgi falou receosa do outro lado da linha.
O moreno apertou o botão que a garota indicou anteriormente.
— Você… Pode me levar para a sua casa? Eu não quero mais ficar sozinho.
E soltou o botão, imaginando o que a garota o diria.
Apesar de tudo, Jimin ainda não estava preparado para ir até Jeongguk. Contudo, começava a aceitar e entender qual era seu destino, então… Tentaria ser o mais positivo possível.
Logo o som do aparelho em suas mãos foi escutado e a voz da mulher veio a seguir.
— Claro! Digo, se você quiser. — ela respondeu, animada. — Nós sairemos pela manhã, ok? Eu te aviso algum tempo antes do horário terminar, pra nós sairmos antes dos garotos chegarem.
O mais baixo então sorriu, sentindo o peito aquecer e toda a agonia que sentia diminuir um pouco
Apesar de tudo, Seulgi não parecia ser uma pessoa ruim. Quer dizer, ela namorava Yoongi, certo? Com certeza não seria uma pessoa ruim. E pela memória meio vaga que tinha no momento, Yoongi falou muito bem dela.
Após a pequena conversa, o tempo passou rápido.
Jimin sentiu as horas voarem até que fosse de manhã. Estava perto da entrada da floresta quando a garota se comunicou pelo pequeno rádio, fazendo-o caminhar apressado e até mesmo animado para de encontro com a mesma.
Seulgi, por sua vez, ajeitava suas coisas na bolsa de uma única alça. Ela caminhava animada de um lado para o outro até que finalmente parasse em frente ao outro, sorrindo para ele. Sentia vontade de falar muito com Jimin, mas ficava um pouco acanhada pelo jeito como ele a encarava, ou pelo fato de que Park não era de falar muito.
Então, ambos foram em silêncio até a área externa do casarão e, com muita rapidez, os olhos curiosos do moreno fixaram-se no veículo parado ali. Era um… Jimin não conhecia aquela palavra ainda. Lembrava-o um carro, mas um carro sob duas rodas?
— Isso é um… — Jimin começou, esperando que ela finalizasse a frase sem achá-lo um grande idiota.
— Uma moto, sim. — riu baixinho. — Bom, eu só tenho um capacete, mas… Pode ficar. Juro que irei bem devagar.
O rapaz não entendia muito bem, mas apenas assentia e seguia as ordens da outra. E, quando reparou, estava sentado atrás dela, naquele veículo estreito. Suas mãos circundavam de forma frouxa a cintura alheia, era um pouco vergonhoso.
Bom, parecia vergonhoso até ela acelerar e Jimin agarrar-se com toda a força que possuía. Encolheu-se atrás dela e encostou a cabeça protegida pelo capacete nas costas da mesma, desejando que chegassem rápido na casa de Seulgi.
Contudo, aos poucos ele abria os olhos e encarava tudo ao redor passando como borrões, o céu laranja e azul ficando cada vez mais claro e bonito. E, como prometido, Seulgi realmente não estava indo rápido demais. Assim, Jimin podia aproveitar do passeio até que estivessem, de fato, em frente à casa da guarda-florestal.
— E… Chegamos! — ela ajeitou os fios lisos pelo rosto, sorrindo. — É uma casa simples, mas… Espero que goste.
Jimin sentiu vontade de rir baixinho, já que nem se importava tanto com a aparência e a extensão das casas das pessoas em que conhecia. Claro que vez ou outra sempre era uma surpresa deparar-se com grandes construções mas… aquele não era o foco.
Adentrou com os ombros meio encolhidos, tímido, deixando seus calçados arrumadinhos no pequeno hall, olhando como Seulgi não ligava muito em organizar os seus. Os olhinhos agora escuros passearam pelo pequeno corredor, pelas paredes tingidas de um tom clarinho, e em alguns quadros que lhe traziam um sentimento bom.
— Você quer comer alguma coisa…
— Jimin. — a garota se virou, depois de deixar sua blusa no encosto de uma cadeira da cozinha, com uma expressão confusa. — Meu nome é Jimin.
— Oh! Assim as coisas ficam mais fáceis! — riu. — Então, Jimin, você quer comer alguma coisa? Você está com sorte que ontem mesmo fui ao mercado. Talvez conseguimos até mesmo fazer um café da manhã típico, com bastante coisas, o que você acha?
Ah, Jimin gostou muito de ir a mercados nesse meio tempo.
— Ah, não precisa de muito na minha opinião! — Jimin dizia meio exasperado, não querendo dar muito trabalho. — Eu acabei acostumando a comer várias coisas então… O que você fizer, eu vou ficar feliz. — sorriu gentil, e a morena sorriu logo em seguida.
Seulgi, com seu jeitinho todo atrapalhado mas muito dedicado e focado preparou um café da manhã na medida para ambos. Perguntando gostos e gostos de Jimin perante seus ingredientes, tudo dera certo.
Após comerem, levaram o assunto leve sobre a floresta e a noite de trabalho de Seulgi até a sala. Ali, Jimin avistou muito mais coisas, inclusive um monte de bonequinhos fofos.
Yoongi deveria se divertir bastante com aquela mulher porque ele, com todo aquele emocional abalado — apesar de estar melhor àquela altura —, conseguia repuxar uns sorrisos curtos e ligeiros diversas vezes. A aura dela era de alguém determinado e, sobretudo, generoso. Era confortável.
— É… De onde está vindo esse barulho? — Jimin indagou de repente.
— Ah, é meu celular! Espere um minuto.
Ela abriu a bolsa, caçando o aparelho que ficava cada vez mais barulhento.
— E então, foi legal passar a noite no meio do mato, literalmente?
— Bom dia pra você também, Yoongi. — respondeu descontraída. — Mas sim, foi bom!
— Ainda não é um bom dia, sabe, eu acordei cedo, mas fico feliz por você. Me diga, será que eu poderia dar uma passada aí antes do trabalho pra te ver?
— Você estava pensando em vir aqui me ver agora? — ela repetiu, agora olhando para Jimin sentado no pequeno sofá, como se pedisse permissão com o olhar para ele. — Que gentil da sua parte, Yoongi. Está por perto?
A cabeça de Jimin trabalhava a mil naquele instante. Precisava de respostas rápidas, descartando qualquer tempo extra. E ele não sabia bem a razão, mas seu coração aparentava concordar com aquela ideia toda.
Jimin se viu balançando a cabeça positivamente e, bom, não sabia o que esperar.
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