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História Vital Drarry - Partilhar - História escrita por FadaDoCafe - Spirit Fanfics e Histórias
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História Vital Drarry - Partilhar


Escrita por: FadaDoCafe

Capítulo 14 - Partilhar


Partilhar

Aprenda a pronunciar

verbo

1.

fazer a partilha de.

 

2.

dividir em partes; repartir, distribuir.


 

Harry acordou aturdido com piados e bicadas em sua janela.

 

Demorou bons minutos para que ele entendesse a diferença entre sonho e realidade, se sentia completamente alheio a tudo, como se ainda estivesse dormindo, podia reviver vividamente a cena do seu eu mais novo jogando quadribol. Jogavam contra sonserina em seu primeiro ano, seus amigos estavam na arquibancada e Malfoy competia consigo para a vitória em busca do pomo. No sonho ele conseguia por milésimos a bolinha dourada, e quando Potter virava para ele, não era mais o garotinho de onze anos ali, era Draco Malfoy de hoje em dia, o sorriso dele era convencido como só ele poderia ter, mas tinha algo alegre que o fez rir.

 

Então foi realmente muito difícil acordar, era seu dia de folga e ele estava finalmente dormindo decentemente em semanas, até mesmo sonhando com algo bom, leve, nada de guerra muito menos conflitos. Um sonho simples, sem significado.

 

Mesmo assim o som lhe lembrou que existia um mundo lá fora, e pelo fato de pouco usar sua coruja, preferindo mil vezes o celular, sabia que seria importante, por isso mesmo descabelado e irritado tateou sua cabeceira em busca do óculos, e com ele no rosto foi até o pequeno poleiro acoplado à janela, se arrependendo amargamente por não buscar chinelos ao ter o corpo inteiro arrepiado pelo chão frio. A pobre coruja parou de bicar quando o viu, e o moreno apenas agradeceu que o bicho não podia falar, só pelas sobrancelhas grossas franzidas era claro o desgosto dela.

 

A ave já irritada pela demora bicou a mão de Potter quando ele buscou a carta, ele apenas esbravejou dando petiscos a mais para ela. Deixou sua janela aberta, indo pelo quarto e abrindo as cortinas, a luz incomodou seus olhos. Não estava com verdadeira pressa de abrir e ler o conteúdo do papel, mas resolveu não alongar o processo mais do que o necessário. Abriu a carta já sabendo de quem era apenas pelo selo de cera, a cor era de um rosa fechado e havia um “G” no centro, se puxasse o ar com força sentiria ainda vívido o perfume floral da amiga, dando maior identidade para aquela folha. Além da própria coruja irritada em sua janela.

 

O recado escrito era simples e objetivo, Potter ouvira o som da voz em sua mente:

 

“Harry,

Estou em Londres, sei que é sua folga.

Hoje, final de tarde, meu apartamento.

Com amor, Hermione G.”

 

O moreno soltou um riso anasalado pelo disparate, às vezes era surreal como Hermione agia sobre as coisas, ou até mesmo descobria sobre elas, nem ele sabia suas folgas decoradas, recebia de seu assistente um aviso prévio na semana delas, mas estava acostumado com aquilo. Granger sempre esteve a alguns passos de si e aquilo dificilmente mudaria em vários aspectos de sua vida, então pouco se importou, estava com saudade da amiga mesmo, toda a conversa com Malfoy sobre eles tinha intensificado isso, seria bom vê-la.

 

De forma lenta e preguiçosa seguiu pela casa, conforme se alongava os estalos podiam ser ouvidos pelo local, e mesmo fazendo uma careta Harry gostava de dormir um pouco a mais e ter a casa para si, aproveitou muito pouco de coisas como privacidade, intimidade e até mesmo silêncio com paz. Saindo de Hogwarts, passava mais tempo na toca que na própria casa, e muitas vezes quando estava nela, Gina vinha consigo, depois James, e quando as coisas iam se normalizar veio Albus, não existe privacidade em uma casa com suas crianças. Então quando James foi para escola, tudo ao redor começou a ruir, seu casamento, suas amizades, Harry começou a ruir lentamente.

 

Com um suspiro exagerado varreu os pensamentos, estava exausto de auto reflexão, se pudesse sairia de sua própria pele nem que fosse por meras horas. 

 

Usando de alguns gestos de varinha, as luzes se acendiam, as cortinas iam se abrindo, e no fogão jazia uma chaleira, fervendo água. O apartamento de tamanho médio ia ganhando vida, ou como sua melhor amiga dizia “Parecendo habitado”.

 

Potter tinha o péssimo hábito de afogar sua mente no cansaço para esquecer dos problemas e nos últimos dias ele tinha feito isso com uma frequência absurda. Seu apartamento parecia abandonado, comia na rua, apenas tomava banho e dormia no lugar. Era quase estranho ter momentos de tranquilidade, onde fazia um café em sua casa e aproveitava a luz vinda da varanda.

 

Durante os longos anos que fez terapia, seu psicólogo lhe explicou, ou o fez entender, que ele buscava a exaustão por estar tão acostumado a ela.

 

Lidar com aquela informação não foi fácil, mas ela fazia tanto sentido que não havia razões para limitar a negação de seus pensamentos. Ano após ano, ele conciliou a desnutrição, adrenalina e o peso de uma profecia com sua adolescência que por si só era complicada, agora, depois que em maioria os problemas haviam passado, ele não tinha o costume de ter a mente vazia e descansada para passar as desventuras. O que em geral tornava tudo ainda pior, mais intenso. Grande parte de si acreditava piamente que fez isso com Gina, transformou seu casamento em mais uma das coisas difíceis demais para pensar descansado, e obviamente não foi uma boa decisão.

 

Draco Malfoy sempre foi alguém para se lidar de mente cheia. Ele sempre foi um alicerce em seu caos, uma fonte ou de fúria ou de curiosidade.

 

As conversas com Draco vinham trazendo muitas coisas à tona e faltava muito pouco para ele não repetir seu comportamento de exaustão e reclusão, haviam sido conversas sobre suas maiores inseguranças: paternidade, casamento e amizade. Temas que não mexia há anos e premia manter assim, porém o loiro parecia não temer falar das coisas que lhe doíam, ele tinha relutas, óbvio, mas ele possuía uma franqueza e clareza de quem já pensou muito naquilo e tomou suas conclusões, botou um ponto final. Poderia doer, mas estava resolvido.

 

Harry nunca teve coragem de fazer isso.

 

Entretanto combinava com o outro, ele tinha esse ar obtuso e decidido sobre tudo, desde criança tão fidedigno com seus ideais, mesmo que fossem os de seu pai. Potter nunca tinha pensado nisso de forma positiva, mas era.

 

Era uma virtude peculiar, porém no fim das contas o loiro era um homem de decoro em sua essência.

 

De qualquer forma, aquela sua folga parecia apática e ainda mais deplorável que o usual agora que tomara ainda mais ciência de como estava guiando sua vida para as direções erradas. Algo em si sabia, mas ter a comprovação verbal e visual de seus erros era tenebroso.

 

O moreno preparou seu café com uma letargia espantosa, ligou a televisão sem muita pretensão, apenas apreciando o barulho, colocou pão na torradeira no intuito de melhorar minimamente sua alimentação matutina, tudo de forma preguiçosa e lenta. Com tudo pronto, se jogou no sofá, o líquido preto dançando na boca da enorme caneca, ameaçando cair nele, e ao esticar suas pernas bateu no celular, que caiu no chão fazendo um barulho doloroso. Potter apenas fez uma careta perante aquilo pondo sua xícara e prato na mesa de centro e indo acudir o objeto.

 

Era comum esquecer que possuía celular, por trabalhar no mundo bruxo e ter filhos em período letivo, dificilmente usava aquilo, afinal as crianças mandavam cartas por falta de sinal e as pessoas do hospital dificilmente queriam falar com ele, ou se queriam faziam isso pessoalmente, pois tinham ciência de sua falta total de comunicação. Mesmo assim, avaliou o trincado na tela com amargor e apertou o botão, ligando o aparelho que brilhou fortemente em sua direção. 

 

Ainda funciona, pensou antes de desbloquear e ficar totalmente perplexo com a quantidade de notificações, certo, talvez devesse verificá-lo com mais frequência, praguejou baixinho dando uma olhada geral nas notificações genéricas, excluindo todos os lembretes de "volte" dos aplicativos de compras e jogos que seu afilhado e filhos instalavam.

 

Havia muitas notificações no contato de Andrômeda, a maioria letras aleatórias enviadas, provavelmente Teddy, precisava visitar seu afilhado com urgência. Havia algumas no grupo da Toca, e várias no grupo da Família, a grande maioria envolvendo fotos mandadas por Gina e perguntas sobre a história ou geografia do local feita por Albus. Tanto Harry quanto James mal usavam aquela conversa, preferiam conversar no privado, mas gostava de ver a interação entre eles. Mesmo sua ex-esposa pouco se interessando por fatores socioculturais de onde ia, se esforçava para satisfazer o filho, era tocante.  Hermione tentou ligar e mandar mensagem antes de enviar uma carta, e havia uma única mensagem, de ontem, de um número desconhecido.

 

“Olá, Senhor Potter. 

Aqui é Scorpius, sinto por incomodá-lo, tenho seu número faz alguns anos por questões de segurança sendo amigo de Albus. De qualquer forma, amanhã estaremos no vilarejo e necessito falar com o senhor, se possível longe dos olhares, no aguardo. 

 

Agradeço desde já.

Scorpius H. Malfoy."

 

Harry franziu a expressão, o garoto digitava como um velho, em formato de carta, era um tanto hilário ver a formalidade apenas para mandar uma mensagem a si. Fitou a hora, se amaldiçoando um pouco por seu tato nulo para comunicação, se ainda era como na sua época esse era o horário mais agitado fora do castelo…

 

Digitou para o menino encontrá-lo na estrada de volta para Hogwarts e foi se arrumar em uma velocidade estrondosa, enervado com o contato surpreendente.

 

Quando já estava vestido e mal tinha engolido seu café da manhã, recebeu um retorno de Scorpius, avisando que estava a caminho do local marcado. Com um suspiro resignado, pela resposta tão parecida com a que Draco Malfoy o daria, Harry aparatou.

 

Se havia algo que os anos de vida não o trouxeram foi a elegância de aparatar, ele ainda fazia isso como um garoto, sentindo enjoo e evitando ao máximo. Apesar de não cair, e conseguir se manter reto até a sensação horrível diminuir, esse tipo de transporte era sua última opção.

 

Caminhou com uma calma fingida até a estrada, avistando de longe os cabelos quase platinados tão característicos da família. Quase não daria para ver o menino se não fosse o grosso casaco verde, a pele e cabelo se camuflando na neve que deveria ter iniciado há pouco no terreno.

 

O garoto andava de um lado para o outro e encostava no batente só para levantar e voltar a andar, Potter achou um pouco engraçado o nervosismo tão aparente. Mas vê-lo assim o deixou ainda mais tenso com a suposta conversa.

 

— Bom dia, Scorpius.

 

— Senhor Potter — cumprimentou e estendeu a mão.

 

— Desculpe a demora para responder, não costumo olhar muito o celular — Harry falou após apertar a mão do garoto.

 

— Sem problemas… — respondeu sincero, o loiro estava contentado com o fato de ter sido respondido a tempo. — O senhor tem em mente um local menos aberto para conversarmos?

 

— Sim, na trilha para a casa dos gritos, há alguns bancos e pouquíssimas pessoas passam por lá, e se quiser ainda mais privacidade podemos ir para a própria casa dos gritos.

 

— Os bancos estão bons, não estou fazendo nada escondido, só não quero ser interrompido e transformar isso em algo grande. — Deu de ombros já se pondo a andar em direção à trilha.

 

— Tudo bem. — Harry acenou para o nada, meio que concordando, não estavam fazendo nada de errado, era apenas uma conversa. Uma conversa estranha, com um menino que o odiava, próximo de uma floresta mortal. Só uma conversa.

 

Caminharam em um silêncio tenso até a trilha não muito distante dali, se esgueirando pelas árvores. O sonserino mantinha uma distância educada, apenas um pouco a frente de Harry, parecia conhecer o caminho apesar de hesitar em todos os movimentos, como se não gostasse de estar ali, diferente do grifinório, que andava normalmente, apenas tirando um galho e outro, não se sentia incomodado com a natureza, amava aquilo, inclusive.

 

Lembrou de fugir mais de uma vez para andar pela floresta mesmo sabendo de todos os perigos iminentes. Ficou amigo de muitas criaturas por causa disso, elas gostavam de ter uma companhia diferente, para variar, e bem, ele gostava de qualquer ser que não o perguntasse sobre a guerra e como ele a venceu.

 

Quase no fim da trilha, Scorpius se dá por satisfeito, parando por um tempo entre dois bancos, até escolher um para sentar, a expressão de desgosto denunciava o óbvio, estava miseravelmente gelado. Harry faz um feitiço de aquecimento no objeto, pouco poderoso com medo de incendiar ele ou a mata, coisa que devido ao seu histórico não seria nenhuma novidade, e senta em seguida.

 

— Agradeço por ter vindo, sei que é bem ocupado — Malfoy inicia, postura impecável e fala calma.

 

— Sem problemas, era minha folga e me pareceu urgente. — Encolheu os ombros de leve, se justificando. Não via o garoto desde aquele dia no castelo e por alguma razão estava tenso e se justificando a cada oportunidade.

 

— Serei breve com o senhor, então! — Scorpius fez uma pausa para suspirar, e aquilo pareceu tão dramático e teatral quanto Draco fazia tudo parecer naquela idade. Era fofo, de certa forma, Potter pensou. — Peço desculpas pelo meu comportamento em nosso último encontro. Não foi educado da minha parte gritar com Albus na frente do pai dele daquela forma, muito menos insinuar o que disse. De modo geral, a cena em nossa comunal e a situação em si foi desconfortável e peço desculpas pela maneira imatura e raivosa que lidei com tudo.

 

— Scorpius…

 

— Me deixe terminar, por favor. — O garoto recuperou sua fala após Harry ter cortado, e agora sentava um pouco de lado olhando o homem. — Agi de uma forma totalmente imatura e acabei perdendo minha razão, mas esse não é o ponto principal de tê-lo chamado aqui, mesmo sendo verdadeiro o pedido. 

 

— Acredito em você, e sei que a situação foi caótica para todos os envolvidos, obviamente meus filhos têm uma grande parcela de culpa. — Malfoy pareceu ponderar um pouco antes de acenar em concordância. — Aceito seu pedido de desculpa e peço em nome deles.

 

— Não precisa se manifestar por Albus ou James, estamos nos resolvendo da melhor forma possível. — Scorpius soou chateado, sacudindo a cabeça, a fim de tirar os pensamentos da mente, retornando a sua fala. — Como deve estar ciente, haverá o primeiro jogo após a estruturação do time deste ano, e sei que sempre vem assistir James em jogos importantes…

 

— Não entendi onde quer chegar, não quer que eu veja? — Potter franziu a expressão, não perdia um mísero jogo aberto ao público.

 

— Seria ridículo pedir para um pai não ver o primeiro jogo do filho como capitão, de novo. — Scorpius bufou em ofensa.

 

— Ele voltou a ser capitão?

 

— Ele não sabe ainda, escutei sem querer na biblioteca a namorada do antigo capitão reclamando sobre ele dar o posto para alguém que “já causou tanto”. — Scorpius parecia raivoso sobre essa fala e Harry analisou aquilo friamente, era óbvio que o menino ainda nutria sentimentos pelo seu filho, só não sabia se isso era bom ou ruim.

 

— Se não é sobre minha presença, do que estamos tratando?

 

— Sobre eu ter explanado nosso envolvimento naquela discussão — o garoto disse frio, parecia um tanto chateado com o rumo das coisas, mesmo que decidido. — James não sabe que fiz isso, minha condição para perdoar Albus foi que ele não contasse e agora estou pedindo encarecidamente para o senhor não falar nada sobre também.

 

— Scorpius, não entendo suas ações de verdade, se James está agindo de forma indevida eu deveria intervir. — Harry cruzou os braços encarando o pequeno Malfoy, que suspirou e pela primeira vez naquela manhã desviou o olhar. Potter tinha muitas ressalvas sobre o menino à sua frente, mas essa "proteção" repentina o pegou de surpresa.

 

— O que estou fazendo é contenção de danos. — Scorpius soou distante, como se a frase fosse ensaiada. — James foi bem claro no fim do nosso envolvimento, ele me falou de uma forma bem mais objetiva do que deveria sua opinião quanto às pessoas saberem, e em parte ele tinha medo da sua reação, seja por eu ser um Malfoy, ou não ser uma garota.

 

O herdeiro Malfoy suspirou magoado, mas logo retomou a postura.

 

— O que ele vinha fazendo não era exatamente indevido, apenas totalmente fora de senso e tanto quanto maldoso. James colocou na cabeça que eu devo ser protegido a todo custo, o que é incrivelmente irônico visto que quem mais me feriu foi ele, e quem está fazendo confusão e me ferindo ainda mais no processo é ele, com todo o respeito. — O loiro soltou um riso sem graça. — Sem contar que a forma a qual ele resolveu “cuidar” de mim é brigando verbal e fisicamente com qualquer ser vivo próximo de mim. Se James escuta um mísero comentário de alguém me elogiando vira uma enorme confusão, como uma bomba de ciúmes, é ainda pior se for um xingamento, aí vem a violência física. Ele é tão confuso, tão irritante, quando terminou comigo foram minutos e mais minutos da minha vida ouvindo como eu deveria ser discreto, como tudo aquilo não poderia vazar, acho que nunca ouvi a palavra "discreto" tantas vezes. Bem, se a intenção era ser discreto, ele não foi nem um pouquinho.

 

Harry olhou para ele, vendo Scorpius se arrumar no banco de forma desconfortável. O menino respirou fundo duas vezes antes de voltar a falar.

 

— O maior medo dele era sobre boatos, e agora a escola inteira tem nosso nome na boca, dividida em duas grande partes. Uma acha que dei um fora mega dramático nele e a outra, que sou como o irmãozinho caçula do incrível James Potter. É horrível dos dois lados, é bem cansativo ficar ouvindo os sussurros.

 

— Hogwarts continua uma péssima fofoqueira — o grifinório soltou em tom de piada, fazendo o menino sorrir.

 

— Absolutamente. — Ele riu fraco. — De qualquer forma, não era direito meu contar para o senhor e “tirar” ele do armário que nem ele mesmo consegue sair. Passei de vários limites fazendo isso, e não tenho como apagar sua mente, quero dizer, até tenho, mas não vou. — O garoto sorriu ladino fazendo Harry rir alto.

 

— Você não conseguiria.

 

— Tenho meus meios. — Ele deu de ombros. — Enfim, sei que meu pai provavelmente usou seus meios para fazê-lo voltar a si e não tomar nenhuma atitude precipitada, como, sei lá, ir na torre da grifinória naquele mesmo momento gritando com James, por isso vim pedir pessoalmente que não puxe esse assunto. Se ele resolver contar, ótimo, pode dizer tudo da discussão, mas além disso agradeceria a discrição.

 

Harry não queria mesmo entrar no mérito que um garoto achava que ele teria um ataque ao descobrir um caso homoafetivo de seu filho, até porque ele sabia de onde vinha sua fama, por isso desviou o assunto.

 

— Se James te magoou tanto, por que ainda age assim com ele? 

 

— Porque eu gosto dele! — Harry olhou para o rosto meio corado de Scorpius, observou a mesma gana que tinha em Draco, ele possuía uma franqueza e clareza, assim como seu pai. Dizia essas coisas como se fossem simples, lidando muito bem com seus sentimentos.

 

— Mesmo depois de tudo? — Potter questionou duvidoso, arqueando a sobrancelha.

 

— Sempre — respondeu, Harry sentiu seu corpo inteiro arrepiar, não tendo ideia do que responder, apenas olhando para a frente estático. — Essa é uma das razões pelas quais não simpatizo com o senhor. — Malfoy estalou a língua, pondo as duas palmas contra o banco.

 

— Como? — respondeu como quem leva um tapa.

 

— Não se faça, sei que não gosta de mim por causa dos meus gostos mais “femininos”, tenho direito de não ir muito com a sua cara — Scorpius falou divertido, pondo o peso do corpo nos braços apoiados no banco.

 

— Você sempre foi petulante como seu pai desse jeito? — o moreno retrucou com certo deboche, apesar do ar divertido.

 

— Desde que consegui formular meu primeiro “gugu dada” — respondeu piscando um olho em seguida.

 

Harry não se conteve e riu incrédulo.

 

— Se for assim, faça mais uma coisa que seu pai ama fazer, enumerar e elaborar tópicos sobre meus defeitos. — Gesticulou com a mão como quem dá permissão.

 

— Alguém precisa tirá-lo do seu nicho vicioso, não? — Scorpius tinha um olhar divertido ao encará-lo, achando cômica a situação. — Tal qual James, o senhor acha que detém todo o conhecimento do mundo, mesmo sendo estupidamente humilde para várias outras áreas, sendo bem franco não achava isso possível até conhecê-los.

 

— Talvez você possa ter um pouco de razão, mas minhas pretensões duras e essa humildade que me mantiveram vivo.

 

— Oh não! Por favor, não! Sem o papo de salvador! — lamentou um pouco exasperado. — Eu só queria dizer que não suporto sua falta de fé, e como isso faz ela alicerce para seus comportamentos, quando de repente você vem com um papo motivacional sobre a guerra! Odeio heróis de guerra! — O menino bufou.

 

— Eu não sou alguém sem fé, pelo contrário, muito menos tenho papo de herói de guerra. — Harry cruzou os braços ofendido.

 

— Tem sim, olhem, vejam como superei as mil adversidades, o mundo era tão cruel, a humanidade está perdida, essa nova geração é ultrajante, ai minhas juntas! — Scorpius fez uma voz afetada imitando um idoso caricato, enquanto fingia segurar uma bengala.

 

— Eu não falo assim! — Harry tentou soar ameaçador, porém o fato de estar segurando uma risada não ajudou em nada na tarefa, e no fim ambos riram da situação.

 

— De qualquer forma, preciso voltar para o castelo, meus amigos e principalmente seu filho devem estar subindo pelas paredes imaginando que possivelmente me sequestraram ou que estou com algum carinha do time de quadribol rival. — O loiro ainda soava divertido apesar do cinismo na frase final.

 

— Devo comentar algo sobre a última frase? — questionou lembrando da discussão acalorada de dias atrás.

 

— Nem com a sua própria mente. — Scorpius se levantou com um sorriso brincalhão e leve. Harry levantou do banco junto. — Temos um trato? Quero que dê sua palavra sobre não falar com James!

 

— Certo, trato feito! — Sua fala lhe trouxe uma sensação de déjà vu, como se aquilo fosse um bordão, talvez de algum seriado na televisão?

 

Scorpius estendeu a mão e Harry a segurou com firmeza, selando o acordo, mas antes das mãos se soltarem, Scorpius apertou ainda mais e acrescentou rápido:

 

— E não pode dizer para o meu pai sobre nossa conversa. — O sorriso ladino deixava claro que tudo fora premeditado.

 

— Isso não estava no acordo! — Potter respondeu soltando a mão dele, um tanto alvoroçado.

 

— É, não estava, mas você estava segurando minha mão, e foi um trato, deu sua palavra, e o senhor ama falar que é homem de palavra! — argumentou sem hesitar um segundo, olhando nos olhos de Harry.

 

— Sua cobrinha! — resmungou cerrando os olhos.

 

— É muito bom falar com o senhor. — O menino pegou de seu casaco o par de luvas. — Ao menos quando não está sendo um preconceituoso de comportamento raivoso e totalmente insano.

 

— Tentarei não levar para o pessoal, mesmo essas sendo colocações bem severas da sua parte. — Potter retirou o feitiço de aquecimento sem olhar para o sonserino.

 

— Ah, mas leve, e leve para terapia também! Albus me contou que o senhor vem definhando depois que parou, deveria reconsiderar voltar, esse seu problema de raiva, toda essa situação com seus filhos, até mesmo a forma que internaliza sua visão de mim… — O menino sorriu inocente como se não tivesse falado nada demais.

 

— Hora de ir, Scorpius. — Harry cortou revirando os olhos, esse "jeitinho" de pôr sua opinião clara lembrava demais Draco Malfoy, que era o tema evitado de sua folga.

 

O menino loiro entendeu que chegou no limite de até onde poderia ir sem causar uma guerra mundial, e para seu sincero espanto demorou bastante para que Harry se cansasse de si. Por isso, sem pestanejar, se despediu rápido com um aceno de cabeça, seguindo seu caminho para a trilha, andando despreocupado com a resolução de mais um de seus problemas. Potter, por sua vez, observou por um tempo a cabeleira loira se afastar calmamente pelas árvores se cobrindo de neve. Ficou ali sentindo sua mente girar um pouco pela fala final dele, absorvendo o peso daquilo, mais ainda de seu filho caçula preocupado nesse nível consigo. Apenas se moveu quando o estômago reclamou de fome.

 

Não sabia nem como estava em pé com uma xícara de café e duas torradas.

 


Notas Finais


Não tem muito o que dizer, ainda mais porque posto isso enquanto me maquio para ir em uma festa k

Voltamos a programação normal de atualizações, tem especial de Halloween dia 31, comentem e votem para me deixar feliz.

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