Lena Luthor andava pela calçada com a postura ereta, respondendo educadamente às pessoas que cruzavam o seu caminho e a cumprimentavam. Ainda era cedo, mas crianças acompanhadas por suas mães ou pelos seus pais já estavam nas ruas, vestidas nos uniformes da Escola Primária de Midvale. Era mais um início de semana tranquilo naquele pequeno povoado.
A mulher usando um vestido preto elegante por baixo do casaco aberto, chegou no diner e empurrou a porta. Alguns pares de olhos viraram para ver quem entrou no pequeno restaurante e ela foi cumprimentada por discretos acenos de cabeça ou murmurados “bom dia”.
Lena andou até o balcão e se sentou em uma das banquetas, deixando a bolsa sobre a outra à sua esquerda. Fez o pedido à garçonete e, quando a mulher se afastou, Lena tirou o livro da bolsa, abrindo-o na página 38, onde interrompeu a leitura na noite anterior.
Um homem se aproximou e sentou do lado direito de Lena. Ela o reconheceu pelo cheiro. Esbarrou com ele um dia antes, quando foi à oficina de Otis Graves deixar seu carro para fazer uma revisão. O sujeito era o novo funcionário da oficina.
– Parece que o destino quer que nos encontremos sempre. – O recém-chegado disse com simpatia.
– Não diria que é o destino. – Lena respondeu sem tirar os olhos do livro.
O homem sorriu discretamente.
– Bem, nos encontramos ontem e hoje também. Deve existir alguma força conspirando a nosso favor.
– Sr. Lockwood – Lena o encarou colocando o livro fechado em cima do balcão – Eu já lhe disse que sou uma mulher casada.
Lena notou os olhares tensos dos outros fregueses e da garçonete sobre eles.
– Me chame de Ben – o homem não se abalou – Eu sei, senhora Danvers-Luthor. Já me contaram sua triste história com a sheriff da cidade.
Uma das piores coisas sobre morar numa pequena cidade como Midvale, era saber que todos fofocavam a seu respeito. Sempre tinha pelo menos um morador mais do que ansioso para falar da vida dos outros, até mesmo para um forasteiro que acabara de chegar à cidade.
Lena quis corrigi-lo e dizer que há mais de nove anos não usava o sobrenome da esposa, mas imaginou que ele entenderia aquilo como uma abertura para continuar insistindo em cortejá-la. Ben era um alpha como Kara e Lena sabia identificar os feromônios que o homem exalava agora querendo atraí-la.
– Então se o senhor conhece a minha história, e sabe que sou uma Beta reivindicada, deveria se afastar de mim para evitar problemas. – Ela pontuou num tom rude.
O homem puxou vagarosamente o ar para os pulmões, inspirando profundamente.
– Mas seu vínculo com ela está frágil, Lena – ele falou sorrindo, suas pupilas ficando mais escuras – Depois de nove anos separadas, é quase imperceptível o cheiro da Alpha em você.
Lena engoliu em seco. Aquele sujeito realmente estava muito bem informado sobre sua vida.
O cheiro de Ben ficou mais intenso e Lena identificou os rosnados baixos dos outros alphas que estavam no lugar, incomodados pelos feromônios que Ben liberava, mostrando aos outros que ele era o mais forte ali, marcando seu território.
Mas um rosnado alto e inesperado fez todos eles, inclusive Ben, se encolherem assustados. Uma alpha muito poderosa entrou na lanchonete de repente e enfureceu-se quando viu um possível rival ao redor de sua companheira.
Kara Danvers avançou na direção de Ben e rosnou mais alto ainda, mostrando seus dentes e liberando feromônios agressivos.
O homem se retraiu de novo e passou a ganir baixinho, apesar de continuar lutando contra a violenta reação da alpha, contorcendo-se na banqueta e se esforçando para não mostrar o pescoço em submissão.
Lena se levantou vagarosamente com medo do que Kara pudesse fazer com Ben. Os outros fregueses grunhiam amedrontados em seus cantos, submetidos aos feromônios de Kara, sem querer irritar ainda mais uma alpha tão forte.
– Kara, olhe para mim – Lena pediu, sabendo que precisava fazer alguma coisa para impedir que algo mais grave acontecesse.
A sheriff Danvers encarou-a subitamente com os olhos totalmente escuros e exibindo os caninos levemente projetados, mais pontiagudos.
Lena se arrepiou e vislumbrou o volume na calça de Kara. “Merda, ela está no cio!”
Se Lena fosse uma ômega estaria de joelhos, colocando o pau de Kara em sua boca agora. Ômegas eram mais facilmente afetados do que betas pelos feromônios de um/a alpha em sua rotina, principalmente se o/a alpha em questão já o tivesse reivindicado. Mas, por ser beta, Lena não possuía os genes lupinos, por isso mesmo não tinha rotina ou ciclo, os cios dos alphas e dos ômegas.
– Minha – Kara grunhiu com possessividade e voltou a olhar furiosamente para Ben, rosnando sem parar até que finalmente o homem cedeu e desceu da banqueta, caindo de joelhos aos pés da sheriff, mostrando totalmente o pescoço em rendição.
Lena tremeu quando os olhos escuros de Kara se voltaram para ela. A mulher de cabelos negros começou a andar para trás enquanto a loira a seguia de perto, distanciando-se dos demais.
– Kara, preste atenção, você não pode fazer isso – Lena começou a falar com pressa, levantando as mãos como uma barreira – Nós estamos separadas, lembra-se? Eu não sou mais a sua companheira.
A alpha não parecia ouvi-la e Lena esbarrou na parede do corredor que dava para a parte de trás do restaurante, onde haviam alguns quartos para alugar. Do ponto onde estavam, Lena ainda podia vislumbrar Ben, que permanecia de joelhos no chão. A beta entendeu o que a alpha pretendia fazer. Ela iria reivindicá-la na frente do homem para que ele soubesse a quem Lena pertencia.
– Kara – a Beta gemeu quando o cheiro forte da alpha inundou o ar e Kara a agarrou firmemente pela cintura, puxando-a contra si.
A boca ansiosa de Kara chocou-se contra a dela e Lena envolveu os braços ao redor do pescoço da alpha devolvendo o beijo. A saudade e a excitação latejando em todo seu corpo, depois de nove longos anos sem ter nenhum contato com sua companheira, aliás, sem ter contato com mais ninguém.
A alpha aprofundou o beijo, grunhido baixinho, satisfeita com a inesperada entrega de sua beta, deslizando a língua pelos lábios carnudos e macios da companheira, aumentando o aperto das mãos na cintura delicada. Kara estava sob a influência de seus genes lupinos, então sua força era incomum durante o cio. Por isso, ela facilmente ergueu Lena, passando os braços por baixo das coxas de sua companheira, segurando-a e mantendo-a prensada contra a parede.
A beta revirou os quadris sobre a ereção dura da Alpha, escondida embaixo do tecido da calça, arrancando um gemido áspero dos lábios de Kara.
A alpha desencostou-a da parede e carregou Lena agarrada com as pernas ao redor de seus quadris e os braços em volta do pescoço, atravessando o corredor. Chegando em frente a uma porta fechada, Kara chutou o obstáculo, abrindo-a com um estrondo alto e entrando no quarto.
A beta foi deitada em cima da cama e ficou assistindo a alpha abrir a calça e descê-la pelas pernas, revelando uma cueca azul cobrindo o membro endurecido para o lado direito, onde uma mancha de excitação molhava o tecido.
Lena lambeu os lábios e arreganhou mais as pernas, oferecendo-se para sua companheira.
Kara rosnou e avançou sobre ela, esfregando o pau duro na buceta encharcada e coberta pela calcinha.
– Vai me foder aqui para mostrar a ele que sou sua? – a beta perguntou subitamente – Eu o achei atraente, sabia?
A alpha enfiou os dentes no pescoço da beta, tirando dela um grito de dor, antes de beijá-la novamente, quase desesperada, enfurecida pelos ciúmes, batendo sua ereção contra a buceta de Lena.
– Pode me marcar, me reivindicar quantas vezes quiser – Lena encarou a profundidade escura dos olhos da alpha quando os lábios se separaram – Mas eu não vou voltar para você. – Sentiu sua excitação diminuir quando pensou na razão delas estarem há tanto tempo separadas.
Os olhos de Kara subitamente entristeceram e ela ganiu baixinho em lamento.
– Saia de cima de mim – Lena falou friamente, recuperada de sua excitação momentânea – Você já fez sua reivindicação, mostrou a todos que sou sua, mas não vou deixá-la me foder.
A rotina para uma alpha podia ser muito dolorosa, principalmente se ela estivesse há anos sem sua companheira, como no caso de Kara. Seu cio duraria dois dias. Um tempo longo, no qual a alpha só sentiria alívio acasalando e dando um nó na companheira, enchendo-a com sua semente.
Mas Kara era forte o suficiente para controlar sua Alpha Interior. Mesmo sob a influência de sua rotina, e de uma forte excitação, ela não iria além sem o consentimento de Lena.
A alpha rolou para o lado, deixando a beta livre.
Ouvindo os ganidos entristecidos de Kara, Lena se levantou e ajeitou seu vestido, saindo do quarto sem olhar para trás. No corredor, deixou algumas lágrimas caírem.
Depois da traição da alpha, a beta se transformou numa mulher endurecida, mesmo assim, seu coração ainda se partia um pouco sempre que precisava se afastar de Kara.
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