Sentado em uma cadeira ao redor da rustica mesa existente em sua choupana, o oraculo encarava frustrado um ponto fixo no chão. Sua caneca preferia de porcelana, estava completamente espatifada no assoalho, junto de um liquido ainda fumegante, provindo do seu típico chá de ervas que tomava toda tarde.
Resmungou baixinho contrariado com aquela situação. Aquele era um dos motivos por odiar as visões que tinha. Já havia perdido a conta de quantas vezes aquela mesma situação se repetira. Porque sempre que estava confortável no seu chá da tarde, uma visão o fazia perder todos os sentidos e estragar tudo? Ah, era frustrante demais.
O oraculo se levantou de onde estava acomodado, se aproximando dos cacos que pareciam querer fazer a festa no chão de sua choupana, se espalhando para todo o lado. Agachou-se de frente para toda a bagunça e estalou os dedos murmurando algumas palavras mágicas que muito utilizava. Suspirou entediado, esperando a magia surtir efeito.
Os cacos espalhados pelo chão, tremiam como se estivessem sendo atraídos por um imã, e com uma rapidez sem igual, os mesmos, juntaram-se em um ponto só, com perfeição, até emoldurarem o formato da caneca antes quebrada, refazendo-a impecavelmente, assim como antes. Como um redemoinho, um liquido esverdeado subiu do fundo da caneca, enchendo-a por completo, exalando uma fumaça agradável.
Leeteuk sorriu satisfeito e esticou os braços até pegar a caneca por entre seus dedos, aspirando o cheiro agradável que seu chá de ervas exalava, ao traze-la para perto do seu rosto. Como amava a magia e todos os benefícios que ela proporcionava em situações rotineiras. Era o único lado bom de ser um oraculo, ele tinha certeza disso.
Tão logo o belo elfo se pôs de pé, voltou a atenção para uma caixa feita de madeira, depositada estrategicamente no centro da estante que cobria uma de suas paredes. Alguns poucos passos e ele parou em frente ao cubo, que continha tantos objetos importantes para si. E no meio de todo o amontoado de coisas dentro da caixa, seus olhos se fixaram na mais recente, um reluzente novelo de lã vermelho.
Leeteuk sorriu. Com uma das mãos pegou o objeto macio entre os dedos, apertando-o, e tentando imaginar se o destinado a receber aquele pequeno mimo, gostaria. Ele não tinha dúvidas de que sim, mas ainda continuava a fazer tais questionamentos. A mão que ainda segurava a caneca, a encaminhou até seus lábios sorridentes e o oraculo ingeriu um pouco do liquido um tanto doce, sentindo a quentura deste, aquecer todo o interior do seu corpo.
E as lembranças do seu segredo, faziam com que seu próprio coração se aquecesse. Ele não via a hora de ir até Shindong e poder encontrar o pequeno par de olhos sapecas que tanto sentia falta. Fazia tanto tempo que não o via, mas saber que o ser de cabelos sempre desgrenhados estava sob os cuidados de Shindong, aliviava seu coração.
Voltou a guardar o novelo no mesmo lugar de antes e como previra, batidas foram dadas na porta de sua choupana. Caminhou em direção a porta, ingerindo rapidamente todo o seu chá, apesar de estar quente. Tocou o puxado, abrindo-a por fim, se decepcionando ao não encontrar Kangin ali, mas talvez fosse o melhor para os dois.
E aquilo era outra coisa que fazia com que Leeteuk odiasse as visões que tinha. Quando eram relacionadas a ele, nunca via nada claramente. Ele achava que fosse até injusto tal infortúnio.
Ryeowook tremia como uma vara verde ao se deparar com o oraculo. Ele temia aquele belo elfo, sem ao menos entender o porquê daquilo. Talvez porque Leeteuk fosse poderoso demais, mas não tinha certeza.
― Fui enviado pelo meu pai. – fez uma breve reverencia, agradecendo mentalmente por não gaguejar, ainda que se praguejasse por se referir a Kangin como pai, sabendo que ele não gostaria.
― Estava a sua espera, pequeno Ryeowook. – Leeteuk sorriu, ainda que seus olhos demostrassem claramente a magoa que guardava ao olhar para o elfo a sua porta.
― Ele disse que nos ajudaria.
― Claro. Espere um instante. – sorriu mais uma vez, fechando a porta com o elfo do lado de fora e suspirando.
Leeteuk balançou a cabeça a fim de afastar os pensamentos que começavam a rondar sua mente e foi até a estante, levantando uma das mãos e murmurando algumas palavras da magia élfica. Do alto da estante o ultimo colar de prata com o símbolo de moonar, flutuou graciosamente até parar em suas mãos.
Leeteuk apertou o objeto entre os dedos e olhou para a porta. A culpa não era do elfo que o esperava ali mas porque ele sentia aquela sensação de dor? Seu peito parecia se rasgar com as lembranças dolorosas que carregava do seu passado. Mas aquele elfo era inocente, ele sabia, Kangin fora o único culpado por tudo que aconteceu. Mas seu coração ainda com vestígios de amor pelo elfo negro, custava a acreditar naquela história.
Leeteuk suspirou pesado. Não era o momento de trazer lembranças a tona, quando estavam perto de uma guerra iminente. Caminhou a até a porta, depositando sua caneca já vazia em cima da mesa no percurso, antes de enfim chegar ao pedaço de madeira, e abri-lo.
― Pegue esse colar e vá até a clareira. Lá você saberá o que fazer. – esticou a mão abrindo-a, deixando à mostra o colar.
Ryeowook esticou a mão, pegando o objeto. ― Apenas isso? – questionou.
― Queria mais? – Leeteuk arqueou uma sobrancelha e o elfo balançou a cabeça freneticamente negando
― Me desculpe. Eu só... – começou pensando no que dizer.
― Não se preocupe com isso. Você precisa ir logo. Lá encontrará alguém que fará parte do seu futuro, por isso não hesite em trazê-lo junto se seu coração pedir. – advertiu ao se lembrar de uma de suas tantas visões.
― Não creio que seria certo trazer algum humano para cá. Me pai ficaria furioso. – se repreendeu baixinho por novamente chamar Kangin de pai, longe do castelo.
― Não se preocupe com isso. Kangin vai aceitar o humano, não duvide do que digo. ― olhou fixamente para o elfo que concordara com a cabeça.
Os olhos de Leeteuk passearam pelas feições inocentes que o elfo tinha em seu rosto, em suas ações. Ele buscava alguma semelhança entre os olhos sapecas que tanto tinha saudades e o elfo que parado a sua frente. Mas nada em particular parecia os ligar, a não ser toda a inocência que emanavam. Suspirou pesadamente mais uma vez naquele dia, tentando entender o que ele queria provar com aquilo. Pensou que só poderia ser seu cérebro tentando, fazê-lo tirar conclusões errôneas sobre fatos do passado.
― Obrigado pela ajuda. – o elfo deu um meio sorriso na sua mais polida educação, embora se sentisse desconfortável sob o olhar do oraculo.
― Não disponha. – Leeteuk soou um pouco rude, mas não era sua culpa se não podia controlar seus sentimentos sempre.
O elfo sorriu sem graça e deu as costas para a choupana, saído em instantes do campo de visão de Leeteuk.
― Se você não tivesse nascido, eu poderia ao menos acreditar que ele realmente me amava. É tão difícil me convencer de que não passei de uma brincadeira para ele. – falou para si mesmo, ressentido, antes de fechar a porta.
Ele tinha muito o que fazer. Principalmente afastar as magoas do seu coração. E como era reconfortante saber que em poucos dias estaria junto a sua gota de felicidade. Leeteuk não poderia fraquejar por causa de suas emoções, ele sabia bem. Portanto ele estava decidido a superar tudo aquilo, apenas para proteger o par de olhos sapecas que o esperava.
(...)
Os quatro ainda permaneciam na clareira, próxima a casa de Kyuhyun, se entreolhando. Siwon já havia explicado que naquela noite, que já caia, eles deveria retornar a Wavallon, por pedido do próprio oraculo. Sungmin sabia que aquele momento não tardaria e se sentia aquecido com aquela noticia. Era bom saber que voltaria para casa, que reencontraria seus pais, seu povo. Tudo era em suma satisfatório, principalmente porque ele tinha aquela certeza de que Kyuhyun iria consigo.
― Acredito que uma hora seja suficiente para despedidas inevitáveis. – Siwon disse, olhando atentamente para Kyuhyun, que bufou mais uma vez, ainda irritado, por sempre o interromperem quando estava a sós com Sungmin.
― Você precisa ir até a casa de Kyuhyun. Sabe que o irmão mais velho ainda está sob a forma de uma tartaruga, e a magia precisa ser desfeita. – Zhoumi disse calmamente se escorando ao lado de Sungmin no tronco da árvore recebendo um olhar nada contente do meio elfo que só observava os outros.
― Eu não posso Zhoumi. – Siwon falou alarmado.
― Você deve. – falou com convicção, sabendo o que Siwon temia. Mas aquela situação precisava ser resolvida.
Siwon estalou a língua no céu da boca, contrariado. Era claro como o céu límpido que tinha a obrigação de concertar os erros de Kyuhyun, ao usar magia sem experiência alguma. Entretanto, pensar que poderia encontrar Hanna, depois de todos os anos passados, causava um frio de nervosismo em seu estômago. Não que ele amasse a humana como um casal de apaixonados. Era só aquela sensação de nostalgia, ao se lembrar da única vez em que estiveram juntos anos atrás que o deixava um tanto inseguro. Principalmente porque, Hanna sabia de toda a verdade, ele tinha certeza. Uma mãe sempre sabe, não é o que dizem?
Suspirou derrotado. – Tudo bem, eu vou. Enquanto isso vá avisar Donghae a respeito de nossa partida.
Zhoumi choramingou com um cãozinho abandonado. Siwon sabia que ele odiava ver casais, e de onde estavam era possível sentir a energia de Donghae, emaranhada a de Hyukjae, quase difundidas. Era irritante.
― Não fique assim Zhoumi-ah. Se quiser posso ir chamar o Hae. – Sungmin que estava ao lado do elfo de cabelos cor de bronze, fez um carinho em seus fios de cabelo, sem perceber o olhar indignado que Kyuhyun ao mandava.
― Obrigado, mas está tudo bem alteza, eu posso fazer isso. – murmurou um pouco emburrado.
― Não precisa me tratar tão formalmente Zhoumi, nós somos amigos. - Sungmin sorriu.
― Vou me lembrar disso. – Zhoumi deu um meio sorriso e saiu de perto dos outros, se embrenhando no bosque, na sua forma canina.
Siwon analisava cada reação de Kyuhyun, gerada pelo ciúmes que ele sentia de Sungmin. Ele finalmente começara a entender o que Leeteuk havia dito sobre sua pequena ajuda, acelerar as coisas. Fazia tão pouco tempo, mas Kyuhyun já era tão obsessivo com relação ao Príncipe, que ele pensava se isso não poderia atrapalhar no futuro. E foi aí que toda aquela história em torno do final nada feliz do guardião e seu protegido, tomou sua mente. Aquilo o preocupava.
― Bom, você pode ir na frente Kyuhyun, preciso falar com Sungmin antes. – Siwon resolveu se pronunciar, ganhando a atenção de Kyuhyun que continuava a olhar para Sungmin.
Kyuhyun sorriu debochadamente. ― Você pensa que é meu pai pra ficar me dando ordens o tempo todo? – cruzou os braços, encarando Siwon com um quê de desafio.
Siwon suspirou longamente, passando as mãos pelo rosto. Porque aquele garoto tinha que ser tão rebelde? Talvez fosse a questão do sangue, mas não tinha plena certeza daquilo. Ele precisava conversar a sós com Sungmin. Kyuhyun podia ser mais compreensivo. Naquele instante, pela primeira vez, sentiu vontade de revelar toda a verdade e acabar com aquele ar de superioridade que o garoto tentava demonstrar.
― Preciso conversar com Sungmin em particular. Vá na frente e se despeça da sua mãe. Ou não vai nos acompanhar até Wavallon?
Kyuhyun pareceu ponderar por alguns segundos. ― Vá Kyu. Não precisa se preocupar, nós vamos logo atrás. – Sungmin disse com a voz calma e melodiosamente natural.
― Tudo bem, eu vou. – falou decidido e Siwon sorriu discretamente, vitorioso. ― Mas Sungmin vai comigo.
Sorriu de canto se aproximando do elfo com rapidez. Sungmin não teve tempo de reagir. Ele nunca tinha quando se tratava de Kyuhyun. O meio elfo se abaixou ligeiramente e prendeu as pernas de Sungmin em seus braços, para logo se levantar, fazendo com que o Príncipe caísse o corpo por sobre seu ombro direito. Sungmin bem que tentou se debater, mas desistiu quando Kyuhyun deu as costas para Siwon e entrou no bosque o carregando.
Kyuhyun as vezes exagerava, aquilo era um fato verídico. Sungmin gostava daquele jeito do meio elfo. Sentia com aquilo o quão ligados eles eram, mas temia um dia se cansar de toda aquela atenção além da conta. De toda aquela possessão em torno de si.
― Me coloca no chão Kyu. – pediu com a voz manhosa, sabendo que o mais novo cederia.
E Kyuhyun cedeu, só porque estavam nas proximidades de sua casa. ― Pronto. – colocou Sungmin em pé com todo o cuidado e voltou a endireitar o corpo.
― Você não precisa agir assim Kyuhyun, como se qualquer pessoa fosse me tirar de você. – o loiro suspirou, encarando os próprios pés.
― Mas eu tenho medo de te perder. Você não entende Sungmin. Sei que posso passar dos limites, mas não é porque quero. É só que não consigo me controlar. – falou visivelmente chateado, por não conseguir controlar suas próprias ações desde que beijara Sungmin. ― Eu gosto de você, e muito. – segurou o queixo do elfo, obrigando-o a olha-lo.
― Tudo bem Kyu. Não precisa ficar assim. – levou uma das mãos até a blusa de mangas comprida que o meio elfo usava, agarrando com os dedos hesitantemente. ― Eu entendo que é confuso, pra mim também.
― Não é questão de confusão. Já está bem claro para mim o quanto gosto de você. O problema é a insegurança que me assola. Você nunca disse claramente que gosta de mim Sungmin. – deixou um leve bico quase imperceptível tomar conta de seus lábios.
Sungmin sabia que gostava de Kyuhyun. Mas não se sentia pronto para expor tão abertamente com palavras. Mesmo que já tivessem trocado alguns beijos e a poucos instantes atrás ele estivesse disposto a se entregar para Kyuhyun, sem saber ao certo o significado daquilo, ele ainda tinha medo. Medo de como seu povo veria aquele sentimento tão fora do comum que compartilhavam.
― Kyuhyun, por favor, não faz assim. Eu achei que minhas ações fossem suficientes.
― Você não entenderia Sungmin. Não entenderia porque já explanei que gosto de você. Eu entendo a quantidade de responsabilidade que você carrega, mas não consigo aceitar que não possa me dizer umas simples palavras. Não o culpo, mas lhe peço, por favor, não demore muito para me dizer o que quero tanto ouvir. Agindo assim você me machuca. – Kyuhyun abaixou o olhar se sentindo exposto ao revelar tudo que sentia.
Sungmin queria abraçar o meio elfo, mas tudo que fez foi dar um passo para trás. ― Tudo isso é novo demais pra mim. De um dia para o outro ficamos ligados como se nos conhecêssemos a eras... Não acha que as coisas estão acontecendo rápido demais?
― Você não parecia pensar assim a instantes atrás. – Kyuhyun murmurou se sentindo triste.
As palavras de Sungmin exerciam a mesma força que um forte tapa em seu rosto. Por vezes pensamentos sobre o quão rápido havia se envolvido com o loiro, também o acometeram. Mas ele não queria sentir medo, quando sentia algo tão bom. E em nenhum momento achou que estivessem indo rápido demais. Principalmente quando a vontade de tocar Sungmin crescia a cada dia.
― Kyuhyun...
O meio elfo deu um passo, voltando a se aproximar do Príncipe. ― Ao que parece nós não temos muito tempo. Ainda não entendeu?
― Vamos deixar essa conversa para depois. – Sungmin disse firme, olhando dentro dos olhos de Kyuhyun, quando este, segurou firmemente sua cintura com ambas as mãos.
― Não quero deixar nada pra depois! – ditou decidido, tomando os lábios do elfo em instantes.
Sungmin sentiu aqueles lábios quentes sobre os seus, não afastando o outro. Ele gostava daquele toque, principalmente quando era aprofundado, quando podia sentir o gosto do meio elfo. Entretanto, apesar de se sentir entregue em instantes como aqueles, suas dúvidas não conseguiam apaziguar. Era uma batalha sendo travada dentro de si.
Kyuhyun apartou o beijo e deixou seus lábios passarem pelo rosto de Sungmin, até se aquietarem no pescoço macio do loiro, envolvendo o corpo em seus braços num abraço necessitado. Sungmin suspirou, ainda de olhos fechados. Ação que nem se dera conta de ter realizado antes. Retribuiu o abraço, acariciando com suavidade as costas firmes do outro.
― Sei que depois do nosso primeiro beijo fiquei diferente, a ponto de não conseguir me controlar em relação a você. Mas...Eu prometo que tentarei me conter. – depositou um beijo carinhoso no pescoço do loiro.
― Obrigado. Eu também vou fazer uma promessa. – afastou minimamente o tronco, a fim de olhar para o maior. ― No momento certo te direi o que quer. Só não me cobre antes e não se afaste de mim. – pediu com um pouco de aegyo.
Os olhos de Kyuhyun brilharam. ― Eu jamais me afastaria da minha vida, fique ciente disso. – sorriu, voltando a encaixar Sungmin em seus braços.
(...)
Donghae e Hyukjae apertavam fortemente a toalha que dividiam contra seus corpos molhados. O crepúsculo já acometia aquele fim de tarde e uma brisa fria, passava por eles, eriçando vez ou outra os pelos dos corpos úmidos. Donghae balançava os pés na agua da piscina que permanecia morna, tentando se acalmar. Hyukjae fitava algo ao longe, perdido em pensamentos.
Zhoumi havia acabado de avisa-los que era hora de partir, e desde então estavam naquele clima, sem terem certeza das palavras certas a serem trocadas.
― Acho melhor você ficar aqui.. – a voz de Donghae saiu quase como um sussurro, deixando claro que não era o que ele queria dizer.
― Essa é sua verdadeira vontade? Me deixar para trás? – Hyukjae perguntou, olhando por fim para o elfo que fitava a água.
― Só não quero te afastar da sua família. Você convive com eles a anos e apenas a alguns dias comigo. Não acho que seria justo.
Donghae queria chorar. Desde que perdera seu irmão mais velho, Hyukjae foi o único que conseguiu lhe trazer aquela sensação de aconchego. Mesmo que ele tivesse Sungmin ao seu lado, ou mesmo os elfos e ninfas do reino de Wavallon, fora apenas Hyukjae que o fizera sentir daquele jeito, de certo modo especial. Ele tinha aquele pensamento de que seu destino e do humano estava traçado nas estrelas, assim como nas história que ouvia quando mais novo, em torno de amores destinados. Estaria sendo precipitado?
Hyukjae deslizou os dedos pelo piso em que estavam sentados, até tocar a mão de Donghae. ― Eu quero ir com você.
O coração do elfo deu um salto, ao ter sua mão envolvida pela do humano. ― Porque?... Porque quer deixar tudo para trás?
Hyukjae sorriu. ― Porque tenho um compromisso com você. Eu prometi me casar, ou se esqueceu? – entrelaçou seus dedos juntos aos do elfo.
― Hyuk...
― Além do mais, se você estiver longe, como poderei roubar meus beijos diários? – falou descontraído, feliz ao ouvir a risada de Donghae.
― É só nisso que pensa? – virou o rosto por completo na direção do humano, se dando conta do quão próximos estavam.
― O tempo todo. – Hyukjae murmurou, segurando o rosto de Donghae com uma mão e colando seus lábios nos dele.
O humano podia entender Kyuhyun bem. A cada hora passada ele sentia que havia algo que tinha que proteger. Algo representado por Donghae. Era uma mudança um tanto mágica em sua vida. Mas não seria diferente, tendo Donghae como envolvido.
(...)
Siwon suspirou cansado, ainda estava se recuperando da última magia que fizera ao parar o tempo, por isso, fazer o irmão meio sangue de Kyuhyun voltar ao normal, o deixou com uma leve exaustão. Mas felizmente nada grave, apenas pequenas gotículas de suor formadas em sua tez levemente pálida.
― Você está mesmo bem? – Zhoumi que se encontrava no quarto de Yesung junto de Siwon perguntou.
― Estou. Minha magia está se tornando mais consistente. Estou me adaptando aos poucos.
― Mas sei que essa magia que usou é desgastante. Principalmente na sua falta de forma. – Zhoumi se apoiou no batente na janela.
― Qualquer sacrifício vale a pena, se é por Kyuhyun, você sabe. – Bateu as mãos nas coxas, se apoiando ao se levantar da cama de Yesung.
Zhoumi se calou por instantes e encarou o céu levemente escuro. ― É, eu sei. – virou o corpo olhando para Siwon. ― A primeira estrela já surgiu no céu. É hora de partirmos.
― Sim, vamos pular a janela e esperar os garotos do lado de fora.
― Realmente não vai querer ver Hanna?
Siwon negou prontamente com um movimento da cabeça. ― Absolutamente não. Ela poderia ficar assustada. Os humanos se assustam com coisas assim. Depois de todos os anos passados não mudei em nada minha aparência, e isso não seria normal para ela. Além de que, poderíamos nos atrasar.
― Pode até ser. Mas imaginei que quisesse conversar com ela sobre Kyuhyun e esclarecer tudo de uma vez.
Siwon caminhou na direção de Zhoumi. ― No futuro, não agora.
― Você é quem sabe... E quanto a esse humano? Acha que ele poderá nos causar problemas?
O olhar do elfo de cabelos negros se tornou irritadiço. ― Acredito que não, e realmente espero que não esteja errado. Se esse humano fizer algo contra Kyuhyun novamente. Eu não responderia por mim.
Zhoumi se apoiou na janela. ― Certo, mas não pense no futuro agora, deixe isso para meu irmão. Vamos? – pulou a janela.
― Vamos. – Siwon respondeu acompanhando Zhoumi.
Sem perder tempo, os dois seguiram em direção a clareira.
(...)
Kyuhyun e Sungmin foram os últimos a se juntarem na clareira aos outros. O meio elfo, segurava firmemente a mão macia do elfo loiro que o acompanhava, enquanto com a outra apertava a alça da mochila que tinha nas costas. Se sentia culpado por inventar uma mentira para sua mãe, ao dizer que iria para um acampamento do colégio. E se preocupava com o que sua mãe faria quando se desse conta de sua ausência, mas ele não poderia simplesmente contar a verdade. Ela não o deixaria partir.
A situação de Hyukjae não era muito diferente. O humano ainda estava sentindo o peso na consciência, pela mentira inventada para sua família, de que passaria alguns dias na suposta casa de Donghae por causa de um trabalho da escola. Ele teve que pedir sua mãe de joelhos por aquilo, não fora nada fácil convencer a mais velha, mas Donghae o havia ajudado. E embora pensasse em tudo isso, não se arrependia da decisão que tomara. Acreditava que ainda veria sua família novamente, e eles o entenderiam. Pelo menos esperava por aquilo.
― Vamos nos dividir em duplas. Assim que estivermos concentrados a magia fará efeito e logo estaremos em Wavallon. – Zhoumi disse com ansiedade, pensando se Leeteuk os estaria esperando.
― As duplas já não estão divididas? – Kyuhyun perguntou, apertando a mão de Sungmin contra a sua.
― Ainda não. Donghae tem o colar, então pode levar Hyukjae com ele. Mas eu e Zhoumi precisamos de vocês dois. – Siwon explicou. ― Vocês possuem esse tipo de magia necessária no sangue, por isso não precisam de colar. Cada um pode levar uma pessoa. Sungmin pode ir com Zhoumi e eu com você Kyuhyun.
― Sungmin e Zhoumi? Não mesmo. – o meio elfo bufou irritado.
Siwon revirou os olhos e foi até Kyuhyun o puxando pelo braço, fazendo com que o meio elfo se afastasse do príncipe, ao mesmo tempo em que piscava discretamente para Zhoumi. Entendendo o que o amigo queria dizer, Zhoumi se aproximou sorrateiramente de Sungmin, mandando uma mensagem silenciosa apenas com o olhar.
― Quem pensa que é para sair me puxando por aí? – Kyuhyun disse se soltando de Siwon.
― Não estou com tempo para suas birras. Você só está dificultando as coisas, devia te deixar para trás.
Kyuhyun sorriu debochado. ― Como se eu precisasse de você para passar por esse tal portal. Acho que é você quem precisa de mim. E não quero ir com você, quero ir com Sungmin. – bateu o pé, estranhando a claridade repentina na clareira.
Siwon sorriu de canto quando a feição de Kyuhyun se tornou desacreditada, ao se dar conta de que fora enganado e que Sungmin já não estava mais ali. Bem como Donghae e Hyukjae, que pareciam ter partido também. Se sentindo finalmente vitorioso, Siwon segurou a mão de Kyuhyun firmemente, o impedindo de se soltar, se concentrando.
O meio elfo apenas se deixou levar. Já não poderia fazer mais nada mesmo, o melhor era ir para esse reino desconhecido para si, para logo estar junto de Sungmin.
A sensação que veio a seguir, foi intrigante para Kyuhyun. As partículas do seu corpo, pareceram se dissolver no ambiente, para voltarem a se unir, após ter a sensação de ter andado nas nuvens por breves segundos. A claridade que inicialmente tomou conta dos seus olhos, no instante seguinte se desfez. Era tudo realmente rápido, e ele custava acreditar que aquele tipo de coisa estava realmente acontecendo.
― Sejam bem vindos de volta. – ouviu uma voz grave desconhecida e abriu os olhos se espantando um pouco ao notar que estava em um lugar completamente diferente. ― É um prazer recebe-lo, alteza. – a voz cheia de ironia chegou aos seus ouvidos, e seus olhos percorreram pela extensão gramada, encontrando um homem aparentemente, de costas, com uma capa negra que ia até o chão. ― Vejo que trouxe visitas. – o homem virou-se com um sorriso maldoso nos lábios.
― Tio Kangin? – ouviu a voz de Sungmin e virou a cabeça levemente para trás, encontrando o loiro, junto aos outros três que haviam saído primeiro.
O clima parecia tenso. Quem era aquele homem afinal?
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